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Filipenses: comentário exegético
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E-book1.171 páginas17 horas

Filipenses: comentário exegético

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Sobre este e-book

Neste formidável comentário, o respeitado estudioso do Novo Testamento e autor best-seller Gordon Fee apresenta um estudo acadêmico, e ainda assim de leitura acessível. Ele trabalha com base no texto grego e é cirúrgico ao situar a Carta de Paulo aos Filipenses no contexto de amizade e de exortação moral no primeiro século para uma igreja que enfrenta oposição por causa da lealdade a Jesus Cristo. O autor consegue, ao mesmo tempo, dedicar atenção proporcional e adequada à relevância teológica e espiritual da carta.

Características importantes deste comentário incluem a notável comparação de dois tipos de cartas que eram conhecidas no mundo greco-romano: a carta de amizade e a carta de exortação moral; uma introdução que analisa a ocasião, a autenticidade e as contribuições teológicas de Filipenses; e insights acadêmicos que resolvem uma grande quantidade de questões formais e estruturais que intrigam muitos estudiosos do Novo Testamento.
IdiomaPortuguês
EditoraVida Nova
Data de lançamento16 de jan. de 2023
ISBN9786559670871
Filipenses: comentário exegético

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    Filipenses - Gordon Fee

    Filipenses: Comentário exegético. Gordon D. Fee. Vida Nova.Filipenses: Comentário Exegético

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    Fee, Gordon D.

    Filipenses : comentário exegético / Gordon D. Fee ; tradução de Marcelo Gonçalves. - São Paulo : Vida Nova, 2022.

    ePub.

    Bibliografia

    ISBN 978-65-5967-087-1

    Título original: Paul,s letter to the Philippians

    1. Bíblia. N.T. Filipenses - Comentários I. Título II. Gonçalves, Marcelo

    Índice para catálogo sistemático

    1. Bíblia. N.T. Filipenses - Comentários

    Filipenses: Comentário exegético. Gordon D. Fee. Tradução de Marcelo Gonçalves. Vida Nova.

    ©1995, de Gordon D. Fee Título do original: Paul’s Letter to the Philippians,

    edição publicada pela

    Wm. B. Eerdmans Publishing Co.

    (Grand Rapids, Michigan, Estados Unidos).

    Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

    Sociedade Religiosa Edições Vida Nova

    Rua Antônio Carlos Tacconi, 63, São Paulo, SP, 04810-020

    vidanova.com.br | vidanova@vidanova.com.br

    1.ª edição: 2022

    Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em citações breves, com indicação da fonte.

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Todas as citações bíblicas foram traduzidas diretamente da NIV (New International Version) e de outras versões utilizadas pelo autor, como também de suas próprias traduções do original grego/hebraico.


    Direção executiva

    Kenneth Lee Davis

    Coordenação editorial

    Jonas Madureira

    Edição de texto

    Daniel V. S. de Oliveira

    Preparação de texto

    Reuel Martinez

    Revisão de provas

    Célio Silva

    Coordenação de produção

    Sérgio Siqueira Moura

    Diagramação

    Luciana Di Iorio

    Capa

    Souto Marcas Vivas

    Livro digital

    Lucas Camargo


    Para

    Sven Soderlund,

    colega e amigo.

    Sumário

    Prefácio da série Comentário Exegético

    Prefácio do editor da série NICNT

    Prefácio do autor

    Reduções gráficas

    Introdução a Filipenses

    I. Filipenses como uma carta

    II. A ocasião de Filipenses

    III. A questão da autenticidade — algumas observações sobre 2.6-11

    IV. Contribuições teológicas

    Texto, exposição e notas

    I. Questões introdutórias (1.1-11)

    A. Saudação (1.1-2)

    B. Ação de graças e oração (1.3-11)

    1. Oração como ação de graças — pela cooperação no evangelho (1.3-8)

    2. Oração como petição — pelo aumento do amor e frutificação (1.9-11)

    II. Os assuntos de Paulo — reflexões sobre a prisão (1.12-26)

    A. O presente — para o avanço do evangelho (1.12-18a)

    1. O evangelho avança dentro e fora da prisão (1.12-14)

    2. O evangelho avança fora da prisão — apesar da má vontade (1.15-18a)

    B. O futuro — para a glória de Cristo e para o bem dos filipenses (1.18b-26)

    1. A ambição de Paulo — que Cristo seja glorificado (1.18b-20)

    2. O resultado desejado — estar com Cristo (1.21-24)

    3. O resultado esperado — reunião em Filipos (1.25-26)

    III. Os assuntos dos filipenses — exortação à firmeza e à unidade (1.27—2.18)

    A. O apelo — à firmeza e à unidade diante da oposição (1.27-30)

    B. O apelo renovado — unidade por meio da humildade (2.1-4)

    C. O exemplo de Cristo (2.5-11)

    1. Como Deus, ele se esvaziou a si mesmo (2.5-7)

    2. Como homem, ele se humilhou a si mesmo (2.8)

    3. Deus o exaltou como Senhor de tudo (2.9-11)

    D. Aplicação e apelo final (2.12-18)

    1. Aplicação geral — um apelo à obediência (2.12-13)

    2. Aplicação específica — harmonia pelo bem do mundo e de Paulo (2.14-18)

    IV. O que vem a seguir — em relação aos assuntos de Paulo e dos filipenses (2.19-30)

    A. Timóteo e Paulo vêm depois (2.19-24)

    B. Epafrodito vem agora (2.25-30)

    V. Os assuntos deles — novamente (3.1—4.3)

    A. O apelo — contra a circuncisão (3.1-4a)

    B. O exemplo de Paulo (3.4b-14)

    1. Não há futuro para o passado (3.4b-6)

    2. O futuro está no presente — conhecendo Cristo (3.7-11)

    3. O futuro está no futuro — alcançando Cristo (3.12-14)

    C. Aplicação e apelo final (3.15—4.3)

    1. Aplicação — tendo uma mentalidade madura (3.15-16)

    2. Apelo e acusação (3.17-19)

    3. Base do apelo — céu, agora e no porvir (3.20-21)

    4. Apelos finais — à firmeza e à unidade (4.1-3)

    VI. Questões finais (4.4-23)

    A. Exortações finais (4.4-9)

    1. Um chamado à piedade cristã — e à paz (4.4-7)

    2. Um chamado à sabedoria — e à imitação de Paulo (4.8-9)

    B. O reconhecimento da oferta deles: amizade e o evangelho (4.10-20)

    1. A oferta deles e a necessidade de Paulo (4.10-13)

    2. A oferta deles como parceria no evangelho (4.14-17)1

    3. A oferta deles como oferta de aroma suave a Deus (4.18-20)

    C. Saudações finais (4.21-23)

    Bibliografia

    Índice de passagens bíblicas

    Índice de autores

    Índice de fontes extrabíblicas antigas

    Índice de palavras gregas

    Índice remissivo

    Prefácio da série Comentário Exegético

    Conforme narrado no livro de Atos, o encontro entre Filipe e o eunuco etíope na estrada de Jerusalém a Gaza foi obra do Senhor (At 8.26-39). Esse etíope trazia consigo uma cópia de ao menos parte das Escrituras e estava lendo o livro do profeta Isaías. Ao ouvi-lo ler, Filipe indagou: Entendes o que estás lendo? (At 8.30, A21).

    Ao escrever um comentário, é difícil almejar propósito mais premente do que este: achegar-se ao leitor das Escrituras para conduzi-lo à compreensão do significado do que lê — e fazê-lo de modo não apenas informativo, mas também transformador. Esse é o objetivo da série Comentário Exegético, de Edições Vida Nova. Seu trabalho interpretativo não pode ter melhor razão para existir nem objetivo mais adequado. Serve ao propósito de conduzir o leitor à interpretação exata do texto das Escrituras, além de proporcionar um meio de confirmação e validação das interpretações às quais seu estudante tenha chegado no processo hermenêutico e exegético, com vistas à aplicação pessoal ou à exposição da mensagem escrita. Isso porque vivemos em um mundo caído e aflito que precisa de direção. Portanto, ele precisa da Palavra de Deus.

    Mas o caminho da leitura à prática nem sempre é direto e rápido. Para compreender o texto bíblico, são necessárias boas ferramentas, e entre as mais úteis estão os comentários bíblicos. Existem vários tipos de comentários. Os que integram a série Comentário Exegético são aqueles que se aprofundam na compreensão do texto original da Bíblia por meio de uma exegese detalhada, justamente com o propósito de levar o leitor das Escrituras à prática da vontade de Deus.

    Assim, os comentários desta série apresentam as seguintes características:

    aliam profundidade acadêmica e facilidade de leitura;

    atendem às necessidades de pastores e demais pregadores da Palavra inspirada;

    são compreensíveis ao leigo interessado no conhecimento mais profundo das Escrituras;

    são minuciosos no tratamento de cada texto, sem exagerar nos detalhes;

    tratam a exegese não como um fim em si, mas como recurso para a compreensão do todo;

    apresentam os aspectos das línguas originais de forma acessível;

    têm por objetivo entender cada perícope em seu contexto, associando cada passagem ao que vem antes e depois;

    reúnem autores de uma tradição teológica conservadora e são oriundos de diversas orientações no universo evangélico;

    buscam representar o texto original de modo apurado, claro e que faça sentido para o leitor de hoje.

    Além dessas características, há aspectos que diferenciam os comentários que formam esta série.

    Primeiramente, e acima de tudo, ocupam-se do texto das Escrituras. Isso não significa que não deem atenção ao longo desenvolvimento das pesquisas sobre as Escrituras e ao debate acadêmico, mas sim, que se esforçam em apresentar um comentário do texto e não do debate acadêmico. Portanto, o resultado central e principal desse trabalho é um guia de fácil leitura, reservando para as notas de rodapé (ou notas adicionais ao final de cada seção) a interação com as questões críticas e a respectiva literatura técnica. Ocupar-se, porém, do texto das Escrituras não significa que a série tenha evitado certos métodos críticos ou tenha exigido que cada autor siga uma abordagem definida. Em vez disso, foram adotados as abordagens e os métodos necessários, sempre orientados pelo propósito maior de ajudar cada autor na tarefa de deixar claro o significado desses textos.

    Em segundo lugar, os autores da série identificam-se conscientemente como seguidores de Cristo que leem as Escrituras a serviço da igreja e de sua missão no mundo. Ler as Escrituras dessa forma não significa garantir algum tipo específico de interpretação. Significa entender que, na história da interpretação, há épocas em que as Escrituras trazem uma palavra necessária de confronto, chamando o povo de Deus de volta a sua vocação. Já em outras ocasiões, as Escrituras oferecem uma palavra de consolo, lembrando o povo de Deus de sua identidade, de que ele segue a um Messias crucificado e serve a um Deus que vindicará os caminhos de Cristo e de seu povo.

    A terceira característica que distingue esta série é o fato de seus comentários reconhecerem que nossa leitura das Escrituras não pode estar dissociada da realidade do mundo em favor do qual a igreja cumpre sua missão. Pois como C. S. Lewis assinalou, com razão, em seu conto O sobrinho do mago, o que você ouve e vê depende do lugar em que se coloca.¹ Esse lugar é o mundo em que estamos, o qual nos pressiona com perguntas que não deixam de instruir nosso trabalho de interpretação. Assim, não basta expor o que Deus disse outrora, já que precisamos ouvir vezes sem conta aquilo que o Espírito, por meio das Escrituras, está dizendo à igreja hoje. Por conseguinte, precisamos examinar o significado teológico daquilo que lemos e como essa mensagem pode conquistar o coração das pessoas.

    Por fim, a série Comentário Exegético foi elaborada mediante a seleção de volumes originários de algumas das melhores e mais atualizadas séries de comentários produzidas em língua inglesa. São obras que se situam em um ponto intermediário entre comentários mais críticos e acadêmicos — que incluem, por exemplo, citações não traduzidas do grego, do aramaico ou do latim — e comentários homiléticos — os quais tentam expor de forma clara como um texto das Escrituras pode ser transmitido, em forma de ensino ou pregação, à igreja reunida.

    Nossa esperança é que aqueles que estão se preparando para ensinar e pregar a Palavra de Deus encontrem nestas páginas a orientação de que precisam. E que aqueles que estão aprendendo a fazer exegese encontrem aqui um exemplo a ser seguido.

    É com imensa satisfação, portanto, que disponibilizamos à igreja brasileira esta preciosa série de comentários bíblicos.

    ¹ As crônicas de Nárnia (São Paulo: Martins Fontes, 2009), livro 1: O sobrinho do mago.

    Prefácio do editor da série NICNT

    Embora o autor deste comentário e o editor desta série em inglês sejam a mesma pessoa, pareceu apropriado, nesse caso, ter um prefácio do editor junto com o prefácio do autor. São três os motivos para isso:

    Em primeiro lugar, este é o primeiro volume editado por mim a aparecer na série NICNT. Também é o segundo volume apresentado sob o novo formato e design. Espero que esse novo design torne a série muito mais fácil de utilizar; ele surgiu, de fato, como resposta às muitas queixas sobre os dois maiores volumes dessa série (o de Morris sobre João e o de Fee sobre 1Coríntios), de que eles não param abertos sobre a mesa quando se tenta utilizá-los. Assim, ofereço minha gratidão à Eerdmans Publishing Company pela adoção do novo design; a seu tempo, todos os antigos volumes entrarão no novo padrão.

    Em segundo lugar, embora por coincidência, verificou-se que o segundo e o terceiro editores da série escreveram os volumes substitutos de Filemom e Filipenses, que originalmente apareciam em um único volume escrito por J. J. Müller (1955). Na série original, os comentários sobre Colossenses (por F. F. Bruce) e Efésios (por E. K. Simpson) também constituíam um único volume. Como segundo editor da série, o professor Bruce atualizou seu comentário sobre Colossenses e escreveu os volumes substitutos de Efésios e Filemom, que foram na época publicados em um único volume. Isso resultou na situação inusitada de uma série de comentários ter duas obras sobre Filemom. Enquanto isso, o simples volume de estudos sobre Filipenses nos últimos quarenta anos — e as muitas novas direções que os estudos de Filipenses tomaram — exigiu um volume substituto para essa carta também. Como já estava previsto que eu escrevesse um comentário mais popular sobre essa carta (na série de comentários da IVP NT), os editores perguntaram se eu estaria disposto a escrever também o volume sobre Filipenses para a NICNT. Com o consentimento dos editores da InterVarsity Press, concordei.

    Em terceiro lugar, ficou claro para mim desde o início que o editor precisava de um editor. Assim, na verdade, o verdadeiro editor deste volume foi meu colega no Regent College, Sven Soderlund, que trouxe a experiência de anos de ensino sobre as Cartas da Prisão para a tarefa, bem como uma devoção rara aos detalhes e um olhar atento aos Feeísmos de todos os tipos (incluindo frases absurdas e vários usos incorretos de palavras) — embora eu, por vezes, tenha resistido aos seus esforços e deva ser responsabilizado por aqueles que permaneceram. Assim, embora o produto final seja mesmo meu, e para o bem ou para o mal eu seja o responsável pelos pontos de vista apresentados, Sven me salvou de muitos constrangimentos, pelo que sou verdadeiramente grato. Na verdade, aprendi muito sobre a tarefa da edição com seu trabalho muito cuidadoso sobre meu primeiro rascunho. Por seus esforços incansáveis em meu favor — e em favor de todos que possam se beneficiar deste comentário — ofereço meus agradecimentos dedicando-lhe o volume.

    Prefácio do autor

    Sobre a fundamentação quanto à forma e estilo deste comentário, convido você a ler atentamente o Prefácio do Autor do meu volume sobre 1Coríntios nesta série (p. ix-xii), que tive a oportunidade de expor com mais pormenor num simpósio sobre a escrita de comentários, em Theology 46 (1990), 387-92.

    Mas preciso reiterar aqui algumas pressuposições e idiossincrasias, para o bem do leitor. Primeiro, sem me desculpar, escrevi conscientemente esse comentário para ajudar o pastor da comunidade e o professor das Escrituras a compreenderem melhor essa carta como Palavra de Deus para uma congregação contemporânea. Ao mesmo tempo, sempre levei em conta o estudioso e o professor em sala de aula. Tudo neste formato e estilo evidencia esses dois públicos. Para os leitores leigos, tentei deixar a exposição o mais organizada e legível possível. Espero que até mesmo os estudantes da Bíblia sem nenhum estudo formal (e que não sejam desencorajados pela presença de tantas notas de rodapé!) encontrem muito proveito na leitura do texto, mesmo pulando todas as notas. Por esse motivo, reservei quase toda análise técnica de crítica textual, gramática e lexicografia para as notas de rodapé. Lá também se encontrarão toda minha gratidão e interação (às vezes vigorosa) com aqueles que escreveram sobre Filipenses antes de mim. As notas, portanto, estão cheias de muitas coisas; e o leitor é convidado a pular tantas quantas precisar a fim de se manter atento ao significado de Filipenses em si.

    Isso me leva, em segundo lugar, a dizer mais uma palavra sobre meu relacionamento com a bibliografia anterior. Assim como no meu comentário sobre 1Coríntios, evitei com grande diligência ler qualquer coisa sobre um determinado parágrafo — e tentei manter fora da minha mente o que já tinha lido antes — até que tivesse escrito e reescrito minha própria exposição do texto, junto com as várias notas textuais, gramaticais e lexicais. Só depois disso eu percorria a literatura relevante (basicamente 25 comentários cobrindo um vasto intervalo de tempo e de perspectivas, mais todos os estudos especializados conhecidos sobre a passagem) em ordem cronológica (até o início de 1994), depois do que interagia, reescrevia ou fazia ajustes, conforme o caso — e reconhecia minha dívida pelos pontos de vista que não tinha observado antes. Por esse motivo, as referências nas notas também estão, geralmente, em ordem cronológica, não alfabética — embora isso fosse difícil de manter às vezes, quando havia mais de uma edição de um comentário. Também significa que, para mim, sempre deixei o melhor para o fim. Embora eu tenha divergido deles de vez em quando, às vezes com vigor próprio, aprendi muito com os comentários recentes de três amigos: Gerald Hawthorne, Moisés Silva e Peter O’Brien. Dos comentários mais antigos, acho os de Meyer, Lightfoot e Vincent os mais invariavelmente úteis (quanto a um panorama muito útil dos comentários sobre Filipenses, veja I. H. Marshall, Which is the best commentary? 12. Philippians, ExpTim 103 [1991], 39-42).

    Em terceiro lugar, embora o autor de um comentário presuma que seus leitores nunca vão ler a Introdução(!), aqui está um exemplo de quando parece muito importante que o leitor o faça — pelo menos a Parte I, sobre Filipenses como uma carta do primeiro século, uma vez que todo o comentário foi escrito a partir da perspectiva que aí se expõe. Sobre outras questões introdutórias, apenas previno que não há nada de novo, e que a proveniência tradicional (Roma) e a datação (c. 62 d.C.) são pressupostas — com explicação, mas pouca argumentação.

    Em quarto lugar, já que penso haver alguma utilidade nisso, as referências às cartas de Paulo são dadas em sua suposta ordem cronológica (1 e 2Tessalonicenses, 1 e 2Coríntios, Gálatas, Romanos, Filemom, Colossenses, Efésios, Filipenses, 1Timóteo, Tito, 2Timóteo); como antes, considero as Epístolas Pastorais como paulinas no sentido de que derivam, em última instância, dele mesmo na primeira metade da sétima década d.C. (entre 62 e 64).

    Finalmente, em dias como os nossos, quando o grego não é mais exigido na maioria dos seminários, e quando as preocupações sociológicas e literárias superaram em muito as considerações gramaticais na exegese, ficamos um pouco hesitantes em fazer muitas referências a o grego. Espero que esse comentário tenha levado em consideração, nem sempre de acordo com as fontes secundárias, o que podemos aprender da sociologia do primeiro século e de seus vários dispositivos literários e retóricos. Porém, eu gostaria de fazer aqui um apelo à gramática, que também tem seu valor. Para deixar claro, estou do lado daqueles que acham que muitos dos meus predecessores — e alguns contemporâneos — se esforçaram para encontrar mais significado na gramática e nas palavras do que, com certeza, Paulo pretendia. (Pergunto-me se ele refletia sobre seu modo de falar mais do que muitos de nós fazem, especialmente na escrita de cartas.) Chamo isso de superexegese. Por outro lado, também não penso que Paulo apenas escreveu a esmo; estou convencido, ao contrário, de que a maneira como ele diz as coisas muitas vezes nos dá pistas do que ele diz — e tem em mente. Portanto, neste comentário me envolvi em muitas discussões gramaticais bem extensas nas notas de rodapé, onde tenho a sensação de que a gramática recebeu pouca atenção em nosso tempo de maior competência em assuntos sociológicos (veja, e.g., notas 58 e 59 em 2.17; nota 12 em 4.8; e nota 16 em 4.19). Tenho medo de, às vezes, ter sido um pouco rude com meus colegas nessas notas, a quem aqui peço desculpas pelo estilo, mas não pela substância.

    Falta, então, identificar aqueles a quem agradeço por tornarem possível a escrita e a publicação deste comentário (além da minha dívida com Sven Soderlund observada no Prefácio do Editor):

    À minha esposa, Maudine, que não apenas sofreu comigo nos seis meses durante os quais este comentário foi escrito, como também leu a maioria das seções — com um olhar afiado para a linguagem e sua utilidade geral para o leitor leigo — e ainda interagiu criativamente comigo (e com Paulo) durante as longas sessões (normalmente à mesa) em que teve que aguentar o transbordamento do meu labor exegético do dia. (Eu a menciono primeiro como mais um exemplo de rompimento das tradições formais neste comentário!)

    Ao Regent College, cuja generosa política sabática possibilitou que eu fosse desobrigado de todas as outras responsabilidades de janeiro a junho de 1994, período em que esta obra foi empreendida.

    Aos meus dois assistentes de ensino (ao longo de dois anos acadêmicos), Rick Beaton e Michael Thomson. Rick reuniu os dados de vocabulário que tornaram possível as análises das p. 18-20; ele também serviu como minhas pernas e olhos, passando horas de pesquisa nos corredores da biblioteca e preenchendo lacunas bibliográficas. Michael preparou a lista de reduções gráficas e coletou a extensa bibliografia presente nas notas de rodapé, assim como preparou os índices de Passagens Bíblicas e de Autores.

    Aos alunos de dois seminários nos últimos cinco anos, que ouviram e interagiram com novas ideias sobre essa carta, e de cujas monografias também aprendi muito — especialmente daqueles que bateram o pé e não me deixaram ver divisão e oposição onde não havia.

    À Zondervan Publishing House pela permissão de usar a NIV, que é muito útil como tradução, mas, por vezes, difícil de usar como base de comentário por causa de sua (correta) utilização do princípio da equivalência dinâmica.

    Como em meu comentário de 1Coríntios, em algumas ocasiões utilizei colchetes para modificar a NIV, onde sua linguagem de gênero específico (especialmente irmãos e homem) não reflete mais o uso contemporâneo e, portanto, perde a intenção genérica do grego.

    Guardo (o que entendo ser) o melhor para o fim. A escrita deste comentário é diferente de qualquer coisa que experimentei até agora como parte da igreja. Num fluxo regular de encontros divinos, em uma variedade de ambientes eclesiásticos ao longo dos quatro meses e meio em que escrevi o primeiro rascunho do comentário, domingo após domingo, ou o culto (incluindo a liturgia) ou o sermão foi de alguma forma associado de maneira muito direta com o texto da semana anterior. Era como se o Senhor estivesse me deixando ouvir o texto tocado de novo em ambientes litúrgico e homilético que me faziam parar mais uma vez e ouvir o texto de novas maneiras. É difícil descrever essas experiências, que tiveram um impacto profundo nos meus sábados durante a licença sabática; e sua regularidade pareceu além de mera coincidência. Tudo isso fez minhas segundas-feiras assumirem um padrão regular também, à medida que eu voltava para o trabalho da semana anterior, e pensava e orava sobre ele uma vez mais. Alguns desses momentos também entraram nas notas de rodapé (e.g., nota 42 em 2.9-11, facilmente o momento mais memorável deles; mas veja também a nota 13 em 4.4 e nota 35 em 3.20-21). Então, a palavra final é de Paulo — sua doxologia em 4.20: A nosso Deus e Pai seja a glória para todo o sempre. Amém.

    Gordon D. Fee

    Julho de 1994

    Reduções gráficas

    Introdução a Filipenses

    Este comentário foi escrito a partir da perspectiva de que Filipenses foi uma carta, escrita pelo apóstolo Paulo em Roma no início da década de 60, para seus amigos de longa data e compatriotas no evangelho que viviam em Filipos, um posto avançado do Império Romano na planície interior da Macedônia oriental. O objetivo desta Introdução é apresentar tanto a carta da forma como a vejo quanto este comentário sobre a carta. Embora as várias questões críticas que fazem parte de uma tal introdução sejam mencionadas, o leitor precisará consultar as introduções mais tradicionais ao NT para obter uma abordagem mais completa de muitas dessas questões.¹ Aqui está o que eu entendo ser o tema da carta, que o comentário a seguir esclarecerá de modo mais detalhado.

    I. Filipenses como uma carta

    É comum apresentar as cartas paulinas reconstruindo a situação histórica para a qual elas foram escritas. Embora esse tipo de reconstrução seja extremamente importante para o nosso entendimento de Filipenses (veja a seção II abaixo), este é um caso no qual a questão do gênero literário deve preceder as questões de história.² Portanto, analisaremos inicialmente esta carta como uma obra de literatura do primeiro século.

    A. Filipenses e a escrita de cartas na Antiguidade

    Em contraste com muitas das outras cartas de Paulo, especialmente as cartas mais polêmicas e/ou apologéticas, tais como Gálatas e 1 e 2Coríntios, Filipenses reflete todas as características de uma carta de amizade, combinadas com as características de uma carta de exortação moral. Várias questões apontam para essa direção.

    1. Filipenses como uma carta de amizade.³ A composição de cartas, que era uma espécie de forma de arte na cultura ocidental anterior às máquinas de escrever e ao computador, era também levada muito a sério pelos antigos gregos e romanos.⁴ A educação formal talvez incluísse instrução na composição de cartas.⁵ Dois dos manuais para essa instrução chegaram até nós: os de Pseudo-Demétrio e de Pseudo-Libânio⁶ — embora eles provavelmente tenham sido escritos para escribas profissionais, e não para crianças na idade escolar. O de Pseudo-Demétrio lista e oferece ilustrações de 21 tipos diferentes de cartas. O primeiro deles, o tipo amigável, era bem conhecido de todos e, de acordo com Cícero, foi o motivo para a invenção da composição de cartas.⁷ De muitas formas esta é a menos artística das cartas, já que o que agora conhecemos como cartas de família pertence, com muita frequência, a esse gênero.⁸ Todavia, certas características são discerníveis, e a maioria delas se encaixa bem em uma dimensão da carta de Paulo aos Filipenses.

    Primeiramente a teoria, como ilustrada pela carta de exemplo de Pseudo-Demétrio:

    Embora eu esteja separado de você há muito tempo, sofro isso apenas no corpo. Pois não posso nunca esquecer de você ou da maneira impecável como fomos criados juntos desde a infância. Sabendo que eu mesmo estou genuinamente preocupado com seus assuntos⁹ e que tenho trabalhado incansavelmente para o que lhe é mais vantajoso, suponho que também você tenha a mesma opinião sobre mim e não me recusará nada. Portanto, você fará bem¹⁰ em dar muita atenção aos membros da minha casa para que não precisem de nada, em lhes ajudar com qualquer coisa que precisem, e em escrever sobre qualquer assunto da sua escolha.

    Embora essa ilustração se incline muito em direção à reciprocidade da amizade (veja a próxima seção), três características desse exemplo teórico são dignas de nota para Filipenses: (1) a observação inicial, segundo a qual as cartas de amizade estão relacionadas à ausência entre amigos (cf. Fp 1.27; 2.12); (2) o fato de essas cartas estarem relacionadas com os assuntos tanto do remetente quanto do destinatário (cf. Fp 1.12; 1.27; 2.19,23); e (3) o fato de o destinatário fazer bem em cuidar das necessidades do remetente (cf. Fp 4.14).

    De modo ainda mais significativo, Loveday Alexander recentemente submeteu uma série de cartas de família a uma análise empírica formal, e demonstrou de forma persuasiva, a meu ver, que um certo padrão emerge nessas cartas que também está evidente em Filipenses.¹¹ Ela identifica sete itens, incluindo a saudação inicial e os votos finais (coloquei as partes correspondentes de Filipenses entre colchetes):¹²

    Cumprimento e saudação [1.1-2]

    Oração pelos destinatários [1.3-11]

    Tranquilização quanto ao remetente (= meus assuntos) [1.12-26]

    Pedido pela tranquilização quanto aos destinatários (= seus assuntos) [1.27—2.18; 3.1—4.3]

    Informação sobre a movimentação de intermediários [2.19-30]

    Troca de saudações com terceiros [4.21-22]

    Voto final de saúde [4.23]

    Também há evidência de se deixar uma ação de graças para o fim¹³ — embora em Filipenses isso seja, provavelmente, mais uma questão de retórica do que de forma de carta (veja comentário sobre 4.10-20). A mensagem a se reforçar é que, no nível formal, muito de Filipenses pode ser explicado como uma carta de amizade, do tipo [de carta] de amizade, de família.¹⁴

    Por outro lado, Cícero considera as cartas de amizade, tais como as encontradas nos papiros, como não dignas de correspondência entre amigos verdadeiros, uma vez que a maioria trata de assuntos comuns, ao passo que as cartas entre amigos deveriam envolver conversas sobre temas mais profundos.¹⁵ Assim, o que temos em Filipenses é uma carta que tem o caráter formal — e a lógica — de uma carta de amizade ou de família; enquanto, quanto a conteúdo, apresenta conversas em um nível muito mais profundo de amizade.

    Mas a amizade em si, do tipo de que Cícero falava, era outra questão que gregos e romanos levavam com um tipo de seriedade que a maioria dos nossos contemporâneos dificilmente apreciaria. Como há várias indicações na nossa carta de que Paulo entendia o seu relacionamento com os filipenses como uma expressão modificada de amizade, precisamos de um breve panorama desse fenômeno para que possamos compreender a carta que Paulo lhes escreveu.

    2. A amizade no mundo greco-romano.¹⁶ Como na maioria das sociedades antigas, a amizade tinha um papel preponderante nos relacionamentos sociais básicos no mundo greco-romano, inclusive na política e nos negócios. Esse assunto era tão importante que se tornou tópico comum nos debates filosóficos. Aristóteles dedicou uma parte considerável da sua obra Ética a Nicômaco a uma análise da amizade, ao passo que Cícero e Plutarco têm tratados inteiros sobre o tópico, e Sêneca aborda a questão em várias de suas cartas morais. De acordo com Aristóteles (e outros que seguiram os seus passos), haveria três tipos de amizade entre iguais: (1) amizade verdadeira entre pessoas virtuosas, cujo relacionamento é baseado na boa vontade e na lealdade (incluindo confiança); (2) amizade baseada no prazer, ou seja, em se desfrutar da mesma coisa, de modo que as pessoas desfrutam da associação com aqueles que são agradáveis a nós; (3) amizade baseada em necessidade, um arranjo puramente utilitário, que Aristóteles despreza, assim como a maioria de seus sucessores. De forma um pouco condescendente, Aristóteles também admitia a palavra amizade para relacionamentos entre desiguais — pais e filhos, (geralmente) uma pessoa mais velha e outra mais nova, marido e esposa, e governante e as pessoas governadas.

    Os debates filosóficos acerca da amizade tratam, principalmente, do primeiro tipo, no qual surge um certo núcleo de ideais que se pensava serem aplicáveis a todas as amizades genuínas.¹⁷ Isso incluía virtude, especialmente fidelidade ou lealdade; sentimento, na forma de boa vontade mútua em relação ao outro para o seu próprio bem; e especialmente a questão básica de dar e receber (= reciprocidade social) benefícios (= de bens e serviços, embora a reciprocidade às vezes assumisse a forma de simples gratidão).¹⁸ A questão dos benefícios levava a alguns dos maiores debates porque a amizade não poderia ser compreendida sem os benefícios, mas também poderia haver um abuso desses a ponto de abalar a mutualidade e a confiança. Porque implicava reciprocidade independente de qualquer coisa, a amizade também incluía um sentido de obrigação e expressões de gratidão (boa vontade adicional). Além disso, e de formas que as pessoas de hoje teriam muita dificuldade em apreciar, a amizade desse tipo mais ou menos contratual era também agonística (competitiva), no sentido de que era, muitas vezes, debatida no contexto de inimigos.¹⁹ Ou seja, ter amigos automaticamente significava ter inimigos, de modo que a atenção constante aos amigos significava uma constante vigilância quanto aos inimigos.²⁰

    Podemos ver facilmente que muitos desses ideais são característicos do relacionamento de Paulo com os crentes filipenses nesta carta. A carta, na sua totalidade, é baseada na boa vontade mútua entre Paulo e os filipenses; esse é o ponto principal, que é tão seguro que Paulo não hesita em se dirigir a eles, e até mesmo exortá-los, da maneira que o faz. Deles foi a participação/parceria no evangelho desde o princípio, uma parceria que envolvia os próprios filipenses no evangelismo e na promoção do evangelho por suas benemerências para com Paulo. Essa mesma parceria inclui também agora o sofrimento mútuo pelo evangelho (1.29,30; 2.17). A amizade é demonstrada ainda pelas expressões muitas vezes observadas de profunda afeição (e.g., 1.7: Eu os tenho em meu coração; 1.8: Anseio por vós com a afeição de Cristo Jesus; 4.1: meus amados irmãos e irmãs, de quem tenho saudade, minha alegria e minha coroa, amados). Mais ainda, a amizade é demonstrada em sua mutualidade e reciprocidade, exibida de várias formas: sua ansiedade em vê-los novamente para o progresso deles mesmos na fé, já que recentemente eles o auxiliaram de forma material; sua oração por eles (1.4) e a oração dos filipenses por ele (1.19); mas especialmente por sua contribuição recente, cujo reconhecimento por Paulo (4.10-20) é cheio de linguagem que indica reciprocidade em amizade. O caráter às vezes agonístico da amizade, que significava ter amigos no contexto de também ter inimigos, provavelmente se encontra por trás de grande parte da linguagem de oposição que marca toda a carta (1.15-17,28; 2.21; 3.2,17-19). E a amizade com certeza se encontra por trás de sua preocupação de que, em sua própria comunidade, eles tenham a mesma mentalidade (2.2-5; 4.2-3), pois a amizade de Paulo com eles estará em terreno instável se a deles uns com os outros não se mantiver.

    Essas expressões de amizade são ainda mais acentuadas pelo fato de que, nesta carta, Paulo evita, minuciosamente, qualquer indicação de um relacionamento patrono-cliente (ou patrono-protegido),²¹ que ocorre com muita frequência em suas outras cartas (seja na forma de apostolado, seja na figura de pai com filhos). Portanto, ele começa identificando a si mesmo e a Timóteo como servos de Cristo Jesus (1.1), que tinha, ele mesmo, se tornado servo em favor de todos ao morrer numa cruz (2.7-8). E, embora as principais partes da carta sejam exortativas, não há apelo à autoridade de Paulo como base de sua exortação; pelo contrário, ele apela à mutualidade deles em Cristo (2.1) e ao seu próprio exemplo, visto que ele mesmo segue o exemplo de Cristo (3.4-14; veja também 1.12-26 e 4.14).

    Resumindo. Muitos dos aspectos das cartas de amizade são bem evidentes em Filipenses, não apenas em algumas das questões formais, porém mais ainda em alguns pontos fundamentais ao longo do corpo da carta. Esses pontos incluem a natureza agonística da amizade no mundo greco-romano, que é a provável chave para um dos assuntos mais desconcertantes de Filipenses, a saber, o dos oponentes.

    3. A questão dos oponentes. Há uma concordância quase universal de que os filipenses estão sendo perturbados por algum tipo (alguns diriam tipos) de oponentes; da mesma forma, há uma discordância quase universal quanto ao quem, quantos e onde desses oponentes. De fato, a literatura secundária sobre esse assunto²² é inferior apenas à enorme produção sobre 2.6-11 (veja p. 217).²³ Todavia, quando, em uma contagem, o número de hipóteses chega a pelo menos dezoito, é seguro dizer que os dados em Filipenses sobre os quais essas hipóteses são construídas são menos seguros do que as afirmações sobre tais oponentes que aparecem na literatura.

    O motivo primário para as diferenças é aquele nunca mencionado: a metodologia.²⁴ Como detectar a presença de oponentes e, tendo feito isso, como avaliar a natureza de seu ensino? Há basicamente duas maneiras de proceder: a primeira é examinar cuidadosamente todas as afirmações diretas sobre oponentes com um olhar sobre aqueles que poderiam estar em Filipos; a segunda, assumindo que os oponentes foram descobertos no passo um, é fazer uma leitura espelhada de outras afirmações para determinar o que eles estavam ensinando. A maior parte das dificuldades, e quase todas as diferenças de opinião, encontra-se ou na confusão entre esses dois passos, ou em dar precedência ao segundo passo, mas sem uma metodologia controlada.²⁵

    No caso de Filipenses, duas questões tornam esse exercício delicado: (1) como será observado em seguida, as afirmações diretas são, em si mesmas, tão ambíguas, ou mesmo contraditórias, que é quase impossível chegar a um acordo quanto à identificação. Além disso, (2) nada na própria carta sugere qualquer coisa que chegue remotamente perto de uma capitulação por parte dos filipenses.²⁶ O mais próximo a isso pode ser a aplicação da história pessoal de Paulo em 3.15-16 (q.v.); mas, em comparação com Gálatas ou 2Coríntios 10—13, esse é, de fato, um conteúdo suave e, de qualquer maneira, encaixa melhor na realidade da amizade.

    Aqui estão, portanto, os dados, as afirmações diretas:

    1. Em 1.15-17, Paulo fala de alguns que pregam Cristo por rivalidade/ambição egoísta e inveja, supondo assim causar problemas para Paulo em minhas correntes. Essas pessoas podem ser excluídas da consideração de oposição em Filipos, já que o v. 14 deixa claro que estamos lidando com pessoas na mesma cidade em que Paulo está preso (Roma, na nossa opinião).²⁷

    2. Em 1.27-28, Paulo insta os filipenses a não ter medo de forma alguma daqueles que se opõem a vocês. Esse é o único lugar na carta em que a linguagem de oposição realmente aparece. Nesse caso, o contexto sugere: (a) que esses oponentes não são fiéis (eles estão destinados à destruição), e (b) eles estão perturbando os filipenses, e essa é a causa de seu sofrimento por Cristo (v. 29-30).

    3. Em 2.21, Paulo coloca Timóteo em contraste com todos os outros que, na linguagem de 2.4, cuidam dos seus próprios interesses, e não daqueles de Jesus Cristo. Embora seja menos claro aqui a quem Paulo se refere — eu defendo que esse é um segundo ataque às pessoas mencionadas em 1.15-17 — fica claro que eles não estão em Filipos, portanto, no mínimo, eles não constituem oponentes naquela cidade.

    Nossas dificuldades, portanto, relacionam-se à identificação das pessoas citadas nas duas afirmações finais:

    4. Em 3.2-3, Paulo alerta: Cuidado com os cães; cuidado com os que praticam o mal; cuidado com a ‘mutilação’ [da carne]. Pois, ele continua, em contraste com eles, "nós somos a circuncisão que adora/serve pelo Espírito de Deus e se gloria em Cristo Jesus, e não coloca sua confiança na carne". Tanto essa descrição quanto a primeira parte de sua narrativa pessoal que segue (v. 4-9) indicam que Paulo está, mais uma vez, se referindo a alguns judaizantes, pessoas que tentam sujeitar os crentes em Cristo de origem gentílica aos símbolos judaicos de identidade, especialmente a circuncisão.²⁸ Todavia, (a) a menos que sejam reconhecidos em 3.18-19 (um ponto discutível), não há outra menção direta a eles e nem alusão, e (b) não há nenhuma sugestão no texto de que eles estivessem realmente presentes em Filipos. Esse texto é um alerta contra eles, puro e simples; aqueles que os consideram presentes em Filipos ou pressupõem isso ou ainda atribuem esse sentido ao texto.

    5. Finalmente, em 3.18-19 Paulo se compara com alguns que caminham de maneira diferente da sua. O próprio Paulo, desejando ser conformado à morte de Cristo e com os olhos postos firmemente em seu futuro garantido, faz todo o possível para alcançar o objetivo e receber o prêmio (3.10-14). Esses outros, que ele já havia mencionado muitas vezes aos filipenses antes e agora menciona com lágrimas, vivem como inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a destruição, cujo deus é seu estômago, cuja glória está em sua vergonha e cuja mente está posta nas coisas terrenas. Fora eles serem inimigos da cruz, nem uma palavra nessa descrição de longe se assemelha ao que Paulo diz em outras passagens sobre aqueles que promovem a circuncisão dos crentes gentios. Não podemos saber com certeza quem são esses por quem Paulo chora e, de novo, menos ainda nesse caso, não temos qualquer dica de que eles estejam presentes em Filipos como oponentes de Paulo e de seu evangelho lá.

    O que nós temos a partir disso, portanto, é:

    (1) uma menção inegável de oposição de algum tipo contra Paulo em Roma (1.15-17), e talvez uma segunda (2.21), mas Paulo pode se regozijar na pregação que eles fazem de Cristo, porque mesmo fazendo isso para aumentar o sofrimento de Paulo, estão fracassando, embora estejam tendo sucesso no primeiro intento;

    (2) uma menção inegável de oposição em Filipos (1.27-28), oponentes que estão fora da igreja e, no contexto dos v. 29-30, quase que seguramente devem ser compreendidos como a fonte do atual sofrimento dos filipenses; e também

    (3) uma advertência bem definida contra os judaizantes, cuja presença em Filipos não é expressa nem deve necessariamente ser presumida; e, por fim,

    (4) uma menção bem ambígua às pessoas por quem Paulo chora porque, por sua maneira atual de caminhar, optaram por se afastar da vida em Cristo e escolheram se tornar seus inimigos.

    Já que nenhuma dessas duas últimas pode ser afirmada com certeza no caso de Filipos, e como nada mais é dito de maneira explícita sobre o seu ensino, a leitura espelhada de outros dados desta carta como se tivesse relação com os oponentes em Filipos é, na melhor das hipóteses, um procedimento frágil.

    Por outro lado, ao reconhecer Filipenses como uma carta de amizade e observar a natureza frequentemente agonística da amizade no mundo greco-romano, pode-se reconhecer que todas essas passagens se encaixam nesse contexto. Como observaremos em seguida, para Paulo, a amizade tem relação principalmente com a parceria/participação dele e dos filipenses, juntos, no avanço do evangelho, tanto em Filipos como em outros lugares. Mas, como observaremos também (p. 36-7), os motivos para as exortações desta carta estão relacionados principalmente à sua preocupação com uma certa presunção dentro da comunidade que, se não for controlada, com certeza frustrará a causa do evangelho. Os alertas muito provavelmente estão relacionados a essa última preocupação.

    Portanto, a menção que Paulo faz aos oponentes não deve ser compreendida como ansiedade de sua parte para que seus amigos filipenses não capitulem para o falso ensino. A esse respeito, Filipenses se diferencia muito de Gálatas e 2Coríntios 10—13. Antes, ao exortá-los a que se mantenham firmes em um só Espírito pelo evangelho em face da oposição e do sofrimento (1.27—2.18), e assim a não perderem de vista seu futuro escatológico garantido (3.10-21), Paulo apela à sua longa amizade (veja esp. 2.1) e coloca isso em contexto de oposição a inimigos. Paulo os alertou acerca de tais pessoas muitas vezes antes (3.1,18), pessoas que mostraram ser não tanto inimigos deles e de Paulo quanto são inimigos do próprio Cristo (3.18).

    A realidade da amizade e as características formais das cartas de amizade, portanto, explicam muito desta carta — tanto a linguagem afetuosa de Paulo em relação aos filipenses como a linguagem forte, às vezes cheia de intensidade, acerca dos outros que são inimigos do evangelho. Mas a amizade é apenas parte da história, cujo resto encontra-se em outro tipo de carta do mundo helenístico, a carta de exortação.

    4. Filipenses como uma carta de exortação moral. Outra área na qual a sociologia do primeiro século difere consideravelmente da nossa é na questão da ética e moralidade. Profundamente influenciados como somos pela Lei, pelos Profetas, pelos Evangelhos e Epístolas, achamos difícil dissociar a religião da ética. Mas esse não era o caso no primeiro século d.C., quando a instrução ética não fazia parte da religião greco-romana, mas da filosofia.²⁹ Além disso, a instrução moral frequentemente acontecia no contexto da amizade — do segundo tipo, na qual um superior instruía um inferior, muitas vezes por meio de cartas. Embora essas cartas não tivessem uma forma como tal, elas possuíam dois elementos fundamentais que as caracterizavam: (1) o autor era amigo ou superior moral do destinatário;³⁰ e (2) elas tinham como objetivo a persuasão ou a dissuasão.³¹ Como a persuasão ou a dissuasão eram em direção a ou para longe de certos modelos de comportamento, o autor frequentemente recorria a exemplos, que às vezes incluíam os seus próprios. O breve exemplo de tal carta por Pseudo-Libânio diz: Seja sempre um imitador, caro amigo, de homens virtuosos. Pois é melhor ser bem falado ao imitar os homens bons do que ser censurado por todos os homens ao seguir homens maus.³²

    Filipenses é também facilmente reconhecida nessa descrição. De fato, a maior parte da carta é ocupada por duas consideráveis seções exortatórias (1.27—2.18 e 3.1—4.3), nas quais o apelo é feito com base na mutualidade e amizade (2.1, cf. o "tenhamos nós em 3.15) e o objetivo é persuadir a um certo tipo de comportamento e dissuadir" de outro. Isso se torna ainda mais evidente no apelo de Paulo, ao longo de toda a carta, a paradigmas exemplares.

    5. O uso de paradigmas exemplares. De maneira significativa, o cerne das duas seções de exortação moral é ocupado pelos temas mais conhecidos da carta: a história de Cristo em 2.6-11 e a história pessoal de Paulo em 3.4-14. Em ambos os casos ele diz de forma explícita que as narrativas foram dadas para servir como modelos para o modo de pensar dos próprios filipenses e para o comportamento adequado a tal mentalidade. O que está sendo modelado em cada caso é uma mentalidade compatível com o evangelho: no caso de Cristo, ele é o paradigma para a instrução de 2.3: nada façam por ambição egoísta ou por presunção vã, mas em humildade considerem os outros melhores do que vocês mesmos. No caso de Paulo, eles são incentivados a seguir o seu exemplo, que tem o conhecer a Cristo como foco exclusivo, tanto no presente, ao viver uma vida cruciforme em conformidade com a de Cristo, quanto ao mesmo tempo ao lutar para alcançar o prêmio: o conhecimento definitivo e completo de Cristo, no fim.

    Em razão dessas narrativas explicitamente paradigmáticas, pode-se justificar que se leia o restante dos assuntos pessoais da mesma forma. Portanto, ainda que a narrativa inicial sobre os assuntos de Paulo em 1.12-26 se encaixe em uma carta de amizade, há todos os motivos para se acreditar que ela também pretendia ser paradigmática.³³ Isso também se aplica às duas importantes narrativas intermediárias sobre o que acontece em seguida entre Paulo e os filipenses, a saber, a vinda de Timóteo em breve (2.19-24) e a de Epafrodito agora (2.25-30, como portador desta carta). Os dois são bem conhecidos dos filipenses e, mesmo assim, são recomendados a eles precisamente porque exemplificam o evangelho: Timóteo é colocado em contraste com os não amigos (= inimigos) que olham para seus próprios interesses (em oposição à exortação de 2.3-4); além disso, ele é bem conhecido pelos filipenses como alguém que terá interesse genuíno pelos assuntos de vocês (v. 20), o que é o mesmo que buscar os interesses de Cristo (v. 21; cf. 2.4). E Epafrodito é alguém que, ao servir os filipenses a pedido de Paulo, arriscou sua própria vida pela obra de Cristo (v. 30). Eles devem honrar pessoas como ele.

    6. Filipenses como uma carta exortatória de amizade cristã. À luz do que já foi visto, Filipenses é corretamente chamada de carta exortatória de amizade.³⁴ As marcas da carta de amizade estão em toda parte.³⁵ Ela é claramente destinada a compensar sua ausência mútua, funcionando como uma forma de Paulo estar presente enquanto ausente (veja comentário sobre 1.27; 2.12).³⁶ Assim, ele lhes informa sobre seus assuntos, fala sobre os assuntos deles, e informa sobre a movimentação de intermediários. As evidências de afeto mútuo são fartas; e a reciprocidade da amizade está evidente de maneira especial no início e no fim e, portanto, deve provavelmente ser vista também nas outras partes da carta.³⁷ Ao mesmo tempo, nas duas seções em que ele fala sobre os assuntos deles, a carta funciona como exortação moral, que está ligada de maneira muito específica a paradigmas exemplares.

    O caráter duplo da carta fica especialmente evidente no proêmio, na ação de graças introdutória e no relato de oração (1.3-8,9-11), que prenunciam muito do corpo da carta. A ação de graças é cheia de tópicos de amizade: reconhecimento por parte de Paulo da parceria/participação dos filipenses no evangelho (v. 5), especialmente agora no contexto da atual prisão de Paulo (v. 7); sua ação de graças e alegria diante de Deus por eles (v. 3,4); sua profunda afeição por eles (v. 7,8); seu reconhecimento de que Deus tem trabalhado neles e completará essa obra no dia de Cristo (v. 6). De modo semelhante, o relato de oração, embora baseado na amizade expressa na ação de graças, prenuncia as maiores preocupações das seções exortatórias: que o amor deles, já marcante na sua vida comunitária, aumente ainda mais (v. 9); e que seu comportamento seja em tudo sem culpa, de modo que produzam o fruto da justiça (v. 10-11). Além disso, tanto a ação de graças quanto o relato da oração enfatizam seu futuro garantido (v. 6 e 10), prenunciando tanto esse tema específico quanto a exortação a permanecerem firmes (1.27; 4.1) que emoldura as duas seções exortatórias.

    Mas carta exortatória de amizade é apenas parte da história e, sob vários aspectos, sua parte menos significativa. Pois nas mãos de Paulo tudo vira evangelho, incluindo tanto os aspectos formais quanto materiais desta carta. De forma mais significativa, a amizade em particular é radicalmente transformada de um vínculo de mão dupla em um vínculo de três vias — entre ele, os filipenses e Cristo. E, obviamente, Cristo é o centro e o alvo de tudo. A amizade entre eles e Paulo é baseada em sua participação/parceria mútua no evangelho. Isso os envolve na maioria das convenções de amizade greco-romana, incluindo de modo especial a reciprocidade social, mas o faz à luz de Cristo e do evangelho. Esse vínculo de três vias, que é a cola que mantém a carta unida do início ao fim, pode ser mais bem ilustrado com o seguinte gráfico:

    A preocupação dominante de Paulo é com o evangelho, palavra que aparece com mais frequência nesta carta do que em qualquer outra escrita por ele.³⁸ Sua preocupação específica com os filipenses nesse aspecto é quanto a seu atual relacionamento com Cristo (linha C); todas as seções exortatórias e muito mais têm como objetivo principal o fortalecimento desse relacionamento. Por causa de seu longo relacionamento com eles no evangelho (linha B), evidenciado outra vez de modo mais recente pela oferta feita a ele (na forma de elementos materiais e na vinda de Epafrodito), Paulo escreve uma carta de amizade que presume a firme natureza desse relacionamento. A razão para essas exortações é o ponto 3, sua atual situação histórica, que leva à composição da carta (veja abaixo, p. 31-7). O paradigma para essas súplicas é triplo (o próprio Cristo, ponto 1; a prisão do próprio Paulo, ponto 2; e o relacionamento de Paulo com Cristo, linha A). Tudo na carta pode ser explicado à luz de um desses itens.

    O presente comentário é, portanto, escrito a partir da perspectiva de que, quanto à forma, Filipenses é uma carta exortatória de amizade, com a convicção de que isso fornece insights sobre um grande número de suas características especiais. Mas acima de tudo, Filipenses é uma expressão especialmente paulina e, portanto, intensamente cristã, daquela forma de carta, de modo que em suas mãos a forma não vem em primeiro lugar, e sim Cristo e o evangelho, sempre. Assim, a carta reflete convenções bem conhecidas do primeiro século; mas, para Paulo, as convenções em si são apenas estruturas. Ele está totalmente interessado em seus amigos em Filipos e no atual relacionamento deles com Cristo.

    B. Outras questões literárias

    Com certeza nem todos entenderam a carta dessa maneira; portanto, algumas questões literárias adicionais devem ser observadas. Algumas delas apoiam a análise anterior; já outras formam um contraste com outras maneiras em que a carta foi lida. Este também é o momento de dizermos algumas palavras sobre a transmissão da carta na história da igreja.

    1. A questão da retórica e da oralidade. Desde o surgimento do comentário de Gálatas de H. D. Betz (1979), no qual ele analisou aquela carta à luz de debates teóricos acerca da retórica greco-romana e da obra New Testament interpretation through rhetorical criticism [A interpretação do NT mediante a crítica retórica], de G. Kennedy (1984), a análise das cartas do NT como documentos que seguiram o padrão da retórica antiga³⁹ floresceu rapidamente,⁴⁰ de modo que toda carta do corpus paulino já foi analisada através dessas lentes. Filipenses, a única carta que, à primeira vista, parecia resistir a essa avaliação, foi analisada retoricamente duas vezes,⁴¹ nenhuma das quais, apesar de vários insights úteis, nos dá muita convicção quanto ao esquema geral da nossa carta.⁴² O motivo disso é simples: as duas análises tomaram a dimensão exortatória da carta como a situação retórica que Paulo está abordando, mas não reconheceram a dimensão mais significativa da amizade.⁴³

    Isso não significa negar a presença de características retóricas na carta. Análises retóricas podem ser úteis para demonstrar como as partes exortatórias da carta funcionam, ou seja, para demonstrar como Paulo pretende persuadir. Mas ainda mais importantes são os vários outros mecanismos retóricos que parecem ter o objetivo de prender a atenção e, portanto, convencer o ouvinte da carta. Muitos desses mecanismos (assonância, assíndeto, quiasmo, repetição, jogos de palavras) são apontados ao longo do comentário.⁴⁴

    O mais importante sobre essas características retóricas está relacionado a outra realidade, raramente observada na análise das cartas de Paulo,⁴⁵ a saber, que a cultura do primeiro século d.C. era fundamentalmente oral (e, portanto, auditiva) — o que teria sido especialmente verdade para a maioria daqueles a quem esta

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