Contos mágicos
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Sobre este e-book
Criaturas mágicas como fadas, duendes, bruxas, faunos e dragões sempre habitaram as florestas de nossa imaginação desde os tempos mais antigos da humanidade, trazendo em torno de si uma aura de mistério e encantamento.
Venha fazer uma viagem pelo mundo dos seres mágicos da floresta e saber o que acontece quando humanos e fadas se encontram. São nove contos para você ler e se encantar.
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Contos mágicos - Luciana Camatare
Prefácio
Este é um livro de contos para quem se sente atraído pelo mundo das fadas, dos duendes e de outros seres mágicos da floresta.
Alguns destes contos foram baseados em fotos e outros em músicas de compositores famosos. O conto Mirthy foi inspirado em uma música New Age.
A bruxa da floresta
• 4/04/2019 •
A noite caiu e o surpreendeu em meio à densa floresta. Sangrando e ferido na perna, andava quase rastejando, sem saber ao certo que rumo tomar. Estava ficando tonto e febril pela perda de sangue e tinha certeza de que morreria ou de cansaço ou comido por alguma fera selvagem, pois já lhe faltavam forças para lutar.
Suas vistas turvas e cansadas vislumbraram ao longe uma luz embaçada que piscava por entre as árvores. Juntou suas forças e se arrastou até lá.
A luz era do lampião que pendia acima da porta de uma casa bem feitinha, ele bateu à porta e, sem aguentar mais, desfaleceu.
Alguns minutos depois, uma moça bonita, loura, alta e esguia abriu a porta. Sua cabeça estava coberta pelo capuz de seu manto que escondia seus lindos, compridos e lisos cabelos loiros. Olhando para os lados, deu com o rapaz no chão e, vendo-o ferido, carregou-o para dentro da casa e o colocou na cama. Examinou seus ferimentos e, recorrendo às ervas que tinha em casa, das quais era grande conhecedora, começou a cuidar do rapaz.
Ela havia estudado por longos anos os Escritos Ocultos. Conhecia todas as plantas e suas utilidades medicinais, entendia dos astros e cultuava, acima de tudo, a Lua e a Deusa, Deusa essa, desde a infância ensinada por suas ancestrais, todas bruxas.
O seu modo estranho e diferente das outras pessoas fez com que fosse banida
da cidade, e assim, ela passou a residir na floresta, em meio à natureza. Ali poderia acender fogueira, fazer seus remédios e cultuar a Lua sem ser julgada e condenada. Ali, se sentia livre. Adorava o cri cri
dos grilos à noite e o piar da coruja.
Tinha um lindo gato preto e um cachorrinho branco com um pelo que parecia feito de algodão.
Eles eram os seus companheiros e ela nunca se sentia sozinha.
O cachorro dormia aos pés da cama toda noite e o gato era o guardião, estava sempre atento às energias e ficava sempre ao lado dela quando preparava seus remédios ou feitiços.
Sendo descendente de bruxas poderosas e bem instruídas, ela sabia que precisava de um defensor e guardião.
E assim, ela vivia feliz. Ajudava a todos que batiam à sua porta buscando ajuda.
Depois de cuidar do rapaz, limpar seus ferimentos e colocar sobre eles as ervas curativas, a bruxinha Graciosa, pois era este o seu nome, deixou-o em sono profundo e foi sentar na soleira da porta.
Deixou o gato como guardião pois deveria avisá-la quando o rapaz acordasse.
Estava uma noite linda com uma bela e brilhante lua no céu. Apenas o lampião no alto da parede iluminava um pouco ao redor.
Ela olhou para a escuridão sem medo e logo surgiu do meio dela o seu amigo, gnomo. No dia em que passou a morar ali, ela lhe ofereceu uma maçã bem vermelha cheia de mel, e facilmente se tornaram amigos. Ele a ajudava quando necessário, a avisava sobre os perigos e também a protegia deles. Usava uma roupa vermelha, e vermelho era também o seu capuz, calças verdes, cinto marrom de couro e sapatos de pele, que protegiam os seus pés no inverno.
Graciosa olhou para o gramado adiante e viu pequenas luzes. Eram as fadinhas vindo saudá-la com sua dança e a linda moça sorriu, respondendo ao cumprimento com uma simpática mesura.
Ela estava assim, distraída, quando o gato sentou ao seu lado e deu um miado baixinho. Ela ouviu os gemidos do rapaz e se levantou dali.
Ele estava delirando. Dizia nomes de pessoas e se mexia muito na cama. Rápida, ela preparou uma compressa de ervas e a situação se normalizou em pouco tempo. O rapaz se acalmou, dormiu tranquilo sem se mexer e ela, então, se recolheu aos seus aposentos.
Seu lindo cãozinho, descendente de uma linhagem de cães dos faraós, subiu na cama e deitou aos seus pés. Assim se passou uma noite longa e tranquila, protegida pelo brilho da lua no céu.
Graciosa sempre acordava com o romper da aurora. A janela do seu quarto se enchia de pássaros que vinham