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Carta à Iracema
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E-book70 páginas55 minutos

Carta à Iracema

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Sobre este e-book

Uma índia em conflito na cidade grande recebe a ajuda de um amigo, que lhe explica a cultura humana, a fim de que possa se situar, se compreender e entender mais o mundo onde vive.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento13 de mar. de 2023
ISBN9786525443997
Carta à Iracema

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    Carta à Iracema - Ayrton José Martins

    Dedicatória

    Dedicado a Amaury Martins Jr., que faleceu em seu processo sem entender...

    Introdução

    Iracema é uma índia nascida em uma tribo aculturada da Amazônia, nas proximidades de uma cidade. Filha de pais alcoólatras, foi trocada quando pequena por uma garrafa de cachaça e dada a uma família de São Paulo, que estava em turismo na região. Vejam que o que parece uma triste história, talvez tenha sido sua salvação, pois entrou em um meio familiar onde teve higiene e educação, convivendo com a classe média, apesar do trabalho serviçal comum às crias de casa. Cresceu, estudou e conseguiu entrar no mercado de trabalho, porém a mudança da selva verde para a selva de pedra lhe trouxe não somente as vantagens da civilização em sua infância, que bem lhe lembrava das dificuldades vividas, mas também seus inconvenientes na sua fase adulta, na qual as lembranças de seu deus Tupã, responsável pela natureza esplendorosa em que se criou, aprendidas à noite, em volta da fogueira pelo seu xamã, foram aos poucos se esvaecendo e sendo substituídas pela noção de um deus único, raivoso e cruel.

    Apesar de sua baixa estatura, pode-se dizer que é uma bela índia. Com seus olhos amendoados grandes e negros, emoldurados pelos cabelos lisos e longos, não traz um sorriso tipo oriental, e sim uma circunspecção de quem vive tentando compreender a razão das coisas serem como são. Em sua busca por entender cada vez mais esse mundo para onde foi trazida, deparou-se com a realidade da pior forma possível, porém talvez a mais produtiva, onde um amigo tenta lhe dar ânimo e força para se reestruturar, sendo esta a razão da presente obra.

    O ser humano é um ser social e interage com os demais, mas a comunicação humana é complexa. Na comunicação verbal cara a cara, é muito fácil materializar um pensamento, porque, além das palavras, existe a entonação, o gestual e as expressões corporais. Por outro lado, na comunicação através da escrita, a clareza depende muito do acervo de vocabulário e intelectual, tanto de quem escreve quanto de quem lê. É muito fácil escrever para pessoas que estejam no mesmo patamar de conhecimento, visto que você expõe uma ideia de forma concisa e o outro a compreende imediatamente, como nos livros técnicos, onde o escritor e o leitor têm as mesmas bases de conhecimento. O mesmo, contudo, não acontece na escrita literária, ainda mais para uma índia, em que imaginação prevalece, e quando o outro não tem as bases de conhecimento para compreender uma ideia, entra na questão de acreditar, pois não consegue entender a questão em foco. Pode-se em um momento, acreditar que algo seja possível e, ao realizá-lo, entendendo seus meandros, deixa de acreditar e passa a saber que é possível, de modo que acredita quem não sabe, pois quem sabe não acredita, tem suas certezas.

    Quem não sabe nada tem de acreditar em tudo.

    Jan Neruda

    Sabendo disso, sempre que possível, colocamos aqui o que poderia ser dito em poucas palavras às pessoas conhecedoras do assunto, a fim de prover bases de conhecimentos para Iracema conseguir compreender com mais clareza a ideia em questão. Isso pode tornar a leitura um pouco mais maçante, mas certamente facilita a compreensão de nossa índia. Se acontecer de se chocar com alguma afirmação escrita, passe adiante, ´pois saberá que ali tem algo escrito que, em outra fase de sua vida, com outro nível de visão, poderá retornar e fazer o sentido que o autor desejou.

    Lidar com datas antigas é sempre complicado, visto que, a todo momento, a arqueologia desenterra coisas que mudam o entendimento contemporâneo. Lide com elas aqui como ideia de uma época de nossa história. Mesmo que haja certo consenso atualmente, lembre-se de que pode haver simples diletantismo num escrito sem grandes intenções. Sugiro não se ater a detalhes que possam lhe tirar o foco do assunto de base, a não ser que essa seja sua intenção de crítica para combater a ideia da obra, pois não haveria outro modo.

    Devido à dificuldade esperada de nossa índia em compreender certas coisas, por vezes devemos ter sido repetitivos, abrangendo algum aspecto novamente, só que sob ângulo diferente. No entanto o retorno recebido de Iracema foi positivo, dizendo que lhe foi muito útil. Quem sabe possa também lhe ser de alguma utilidade, ou a alguém a quem conheça, que esteja procurando entender mais um pouco do mundo em sua volta. Alguém que esteja tentando se entender em meio a uma vida oriunda de uma cópula não autorizada por ele, mas que originou sua herança biológica, na qual seus convivas não lhe dão o direito de abandoná-la. Preferem,

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