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A bondade de um loco
A bondade de um loco
A bondade de um loco
E-book545 páginas3 horas

A bondade de um loco

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Sobre este e-book

A Bondade de um Louco é uma caixa de Pandora infestada de idéias, e cada uma delas é um “começar de novo”. As idéias de A Bondade de um Louco aparecem como os fios que conformam o desenho de um tapete. Cada uma delas abre caminho a um profundo entramado de pensamentos. Por qualquer delas se pode “puxar o fio” e iniciar o recorrido pelo desenho do tapete, desde o final até o princípio.
Já nos primeiros títulos da produção literária de Álvaro Puig encontramos a voz do “eu” que experimenta com o “outro”. Em Destinos Rotos o “eu” do autor fala desde a observação e a análise do diálogo, sua experiência se enriquece com a informação que recebe em seu eterno roçar-se com o “outro”. O “outro” é, em seus primeiros livros, um elenco de personagens definidos que, por isto mesmo, delimitam de forma precisa ao receptor das obras. Leitor e personagens são conhecidos, estão dentro de um mundo complexo mas preciso, como é o âmbito universitário. A Bondade de um Louco é o resultado de um processo em que o “eu” do autor deixou de ser um “eu” limitado no tempo e espaço e, por tanto, esse processo se acabou universalizando, por sua vez, ao receptor da obra, das ideias. A ode ao individualismo de A Bondade de um Louco desenha a um “eu” subjetivo que, com cada página, se vai convertendo num “eu” universal.A Bondade de um Louco é um recorrido pela autobiografía conceitual de um pensador, que não se reconhece a si mesmo como sábio, possivelmente porque é consciente de que construiu sua intelectualidade através da aproximação aos demais. A Bondade de um Louco surge no momento em que o autor logra elevar-se por cima do vivido e observá-lo em plongué como uma ave, abstraindo-se de sua experiência e, ao mesmo tempo, lhe rendendo homenagem a seu conhecimento.
A Bondade de um Louco é um monólogo, traçado a partir de uma coleção interminável de conversações com o “outro”, que se foram dando ao longo da vida do “eu” e de sua produção literária. Esse “outro” aparece encarnado em distintos personagens nas várias obras do autor, sejam estudantes universitários, cônjuge, filhos (nascidos e não nascidos *), companheiros de profissão, pupilos e pupilas, afilhados... ou Deus *, um deus indefinido, que aparece sutilmente entre linhas acompanhando ao conhecimento e que, sem embargo, não responde aos chamamentos mais explícitos. A Bondade de um Louco é um monólogo fruto do diálogo de toda uma vida.
A Bondade de um Louco é um livro que exige uma nova forma de leitura. Não responde a nenhuma classificação de gênero e, portanto, é tarefa do leitor encontrar o modo de se introduzir nele. A Bondade de um Louco busca leitores ativos. É o leitor o responsável de encher o vazio de um Tempo e um Espaço que, intencionadamente, não aparecem como coordenadas do eixo formal da obra. Não estão pensados para servir ao leitor nem como ferramenta nem como obstáculo. A Bondade de um Louco é, porisso e sem embargo, um estudo minucioso, e ao mesmo tempo, liberado de sistemas, sobre o espaço e o tempo de cada um de nós.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de jul. de 2018
ISBN9788494903847
A bondade de um loco
Autor

Álvaro Puig de Morales

Álvaro Puig de Morales nació en Bilbao en 1932. Máster en Marketing y gestión empresarial - curso de Casos Prácticos ESADE - actualmente es tutor personal y escritor. Títulos: Más allá de las sombras de la muerte, La niña que no nació, Conoce tu verdad, La bondad de un loco, Los silencios de Dios, Mis conversaciones con la ermitaña, Confesiones a Zoé, traducidos al catalán, al inglés, al alemán, al italiano, al francés y al portugués. Atraído por otras disciplinas, posee un amplio conocimiento en lo que implica la psico-sociología en relación con el individuo. Especializándose en el análisis, motivación y concepción de producto, así como en sus posibilidades de mercado; habiendo impartido clases en la Escuela Superior de Marketing. Presidente interino del curso de Alta Dirección de la Escuela de Alta Dirección ESADE, ha dado clases en todas las Cámaras de Comercio nacionales, también como profesor preparador, Administración y Dirección de empresas de la UNED y como Directivo y Consultor en Empresa, Industrial, Publicidad y Comunicación, Construcción, Industria alimentaria, Decoración y Centro comercial.

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    A bondade de um loco - Álvaro Puig de Morales

    A BONDADE

    DE UM LOCO

    por Álvaro Puig ©

    A bondade de um louco

    © Álvaro Puig – Tel. contato: 932.035.014

    Barcelona (Espanha)

    E-mail: alvaropuigdemorales@gmail.com

    Fica rigorosamente proibida, sem a autorização

    expressa do titular do Copyright, sob as sanções

    estabelecidas por lei, a reprodução total ou parcial desta

    obra por qualquer meio ou procedimento,

    comprendidas a fotocópia e o tratamento informático.

    •A caridade é o abandono do eu.

    O autor.

    Álvaro Puig

    2

    A bondade de um louco

    PRÓLOGO

    "Com a minha idade tenho a sensação de que posso

    começar de novo".

    A Bondade de um Louco é uma caixa de Pandora

    infestada de idéias, e cada uma delas é um "começar

    de novo". As idéias de A Bondade de um Louco

    aparecem como os fios que conformam o desenho de

    um tapete. Cada uma delas abre caminho a um

    profundo entramado de pensamentos. Por qualquer

    delas se pode puxar o fio e iniciar o recorrido pelo

    desenho do tapete, desde o final até o princípio.

    Já nos primeiros títulos da produção literária de

    Álvaro Puig encontramos a voz do eu que

    experimenta com o outro. Em Destinos Rotos o eu

    do autor fala desde a observação e a análise do

    diálogo, sua experiência se enriquece com a

    informação que recebe em seu eterno roçar-se com o

    outro. O outro é, em seus primeiros livros, um

    elenco de personagens definidos que, por isto mesmo,

    delimitam de forma precisa ao receptor das obras.

    Leitor e personagens são conhecidos, estão dentro de

    um mundo complexo mas preciso, como é o âmbito

    universitário. A Bondade de um Louco é o resultado de

    um processo em que o eu do autor deixou de ser

    um eu limitado no tempo e espaço e, por tanto,

    esse processo se acabou universalizando, por sua vez,

    ao receptor da obra, das ideias. A ode ao

    individualismo de A Bondade de um Louco desenha a

    um eu subjetivo que, com cada página, se vai

    convertendo num eu universal.

    Álvaro Puig

    3

    A bondade de um louco

    A Bondade de um Louco é um recorrido pela

    autobiografía conceitual de um pensador, que não se

    reconhece a si mesmo como sábio, possivelmente

    porque é consciente de que construiu sua

    intelectualidade através da aproximação aos demais. A

    Bondade de um Louco surge no momento em que o

    autor logra elevar-se por cima do vivido e observá-lo

    em plongué como uma ave, abstraindo-se de sua

    experiência e, ao mesmo tempo, lhe rendendo

    homenagem a seu conhecimento.

    A Bondade de um Louco é um monólogo, traçado a

    partir de uma coleção interminável de conversações

    com o outro, que se foram dando ao longo da vida

    do eu e de sua produção literária. Esse outro

    aparece encarnado em distintos personagens nas

    várias obras do autor, sejam estudantes universitários,

    cônjuge, filhos (nascidos e não nascidos *),

    companheiros de profissão, pupilos e pupilas,

    afilhados… ou Deus *, um deus indefinido, que

    aparece sutilmente entre linhas acompanhando ao

    conhecimento e que, sem embargo, não responde aos

    chamamentos mais explícitos. A Bondade de um Louco é

    um monólogo fruto do diálogo de toda uma vida.

    A Bondade de um Louco é um livro que exige uma nova

    forma de leitura. Não responde a nenhuma

    classificação de gênero e, portanto, é tarefa do leitor

    encontrar o modo de se introduzir nele. A Bondade de

    um Louco busca leitores ativos. É o leitor o

    responsável de encher o vazio de um Tempo e um

    Espaço que, intencionadamente, não aparecem como

    coordenadas do eixo formal da obra. Não estão

    pensados para servir ao leitor nem como ferramenta

    nem como obstáculo. A Bondade de um Louco é, por

    Álvaro Puig

    4

    A bondade de um louco

    isso e sem embargo, um estudo minucioso, e ao

    mesmo tempo, liberado de sistemas, sobre o espaço e

    o tempo de cada um de nós.

    María Buendía

    Oficina cultural embajada española en Berlín.

    Nota do autor

    *: La Niña que no nació e Los Silencios de Dios1.

    •• Não escrevi para os sábios, cada vez estou mais

    convencido disto, valha-me Deus. Ele me permitiu

    descobrir que com humildade me aproximei do

    conhecimento que serve de algo sem o conhecimento

    dos sábios. . Quanta elocubração! De quantos

    conhecimentos dispõem os sábios, que nem sempre

    são prudentes! Creio que desconhecem a existência de

    1

    Álvaro Puig

    5

    A bondade de um louco

    sua própria vida e o fato de poder se satisfazer com ela.

    As definições dos sábios são múltiplas para um só

    conceito, mas os conceitos são para os humildes. Eu,

    me encontro entre eles. Me aproximei da verdade,

    ainda que, certamente, demorei muito tempo em

    alcançá-la; mas não importa, isso é o que eu queria sem

    dar-me conta e sem o pretender. Os céus se

    aproximam da verdade e eu orei aproximando-me

    deles. Que fazem os sábios para perder tanto tempo,

    do que falam tanto? Eu não falo dele, o percebo. O

    tempo deixou de sê-lo, faz tempo.

    •A experiência me demonstrou que nossos sentimentos

    somente podem ser nossos, que não os podemos ceder

    ou oferecer gratuitamente. Se fosse assim, não seriam

    aceitos pelos demais nem por aqueles que dispõem de

    melhor vontade. Cheguei à decepcionante conclusão de

    que os sentimentos só são nossos. Se reafirma a

    individualidade. Pelo desejo de estar perto de alguém,

    no delírio de amar, aquele que, por um gesto ou uma

    palavra que não foram aceitas, deve também ser

    consciente de que os sentimentos unicamente são de si

    mesmo. Cheguei à conclusão de que o apaixonar-se

    existe mas não é possível oferecer todo o encanto de se

    apaixonar. A vida chega a compensar o não poder

    oferecer todo o nosso encanto, pela possibilidade de

    querer, que é uma forma de viver a magia de querer

    mas sem poder nos desprender dos nossos sentimentos

    anímicos, os sentimentos da nossa personalidade.

    Aceito o fato do meu particular modo de querer e

    penso em encontrar a mesma compreensão.

    •Com a minha idade tenho a sensação de que posso

    começar de novo, é próprio da idade. Meus pecados

    ficam encobertos com essa infância espiritual.

    Álvaro Puig

    6

    A bondade de um louco

    •Que fantasia fantasiosa imaginar que alguém pode

    ficar bem depois da nossa visita!

    • Para que sigo escrevendo se penso que não tenho

    nada mais para dizer? Além do mais, a solidão abarca

    todo o leito da minha vida.

    •Sempre tentei compensar a tristeza que senti por

    aqueles que conheci. Este fato me permite dizer que

    meu conhecimento dos demais é cada vez mais

    profundo, uma profundidade que fere. Quisera eu me

    afastar deles e até de mim mesmo.

    •Me sinto culpado e talvez até mesmo ridículo de

    escutar tudo o que aquele diz. Me pergunto: -Estará ele

    obrigado a dizer tudo o que diz e eu a escutá-lo? Suas

    palavras estão presentes em tudo o que faço. Eu achava

    que os profetas eram história.

    •A quantos pareceu estranho e surpreendeu que eu,

    como professor, tenha chamado mais de uma vez a um

    aluno. O motivo, saber dele. Conhecer ao aluno forma

    parte do magistério, é um exercício cujo único

    examinador é o próprio aluno.

    •Este natal será o natal mais pobre. Bom, enquanto

    possa escrever continuarei escrevendo. Além do mais,

    desde quase sempre que eu me recorde, os natais são

    tristes.

    •A triste e piedosa religiosidade dos bons se conforma

    com o eu de seu deus. Esse eu que são eles mesmos. É

    algo que sempre pensei que eu não desejo, em nada,

    para mim.

    Álvaro Puig

    7

    A bondade de um louco

    •Sinto

    tristeza porque, realmente, perdi as

    oportunidades de estar próximo dos demais. Aflora um

    sentimento de culpa reprimida. Tive que dizê-lo, aí

    está.

    •Vou esparramando meus pensamentos. Viver é

    melhor que ter vivido. O presente é o presente e a certa

    idade percebemos o futuro. -Para que recordar!

    chegamos a exclamar.

    •O tempo conta, que o digam a mim! Depois de tantos

    anos nunca achei que chegaria a escrever nada e

    acontece que, sem me dar conta, ainda tive o suficente.

    •Estou cansado de me encontrar só nos momentos de

    angústia. Como queres que te encontres, se a angústia

    que percebes forma parte desse teu espírito, doente na

    solidão?

    •Que ocupado tenho estado! Desde de manhã cedo,

    pensando, tentando encontrar a razão de me haver

    levantado. Não creio que pretendesse pensar em tal

    razão, antes creio que havia sido apanhado por um

    sentimento adormecido.

    •Que me importa se me criticam pelo que não disse e

    pelo que não fiz? Devo tranquilizar-me, pelo menos

    assim me fazem saber o que não deveria ter dito e o

    que não devia ter feito.

    •Sim, me sinto perdido por não haver encontrado

    nada; não valia muito a pena buscá-lo, ainda assim,

    devemos nos justificar por ter tentado.

    Álvaro Puig

    8

    A bondade de um louco

    •Minhas notas vão como pelo trilho de um trenzinho

    de brinquedo, vão se escrevendo. É fantástico

    descobrir como é novo meu pensamento. Pode ser, se

    cabe, que exista tristeza, pesar, ilusão, mas sobretudo

    um grande bem-estar.

    •Perdi muitas coisas em meu longo caminhar, se

    alguém as encontra, que me devolva. Pode ser que não

    sejam todas minhas, mas é que não são de ninguém.

    Meu caminho foi longo e, o que é pior, lento; por isso

    cheguei a dar-me conta de que minha maior perda foi o

    tempo, como animal adormecido no caminho

    •Não é por causa do conhecimento e sim pelo fato de

    pensar. Pude me liberar do conhecimento dos demais.

    Pensa em teu próprio e lógico conhecimento e te

    aperceberás de que, a parte de que é a melhor maneira

    de pensar, teu pensamento é prévio ao conhecimento.

    •Viví sem a necessidade dos grandes autores. Não sou

    culto, mas não só não me importa como até me parece

    bem, porque não me sirvo de qualquer coisa que diga

    ou pense.

    •O homem desconhece seu cansanço, o sei por

    experiência, envelhecí no esforço.

    •A alguém que sente, placidamente, o que eu sinto,

    deveriam prendê-lo, é demasiada sua pieguice tão

    plácida e mortiça. Viví demasiado todas as vidas dos

    demais. Meu sacerdócio é falar, dialogar com os

    demais; minhas conversas foram e são o mandamento

    da minha vida.

    Álvaro Puig

    9

    A bondade de um louco

    •É de manhã cedo, está amanhecendo. Sei que vivo

    porque meu pensamento não para, sei que vivo quando

    desperto, porque é então quando o amanhecer me faz

    crer em que o dia é o amanhecer de amanhã.

    •A vida hoje me permitiu seguir vivendo. Estou

    presente nesta vida. Estou presente nos afazeres de

    cada dia. Acaso, nossa vida pode ser outra.

    •Faz dias que apareceram meus primeiros achaques,

    que pouco os suportamos! E que rápido esquecemos o

    sofrimento dos demais!

    •Meu sofá é um personagem mais. Já está estragado,

    noto que as molas cedem, está descolorido, mas é meu

    sofá. Nele me senti protegido, me permitiu pensar,

    cumhou meus desejos, escrevi algumas das notas do

    meu livro, vamos, que não sei se é para mim ou eu sou

    dele. Bem posso dizer meu sofá porque ninguém,

    quando eu já não esteja, se sentará nele; e ele não terá

    saudades de mim. As coisas morrem com a vida, nos

    libertemos delas, não sentirão a nossa falta; sua

    sensibilidade não chega para tanto. às vezes valemos o

    que as coisas nos permiten que valhamos, e isso que

    devemos pensar que as coisas não são nossas, nos

    deixam que as utilizemos, sem mais.

    •Um Natal real. Meu filho está trabalhando em seu

    estúdio, minha é posa recostada no sofá lendo não sei

    que livro, e eu escrevo estas linhas; é tudo real, menos

    algo que sinto ao dizê-lo. O Natal é unicamente para as

    crianças. Pretendemos nos alegrar no natal, mas nos

    natais de antes. Ainda assim penso que meu Natal é

    belo, envidraçando a recordação de outrora porque

    meu filho trabalha e minha é posa agora está

    Álvaro Puig

    10

    A bondade de um louco

    costurando e eu na recordação de quantos pude

    conhecer e conversar. Escutando e escutando como se

    fosse uma prece.

    •Me comentam a oração do crente. A de um rapaz que

    considera sua prece como sua própria vida. Eu, que

    estou cansado de lutar em minhas aulas, falando com

    uns e com outros, rezo mas só com meu esforço de

    cada dia. Estou perdendo tempo. Que se passa que não

    estou reconfortado? Por que os deuses não me

    oferecem a gratificação do meu fazer e saber? O rapaz

    me respondeu: "Te falta a oferenda de tuas

    ansiedades".

    •A riqueza de não possuir. Recordo a sensação precisa,

    objetiva e certa, de me sentir rico numa de minhas idas

    a as aulas. Tudo era meu. Fui possuidor do campo, das

    montanhas, de todas aquelas montanhas. A sensação

    que tive foi impressionante, feriu meus sentidos, não o

    havia sentido até então. Pensei na aula, nos aluns; mas

    o que sentia naquele momento compensava qualquer

    possível preocupação. Faço votos para que penses

    como eu pensei naqueles momentos. Nada me

    pertencia realmente mas era mais meu que de ninguém.

    Tive uma sensação beatífica, certamente, dispumha da

    riqueza de não possuir. Meu espírito se sentia

    conforme comigo mesmo, com os meus, até com um

    Deus que deu o espírito de crer em tudo o que a

    natureza pode oferecer. Se somos consciente s, é de

    todos. Me sentia tão identificado com o que sentia e via

    que estive a ponto de atropelar um coelho. Haveria

    sido uma pena, se houvesse quebrado a sensação

    mágica que ainda recordo, depois de tantos anos.

    Álvaro Puig

    11

    A bondade de um louco

    •A possibilidade do real. Os educadores devemos

    dessenvolver as estruturas mentais como base ao

    conhecimento; portanto, a possibilidade do real.

    Diferenciar é estruturar, estruturar é dispor do

    conhecimento, inicialmente, do possível. Todo ele é a

    base para que podamos, posteriormente, conceitualizar.

    •Nasci para uma vocação, e ao cabo dos anos cheguei a

    crer que de alguma maneira a exerci. A vocação da

    conversação, da opinião e, se cabe, do conselho, com

    todos aqueles que, de maneira muito pessoal, cheguei a

    dialogar. Sigo exercendo o diálogo, pois ainda há

    pessoas que me recordam, e pode ser que lhes sirva de

    algo. Não me importa que estas linhas fiquem num

    monólogo; por acaso sou ou posso ser tão ousado que

    pretenda ser escutado? Isso sim, se estas linhas as lesse

    meu filho, sentiria o contentamento de que tenha

    podido conhecer mais a seu pai, todo o dito forma

    parte do meu testamento. O fato de que um filho nos

    possa conhecer melhor é magnífico, é algo que

    podemos escrever no volume da vida; ainda que tua

    vocação de pai seja esbatida. Não devemos enterrar a

    vocação, por muito difícil que seja, antes de nossa

    morte.

    •A consulta lógica se deve basejar em algum critério.

    Te confesso, ainda que não o digas a ninguém, eu não

    me baseio em muitos critérios. Meu critério é não

    dispor de ou utilizar critérios. Minha mente é tão

    flexivelmente aberta ao pensamento que comodamente

    escuto tudo. Assim é e desejo que siga sendo porque

    senão meu pensamento não seria o meu.

    •Por que pretendemos condicionar nosso pensamento

    a um sentimento escondido? Um sentimento é para se

    Álvaro Puig

    12

    A bondade de um louco

    mesmo, ainda que tratemos de que possa chegar aos

    demais. Mas sempre o condicionamos a ser

    correspondido. Somente o sentimento é possível

    quando o pensamento está adormecido.

    •Sinto o respirar quando escrevo. Minha mente vai

    oferecendo uma idéia, palavras, fatos e recordações;

    todo um enxame que chega a me fazer mal, por isso

    me dou conta de que respiro.

    •Os miseravelmente pobres são aqueles que não têm

    onde se abrigar, sem um teto. Bom, isso o sabe ou o

    imagina qualquer um, mas o que a gente não pensa é

    que seu drama está precisamente, não em que não têm

    teto ou paredes, e sim em que se os tivessem, não

    seriam seus, por isso preferem dormir numa rua,

    abrigar-se nela. Seu teto é o teto estelar, sem ocultar

    que são miseravelmente pobres. Sofreram a indigna

    humilhação dos pobres. O digo a ti não por um

    pensamento caritativo, e sim porque me dei conta de

    que estava abrigado pelo teto de minha casa, com

    minha família, protegidos da chuva que açoitava os

    vidros. Senti o desespero dos pobres na miséia.

    Abordou meu pensamento pela falta de caridade, com

    alguns e com qualquer um; todos em nossos pesares

    somos uns

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