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Histórias de sucesso Vol. 8
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Histórias de sucesso Vol. 8
E-book355 páginas4 horas

Histórias de sucesso Vol. 8

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Sobre este e-book

O oitavo volume de Histórias de Sucesso, série da coletânea Histórias Extraordinárias do Mundo Corporativo, da Editora Global Partners, expõe os conceitos e as propostas de 28 coautores, de diferentes perfis e segmentos – todos já devidamente respaldados por carreiras consolidadas. Nesta obra, esses profissionais introduzem desde ensinamentos básicos para quem sonha em obter êxito em suas respectivas trajetórias, até como se manter estabelecido no alto da pirâmide corporativa.
A importância de como saber anular os inevitáveis obstáculos – estes muitas vezes camuflados por armadilhas intrínsecas desse setor – são expostos, proporcionando ensinamentos fundamentais para superar tais contratempos. Os pontos de inflexão, apesar de individuais, denotam como os executivos bem-sucedidos confluem para soluções que contemplam todas as pessoas inseridas nas organizações.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de ago. de 2022
ISBN9786589068198
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    Histórias de sucesso Vol. 8 - Alexandre Biagi

    ALEXANDRE BIAGI

    CEO DA UBERLÂNDIA REFRESCOS, FRANQUIA DA THE COCA-COLA COMPANY NO TRIÂNGULO MINEIRO, ALTO PARANAÍBA E NOROESTE DE MINAS GERAIS.

    Minha história é a de um sobrevivente e de um self-made man.

    Sou natural de Ribeirão Preto e nasci à meia-noite e quinze de 4 de novembro de 1958. Sou o sétimo filho de uma família de nove irmãos, sendo meus pais Maurílio Biagi e Edilah Faria de Lacerda Biagi. Minha família é bem diversificada e tem uma capacidade incrível de se reinventar. Nossos antepassados são imigrantes e vieram da região do Veneto, no norte italiano. Meu avô paterno foi carroceiro, oleiro, abriu um armazém de secos e molhados, adquiriu um pequeno engenho e depois foi dono de usina. Já meu pai foi um autodidata que, em outubro de 1941, foi nomeado pela The Coca-Cola Company como seu primeiro fabricante familiar, com contrato a partir de 1948.

    Tive uma educação inicial bem rígida e dali aprendi o valor da disciplina e da austeridade. Na verdade, passei por muitas escolas e nunca me fixei, pois tinha um forte déficit de atenção e acabava não me adaptando a elas e aos seus métodos. O que fizeram de bullying comigo foi uma loucura. Mas não reclamo, sobrevivi. Não tenho trauma de nada; não tenho sequelas. O que tenho é uma alegria e uma disposição fantástica para viver.

    Ainda em Ribeirão Preto, frequentei o Colégio Santa Úrsula, o Colégio Guimaraes Rosa, o Colégio Marista e depois o Vita et Pax, todas instituições administradas por ordens religiosas. Lembro-me de que no meu primeiro dia no Santa Úrsula, soltei todos os passarinhos que estavam presos nas gaiolas e viveiros. Depois, pulei o muro da escola, fui para casa e falei para o meu pai que era feriado. Ele, claro, percebeu que eu estava de traquinagem e me levou de volta para tirar a limpo aquela história. Quando chegamos lá, as freiras estavam desesperadas com o que eu tinha feito. Hoje, entendo que aquilo já era uma tradução do amor que tenho pela natureza. Para mim, lugar de pássaro é em liberdade.

    Depois, em 1974, fui enviado para a Região Serrana do Rio de Janeiro, onde estudei a oitava série no tradicional Colégio Nova Friburgo, de propriedade da Fundação Getúlio Vargas. Este já não existe mais, pois só funcionou de 1950 até 1977. Posso dizer que peguei sua reta final de atividade. Era um lugar incrível, com sua arquitetura neoclássica, cercado pela Mata Atlântica e localizado no alto de uma colina, de onde se tinha uma visão privilegiada da cidade. Quando cheguei lá, dormia em um quartinho úmido na casa de um dos professores, lembro que meu pijama era de número 42. Não tinha qualquer sistema de aquecimento e posso dizer que passei muito frio ali.

    De Nova Friburgo fui em seguida para os Estados Unidos, passando a morar na cidade de Andover (Massachusetts), na região de Boston, e estudando na Phillips Academy, respeitada escola secundária de onde saíram grandes nomes da história norte-americana. Lá, meu maior amigo era John Fitzgerald Kennedy Jr. (John-John) e estudei também com a irmã dele, Caroline. Passei ainda por summer school de diversas instituições; depois fui para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e não me adaptei; fui para Harvard, fiquei seis meses, e não me adaptei. Era rebelde e inquieto. Assim, sem dar qualquer satisfação à escola, certo dia peguei o que me pertencia e fui para Los Angeles, com o objetivo de fazer cinema.

    Nestas idas e vindas, conheci Kim Basinger e Jodie Foster, que se tornaram minhas guardiãs e madrinhas, e descobri a lendária Studio 54, de Nova York, a maior discoteca do mundo. Foi o maior networking de minha história. Era uma experiência muito interessante. Ali, fui privilegiado em todos os sentidos. Cheguei a trabalhar como assistente de direção, mas nunca pensei em ser ator. Queria mesmo era melhorar a forma como me comunicava. No entanto, meu sonho americano foi interrompido quando fui chamado de volta ao Brasil. A saúde do meu pai piorava a cada dia, o que o obrigou a sair de cena dos negócios em 1977, vindo a falecer no comecinho de 1978. A partir dali, uma nova fase se iniciava na minha vida.

    Assumindo o controle dos negócios

    A Uberlândia Refrescos foi fundada em 1971 pelo meu pai – como uma filial da Ipiranga Refrescos, de Ribeirão Preto – e, a partir da morte dele, ficou sob o comando do nosso irmão mais velho, Maurílio Biagi Filho. Quando voltei para o Brasil, confesso que fui escanteado dentro da família. Era só o bon-vivant que tinha retornado dos Estados Unidos. Mas, no final da década de 1980, houve uma reorganização na estrutura dos negócios familiares e eu aproveitei a chance. Detinha 33% das ações da Uberlândia e minha mãe o restante.

    Ela acabou me dando a opção de comprar a parte dela e foi preciso que os irmãos validassem aquele processo de antecipação. Meu irmão Luiz conduziu a negociação e, no final, deu tudo certo e todos foram unânimes em aceitar. Fizemos tudo isso com muita classe, sabedoria, carinho e amor. Tenho uma grande admiração pelos meus irmãos e minhas irmãs. Assumi finalmente a presidência em julho de 1987 e, a partir dali, era por minha conta e risco. Tinha agora nas mãos o destino de uma empresa e de milhares de trabalhadores, portanto, falhar diante deste desafio não era (e continua não sendo) uma opção.

    Minha mãe, que sempre acreditou na Uberlândia Refrescos e no potencial da região, ficou feliz porque não teve briga ou demanda judicial de nenhum tipo. Tudo foi cumprido à risca, conforme o combinado e foi bom para todo mundo. Quando assumi o controle, recebi uma empresa acanhada, e agora, veja no que se tornou. E o melhor, tem uma ótima perspectiva pela frente, com futuro em nossas mãos. Podemos fazer uma Oferta Pública de Ações (IPO), uma fusão ou aquisição, porque somos uma companhia sólida, com um rigoroso código de ética e líderes em compliance e ESG [Environmental, Social and Governance]. Éramos até então uma empresa que ninguém queria, deficitária e construída a partir das sucatas da Ipiranga Refrescos. Tudo que não servia em Ribeirão Preto era enviado para cá. O caminhão estava pau-velho? Envia para Uberlândia. A máquina não funcionava? Manda para Uberlândia. Então, fizemos aqui um trabalho heroico. Vi o que outros não viram, pois é preciso abrir a visão. Não podemos ter antolhos (acessório usado em animal de montaria ou carga para evitar que ele veja dos lados), para que não tenhamos limitada nossa capacidade de enxergar. Tomei prejuízo no início, é verdade, mas sobrevivemos e crescemos.

    Até aqui pude contar com muitas pessoas que me ajudaram. Mas meu principal guia, aquele que me apoiou desde sempre foi minha mãe. Ela teve a felicidade de completar 100 anos em 11 de março de 2021, e continua sendo uma mulher linda. Fiquei órfão de pai muito jovem e, querendo ou não, dona Edilah teve uma influência muito grande sobre mim. Não estou falando de ascendência sobre processos decisórios, eletivos ou de gestão, mas no jeito cuidadoso que ela sempre dispensou a mim. Além disso, saber levar com mão de ferro nove filhos não é para qualquer um. Eu a considero uma heroína. Ela veio para Uberlândia comigo, acreditou em mim e falou: Vá em frente que você vai ser um sucesso. E eu fui!

    Tiramos crianças das ruas e as colocamos no conservatório

    Logo no começo da minha gestão, procurei o cubano Roberto Goizueta, então presidente da Coca-Cola. Fui até Atlanta (EUA) e consegui inicialmente um contrato de seis meses com esta companhia (a divisão Brasil). Mas, posteriormente, firmamos outro contrato de 20 anos, quando o padrão era de dez (hoje é de cinco anos). Na ocasião, enfrentei muitos desafios. Éramos uma empresa que faturava pouco, com baixa performance. Encontrei aqui uma equipe fraca e foi preciso fazer substituições e investir em treinamento. Construímos tudo praticamente a partir do zero, investindo em digitalização, SAP, automação, governança industrial, manejo das águas e responsabilidade ambiental e social, sem abrir mão de performance. Plantamos boas sementes aqui e passamos a colher os frutos. Somos uma empresa reconhecida, muito premiada, mas ainda com muito a trilhar, especialmente em ESG, pois temos foco nisso.

    Sou também um grande entusiasta das artes e da cultura. Fundamos, no final de 2009, o Instituto Alexa. Ele representa a realização de um sonho, com o qual trabalhamos com crianças e adolescentes de seis a 16 anos. Integramos educação, cultura, consciência ambiental e responsabilidade social. Tiramos as crianças das ruas e as colocamos no conservatório. Juntamente com isso, fomentamos projetos que ajudam a diminuir a desigualdade das pessoas e a criar oportunidades. Estamos construindo um anfiteatro de 120 lugares no qual serão oferecidas aulas de diversas expressões artísticas, como música e teatro. Simultaneamente, está ganhando corpo uma pinacoteca e uma reserva técnica na galeria permanente de arte na Unidade Alexandre Biagi da Uberlândia Refrescos.

    Ainda por intermédio do Instituto Alexa, mantemos a Reserva Ambiental do Pau Furado, localizada entre Uberlândia e Araguari. Temos uma preocupação genuína com sustentabilidade, meio ambiente e valores humanos. Empregamos um modelo de gestão integrada e já recebemos mais de 30 premiações, incluindo a de engarrafadora número 1 em qualidade do Brasil. Fazemos também um trabalho muito bonito de conscientização, pois temos um problema sério de queimadas criminosas na nossa região. Em 2021, por exemplo, a maioria das propriedades que fazem parte da Alebisa Holding, que é dona da Uberlândia Refrescos, teve registros de queimadas e perdemos 80% das reservas permanentes e 30% do pasto. Nelas se encontravam corredeiras e nascentes que simplesmente secaram. Mas não nos entregamos e já se encontra em ação um plano de recomposição e reconstituição da fauna e da flora de todas estas áreas. É um desafio interminável, mas somos teimosos e resilientes.

    O desafio de contratar e reter talentos

    A qualidade que julgo mais importante no ser humano é a lealdade. Tenho poucos amigos, mas os que tenho me são leais, e sou leal a eles. Circulo muito pouco por Uberlândia. Venho trabalhar, volto para casa, tenho contato restrito com as pessoas. Não mais frequento a sociedade. Eu, que já fui alguém supersocial, descobri, enfim, que o anonimato nos deixa muito mais próximo da felicidade. Estar nos holofotes é uma situação arriscada. A exposição é muito perigosa e a tendência é que eu fique cada vez mais enclausurado no meu bunker.

    Mas existe um mundo lá fora que pede ajuda. E uns dos maiores desafios que temos de enfrentar é o abismo social e a falta de diversidade. Infelizmente, não são os únicos pois, a julgar pelo caminho que estamos seguindo, daqui a pouco não teremos nem água potável. Nós, como pessoas físicas ou jurídicas, estamos neste planeta e dependemos dele. Por isso, não nos cansamos de apostar em iniciativas que estejam em sintonia com esta maneira de pensar, e o saldo é muito positivo. Somos zero waste, zero energy, zero carbon. Recebemos inclusive o selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) Platinum, concedido pela United States Green Building Council. Essa é simplesmente a mais alta certificação que esta respeitada entidade destina a prédios verdes.

    Para trabalhar comigo hoje, o profissional tem de estar imbuído destes valores. Aliás, tanto contratar quanto reter talentos são igualmente grandes desafios dentro das organizações. E é preciso se atentar a isso, pois toda mudança que se faz no ambiente corporativo apaga parte da memória da empresa. Outro desafio do século 21, e dos mais prejudiciais, é a ansiedade. Da minha parte, valorizo pessoas motivadas, que agregam valor, que trazem novas ideias e que pensam fora da caixa. Além disso, é preciso ter disciplina, pois não se constrói uma carreira de sucesso sem esta qualidade. É este tipo de profissional que quero ter comigo, fazendo parte das minhas empresas.

    Simplicidade, sim! Arrogância, não

    A pandemia me tornou ainda mais resiliente, mais paciente e menos autoritário. Estes dias sombrios e de incertezas me ensinaram a cultuar simplicidade e a trabalhar meu lado arrogante. Enfim, desci do salto, baixei a bola, como popularmente se diz. Mas, como mencionei logo no início, não sou de reclamar, sou de sobreviver. Recentemente, tive um problema de saúde sério e nem contei para ninguém. Fui para o hospital, submeti-me à operação, resolveram o problema e estou zerado de novo.

    Sim, minha história também é a de um sobrevivente. Sou uma pessoa que já foi assaltada 74 vezes e sequestrada uma vez em cativeiro e duas na forma relâmpago. E mesmo assim, prefiro morrer a ter de andar armado, embora veja cada vez mais pessoas fazendo esta opção. Mas empunhar uma arma nunca me passou pela cabeça. Entendo que a violência urbana é um problema sério a ser resolvido no Brasil, mas estamos perdendo a noção de senso e de bom senso.

    A crença em um mundo melhor

    Precisamos acreditar que o Brasil é maior do que qualquer pessoa que esteja no poder. Nosso País tem 215 milhões de habitantes, muitos deles com fome e sede. Portanto, há muito trabalho a ser feito para mudar esta realidade. Será exigido bom senso para mudar isso, especialmente das gerações mais novas. Precisamos de segurança não só governamental, mas também social e ambiental. Construir carros elétricos ou a hidrogênio e aeronaves que levam a outros planetas é fácil. Difícil mesmo é colocar comida na mesa de bilhões de pessoas aqui mesmo, neste mundo. Será um problema produzir alimento no futuro. A Terra está cada vez mais seca. Temos de rever nossas prioridades. Como uma pessoa que tem uma família e que ganha um salário-mínimo consegue sobreviver no Brasil? Infelizmente, existem muitos problemas estruturais sérios e não nos cabe fechar os olhos para eles.

    Com tantos desafios, acaba sendo difícil manter a mente sã. Ainda consigo isso com boa gastronomia e bom vinho, que são meus pontos fracos, mas com moderação. Também mantenho o corpo ativo. Faço academia com carga de musculação moderada, tênis, pilates, ioga e tai chi chuan. Gosto também de manter a leitura em dia, mas com livros físicos. Um dos últimos que li foi O Inconformista, biografia que narra a trajetória do meu parente empreendedor Rubens Ometto. A leitura engrandece a alma, diria Voltaire, e é imprescindível para qualquer ser humano. Afinal, como crescer sem conhecer?

    Por fim, eu nasci de pai e mãe abastados, mas não fiquei esperando nada deles. Minha trajetória é de um self-made man. Fui buscar e fiz o meu caminho. Acredito que o mundo será muito melhor do que é. Um mundo melhor não é apenas um sonho, mas uma realidade possível. Contudo, sei também que alcançar isso não será uma tarefa fácil. É algo que deve ser construído diariamente e com muito trabalho.

    Por isso, reitero: acredito que o bom e o melhor ainda estão por vir. Eu sempre acordo todos os dias com este pensamento, embora não feche os olhos ao fato de que, nos próximos 40 anos, teremos muitos embaraços, como as consequências das mudanças climáticas, os buracos na camada de ozônio, vírus, pandemias, a questão da falta d’água. Gosto de meditar e rezar. Tenho muita fé em Deus, mas rejeito e quero distância de fanatismo religioso. O que desejo mesmo é sempre evoluir. E, para evoluir, é preciso sempre conviver com pessoas melhores do que a gente. Felizmente, é o que tenho feito desde que deixei Ribeirão Preto, com muito mais dúvidas do que certezas. Consegui muito, mas do alto dos meus mais de 60 anos, na porta da terceira idade, ainda tenho muitos sonhos por realizar. E dois deles, certamente, são deixar um legado de conteúdo e consistência, que possa ser perpétuo, e alcançar uma grande sucessão profissional nos negócios.

    ANDRÉ LISSNER

    DIRETOR FINANCEIRO E RI DA NISSEI, UMA DAS MAIORES REDES DE FARMÁCIAS DO BRASIL

    Conhecimento se adquire e habilidade se treina. Atitude é o diferencial.

    Nasci na cidade de São Paulo, em setembro de 1972, quando morávamos em uma travessa da Avenida Faria Lima, em Pinheiros. Com 3 anos, nos mudamos para Brasília e, depois, aos dez, retornamos à minha cidade natal. Venho de uma família bem estruturada, tendo outros quatro irmãos e sendo meus pais Ismar e Vera. Hoje, sou casado com Selene, com quem tenho três filhos: Luana (18 anos), Arthur (13 anos) e uma temporã, Beatriz, com menos de dois anos.

    Nunca fui um aluno exemplar na minha fase de educação básica, mas descobri o meu potencial quando comecei minha graduação em Administração, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1992. Bem no começo do curso, uma colega de turma me disse que uma empresa estava recrutando alunos e me credenciei à vaga. Cheguei em casa animado, dizendo para o meu pai, que também era administrador, que uma fabricante de geladeiras, da qual nem sabia o nome direito, estava contratando e que participaria da seleção. Foi um processo duro com muitos postulantes às vagas e, no final, poucas dezenas foram escolhidas para, ainda no processo de seleção, fazerem um curso de três meses, cujos professores eram profissionais ligados à própria contratante. Foi ali que descobri que o que pensava ser uma fabricante de eletrodomésticos era, na verdade, a empresa de auditoria Price Waterhouse.

    Fui aprovado e isso significou uma mudança muito grande para mim. Lá, aprendi o gosto pelo trabalho. Entendo que não me tornei um workaholic, mas um worklover. E isso impactou positivamente os meus estudos. De um aluno mediano, passei a me destacar. Na Price, tive oportunidades muito interessantes e participei de muitos projetos especiais, como compra e venda de empresas, due diligence e lançamento de American Depositary Receipts (ADR), que são os recibos de ações de empresas não americanas negociadas nos Estados Unidos.

    Isso foi me fazendo pegar gosto pelo que fazia e, por outro lado, a PUC me dava uma base conceitual excelente. A faculdade foi maravilhosa, mas, quando terminei, sentia falta de mais alguma coisa. Busquei o que me faltava posteriormente, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde fiz uma extensão que me agradou muito. Meu tempo na Price coincidiu com o meu período de faculdade. Saí da empresa visto que decidi ir para a Inglaterra aperfeiçoar o meu inglês. Fiquei fora por cinco meses e, depois que voltei, fui contratado por uma empresa nacional de contract manufacturing, Conexão Informática. Assim, fui me sentar do outro lado da mesa, agora como supervisor financeiro, e foi outra experiência que valeu muito.

    A caminho de Curitiba

    Recomecei minha caminhada em uma empresa familiar, mas que estava ficando grande, tanto que acabou despertando o interesse da Flextronics, uma das maiores montadoras terceirizadas de produtos eletrônicos do mundo. Eu fiz parte do processo de venda daquela empresa familiar para esta gigante global. Saí apenas quando recebi uma proposta do meu ex-chefe e amigo, Silvio, que estava liderando uma nova operação em Curitiba.

    Ele me ligou e contou que tinha sido contratado por uma empresa franco-germânica do segmento automotivo. De imediato, não me interessei muito, até que ele me falou uma frase que me fisgou: De manhã, vamos ao mercado e compramos o café que tomaremos na empresa; à tarde, fechamos uma operação de 10 a 20 milhões de dólares; e, à noite, vamos à fábrica para verificar como está o andamento da sua construção. Isso fez meus olhos brilharem. Tudo estava no começo. Eu seria o quarto funcionário brasileiro e tínhamos um papel em branco para escrever uma linda história.

    Conversei com a minha então noiva, hoje minha esposa, e quem mais me apoia e me dá tranquilidade para que eu possa focar nos desafios empresariais. Peguei meu carro e segui rumo ao Paraná. Só quando cheguei em Curitiba que fui negociar o salário e buscar um lugar para dormir. Mas foi a melhor decisão que poderia ter tomado. Montamos aqui uma empresa que se chamava SAI Automotive, subsidiária automotiva da francesa Sommer-Allibert, cujo grupo foi posteriormente adquirido em sua totalidade pela Faurecia. Começamos do zero absoluto. E meu amigo não mentira para mim. Fazíamos tudo que tínhamos de fazer durante o dia, preparávamos todo o processo administrativo e, à noite, íamos nos certificar em que pé estava a construção da fábrica. Trabalhávamos quase 24 horas por dia e, no final, ajudamos a construir uma fábrica incrível e montamos uma grande empresa, da logística ao financeiro.

    Mas, em determinado momento, comecei a sentir falta de um passo a mais e surgiu, em fevereiro de 2001, uma nova oportunidade para trabalhar em outra multinacional de um setor completamente diferente, que é o de embalagens. Era uma empresa que tinha comprado outra nacional e, desta vez, ao invés de começar do zero, tínhamos de ajustar parte do que já estava funcionando. Aqui, eu estou falando da finlandesa Huhtamäki. Trabalhei lá por dois anos e coincidiu com o momento em que ganhei um dos grandes presentes da minha vida: minha filha Luana estava a caminho. Tinha sob meu guarda-chuva a responsabilidade pelas áreas financeira, fiscal, contabilidade, controladoria, administrativa, comércio exterior, tecnologia da informação, além de apoio a todos outros projetos estratégicos.

    Encerrado meu ciclo ali, em fevereiro de 2003, fui trabalhar na Bematech, que vinha se expandindo rapidamente, mas, como a maioria das empresas nacionais, enfrentava uma série de dificuldades. Quando cheguei lá, na condição de gerente financeiro, tivemos de fazer um ajuste muito grande, boa parte das gerencias foi cortada e áreas foram unificadas. Foi o momento em que todo mundo se abraçou e conseguimos contribuir para a empresa continuar sua jornada. Pela Bematech, fizemos um treinamento ímpar, um curso de extensão pela Fundação Dom Cabral (FDC), desta vez focado em liderança. Sairia de lá em 2006, quando a Bematech já estava em outro patamar.

    Acreditando e apostando nas equipes

    Depois de três anos na Bematech, fui trabalhar em um de seus fornecedores, que também fazia contract manufacturing. Na época, a empresa se chamava Visum Sistemas Eletrônicos, hoje mudou para Hi-Mix. Era liderada por três jovens dos quais sou amigo até hoje. Também dei minha contribuição para fazer aquele pequeno negócio crescer por vários anos seguidos e vimos o faturamento, de pouco mais de R$ 30 milhões, superar os R$ 400 milhões.

    Fiquei lá por seis anos e, neste meio tempo, ganhei mais um grande presente de Deus: meu filho Arthur nasceu. No período que lá estive, buscamos investidores e fizemos um processo de fusão e aquisição (M&A). Passei por tudo que se possa imaginar ali, destacando-me no trabalho de pegar empresas nacionais, ajudá-las a crescer e criar nelas uma sólida governança. É isso que considero minha grande fortaleza. Sou aquele financeiro que não é só o financista, mas busco ajudar no crescimento e trazer governança.

    Encerrado o processo de M&A e a fase de adaptação da empresa após este processo, minha ideia era fazer, a partir de agosto de 2011, um semestre sabático, pois estes seis anos na Visum foram muito densos. Este era o projeto! Contudo, mal passou um mês e eu já havia conhecido o Marcelo, uma pessoa super engajada e que buscava o bem em tudo o que fazia, em seguida estávamos empreendendo juntos. Depois, aceitei o convite para ser o CFO da Rocha Terminais Portuários e Logística, uma empresa com mais de 150 anos de existência. Infelizmente, fiquei na Rocha por um período de apenas nove meses. Todos os dias, tinha de pegar a estrada e ir de Curitiba à cidade portuária de Paranaguá, e isso começou a não me fazer bem. Foi quando surgiu uma oportunidade para a diretoria financeira de um family office, e lá fiquei de 2012 até 2015. Eles atuavam em várias frentes, como na área de linha amarela (tratores e máquinas), incorporação imobiliária, bebidas, entre outros. Ali, também

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