Lembranças De Um Cara Chamado Strôncio
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Lembranças De Um Cara Chamado Strôncio - José Antônio Salgado Filho
Dedico os 3 livros, um a cada uma de minhas filhas,
frutos como as poesias que escrevi.
- Para a Ana Victoria dedico o Livro 1 Adolescente 1969 a 1976,
filha mais nova nascida em 1998.
- Para a Poliana dedico o Livro 2 Jovem 1977 a 1980,
filha do meio nascida em 1996.
- Para a Ana Carolina dedico o Livro 3 Adulto 1981 a 1988,
filha mais velha nascida em 1991.
O que nos faz amar as novas relações não é tanto o cansaço que sentimos das antigas, ou o prazer de mudar, mas o desgosto de não sermos bastante admirados pelos que nos conhecem bem e a esperança de o sermos pelos que não nos conhecem tanto.
François La Rochefoucaul
Agradecimentos
Agradecer, em primeiro lugar, a minha família que suportou eu contando as histórias do passado e que permitiram revisitar meus erros e acertos, aprender com eles e buscar ser alguém sempre melhor.
Às pessoas que são retratadas aqui, gostaria de pedir desculpas por descrever a minha visão dos fatos e agradecer por terem feito parte e/ou motivarem os escritos a seguir.
Gostaria de agradecer em especial a você e todos, por permitirem que aos 61 anos de idade, tornasse público este conteúdo gerado a partir da adolescência e alertar que erros de concordância foram mantidos para manter a originalidade e erros ortográficos foram corrigidos nas revisões.
Gratidão
São Paulo 2020
M.:M.: J. A. Salgado Filho
Reiniciando Novamente
Concluído o segundo livro, vamos para o terceiro, mas antes de iniciar vou comparar alguns detalhes para ficar um pouco mais clara a divisão.
Devo alertar que se trata de uma continuidade e o corte não altera todo contexto imediatamente, há um período de transição.
Assim iniciando o terceiro Livro, O Strôncio Adulto, contendo escritas de quando tinha de 22 anos de idade até os 30 anos. Serão apenas 8 anos e 449 poesias que falei também sobre 18 nomes femininos não necessariamente os mesmos, muitos novos. Em algumas vezes preferi não dizer o nome e chamei de ninguém ou lua.
Nos 8 anos mantive uma média de poesias, mesmo com namoros longos. Este período fui cercado por pessoas que me deram força para continuar a escrever. Passei a morar sozinho.
Já não olhava mais só para mim, e nem via a sociedade como um todo e suas cobranças de resultados, passei a me sentir mais eu de mim mesmo e de minha capacidade de realizar.
Muitos me viram vencer os obstáculos da vida e acompanharam a construção de meu eu e de bens materiais com muito trabalho e que passou a ser reconhecido.
Enfrentei desafios de mudar de estado, de São Paulo para Salvador na Bahia, fato que consolidou minha independência e a distância de 2800 km do passado me fez ser eu, eu mesmo. A mistura de Strôncio e Salgado.
Quanto a casamento e a mulher perfeita, nesta época já não eram as grandes motivações e simplesmente deixava acontecer.
Fiz Administração de Empresa com pós em análise de sistemas e dei aulas como professor na Faculdade ESAN. Desenvolvi uma sistemática de controle de custos de projeto e depois um sistema que pude aplicar os conceitos.
Como frase para este segundo livro segue:
de François La Rochefoucaul
"O verdadeiro amor é como fantasmas.
Todos falam nele,
Mas ainda ninguém o viu."
Boa leitura.
Há estava esquecendo de alertar que algumas poesias só têm título e data pois os originais sumiram e até o momento do lançamento do livro não foram encontradas, mas vale pelo cronograma. A numeração das poesias é a continuação dos volumes 1 e 2.
Após o título de cada poesia segue a data e em seguida uma notação(1DD-2ºDS) que traduzindo 1DD = 1 dia depois da poesia anterior e 2ºDS = Segundo dia da Semana ou Segunda feira e assim por diante.
Sobre o ano de 1981 (55 poesias)
Idade: 22 para 23 anos.
Colégio: ESAN-SP 1ºano de Administração
Moradia: Perdizes na rua Cardoso de Almeida
Fato: Mais poesias publicadas
Atividade Profissional: Aprocima (Monitor OSEM)
Poesias para: Adriana até o final de 81,
Ana Carolina em 6/3, 7/3 e 16/3,
Ana Maria em 23/4,
Vanda em 26/6,
Nausica entre 15/11/81 até 27/07/83.
586 - Loira 01/01/81 – Suarão, SP (3DD-5ºDS)
Mulher, musa, minha loucura
Pele, nívea, infinita brancura
Cabelo, fino loiro, fios de ouro
Lábios, hum... néctar que me envolvo
Mulher, sem nome, minha vida
Corpo, rosto, mente, formas lindas
Tudo e toda essa beleza luminosa
É de uma só mulher, a mais carinhosa
Tudo e toda ela fez-me renascer
Pousando na luz de meu ser
No ritmo descontrolado do coração
Fruto, toda ela; da minha
IMAGINAÇÃO...
587 - Imitando o beijo 02/01/81 – Suarão, SP (1DD-6ºDS)
Deito-me e os olhos fecho
Passando os dedos espessos
Por sobre os meus lábios
Na esperança do beijo
Mas o beijo sonhado
É diferente do desejado
Viro de lado e aconchego
Os lábios no travesseiro
Mas, não, não é o que desejo
E me vem então o desespero
E em muitas saudades me afogo
Por querer e não ter seus beijos.
588 - Dez dias 04/01/81 – Suarão, SP (2DD-1ºDS)
Dez dias tão felizes
Dez noites de esperanças
Que em sonhos de criança
Imaginei nós dois, tantas vezes...
Dez dias de ilusão
Enganando meu coração
Ao imaginar você chegando
Dez dias passei me arrumando...
Mas chegou o fim das ilusões
Parto sem haver encontros ou paixões
E sigo carregando o coração a sofrer
Que um dia espero que venha a morrer.
589 - Impedimentos 05/01/81 (1DD-2ºDS)
Saber que tantas coisas impedem
O meu alegre viver tão simples
Faz-me ver a interdependência
Entre o que quero e que me impedem
E este amor que me faz tanto sofrer.
Tentei de todas as formas deixar de amar alguém
Mas depois de tanto tempo, eu ainda me torturo
Ao ver alguém com este alguém e estarem felizes
E para mais machucar o meu coração
Escrevo estas poesias que deixaram de ser desabafo
Para serem o chicote que me fere a pele
A argola que me prende a você
E agora eu sinto, sinto muito, pois tudo isso
Eu deveria guardar no peito
Para sentir você bem perto
Nas saudades que sempre me afagou;
Mas escrevo para mostrar a todos
Que sou eu o maior de todos os tolos
Pois amo a você que nunca me amou.
590 - De um beijo 20/01/81 (15DD-3ºDS)
Tempos; muito tempo depois
Pensei ter esquecido como foi
E como a muito errei.
Estranhamente ao beijar alguém
Depois de tanto tempo sem ninguém
Creio que me reencontrei
E neste beijo sem nome
Percebi que tinha fome
Daqueles carinhos que deixei
E os carinhos puxaram tanto
As recordações da mente em pranto
Que dilacerou o coração que apertei
E o estranho que veio à vontade
Com ela senti tanta saudade
Que me controlei
Estranho foi que ao agora desabafar
Pareceu-me ter voltado a amar
E conclui:
Que foi assim que a muito errei...
591 - Só, em sonhos 03/02/81 (14DD-3ºDS)
Ah! Que saudades me toma
Ao me deitar tão sozinho
Ah! Como gostava da sua forma
De me apertar ao fazer carinho
Saudades das tantas alegrias
Que saciava o meu coração no sorriso
Desejo louco de ter aqueles dias
Voltando por não os haver perdido
Vontade de fechar os olhos agora
E penetrar por seu corpo
Chegar ao auge e pôr para fora
Todo este amor e descansar no seu colo
E toda esta saudade e desejo
Vem na noite me tirar o sono
E toda esta vontade e desespero
É por agora, só a ter, em sonhos...
592 - Um dia 04/02/81 (1DD-4ºDS)
Um dia destes que tenho
Sem que nada tenha a fazer
Hei de perder este medo
E saciarei as vontades de meu ser
Neste dia com muita alegria
Encontrarei a mulher perfeita
E em carta de euforia
Ela me amara feito feiticeira
No ritual de cada peça dela
Irei mostrando o oculto
Aos meus olhos na pequena vela
Que iluminará o calmo escuro
Tirarei toda as peças
Beijarei cada parte dela
E antes que me peça
Deitarei meu corpo e...
No dia seguinte ao acordar
Terei nojo até do ar
Sairei da cama para a janela
Para ver se me esqueço dela.
593 - Certos dias 06/02/81 (2DD-6ºDS)
Tem dias em que prefiro
Ficar aqui na cama
E descobrir o meu destino
Sozinho sem qualquer Dama
Nestes dias, durante a noite
Permaneço acordado por horas
Sem nada ver antes da morte
E respiro minha alma nova.
Depois destes dias sozinhos
Volto a vida tão pequena
No seu tempo vago me encaminho
Para o nada ou o tudo em cena.
594 - Revelação 12/02/81 (6DD-5ºDS)
Andei tantas vezes pelas estradas
Carregando as mágoas ao corpo atadas
Por estar a cada passo tão mais só
Com as lágrimas correndo como suor
Caminhei pelo mundo na esperança
De encontrar o preço da fiança
Para poder deixar a infeliz vida
E poder sair desta infinita rotina
Hoje regresso a nossa cidade triste
Antes nosso palco de tanta alegria
Que tanto me tomou conta e eu sorria
Em cada instante que eu via você
Volto sabendo que você ainda pensa
Nestas palavras que logo escreverei
Volto para tudo o que se segue falar
E no final a realidade a você mostrar
"Volto sabendo que a irei amar
Mais que por toda a minha vida
Na grandeza da estrela infinita
Mesmo você desejando me matar
Volto para aqui derramar meu pranto
Para que se você ouvir meu canto
Se apiede de meu pobre ser
E me olhe pelo menos uma vez
Sei que sem você sou nada
Sou a massa inerte e acabada
Sem você sou todo só saudades
E você é toda a minha verdade..."
Mas na realidade eu volto aqui
Para mostrar a você que passou por mim
Que tudo e que de mim falaram
Foram mentiras dos que não me amaram
Volto para a você mostrar o amanhecer
E para que você sinta a alegria renascer
A cada instante dentro de mim
Sem precisar de você assim ou assim
Volto cheio de esperanças
Não mais as de criança
Sabendo que se perdi você
Foi por você não me merecer
E volto consciente que nada de você serei
Volto só para que você veja bem como eu fiquei
Depois da sua loucura por me tentar matar
Me tirando o ar que hoje dou ao me alegrar
Volto para vingar na escrita pequena
Todo o mau que você me tentou fazer
Volto para a você dar um belo amanhecer
E tudo o que você tentou me tirar como pena
Volto para aqui ficar para sempre
Para que todos saibam eternamente
Que muito cresci no saber da mente
E que não mais a quero infinitamente...
595 - Por você 14/02/81 (2DD-7ºDS)
Mais uma vez
Somente por você
Estou tão sozinho
Perdido no caminho
E infinitas serão
Por meu coração
Ainda querer você
Sem desejar ver
Que perdi você
Por não a merecer...
Mas muitas vezes
Hei de chorar nos dizeres
As lágrimas que não correm
Pelo rosto e corpo que morrem
A cada instante como este
Que estou só sem ver você.
596 - Dividindo 18/02/81 (4DD-4ºDS)
Dividindo o que é um só
Para não ficar tão só
Escrevo dividindo os lamentos
Sendo por você, todo o arrependimento
O dia em manhã e tarde
Divididos, mas como um só cárcere
Na manhã acordo sonolento
A tarde recordo o sonho em lamentos
E durante todo o dia
Tento apegar-me a rotina
Cansando o meu corpo
Pôr fazer do pensamento um oco
Dividindo o que é um só
Para não ficar tão só
Escrevo dividindo os lamentos
Sendo por você, todo o arrependimento
A noite acordado ou dormindo
Divididos, mas com um só hino
De lamentos por durante o dia
Ter fugido e me escondido na ironia
E durante toda a noite
Desejo somente a morte
Por ter perdido tantas horas
Que gostaria de estar com você, senhora
Senhora da minha fuga constante
Por ter todo um passado errante
Por hoje não ter perto você
E ter por castigo o arrependimento
De ter perdido o meu amor, você
Que só; agora sei como amo e lamento
Dividindo o que é um só
Para não ficar tão só
Escrevendo e dividindo os lamentos
Sendo pela poesia, você, todo o arrependimento.
597 - Casamento 21/02/81 (3DD-7ºDS)
Eu... Eu me vi no primeiro degrau
Dentro da Igreja no altar
E vi você vindo ao meu encontro
Tão bela... De deixar todos tontos
Eu... Eu me vi casando com você
Sem você por instantes me merecer
Eu... Eu me vi errando novamente
Mas..., mas por você foi conscientemente
Eu... Eu me vi lá em cima do altar
Realizando o desejo de me casar
Mas..., mas me vi também chorando
Por só eu a estar e estar amando
E então voltando a mim
Saindo do sono tão sem fim
Notei que estava no fundo da Igreja
E quem casava era você com quem desejava
E chorei por ter sido sempre atento
Para não fazer de seu dia um lamento
Mas falhei não sei nem onde
Mas construí para a morte, a minha ponte
E perdi você para o além
Na hora falhei e disse amém
Sem pedir a você perdão
Hoje morro de dor no coração.
598 - Copo só 23/02/81 (2DD-2ºDS)
Silêncio na casa pequena
Só meus movimentos se percebem
E as lágrimas de saudades também
Rolam lentamente por meu rosto de pena
Pela consciência de estar sozinho
E sentir a sua falta e de seu corpo
Então encho a cara num copo
Do mais forte e vermelho vinho
Começo a rodar pela casa triste
Procurando-a por todo canto
Gritando que ainda a amo
Para que de seu pensamento não me risque
Acabo na cama e ainda só
A chorar por não a encontrar
E acordo no dia seguinte afim de amar
Mas pego um só copo cheio de pó
E reinicio toda a música
Ficando louco