Vem ser S/A: Lições de empreendedores de sucesso – Vol. 3

De Janguiê Diniz

Trilhar o caminho do empreendedorismo não é fácil. Não há fórmulas prontas, tampouco resultado imediato. Exige foco, persistência e determinação para enfrentar os mais diversos obstáculos e fatores externos. Neste livro, foram reunidas importantes histórias de vida e lições de sucesso de grandes nomes do empreendedorismo nacional e internacional. Em formato de entrevistas, baseadas nas transcrições do programa Vem Ser S/A, exibidas no canal do YouTube do empreendedor Janguiê Diniz – com mais de 600¬mil visualizações –, apresentam soluções inovadoras, de sabedoria prática, pautadas no desenvolvimento pessoal e profissional, para auxiliar a todos que sonham em ser protagonistas de sua história por meio do empreendedorismo de sucesso. Neste terceiro volume, acompanharemos as trajetórias emocionantes de Guilherme Benchimol, André Esteves, Ari de Sá Neto, José Roberto Marques, Antonio Carbonari Netto, Nina Silva, Sandro Magaldi, Thiago Oliveira, Bruno Guedes, Roman Romancini, Juliano Costa, Mauro Schnaidman, Eduardo Shinyashiki e Edgar Ueda. Nomes que se tornaram referência não apenas para aqueles que estão começando a carreira, mas também para os que já estão no mercado e querem aprender mais para explorar novos caminhos e possibilidades.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Novo Século
• Data de lançamento: 29 de dez. de 2022
• ISBN: 9786555614893

Pré-visualização do livro

Apresentação

Caro amigo(a) leitor(a), se você já leu algum de meus outros livros, ou me acompanha por meio das redes sociais ou nos eventos em que faço palestras, deve saber que defendo sempre que o sucesso e o desenvolvimento profissional são resultados de uma série de fatores, como planejamento, foco, determinação, disciplina, resiliência, trabalho árduo, entre tantos outros. E todas essas habilidades ou competências podem ser adquiridas e desenvolvidas a partir de um mecanismo chamado modelagem.

Em paralelo, sustento também que pode se aprender muito ao observar a trajetória de outras pessoas, aquelas que são referência em suas áreas de atuação e que já trilharam o caminho do sucesso. E a série de livros Vem Ser S.A. – Lições de empreendedores de sucesso, que chega ao terceiro volume, surgiu como um instrumento de modelagem para quem também deseja alcançar o sucesso e a prosperidade.

Como o próprio título sugere, esta obra traz um compilado de lições sobre empreendedorismo, carreira, negócios e vida, transmitidas por grandes empreendedores brasileiros durante entrevistas que fizeram parte da quarta temporada do programa Vem Ser S.A.. Integram a lista desta edição 14 grandes nomes, a saber: José Roberto Marques, Edgar Ueda, Eduardo Shinyashiki, Antonio Carbonari Netto, Nina Silva, Sandro Magaldi, Thiago Oliveira, Bruno Guedes, Roman Romancini, Mauro Schnaidman, Juliano Costa, Ari de Sá Neto; além de duas entrevistas extras, que contempla o início da quinta temporada do programa, com Guilherme Benchimol e André Esteves. As entrevistas, em forma de um bate-papo informal, foram transcritas e trazem valiosos ensinamentos.

Como falei no início, esses verdadeiros experts do mercado nacional revelam, em suas falas, como fizeram para alcançar o patamar em que estão hoje, depois de muita luta e, principalmente, muito trabalho. Eles são paradigmas a serem modelados, imitados, seguidos. Costumo dizer que o sucesso deixa rastro e cabe a quem quiser também chegar lá saber identificar esses vestígios deixados por quem está mais à frente.

Aqui, uma ressalva é necessária: a modelagem não é uma simples imitação vazia, mas a aplicação do que deu certo na trajetória de uma outra pessoa à sua própria trajetória. É primordial, no entanto, que você saiba também adaptar os ensinamentos à sua realidade, uma vez que cada percurso é único, embora haja pontos em comum.

Você encontrará neste livro, prezado leitor obstinado, temas como empreendedorismo, investimentos, gestão eficiente, inovação, automotivação, diversidade, liderança, educação, propósito de vida, autoliderança, superação, estratégias de crescimento, além de inúmeros insights que trarão a você uma visão diferente sobre sua vida e seus negócios, e motivação para superar as adversidades da vida e transformar seus sonhos em realidade. A leitura atenta e, principalmente, reflexiva das seguintes páginas lhe dará poderosos subsídios para traçar o seu caminho em direção ao sucesso e à prosperidade.

Agora, como diz o amigo Roman Romancini, um dos entrevistados que compõem este livro, sonho sem ação é alucinação. Portanto, caro amigo, cara amiga, se você tem um sonho, não basta apenas pensar sobre ele e desejá-lo: é preciso agir, correr atrás. Da mesma forma, o conhecimento sem a prática é mera obesidade mental. O que quero dizer com isso é que de nada adianta ler este livro se todo o conhecimento aqui contido não for transformado em ações concretas. A intenção de reunir neste volume tanto conteúdo estruturado, com dicas e orientações trazidas por grandes experts, é motivar você a decidir verdadeiramente mudar de vida e partir para o ataque. Há de ser um real obstinado, incansável na busca pela prosperidade. Utilize tudo que aprender aqui para transformar sua realidade e o mundo à sua volta – esse é o legado que você deixará em sua passagem terrena.

Espero, prezado(a) guerreiro(a), que a leitura de Vem Ser S.A. Vol. 3 seja realmente proveitosa e inspiradora, um catalisador da mudança na sua vida. Lembre-se sempre de que não importa de onde você veio, o que importa é para onde você quer ir. Deixo aqui votos de muito sucesso e prosperidade para você e que sua determinação e todo seu esforço sejam recompensados.

Um grande abraço fraterno,

Janguiê Diniz

PREFÁCIO

Como empreendedor educacional, sempre defendi e defenderei a educação e o conhecimento como bens essenciais à vida de qualquer pessoa e como instrumentos de transformação social. Tenho certeza de que o amigo Janguiê Diniz, atuante na mesma seara, concorda comigo. Nós dois fomos, cada um à sua maneira, empreendedores inovadores em nosso campo de atuação e na valorização do conhecimento. Este livro, o terceiro volume da série "Vem Ser S.A. – Lições de empreendedores de sucesso", é mais um passo de Janguiê nessa direção.

Nas próximas páginas, encontram-se condensadas ideias, insights e ensinamentos de grandes empreendedores brasileiros, de diversos setores de mercado, acerca de empreendedorismo, negócios, carreira e vida. Quando Janguiê gentilmente me convidou para ser um dos entrevistados do programa que deu origem a este livro, logo aceitei. Gosto de compartilhar o conhecimento que acumulei em meus anos de lida como empreendedor, pois acredito que, assim, posso ajudar mais pessoas a também percorrerem um caminho de sucesso. Além de um ótimo bate-papo com um amigo, a entrevista foi uma grande troca de conhecimento e pontos de vista, muito enriquecedora. Acredito que assim também tenha ocorrido com os demais entrevistados – neste volume, são 14 ao todo.

Janguiê diz que se inspirou em mim para traçar sua carreira como empreendedor educacional ao levar a empresa para a Bolsa de Valores, mas é inegável que, hoje, ele é um dos maiores paradigmas do setor, em quem muitas pessoas se inspiram não apenas para trabalhar com educação, mas para transformar suas vidas. Uma trajetória tão brilhante deve ser, de fato, espelho para todos. Mas ele também sabe compartilhar os holofotes. É isto que faz em Vem Ser S.A.: junta-se e dá voz a outros empreendedores que podem compartilhar suas visões acerca de temas tão relevantes. Acho muito importante esse movimento de união das pessoas que já alcançaram algo na vida para mostrar a outros que também é possível chegar lá.

Na minha conversa com Janguiê, que você vai encontrar aqui neste livro, falamos principalmente sobre superação de limites. De fato, este é um assunto sempre presente na vida de todo empreendedor. Somos, por essência, superadores, uma vez que a trilha do sucesso não é nada fácil. Inúmeros foram os obstáculos que encontrei em minha vida profissional – os quais não detalharei aqui para não tirar o ineditismo da entrevista descrita mais na frente. Sei que Janguiê também enfrentou inúmeros, ainda mais tendo vindo de uma realidade de extrema pobreza que ele, com muita coragem, determinação e resiliência, superou, quebrando aquele status quo que parecia ser seu destino.

É importante destacar que ninguém entra no mercado já grande, e nem precisa de muito para começar. É de pequeno que se constrói uma grande carreira, sólida, alicerçada em valores robustos e no trabalho dedicado. Garanto que todos os empreendedores que passaram e os que ainda passarão pelo Vem Ser S.A. têm isso em comum. E todos eles lutaram muito para superar seus limites e ir além. É isso que faz um verdadeiro empreendedor.

Creio que uma das principais características para empreender com sucesso é ter uma boa visão de mercado. Foi o que me fez crescer, e a Janguiê também. Saber enxergar longe é essencial para identificar movimentos de mercado e conseguir antecipar tendências. Além disso, ser adaptável e moldar-se às situações que se apresentam à sua frente fará de você alguém que terá uma maior taxa de acertos e sucesso do que pessoas muito rígidas, sem adaptabilidade.

Por fim, a você que se interessou por este livro, quero, antes de tudo, parabenizar pela decisão. Folhear estas páginas demonstra seu interesse em descobrir como pensam e agem os empreendedores de sucesso, o que indica uma atitude proativa em busca da sua própria prosperidade. Depois, desejo uma ótima e proveitosa leitura, que desperte em você ideias e a motivação para alcançar seus objetivos e realizar seus sonhos. Quem sabe, em um futuro não muito distante, não é você a participar do Vem Sem S.A.?

Antonio Carbonari Netto

AS LIÇÕES DO EMPREENDEDOR

GUILHERME BENCHIMOL

Tema: Empreender na raça

Foto preta e branca de homens posando para foto Descrição gerada automaticamente

Guilherme Benchimol: Carioca, formado em Economia, Guilherme Benchimol iniciou sua vida profissional aos 18 anos, como estagiário em uma corretora de valores. Aos 24, foi demitido de outra empresa, o que tomou como um fracasso. Foi aí, no entanto, que decidiu empreender e abriu seu primeiro escritório em uma pequena sala em Porto Alegre (RS). Nascia ali a atual XP Inc., da qual Benchimol é fundador e presidente executivo do Conselho de Administração. Ele adotou como propósito ajudar as pessoas a investirem melhor e hoje a companhia já tem mais de 2,5 milhões de clientes.

Janguiê Diniz: Olá, queridos amigos! Tudo bem com vocês? Estamos aqui em mais uma temporada do Vem Ser S.A. – Lições de empreendedores de sucesso. Chegamos na 5.ª temporada com um novo grupo de entrevistados, grandes nomes do empreendedorismo brasileiro, que fizeram e fazem muito por este país. Neste programa de estreia, eu vou conversar com o Guilherme Benchimol, fundador e presidente executivo do Conselho de Administração da XP Investimentos. Acompanhem, porque vai ser um bate-papo muito legal.

Antes de começarmos nossa conversa, eu quero mostrar a vocês dois frutos do programa que são livros que trazem as transcrições das entrevistas das três primeiras temporadas, junto com as lições de cada empreendedor que deixou aqui a sua fala. São dois volumes, em um material riquíssimo para todo empreendedor que quer se desenvolver e impulsionar seus empreendimentos. Vocês podem encontrar os livros disponíveis na Amazon.com.

Eu sei que sou suspeito para falar, mas vale a leitura! Vejam os livros aqui, ó! Janguiê Diniz, autor e coordenador. Vem Ser S.A. – Lições de empreendedores de sucesso, vol. 1 e 2. Aqui estão grandes nomes que passaram pelas primeiras temporadas do programa e que depois a gente traduziu em livros.

Bem, pessoal, como eu disse, hoje, para estrear essa temporada, eu converso com meu querido amigo Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos. Nós estamos gravando este episódio diretamente do Summit Êxito de Empreendedorismo, um grande evento on-line gratuito, realizado pelo Instituto Êxito de Empreendedorismo, que reuniu mais de 130 empreendedores de renome nacional, em conferências e palestras, para ajudar as pessoas a mudarem seus mindsets, escalarem seus empreendimentos e desenvolverem suas habilidades inerentes aos dos empreendedores de sucesso.

Querido amigo Guilherme, seja muito bem-vindo ao Vem Ser S.A. e ao Summit Êxito de Empreendedorismo também. É uma honra ter você aqui, abrindo esta temporada.

A XP é, hoje, a maior corretora de valores do Brasil e já ultrapassou a marca de 2 milhões de clientes, e o Guilherme, que é um dos membros da lista da FORBES, para chegar até esse patamar, teve que caminhar uma jornada árdua e extenuante. Vamos falar dessa trajetória aqui, viu?

A dinâmica desse bate-papo vai ser a seguinte: eu vou fazer perguntas para Guilherme, Guilherme vai falar sobre as suas expertises, sobre as suas lições de vida, os desafios da sua vida, que teve muitos – todos nós tivemos muitos desafios – e como conseguiu superá-los. Ele também vai me perguntar, da mesma forma, e vou falar sobre os meus desafios, sobre os erros, fracassos, sonhos e como a gente lutou para transformá-los em realidade. Então será um ping-pong: eu pergunto para ele e ele pergunta para mim, e vai ser muito mais dinâmico esse bate-papo. Então vamos começar. Guilherme, eu fiz uma colinha aqui com umas perguntas…

Guilherme Benchimol: Eu também.

Janguiê: Você criou a XP em 2001, depois de algumas experiências em corretoras de valores. Conta aí como é que foi o caminho, que eu sei que não foi fácil – foi árduo e extenuante –, para os nossos ouvintes, espectadores e empreendedores.

Guilherme: Todo começo é difícil. Você sabe disso melhor do que ninguém, né? E a minha história empreendedora começou sem querer. Meu pai é médico, minha mãe, artista plástica. Eu nunca me vi inicialmente empreendendo. O sonho do meu pai era que eu fosse médico. Eu queria ser tenista na adolescência, mas acabei fazendo Economia. Eu trabalhava numa corretora que não existe mais, mas ela não estava bem financeiramente na época e teve que cortar despesas. Me lembro que eu cheguei em casa umas duas semanas antes do fato que vou contar na sequência e falei: Pai, tô preocupado. Ouvi falar que, na corretora que eu trabalho, vão cortar pessoas. Ele falou: Guilherme, fique tranquilo que bons executivos nunca são mandados embora. Duas semanas depois, cheguei em casa demitido. Então foi um golpe muito duro para mim. E eu quis fugir. Falei: Olha, pai, eu não quero mais morar no Rio de Janeiro. Eu estou com vergonha de mim, acho que eu sou uma pessoa que não tem futuro, e eu vou morar em outro estado e vou começar do zero. Eu quero empreender. Eu até aceito quebrar, mas eu quero ter controle sobre a minha vida. Então foi em cima desse conceito que eu comecei a XP. Eu tinha R$ 10 mil no bolso e um carro e fui morar em Porto Alegre sem conhecer ninguém. Conheci um sócio gaúcho e comecei a empresa alugando uma salinha que tinha 25m². Arrumei dois estagiários, e assim a gente começou.

Janguiê: Muito legal. Por conta de um fracasso, você começou a empreender empresarialmente – porque você já era intraempreendedor, mas começou a empreender empresarialmente e hoje é uma das maiores empresas do Brasil… E com R$ 10 mil, né?

Guilherme: R$ 10 mil.

Janguiê: Isso é uma grande lição, né?

Guilherme: O que eu fui entendendo ao longo do tempo é que a gente, quando é muito jovem, não tem a percepção do fracasso. Mas o fracasso é importante. A gente vai falar sobre os teus aqui também, depois, mas você errar, e errar cedo, é positivo. Quanto mais cedo você erra, mais você consegue ter tempo de corrigir, né? Então, eu diria que o meu sucesso é porque eu fracassei cedo demais. Isso me ajudou a dar a volta por cima e me fez acreditar que, no final, tudo é possível. A gente sabe disso, né? Se a gente for obstinado de verdade, a gente consegue chegar lá, mais cedo ou tarde.

Janguiê: Você tinha quantos anos?

Guilherme: Eu comecei com 24 anos de idade. E a empresa só começou a dar certo quando eu percebi que era mais fácil dar aula e ensinar as pessoas do que convencer a pessoa a vir investir comigo. Imagina um carioca morando em Porto Alegre, com 24 anos de idade, o cenário macroeconômico na época estava horroroso, os juros estavam em 20% ao ano, mais até. Como é que eu vou convencer um gaúcho a confiar em um carioca, naquela época, 20 anos atrás? Mas eu percebi que, dando aula, eu ia convencer a pessoa a aprender comigo e, se a pessoa aprendesse, se transformava em cliente. Então esse foi o ciclo que eu fui formando e foi esse o nosso ponto de virada, quando eu percebi que o caminho era a educação.

Janguiê: Você começou também como eu, pela educação. Que legal.

Guilherme: É que educação é muito bom, né? Você dá, você de coração, as pessoas veem verdade nisso e aquilo gera uma conexão muito poderosa entre o professor e o aluno. E aí foi assim que a coisa seguiu em frente. Bom, agora você, né? Como definir Janguiê Diniz?

Janguiê: Eita, como definir Janguiê Diniz? Bom, eu acho que, assim como você, eu sou superador de adversidades, né? Já passei por muitas dificuldades na vida, muitos desafios, muitos obstáculos, mas sempre com muita luta, com muita determinação, muita disciplina, muito trabalho árduo e extenuante foi que eu consegui superar todas as adversidades em minha vida, de forma que eu me defino como um obstinado. Eu até gosto de brincar: eu sou um eterno inquieto, estou sempre querendo fazer coisas, construir coisas na minha vida, porque isso é da vida do empreendedor. Todo empreendedor gosta de estar criando coisas que gerem valor para ele, para sua família, mas sobretudo para a sociedade, né? Eu sou um inconformado, ou seja, quando construo algo na minha vida, eu já quero construir outro. Você não pode se conformar com as coisas comuns, com as coisas simples. Mas sou altamente otimista, sou um otimista patológico e sempre acredito que as coisas vão dar certo. Mas eu gosto de brincar que eu costumo me definir como um fodido obstinado. Fodido com o, não um fudido depressivo. Porque tem a diferença entre fodido e fudido. O fodido é um guerreiro, é um cara que supera adversidades, e um fudido com u – como disse o nosso amigo Caio Carneiro, que é aquele empreendedor da área de Marketing de relacionamento autor do livro Seja foda! e também do Enfodere-se – você tem que ser um fodido e não um fudido, porque o fudido é aquele vitimizado, que diz que não tem sorte, que é um coitadinho. Você tem que ser um guerreiro, e tem que pautar sua vida pelos princípios dos guerreiros. Um deles é o que diz que, se você estiver disposto a realizar o que é difícil, sua vida será fácil; mas, se você só estiver disposto a realizar o que é fácil, sua vida será difícil. Exatamente o contrário: quando você está disposto a realizar o que é difícil, a vida será fácil e de sucesso. Então você tem que procurar fazer as coisas que não são comuns, as coisas difíceis, para que você possa superar e empreender, inicialmente na vida e, depois, nos negócios. Eu comecei a empreender na minha vida acreditando em mim, acreditando que era possível. Apesar de ter saído de uma cidade pequena lá na Paraíba, Santana dos Garrotes, apesar de ter sido engraxate aos 8 anos, eu sempre acreditei que era possível sonhar, transformar o meu sonho em um projeto de vida e começar a lutar para realizar os meus sonhos.

Guilherme: É, você falou essa expressão, ela é a mais importante: acreditar que dá. Eu nunca encontrei ninguém na vida que conseguiu chegar lá que não acreditou, mas aquele que não acredita nunca sai do lugar, né? Então, manter a perseverança e ser otimista é o ponto de partida de tudo, né?

Janguiê: Tem que acreditar, acreditar nos sonhos, acreditar nos ideais, e tem que lutar. Não basta apenas acreditar. Tem que lutar. Quem diz muito isso, vai que dá, é Jorge Paulo Lemann. Então eu sempre acreditei e digo sempre para meus alunos que não interessa de onde você vem, interessa para onde você quer ir, porque é possível. Não interessa o que fizeram conosco, interessa o que nós vamos fazer com o que fizeram conosco. Agora sou eu! Na época da criação da XP, Guilherme, eu sei que você teve muitos desafios, muitas dificuldades… Quais foram os principais que você superou para poder chegar ao ápice da XP?

Guilherme: O maior desafio de todo empreendedor, ainda mais quando eu comecei, 20 anos atrás, é acesso a capital, né? Acesso a capital, acesso a mentoria – o que a gente faz aqui, hoje em dia, levando conhecimento às pessoas, 20 anos atrás não era possível, né? Então eu diria que começar sem apoio de ninguém, sem acesso ao capital financeiro, foi a parte mais difícil de todas. Eu tive que aprender batendo a cabeça na parede literalmente e sendo muito humilde, porque, quando você bate com a cabeça na parede e você é uma pessoa arrogante, você vai quebrar com muita velocidade; mas, se você bate a cabeça na parede e é humilde, você vai corrigindo e encontrando os caminhos que vão te levando na direção correta. Então você vê que a minha trajetória foram vários erros pequenos que foram sendo corrigidos e que foram me levando na direção correta. Mas, sem dúvida nenhuma, começar sem capital e sem apoio de ninguém é o que o brasileiro mais acaba sofrendo.

Janguiê: Eu comecei a minha vida empreendedora, antes, como engraxate, mas, depois, eu fui juiz, fui procurador, e o meu capital eu pegava todo o salário para empreender, né? Depois que eu passei nos concursos, eu comecei a empreender em um cursinho, então eu pegava grande parte do meu salário para empreender, porque, de fato, acesso ao capital é uma das maiores dificuldades.

Guilherme: E até complementando, acho que um pouco de autoestima. Você tem que acreditar. O Brasil nunca foi um país de empreendedores, sempre foi um país de pessoas que buscaram estabilidade, né? Como a gente sempre teve muita instabilidade no Brasil, as pessoas sempre buscaram muita estabilidade. Acho que, cada vez mais, com a estabilidade econômica, as pessoas vão buscar a instabilidade empreendedora. Então, naquele momento, acreditar que dava, que era possível empreender, era uma briga contra todos que estavam a minha volta. Meu pai queria que eu fosse trabalhar em uma multinacional, que eu seguisse uma carreira executiva. Então, empreender, lá atrás… Eu não sei se o teu pai era assim também, mas meu pai dizia: Olha, Guilherme, você tá maluco. Empreender não é o caminho natural da vida, você tem que seguir uma carreira corporativa, uma carreira segura, sólida. Então eu acho que brigar contra esse status quo foi uma briga importante também.

Janguiê: Meu pai queria que eu fosse… Eu terminei o primeiro grau, que é hoje o ensino fundamental, e lá na cidade onde eu morava, em Rondônia, não tinha o segundo grau, que é o ensino médio. Ele queria que eu fosse trabalhar na fazenda. Não era a fazenda dele, não, mas como agricultor com ele. Eu falei: Não, pai, eu quero estudar. Peguei minha mala e me mandei pro Nordeste.

Guilherme: É que, no final, nossos pais são superimportantes, obviamente, mas, às vezes, você tem que ir