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Memórias Póstumas De Um Sedutor
Memórias Póstumas De Um Sedutor
Memórias Póstumas De Um Sedutor
E-book195 páginas3 horas

Memórias Póstumas De Um Sedutor

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Sobre este e-book

O personagem do homem ideal é por demais pesado para ser sustentado sem adoecer aquele que faz de conta que o é. É preciso falar que tal homem não existe e sobre os malefícios da busca por tal delírio. E como isso se relaciona com estruturas de opressão na sociedade, como racismo, homofobia, misoginia e divisão da sociedade por classes. Desdobramentos caóticos dos quais um aspirante a sedutor sequer imagina estar participando. Na presente obra contamos com as memórias de ZERA, um finado professor de sedução brasileiro, que sofreu distúrbios psicológicos diversos, oriundos da masculinidade tóxica, até encerrar sua carreira em Fevereiro de 2014. Seu objetivo enquanto vivo era conectar-se às mulheres. E para isso buscou tornar-se um “Macho Alfa”. Sem saber que essas duas buscas são incompatíveis e autoexcludentes. Através de artísticos e detalhados relatos de romances da vida real do próprio autor, faz-se aqui uma profunda análise e reflexão que traz ao leitor ciência das armadilhas diárias que põem em risco a vida e a saúde mental dos homens. Sete anos após a morte do professor, finalmente o seu ideal pode ser atingido neste livro que, contemplando os seus erros e vivências, remove as grades que enclausuram o homem numa prisão sentimental e lhe impedem de viver reais conexões.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de mai. de 2021
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    Memórias Póstumas De Um Sedutor - Acácio Rocha Dias

    MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UM SEDUTOR

    A FALÁCIA DO MACHO ALFA


    A presente obra conta com registro na Biblioteca Nacional.

    Todos os direitos autorais são reservados.

    É proibida a reprodução em mídias de qualquer natureza, a revenda e a apropriação indevida dos termos aqui expostos para fins de embasar discursos ideológicos diversos sem a autorização do autor.

    Para citações e/ou uso da obra em debates públicos, favor entrar em contato pelo email: acaciorochadias@gmail.com  ou pela página pessoal do autor em @acacio_rocha_dias


    Em minha casa já não havia espaço.

    Dores espalhadas pelos cômodos. Máscaras, roupas e armaduras jogadas pelos cantos.

    Embaixo do tapete, um Everest.  

    Tropeçando em ratos rompi pela porta da frente, antes que eles me devorassem.

    Foi quando eu nasci.

    Minha breve vida foi uma caminhada ao seu lado.

    Sou grato por ter te conhecido. Talvez na mesma trilha comigo estivesse perdido. Ou também fugindo.

    Eu pensava saber pra onde eu ia e te guiava. Mas era um pedido de socorro cada direção que eu dava.

    Nos entretemos com a caminhada. Tanta beleza a contemplar!

    Quanto mais eu avançava, mais fraco eu me sentia. O cansaço me atacava. Eu precisava descansar.

    Mas a casa continuava suja. E a gente sempre tem que voltar.

    E no retorno parti sozinho.

    Noite escura da alma. Sem estrelas ou luar no caminho.

    Viagem longa nesse tempo e espaço.

    A maior distância que existe é da cabeça ao coração.

    Mas desenvolvi o poder do tato, enquanto seguia na escuridão.

    A casa limpei com palavra, lágrima e sabão.

    Quando morri, retornei à mente daquele que me pensava. Minhas memórias agora são dele.

    E eu lhe sou querido residente. Cuido bem deste lar, que por vezes recebe gente.

    Pouco consigo descrever de minha morada, pois como lhe diria o que é morar num peito?

    Te conto que aqui agora caibo com conforto. E cabe você também.

    Esta página é a soleira da minha porta.

    Descansa da jornada antes de seguir. Mas do caminho que já conheço, vale a pena desistir.

    Vem se secar junto à lareira. Aqui há pão, vinho, pouso e novos caminhos por onde o Sol não falha.

    Os quadros nas paredes são memórias às quais te convido a olhar. Alguns têm faces de mulheres das quais adoro me lembrar.

    Percebo agora que falo com rimas, embora poesia não esteja fazendo.

    Aqui os dias são obras-primas, da arte que se faz vivendo.

    Sei que minha ausência não foi fácil.

    Mas confesso que nunca me senti tão vivo, quanto agora que tenho meu lugar no Acácio.  

    Abraz

    ZERA


    INTRODUÇÃO

    Obrigado por estar comigo nesse momento. Especialmente a você que me acompanha há quase uma década quando me conheceu pelo nome de ZERA, o professor de sedução.

    Para mim, o livro presente é uma porta atemporal, pela qual se torna possível o nosso encontro agora, anos após o lançamento de minha primeira obra.

    Imagino uma visita na qual dois amigos põem a conversa em dia após longos tempos sem se verem. Garanto-lhe que nesse novo papo, perceberá que estamos ainda mais próximos.

    Saberá disso quando eu começar a descrever de você as coisas que descobri em mim mesmo durante esses anos em que estive desaparecido, após abandonar o meio em que nos conhecemos: a comunidade da sedução.

    Confesso que sinto grande orgulho desta obra, e que a considero muito mais útil que a anterior. Me foi um grande desafio revisitar minhas memórias mais dolorosas e ter a coragem de registrá-las aqui, e torná-las públicas. Mas isso precisava ser feito. Há muitas dores que podem ser evitadas, e me sinto amigo em apontá-las.

    Trata-se de um resumo do que vivenciei desde que gravei o último vídeo me despedindo como ZERA, e as novas percepções da realidade que hoje me permitem um nível mais profundo e genuíno de conexão com os demais.

    Aqui, partimos do ponto em que ZERA parou, falando sobre os boatos que surgiram, os problemas que levaram ao seu nascimento e morte, o quanto disso pode estar se manifestando na sua própria vida agora de maneira oculta, o quanto isso te afasta das mulheres, mas sobretudo, o quanto isso te afasta de qualquer pessoa e da própria felicidade em si.

    A estrutura do livro será:

    Funeral do ZERA

    Análise e aprendizado sobre ele com confissões terríveis

    Descobrindo e lidando com o machismo

    O quanto os relacionamentos melhoraram na vida como Acácio

    Novos Relatos de Campo com extensão, detalhes e análises jamais vistas antes na comunidade

    Crítica ao capitalismo

    Homofobia

    Racismo

    Consciência de Classe

    Esperança

    Começaremos de onde você queria. Mas terminaremos em outro lugar. Tenho algo para te mostrar que só é possível ver no final das páginas que vamos percorrer juntos.

    Você já teve interesse em aprender Sedução?

    Por que será que o próprio autor do livro anterior se desinteressou por tal tema e deu fim ao seu trabalho como professor de tal disciplina?

    E se eu te dissesse que você foi induzido a querer o conhecimento do livro anterior por conta de um sistema que o forçou a isso? Por conta de um sistema que o fez sentir tal necessidade, muito mais eficazmente do que qualquer técnica de vendas que eu pudesse aplicar em você para que comprasse o meu livro?

    Pois hoje me dou conta da existência desse sistema, que o tornou inábil a se conectar com pessoas, sobretudo mulheres, e forçou muitas delas a vê-lo como um potencial agressor ou perturbador, levando-as a se defenderem de você, e que nesse cenário ainda incluiu uma necessidade, por vezes falsa, de caçá-las.

    E se eu te dissesse que os corpos jamais podem se unir de fato, e que a única união possível entre homem e mulher ocorre no campo das ideias? E que a mente que escreveu o livro anterior jamais conseguiu se unir de fato a mulher alguma enquanto vivo?

    Ouvi dizer que o ZERA virou gay! - se engana o inventor desse boato se pensa que eu não o conheço, tanto por nome, quanto por dentro. Embora eu tenha por ele a mesma solidariedade que tenho para com a memória do ZERA, hoje que conheço os mecanismos que o moldaram em sua estrutura psicológica e atitudes. Ao passo que desde a invenção deste boato, não foi gerado em mim o rancor pelo seu inventor, que seria natural a tal atitude. Pois em verdade, o vejo como vítima, tanto quanto eu mesmo fui, de um sistema que oprime homens, e os usa para oprimir mulheres sob pretensos ideais de amor e liberdade. E isso, no nível mais importante, une a mim e aos meus detratores.

    Ouvi dizer que o ZERA mexeu com mulher casada e foi jurado de morte, e por isso ele sumiu - houve até uma variação desse boato, talvez formulada por alguém que me conhecia melhor - já que como ZERA eu condenava a prática de seduzir esposas de outrem - na qual eu teria me afundado em desgosto por saber de alunos meus que tinham sido ameaçados de morte por maridos furiosos.

    Muitos foram os boatos produzidos a meu respeito e todos chegaram aos meus ouvidos através dos meus muitos alunos com os quais mantenho amizades sólidas até hoje. Alguns eram mais amigos do ZERA, e após seu fim, também se distanciaram. O que é normal.  Outros, conheceram o Acácio e fizeram um segundo amigo, o qual com a mesma voz marca presença em suas vidas até hoje.

    Mas reitero: quem quer que tenha criado ou propagado teorias fantasiosas e até caluniosas acerca de meu paradeiro como ZERA, falou de um cadáver, e é vítima de um sistema, no qual juntos temos a chance de revolucionar, libertar e atingir novos patamares de prazer e lucidez. Conheço um por um. E certifico-os: são todos bem vindos a uma conversa franca, não sobre os vilipêndios dirigidos a um falecido, mas sobre o que podemos fazer juntos pelo nosso futuro.

    Mas o que realmente aconteceu?

    Todas as perguntas anteriores e inclusive os boatos que até hoje geram curiosidade em meu público terão resposta nas páginas a seguir. Principalmente nos meus Relatos de Campo.  Pensou que eles tinham parado, é?

    E pode ficar tranquilo: o livro anterior que você acabou de ler não foi lido em vão. Aquele conhecimento tem o seu lugar e aplicabilidade. Prepare-se para conhecer aspectos que antes eu desconhecia, mas que hoje conheço e que podem lhe trazer uma vida ainda mais prazerosa com as mulheres, com os demais, e sobretudo sozinho. E inclusive, uma consciência de pontos que me eram cegos até a data em que produzi a obra anterior e que na verdade trabalham contra a sua intenção primária de unir-se às mulheres. Não se trata de mais técnicas, mas sim, de um alargamento de sua visão e, talvez, um arrombamento de seu coração.

    Tudo só vai melhorar.

    Contudo, será necessário tomar consciência de alguns fatos desagradáveis, e passar por trechos um tanto dolorosos das memórias do processo violento que suprimiu sua originalidade para que hoje você tenha a impressão de ser aquilo que na verdade é uma construção social: homem.

    O segredo de se conseguir fama e presença mitológica dentro de um determinado assunto, seja ele qual for, mas peguemos como exemplo a sedução, é:

    Colecione seus sucessos e os deixe à vista (um blog ou um canal aonde pessoas podem ver somente os acertos que você praticou na vida).

    Omita ou esqueça todos os seus fracassos, erros, dificuldades, inseguranças e frustrações (pessoas idealizam a ideia de um super homem para si mesmas e querem acreditar que uma vida sem erros e dores é possível também para elas. Logo, tendem a idolatrar personagens que não apresentam ou assumem falhas ou dificuldades pessoais).

    Já fiz esses dois procedimentos e isso me rendeu uma grande quantidade de inscritos e admiradores.

    Mas tenho percebido nos últimos anos um aumento do apreço que recebo dos meus amigos, agora que eu me dispus a compartilhar com eles minhas vulnerabilidades e erros.

    Espero que isso ocorra também entre nós, você que me lê agora. Pois nas páginas seguintes irei relatar não só os novos êxitos que obtive nos últimos anos fora do personagem ZERA, mas também  dificuldades pessoais.


    ZERA: VIDA E MORTE

    Eu tinha uns 19 anos de idade quando me vi apaixonadíssimo por uma colega de trabalho. Ela se dizia lésbica, mas tinha tido na vida um ou outro relacionamento com rapazes.

    Sucessivas tentativas de conquistá-la, e após muita decepção eu pensei: não pode ser que perderei mais uma garota na minha vida, assim como todas as outras!

    Nunca, até então, tinha eu jamais tido o prazer de me relacionar com a garota por quem eu estivesse apaixonado. Meu primeiro beijo, e os poucos que tive a seguir, ocorreram sempre por oportunidade, e com garotas que eu não gostava. Inclusive a minha primeira vez, também tinha seguido a mesma linha, de oportunidade seguida de dissabor.

    Fui então à internet buscar auxílio. E na época do finado Orkut, encontrei a comunidade dos Artistas da Sedução. E me entusiasmei. Havia alí, mesmo que de maneira superficial, registros catalogados de comportamentos femininos que, obtidos na tentativa e erro desses artistas, tornavam possível prever situações e atitudes que convergiam em relacionamentos.

    Na mesma época eu desisti da moça. E segui minha vida.

    O primeiro passo seria escolher um nome novo. Esse nick seria minha identificação durante a nova vida que eu queria ter como sedutor.

    Eu sempre fui o primeiro na lista de chamada da escola, porque meu nome começa com A, e em seguida vem C, e depois A de novo. Ou seja, somente um nome como Abraão poderia me anteceder numa sala de aula, mas isso nunca aconteceu.

    Na maior parte de minha vida escolar fui muito comportado, sentava nas carteiras da frente da sala e tirava as melhores notas.

    Eu queria então, nesse renascimento, fazer tudo ao contrário, começando por um nome que pertencesse ao finalzinho da fila, e deixar de ser o CDF todo certinho, pra me permitir emergir meu lado profano e hedonista.

    E pensei em um nome que não representasse nada, que não gerasse expectativas, e cujos feitos teriam que ser mais atraentes do que seu nome. Pensei em Zero, que seria neutro o suficiente.

    Mas quis também um nome feminino, ou que pudesse trazer qualquer ideia de que continha Mulher em si. Quando escrevo Mulher com letra maiúscula, isso é proposital, de maneira a me referir a todas as mulheres do mundo, e à feminilidade de um modo geral.

    Optei então por trazer essa feminilidade ao nome trocando seu o final por um A. E daí nasceu ZERA, com todas as letras maiúsculas. Representando um nada, cuja única coisa dentro seria sua devoção à Mulher.

    Por fim, criei o design de um cavanhaque muito ímpar, o qual eu nunca esclareci o que representava de fato para mim. Muitos olhavam e viam nele um tridente. Mas o que eu realmente desenhei com ele era uma seta entrando por uma abertura estreita, ou seja: uma penetração.

    Em seguida, estudei todos os principais livros de sedução que foram escritos até aquela época, e sempre que eu podia, me punha a testar seus conceitos. E muita coisa parecia funcionar. Consegui maravilhosos encontros, e minha vida sexual teve novo início.

    Registrei meus sucessos em um fórum antigo de sedução, o qual tinha mais de 20 mil membros, e, ao longo dos meses, fui o primeiro ali a receber a patente roxa, também chamada PUG (Pick Up Guru), e cujo círculo fechado permitia apenas 8 membros, independente de quantos membros a comunidade viesse a ter.

    Também iniciei um blog.

    Tinha relatos de campo, técnicas novas que eu mesmo tinha começado a desenvolver e crônicas românticas que eu escrevia.

    Em seguida comecei o meu primeiro canal no Youtube, numa época em que a plataforma ainda contava com poucos produtores de conteúdo, e era mais fácil conseguir engajamento, mesmo sem equipe, impulsionamento pago, equipamento, ou sequer assiduidade: eu postava menos de um vídeo por mês.

    Cheguei a pouco mais de 15 mil inscritos, e mais de 1 milhão de visualizações no total.

    Publiquei dois livros e fui convidado a participar de um programa de 5 minutos na TV local no dia dos namorados.

    Gravei podcasts com praticantes do Brasil e fui entrevistado por outro de Portugal.

    Tive centenas de alunos de consultoria, fiz algumas palestras privadas e até um áudio hipnóticos para eliminação da temida Ansiedade de Aproximação, que eu vendia como infoprodutos, e que me geravam renda passiva.

    Morava numa velha casa grande e confortabilíssima com meus cães, e minha renda advinda de pouco trabalho me pagava uma vida satisfatória.

    Não que o trabalho tivesse sido fácil até alcançar aquele nível técnico e didático dentro do ramo. Me custou inúmeros foras, muitas rejeições, inseguranças, erros, vergonhas, culpas por irresponsabilidade emocional e até pessoas que eu repeli da minha vida por ter sido inconveniente durante esse período.

    Devo confessar que até hoje, me arrependo quando lembro de algumas mulheres que repeli. Elas eram tão preciosas, que fizeram bem em se distanciar do que eu era na época. Demorou para que

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