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Em busca da nação: ação coletiva nos ensaios de Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.
Em busca da nação: ação coletiva nos ensaios de Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.
Em busca da nação: ação coletiva nos ensaios de Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.
E-book338 páginas4 horas

Em busca da nação: ação coletiva nos ensaios de Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.

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Sobre este e-book

Este livro contribui para o debate sobre o tema da ação coletiva no pensamento social brasileiro a partir da comparação de três ensaios de interpretação nacional: Populações meridionais do Brasil (1920), de Oliveira Vianna (1883-1951), Evolução Política do Brasil (1933) e Formação do Brasil Contemporâneo (1942), ambos de Caio Prado Jr. (1907-1990). Vianna e Prado Jr. tentaram encontrar os agentes sociais e políticos que poderiam levar adiante a construção da nação brasileira e de um Estado nacional moderno. Ambos tiveram dificuldades em encontrar tais agentes e buscaram soluções divergentes para esse problema. Os dois autores concordavam que os clãs rurais – que dominavam tanto a economia baseada nos latifúndios quanto a política local dos municípios e vilas do interior – eram um empecilho que precisava ser enfrentado. Os clãs rurais instrumentalizavam as instituições públicas do interior para benefício privado e formavam ilhas de sociabilidade avessas aos padrões nacionais de solidariedade e cidadania. Enquanto Vianna buscou uma solução estatista e elitista para esse problema, Prado Jr. identificou nas mudanças moleculares que ocorriam de modo gradual na sociedade da colônia e do Império a possibilidade de uma via societária e popular para a construção da nacionalidade. Assim, encontramos nesses autores maneiras distintas de analisar o "lugar" das ideias liberais e democráticas e as relações entre Estado e sociedade no processo de passagem do poder local ao Estado nacional.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de dez. de 2022
ISBN9786525260006
Em busca da nação: ação coletiva nos ensaios de Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.

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    Em busca da nação - Alexander Couto Englander

    CAPÍTULO I - AÇÃO COLETIVA E SISTEMATIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL NOS ANOS 1920, 1930 E 1940

    "Contra a argúcia naturalista, a síntese.

    Contra a cópia, a invenção e a surpresa"

    Oswald de Andrade, Falação.

    1.1 VIANNA E PRADO JR.: UMA COMPARAÇÃO POSSÍVEL

    Na sociologia histórica de Charles Tilly, da qual usamos o conceito de ação coletiva, a mudança social e a construção dos estados¹² nacionais europeus decorreriam das conflituosas negociações assimétricas¹³ entre os grupos e classes sociais mais organizados de cada contexto nacional (Hunt, 1984, p. 251-252). Disso decorre a afirmação de que a estrutura de classe da população ajudava a determinar a organização do estado: seu aparelho repressivo, sua administração fiscal, seus serviços, suas formas de representação, posto que é um dos principais determinantes da configuração das relações de poder (Tilly, 1996, p. 162). E ainda, é fundamental para essa sociologia histórica considerar que a tradução da estrutura de classe em organização do estado ocorreu através de lutas (Hunt, 1984, p. 162). Esta abordagem é muito útil para a pesquisa apresentada neste livro, pois compartilhando o diagnóstico de uma estratificação social muito desigual na sociedade brasileira, dividida sobretudo em uma grande parcela de escravos e uma pequena minoria de grandes proprietários, Vianna e Prado Jr. constatam a falta de perspectiva econômica e social para os homens e mulheres livres pobres. O não lugar dessa terceira camada social na estrutura socioeconômica seria o cerne das dificuldades associativas na colônia e no Império. Em síntese, em PMB-I, EPB e FBC a simplificação da estrutura socioeconômica dominada pela monocultura escravocrata exportadora de bens primários promove a severa restrição da liberdade dos homens e mulheres livres. Com sua liberdade severamente restrita pelo lugar marginal que ocupam na estrutura socioeconômica, os homens e mulheres livres pobres tiveram grandes dificuldades para participar ativamente do processo histórico de construção do Estado nacional. Em PMB-I esse problema se traduz na restrição dos conflitos à esfera política, entre o poder central do estado (público) e o poder local dos clãs (privado) e na quase ausência de conflitos societários para além da esfera privada dos embates e disputas por terras entre os clãs. Em EPB e FBC a compreensão sociológica dos conflitos sociais assume outra perspectiva, têm origem no mundo da produção, de onde emergem os diferentes interesses de classe. Mas dada a condição de desorganização estrutural em que se encontravam os homens livres pobres, suas ações coletivas nas diversas revoltas desencadeadas pelo processo histórico da Independência nacional estiveram fadadas ao

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