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Apostasia
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E-book99 páginas33 minutos

Apostasia

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Sobre este e-book

Apostasia é um singelo conjunto de textos baseados e repartidos pelos quatro cavaleiros da Revelação Final aos quais se junta um quinto, o próprio homem ou aquilo que existe de mais íntimo no ser humano, o seu pensamento e o que aquele elucubra acerca do que o rodeia.
Assim sendo, à Peste estão associadas as paixões, sendo estas os piores dos males. A Guerra é, tão-só, um fútil combate de emoções. A Fome poder-se-á resumir a uma insuficiência de delírios e a Morte assume aqui a figura de um outro fim redentor.
Para rematar, constam as Notas Finais, ou seja, a exortação feita a um hipotético quinto cavaleiro ou a um outro eu…
Em suma, esta Apostasia procura ser um apocalipse de emoções, mas que também pode ser visto como um amontoado de exercícios de cariz abjuratório.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jan. de 2023
ISBN9791222076713
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    Pré-visualização do livro

    Apostasia - Luís Corredoura

    Agradecimentos

    Agradeço a quem nunca deixou de acreditar

    naquilo que jamais deixei de fazer.

    Peste

    - as paixões como o pior dos males -

    Sou a minha própria doença, o mal que, no fundo, desconheço, não obstante há tanto dele sofrer, de alimentar essa enfermidade, como se dela necessitasse para me sentir vivo, para lograr obter dessa dor bastas vezes imaginária e desse padecimento quase sempre hipocondríaco - e dos quais desdenho - a noção daquilo que continuamente abjuro, daquilo que não entendo, daquilo que, no fundo, mais temo nesta vida que me foi concedida, mas que jamais tentei viver devido ao que faz com que constantemente apele para que morra.

    Opróbrio

    Não percebo o motivo para este ultraje,

    Para o que m’afecta o corpo e a mente,

    Deixando-me nesta condição, dormente,

    Impedindo que minh’alma s’avantaje.

    No fundo, nada há que me guie, encoraje,

    A ser como sou, dos demais algo diferente

    Sem que isso seja bom, é apenas aparente.

    Não passo d’um triste morto sob uma fria laje.

    Mas, mesmo assim, não alcanço ou entendo

    O que devia ser claro ou o que consta óbvio

    Para melhor compreender isto que vou sendo,

    A minha própria desonra, o meu opróbrio,

    O que me resta d’uma vida que, morrendo,

    Dissipará tud’o que escrevo quando sóbrio…

    Ardor

    Ardo neste desejo que me consome,

    Fornalha que alimento com o que sinto

    Nada tendo do que me deixa faminto,

    Paixão cruel e da qual não sei o nome.

    É algo que m'acossa e de mim se some,

    Que me desvaira em fechado labirinto,

    O que me obriga a viver por instinto

    E meu sangue bebe, minha carne come.

    Desespero que para o abismo m'impele,

    É um sofrer mesmo quando não há dor

    Para que vivo porfie e a morte protele

    E assim veja neste contínuo estertor

    Donde não saio por mais que me flagele

    Que ainda há quem creia que isto é amor...

    Soubesses...

    Soubesses tu quanto de mim disseco

    Neste sentir que há muito me arruína

    Sem nada haver que me diga e defina

    O que é este amor com que m'obceco,

    Saberias como por ti fatalmente peco,

    Matando-me por uma paixão genuína

    Que desde sempre à morte me destina

    A alma que neste desgosto hipoteco.

    Soubesses, tão-só, desta amarga tristeza

    A dor dum vazio que s’expande e dilata

    Perante o que penso de tamanha vileza

    De jamais me teres dito que estavas grata

    Quando minha vida por ti dei de certeza,

    Morrerias do mal que aos poucos me mata.

    Motivo

    Não é amor aquilo que n’alma se inscreve,

    Mas antes um sentir obnóxio que me submete

    Ao que em mim constantemente se repete,

    Que se eterniza, não obstante constar breve.

    Não, não é amor aquilo que me circunscreve

    A

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