O primeiro indígena universitário do Brasil — Dr. José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873)
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Sobre este e-book
É o que mostram os historiadores Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant'Ana Lemos, que resgatam neste livro a instigante e complexa trajetória desse personagem.
Ypiranga dos Guaranys atuou como advogado, foi vereador e ocupou importantes cargos públicos em Cabo Frio e Macaé. Em São Paulo, na USP, foi colega de classe do escritor José de Alencar. Destacou-se por sua participação nos debates políticos, ideológicos e literários sobre os povos indígenas.
Esta é sem dúvida uma publicação de relevância para nossa historiografia, como destacam Maria Regina Celestino de Almeida e José R. Bessa Freire em seus textos introdutórios. A obra tem, entre outros, o mérito de mostrar a importância de se considerar a presença e participação indígena nos processos intrínsecos que ajudaram a construir o Estado e a identidade do povo brasileiro.
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O primeiro indígena universitário do Brasil — Dr. José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873) - Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira
Sumário
Agradecimentos
Apresentação
Prefácio — De Ypiranga dos Guaranys a Eloy Terena e Joênia Wapixana
Introdução
Capítulo 1 — Eyma nhó ybaca apacuia oirandé!
Capítulo 2 — Aryia abatinga!
Capítulo 3 — Abá ra’yrape ûĩ? Abá ra’yra kyre’ymbaba!
Capítulo 4 — O início de sua educação em Cabo Frio
Capítulo 5 — A ida para a Faculdade de Direito de São Paulo
Capítulo 6 — A luta pelo ensino superior subsidiado para os indígenas
Capítulo 7 — A vida familiar de Ypiranga dos Guaranys
Conclusão
Anexo — Lista de Formandos em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo (1850) |
Referências
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecemos a ajuda dada por Beth Franco, Carlos Vermelho, Christian Dutra, Daniel Mendes Gomes, Gefferson Rodrigues, José Francisco de Moura, Leandro Miranda, Margot Alves, Pierre de Cristo, Vicente Cretton e Vinicius Teixeira.
À Maria do Rosário e ao Geraldo Ferreira e à família Guarany (Marcelo dos Guaranys Diniz Junqueira, Marisa Guaranys Diniz Junqueira, Maurício Guaranys, Noely Guaranys e Tatiana Guaranys Mattesco) por nos cederem carinhosamente fontes e objetos pessoais que enriqueceram e deram vida ao trabalho.
Aos textos dos mestres José Ribamar Bessa Freire e Maria Regina Celestino de Almeida, os quais nos deixaram muito honrados.
Ao suporte da Sophia Editora (Fernanda Carriço, Julio Matos, Marcelle Ponté, Rodrigo Cabral, Thiago Freitas e Gustavo Rocha).
À parceria da Secretaria Municipal de Educação de Cabo Frio, especialmente do setor de Formação Continuada, na divulgação das ideias junto aos professores e munícipes.
À Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro por disponibilizar os recursos financeiros para a execução do projeto.
Luiz agradece a seu pai, Antonio, e à sua mãe Maria do Carmo, à sua esposa, Sabrina, e à sua filha, Liz.
Marcelo agradece ao pai, Luiz (in memorian), à sua mãe Lina, à sua esposa, Lene, pelo apoio e paciência, aos seus filhos, Claudio, Tadeu e Julia, e aos seus netos, Maria Flor e Bento.
ApresentaçãoApresentação
(Maria Regina Celestino de Almeida/UFF)
José Peixoto Ypiranga dos Guaranys, originário da aldeia de São Pedro, em Cabo Frio, foi o primeiro bacharel indígena formado na Faculdade de Direito de São Paulo. Membro de uma abastada família indígena de sua aldeia, além de ter sido comerciante, fazendeiro e proprietário de terras e de escravos, tornou-se advogado. Foi também vereador e ocupou outros cargos públicos em Cabo Frio e Macaé. Muito bem relacionado com destacados políticos e intelectuais do período, participou dos debates políticos, ideológicos e literários sobre os povos indígenas e a política indigenista do Estado, adotando uma posição bastante intrigante: ao mesmo tempo em que assumia e valorizava sua identidade indígena, concordava com a política assimilacionista para os índios e com a necessidade de civilizá-los, tendo contribuído para isso, tanto do ponto de vista teórico quanto prático. Considerava-se, na verdade, um índio civilizado, que, identificando-se com as elites não indígenas, via-se como agente civilizador de seus pares na aldeia de São Pedro. Surpreendente também é constatar como contribuiu para o discurso de invisibilização desses últimos, com afirmativas de que se encontravam misturados, enquanto eles próprios seguiam reivindicando antigos direitos com base nas identidades indígenas. Como entender essas aparentes contradições?
Para enfrentar o desafio, sua instigante e complexa trajetória é reconstituída, problematizada e muito bem contextualizada no Rio de Janeiro oitocentista por Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant’Ana Lemos, que abrem um leque de questões relevantes para refletir sobre a presença e participação indígena na construção do Estado e da nação brasileiros. Fundamentados em diferentes tipos de fontes, desenvolvem um estudo complexo e inovador sobre este instigante e controvertido personagem, sobre o qual se debruçam, buscando identificar as motivações próprias que orientavam suas escolhas políticas e ideológicas. Abordam a problemática da construção de imagens estereotipadas e preconceituosas sobre os indígenas no século XIX, ao mesmo tempo que evidenciam seu protagonismo e a complexidade de suas atuações e múltiplas estratégias, que só podem ser compreendidas em contextos específicos e levando em conta suas intensas interações entre si e com os não índios. Trata-se, sem dúvida, de uma publicação relevante para nossa historiografia, que tem, entre outros, o mérito de demonstrar a importância de se considerar a presença e a participação indígena nos processos de formação do Estado nacional brasileiro.
prefacioPrefácio
De Ypiranga dos Guaranys a Eloy Teren e Joênia Wapixana
(José R. Bessa Freire/Unirio)
Quantos indígenas no Brasil estudam em universidades? O número era de 7 mil em 2010. A partir daí cresceu anualmente graças às políticas educacionais do período. Oito anos depois já havia subido para 57.706, segundo dados do Censo Escolar (2018) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep. Nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, o número caiu para 47.267 – a última vez em que os dados foram divulgados.
A presença de indígenas na universidade, que precisa ser discutida, começa lá atrás, no século XIX, com José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873), biografado neste livro escrito pelos historiadores Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant´Ana Lemos, que realizaram pesquisas em arquivos de pequeno, médio e grande porte – Arquivo Nacional, Hemeroteca da Biblioteca Nacional, Arquivo Público do Estado do RJ, da Câmara Municipal de Cabo Frio, entre outros.
Dessa forma, os autores reconstituíram o contexto político da época, as imagens construídas sobre os índios no Brasil dos oitocentos e a trajetória de José Peixoto Ypiranga dos Guaranys. Nascido em Cabo Frio (RJ), ele se tornou o primeiro indígena brasileiro formado em direito, em 1850, pela Faculdade de Direito de São Paulo, dividindo o banco escolar com o escritor José de Alencar, seu colega de turma, com quem criou o Instituto Literário Acadêmico, responsável pela publicação da Revista Ensaios Literários.
O livro faz um breve resumo da ocupação territorial da região de Cabo Frio, aborda as guerras coloniais até a expulsão dos jesuítas para então reconstruir a árvore genealógica do biografado, desde seu bisavô indígena, Thomé Dias, no século XVIII, até chegar a seu pai, Joaquim Rodrigues Peixoto, capitão de aldeia de São Pedro, que pede financiamento para que o seu filho cursasse a universidade. Pedido este que lhe é negado, e, diante da negativa, propõe, então, usar o dinheiro da Conservatória dos Índios para pagar os estudos universitários do filho.
A família Ypiranga dos Guaranys frequentava a Corte, fazia parte da elite local, era proprietária de fazenda, dona de escravizados e atuava na Câmara de Vereadores de Cabo Frio em defesa de interesses próprios e não dos indígenas. O jovem acadêmico entra na Faculdade de Direito como José Rodrigues Peixoto — seu nome de batismo — e sai advogado com o nome mudado para José Peixoto Ypiranga dos Guaranys, reafirmando sua identidade a partir do bisavô, talvez por influência do indianismo na literatura, que conferia outro status aos indígenas.
Os autores, filiados à chamada nova história indígena
, se inspiraram no saudoso John Monteiro, para quem é preciso destacar o protagonismo indígena a partir da leitura dos contextos que se apresentavam, "longe de serem simples respostas