Homens verticais ao sol: a construção do vaqueiro em Eurico Alves Boaventura (1928-1963)
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Homens verticais ao sol - Artur Vitor de Araújo Santana
I
CAPÍTULO
CRIATURA E CRIADOR: AUTOR, OBRA E SUAS LEITURAS
Os personagens não nascem de um corpo materno, como os seres vivos, mas de uma situação, uma frase, uma metáfora que contém em embrião uma possibilidade humana fundamental que o autor imagina não ter sido ainda descoberta, ou sobre a qual nada ainda foi dito de essencial.
(Milan Kundera, A insustentável leveza do ser)
1.1. EURICO ALVES, O FIDALGO BAIANO
Nascer, estudar, trabalhar, constituir família, morrer e ser lembrado. Comumente ao se pensar a natureza humana é estabelecida uma ordem linear biossocial, que seria uma leitura social dos estágios biológicos da existência física humana (como nascer, crescer, reproduzir e morrer). Essas categorias tendem a estabelecer uma narrativa do sujeito a partir de um roteiro
a ser seguido, relacionando os estágios biológicos que são atribuídos ao corpo humano (infância, adolescência, fase adulta e velhice) com os valores sociais ao qual o indivíduo está inserido.
Mas viver é extravasar a grafia de palavras. Nenhum texto, por mais completo que seja, irá contemplar a existência humana, por mais individualizada que o recorte do escritor se propunha a ser. A autobiografia, mesmo sendo uma escrita em primeira pessoa, mostra apenas uma versão de quem a escreve. Somos sujeitos plurais, sorrimos, choramos, sentimos alívio e medo ao mesmo tempo, incerteza e confiança, pois a ação de estar vivo é um constante paradoxo que é descaracterizado com palavras, por mais poéticas e emotivas que possam ser.
Eurico Alves Boaventura foi um sujeito plural, como afirmo em diálogo com Stuart Hall (2015), que pensa a multiplicidade de identidades na construção de um sujeito. O escritor teve sua fase de euforia, sua fase de incertezas, a fase melancólica. Foi poeta, ensaísta, cronista, memorialista, advogado, juiz, criador de gado holandês (raça bovina leiteira), leitor de história, sociologia, psicanálise e geografia. Interessado em arqueologia (e escritor de textos sobre a temática). Foi boêmio, modernista, interiorizado
, tradicionalista, apaixonado por Feira de Santana e saudoso da Salvador. Foi um sujeito em constante conflito como qualquer um vivente, que se contradiz, muda de opinião, (re)pensa afirmações, discorda de si mesmo. Apresentar Eurico Alves aos leitores é o principal objetivo do capítulo, mas não tenho pretensão de fazer uma biografia tradicional
do escritor ou ainda contemplar uma versão totalizante do autor trabalhado⁵. Enquanto pesquisador, tenho consciência de se tratar de uma leitura particularizada do indivíduo que atende a questões essenciais para a abordagem da obra euriquiana, em especial a representação do vaqueiro no livro Fidalgos e Vaqueiros (1989), sua mais extensa