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Chamas de Amor
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E-book389 páginas3 horas

Chamas de Amor

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Sobre este e-book

Leonor vivia um dos momentos mais felizes da sua vida, Uma gravidez há muito desejada, fruto do casamento com o amor da sua vida, o Martim. Contudo, aos oito meses de gravidez, esse sonho é-lhe roubado por uma tentativa de homicídio que a deixa entre a vida e a morte.
Até que ponto o ser humano é capaz de perdoar? Até onde Leonor terá de ir para superar a desilusão?
Em Chamas de Amor, todo escrito na primeira pessoa, o leitor entrará na mente dos diversos personagens até perceber se Leonor consegue perdoar o que lhe fizeram ou se, pelo contrário, anseia pelo seu momento de vingança.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de mar. de 2023
ISBN9791222080413
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    Pré-visualização do livro

    Chamas de Amor - Marta Branco

    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à editora Cordel D’ Prata, pelo empenho e dedicação na publicação da minha obra. Eternamente grata!

    Em segundo lugar, agradeço a cinco pessoas que foram fundamentais para que este livro esteja hoje na sua mão. Elas aceitaram ser cobaias da minha história, lendo capítulo a capítulo, à medida que eu os ia escrevendo. Desta forma, pude ter o primeiro contacto com leitores, sabendo em que direção seguiam os seus pensamentos enquanto liam, as suas opiniões e o que achavam que ia acontecer a seguir. Foi uma experiência muito interessante e divertida! Além disso, agradeço-lhes o encorajamento que me deram do início ao fim: o que começou por ser apenas uma experiência nova, um desafio e um passatempo enquanto estive em casa de baixa, por uma gravidez de risco clínico, acabou por se tornar num livro que parecia ter hipóteses de vir a ser publicado. Obrigada, Ana Carriçal, Anagilza Guerreiro, Daniela Silva, Maria João Santos e Sandra Mamede.

    Agradeço também ao meu marido e ao meu filho, Filipe e Gustavo, pelo apoio dado e por evitarem ao máximo interromper-me quando sabiam que eu estava a escrever.

    Por fim, agradeço a todos os leitores que compraram o livro. Muito obrigada!

    PARTE 1

    Felizes os que nada esperam, nunca

    serão desiludidos.

    Nicolas Chamfort

    1

    LEONOR

    segunda-feira, 22 de julho de 2019

    Quase três semanas a viver nesta situação. Eu não consigo compreender a mudança do Martim, está tão distante de mim… Nós não éramos assim.

    O Martim é simplesmente o homem mais maravilhoso que já conheci. É lindo por fora e por dentro. Sempre foi um cavalheiro, apaixonei-me por ele assim que sorriu para mim pela primeira vez. Conhecemo-nos no dia 14 de outubro de 2011, no 25.º aniversário de um amigo nosso em comum, o Joel. Sentámo-nos frente a frente naquela mesa cheia de pessoas. Ele acabou por me perguntar:

    – Bem, tu tens cara de quem não bebe álcool, mas eu vou arriscar na mesma... És servida? – levantou o jarro de sangria e sorriu. Naquele momento, pareceu-me que estávamos só nós os dois no restaurante. De onde saiu aquele sorriso encantador, mas um pouco atrevido?

    – Parece que, às vezes, as aparências enganam... Podes encher! – respondi, tentando retribuir o sorriso, mas sentindo-me completamente fracassada. Aquele sorriso era inigualável.

    Foi uma noite bastante agradável, rimos o tempo todo que estivemos juntos. É tão bom quando estamos com alguém com um excelente humor. Senti de imediato que estava encantada e sentia-me hipnotizada cada vez que os seus olhos castanho-escuros e tão brilhantes se focavam nos meus.

    Passada uma semana, tivemos o nosso primeiro encontro a sós. Passadas duas semanas, estávamos a namorar. Passados onze meses, estávamos a casar. Há quem diga que fomos muito acelerados, mas porquê esperar quando sabemos que é aquela pessoa que nos faz feliz e que a amamos incondicionalmente? Nunca fui preocupada com o que os outros pensam, portanto, casei!

    Foi um dia lindo, mas cheio de emoções. Estava tão feliz, mas, em simultâneo, com uma tristeza profunda: os meus pais não estavam presentes, pois tinham falecido anos antes. No entanto, tinha a minha irmã, Isabel, a minha única família. A Isabel tem trinta e oito anos. Temos cinco anos de diferença, sendo ela a mais velha. Desde que os nossos pais partiram, temos sido o apoio uma da outra. Dizem que a família não se escolhe, só os amigos. Porém, se eu pudesse ter escolhido uma irmã, teria escolhido, sem sombra de dúvida, a minha querida Isabel. Ela é meiga e doce, sempre preocupada com o meu bem-estar e a minha felicidade. Herdou a ternura da nossa mãe. Por vezes, sinto-me constrangida e até um pouco culpada, pois a minha irmã praticamente prescindiu da sua vida e da sua felicidade por mim, para me acompanhar. Não tem namorado, vive sozinha, e a maneira que encontro para compensá-la é convidando-a para vir à nossa casa regularmente. Deve ser triste passarmos tantos serões sozinhos, não? No início, o Martim não gostava, dizia-me que se tinha casado comigo e não se recordava de o padre ter mencionado case com uma e leve duas! Até quando está chateado, o Martim tem bom humor e faz-me rir. Atualmente, já se conformou e acho que até já se habituou.

    A Isabel nunca me abandonou e eu nunca o farei também.

    Eu e o Martim estamos casados há sete anos e tem sido um casamento com altos e baixos, claro, como todas as relações normais e saudáveis. No entanto, nas últimas três semanas as coisas mudaram. Já passaram várias hipóteses pela minha cabeça: será a famosa crise dos sete anos? Será que tem tido problemas no trabalho? Será que arranjou outra? Já não me ama e está a ganhar coragem para pedir o divórcio?

    De hoje não passa! Mais uma vez, o Martim está a preparar-se para sair, sem me dirigir uma única palavra. Nunca fiz isto a ninguém, nunca pensei sequer fazê-lo, muito menos ao meu amado marido. Acho até uma falta de respeito e espero sinceramente não ser apanhada, mas hoje vou segui-lo. Sento-me no nosso sofá da sala, onde já fizemos amor tantas vezes, fingindo-me aborrecida e relaxada, mas estou tão tensa e nervosa, quase me dá vontade de vomitar. A adrenalina corre-me nas veias. O Martim saiu. Levanto-me rapidamente e avanço na direção da porta, espreito pelo visor da mesma e vejo que a porta do elevador já fechou. Saio rapidamente e desço as escadas tão rápido que quase torço o pé esquerdo quando chego ao último degrau. Curiosamente, não me dói nada, deve ser da adrenalina. O Martim não foi de carro, saiu a pé. Será que alguém lhe vai dar boleia? Estou feita, a minha primeira perseguição vai terminar ainda antes de começar. Não desisto e continuo a segui-lo, na esperança de ver o condutor ou condutora do carro. Quem será a mulher? Que raiva que me está a dar. Como ele pôde fazê-lo? Sinto que as minhas lágrimas estão prestes a rebentar, mas aguento-me. Leonor, pensa, se os teus olhos estiverem encharcados, ficam enevoados e não vais conseguir ver a cara dela ou a matrícula do carro. Continuo a minha perseguição de principiante, acho até que estou demasiado próximo, mas o Martim vai tão apressado que não me parece que vá olhar para trás. Entramos no parque do hospital e parece que ele se está a dirigir para a entrada. Oh, meu Deus, será que ele está doente e não me disse nada? Terá uma consulta? Como pude ser tão egoísta? Continuo. Curiosamente, o segurança não me pede identificação, deve pensar que estou com o Martim. Talvez me deva afastar um pouco, mas, agora, aqui dentro, a multidão ajuda-me a ficar mais disfarçada. Consigo ver o Martim a dar um aperto de mão a uma senhora e a segui-la. Talvez seja enfermeira. Sigo-os pelas escadas, apressada, mas saem logo no 1.º andar e seguem por um corredor. Dou um pouco mais de espaço. Aqui, as pessoas depreendem que, se subi, foi porque fui autorizada pelo segurança, portanto, não há motivo para ficar nervosa. Só não posso perder o Martim de vista, tenho de ver em qual porta vai entrar.

    Leio a sinalização que está à entrada do corredor. Unidade de Cuidados Intensivos. Estou devastada. Sinto-me tão mal e tão envergonhada. Como pude achar que o Martim me trairia? Sempre foi tão atencioso comigo, nunca me deu sinais de me poder estar a trair. Fui egoísta. O Martim precisa do meu apoio, pois tem algum ente querido aqui internado. Será a mãe dele? Será que não me quer preocupar por eu estar grávida? A mãe do Martim teve um AVC há três meses, mas conseguiu recuperar. Será que teve outro? Reparei que entraram na terceira porta do lado direito. Não sei o que faça. Respiro fundo e penso: Tem de ser, tenho de assumir as consequências dos meus atos. Talvez ele não me perdoe por tê-lo seguido, mas ele precisa do meu apoio e eu vou dá-lo.

    Avanço até à porta, está encostada. Consigo ouvir vozes. Será um médico? Não parece a voz do Martim... É uma situação muito crítica, está em coma profundo há muitos dias, não garanto que sobreviva. Ao ouvir esta frase, sinto-me a ficar dormente, mas com uma imensa dor no peito, no coração, o sentimento de culpa. Se calhar, eu é que tenho estado distante do Martim e não ele de mim.  Decido entrar. Encho-me de coragem e abro a porta com o meu discurso planeado. Entro tão devagar que ninguém dá pela minha presença. O Martim está a chorar enquanto segura, com delicadeza, a mão da pessoa que está internada. Quando olho para a cama, o meu coração dispara. Uma explosão de emoções arromba-me e deixa-me bastante confusa. De repente, o discurso que havia preparado evapora-se. Esqueço o Martim, esqueço o médico e os enfermeiros presentes, esqueço a minha vergonha pelo que acabei de fazer, e dou dois passos para me aproximar da cama, para ver melhor o rosto da pessoa que está ali deitada, confirmando o pior, o que me pareceu ter visto da porta. Quem está deitada na cama, sou eu.

    2

    LEONOR

    quinta-feira, 22 de novembro de 2018

    – Martim, não encontro o meu colar com o búzio, viste-o? – gritei do quarto.

    – Não vi, querida. – gritou da cozinha, mas veio ter comigo. – Eu ajudo-te a procurar, sei o quanto ele é importante para ti.

    Agradeci, tentando subir as maçãs do meu rosto para conseguir sorrir, mas só tinha era vontade de chorar.

    – Cá está ele, não podia ter ido muito longe! – disse o Martim, enquanto sorria e mo colocava.

    O Martim é adorável. Quando o conheci, tudo mudou na minha vida para melhor. Parecia que a minha vida estava envolvida numa enorme nuvem cinzenta e o Martim entrou na minha vida como que uma rajada de vento, que, pouco a pouco, foi soprando a enorme nuvem cinzenta, permitindo que as cores e os raios de sol voltassem a entrar na minha vida. O Martim, para além de muito inteligente, é lindo, é simpático, divertido e bastante solidário. Quando nos conhecemos, passado uns dias, praticamente me obrigou a ir com ele a uma associação onde ele era voluntário, em Portimão, a nossa cidade-natal, para irmos nessa noite distribuir refeições por pessoas carenciadas, que pouco ou nada tinham. Enquanto preparávamos as refeições e as colocávamos nas divisórias de uma enorme caixa, o Martim pegou nas minhas mãos e disse:

    – Coloca aqui as tuas mãos! – fazendo com que as minhas mãos envolvessem um tupperware com sopa, por sinal, bastante quente.

    – O que sentes? – perguntou-me.

    – Calor! Está muito quente! – respondi, soltando uma gargalhada.

    – Exato! Esta sopa vai aquecer não só o estômago da pessoa que a vai comer, mas também o seu coração.

    Naquele momento, perdi-me no seu olhar, parei de rir e percebi que o Martim era o amor da minha vida. Com a barriga cheia de borboletas e o coração quase a sair do meu peito, enchi-me de coragem e beijei-o. O beijo foi retribuído e começámos, aí, a nossa linda história de amor.

    Casámos no dia 15 de setembro de 2012, na igreja matriz de Portimão. Foi um dia mágico e teria sido perfeito se não fosse a ausência dos meus pais. No entanto, tinha a minha querida irmã. A Isabel ajudou-me a vestir, maquilhou-me e contratou uma cabeleireira para ir lá a casa fazer os nossos penteados.

    – Não te esqueças do colar que a mãe te ofereceu! – disse-me ela, com o colar na mão.

    – Claro que não, está sempre comigo. Uso-o todos os dias e hoje não será exceção. Podes colocar-mo, por favor?

    Naquele momento, enquanto Isabel me colocava o colar, tive um déjà vu. A Isabel é muito parecida com a nossa mãe e, naquele momento, foi impossível não me lembrar do dia em que a nossa mãe me ofereceu o colar.

    Eu tinha quinze anos e a minha irmã vinte. A Isabel estava a estudar em Lisboa, na faculdade de Ciências, e o meu pai tinha ido nesse fim de semana a um congresso em Madrid. O nosso pai era médico-cirurgião e viajava bastante. Nesse sábado, estava eu a estudar no meu quarto, quando a minha mãe bateu à porta:

    – Querida, desculpa interromper os teus estudos, mas é rápido.

    – Claro, não faz mal. Precisava mesmo de fazer uma pausa, já tenho a cabeça em água!

    Foi então que a minha mãe tirou duma caixa prateada um lindo colar prateado, fininho, com um pequeno búzio colocado.

    – O que é isso? – perguntei, com alguma curiosidade. Nunca o tinha visto.

    – Este pequeno búzio tem muito significado para mim. Eu sempre quis dar um mano ou mana à Isabel, mas depois de ter tido vários problemas de saúde no útero, pensei que já não era possível. No entanto, eu e o teu pai nunca desistimos de tentar. Numa manhã de setembro, fui dar uma caminhada à praia, respirar o ar puro com cheiro a maresia. Sempre adorei o mar, tu sabes. Enquanto estava parada à beira-mar a olhar para o horizonte e a disfrutar daquele azul imenso, esse búzio bateu no meu pé, trazido por uma onda. Apanhei-o e fiquei como que hipnotizada pelos seus tons e reflexos de pérola. Era o símbolo da perfeição da Natureza. Fiquei encantada e trouxe-o para casa. No entanto, no caminho senti-me enjoada pelo segundo dia consecutivo. Achei estranho e parei na farmácia para comprar um teste de gravidez. Quando cheguei a casa fiz o teste. Deu positivo. Passados oito meses, estavas tu nos meus braços, à semelhança do búzio que veio ao meu encontro no dia que descobri que estavas no meu ventre. Também tu eras um exemplo da perfeição da Natureza. – Dito isto, começou a chorar.

    Fiquei tão emocionada que segurei o colar e também as minhas lágrimas romperam, descontroladamente, enquanto eu e a minha mãe nos abraçávamos. Foi o abraço mais caloroso que demos, o melhor abraço da minha vida.

    – Obrigada, mãe! Mas por que esperaste até hoje para me contar essa história tão linda e para me ofereceres o colar?

    – Se queres que te diga, nem sei, achei que hoje era um bom dia. Amo-te muito, filha. Guarda bem esse colar, bem como a ti. Ambos são exemplos da perfeição da Natureza e não devemos maltratá-la, certo? Promete-me que vais seguir sempre os teus sonhos e nunca deixarás que alguém te trate mal, seja quem for. Promete-me!

    – Prometo, mãe. Obrigada! Amo-te muito.

    Mal sabia eu que aquele abraço mágico seria o nosso último.

    Na manhã seguinte, acordei e estava sozinha em casa. Abri a janela do meu quarto e a da sala para arejar a casa, pois a janela do quarto da minha mãe já estava aberta. A minha mãe iria ficar feliz quando chegasse a casa, pois ela sempre adorou arejar bem a casa, até quando estavam cinco graus na rua. Depois de tomar o pequeno-almoço, ouvi uma grande confusão na rua e resolvi espreitar pela janela do meu quarto. Assim que me debrucei, fiquei petrificada. O corpo da minha mãe estava no chão, com uma grande mancha de sangue à sua volta.

    Os dias seguintes– dias não, semanas, meses, anos – foram de tristeza profunda. O meu coração caiu daquele sexto andar junto com a minha mãe. Tinha um misto de tristeza com revolta, mas, acima de tudo, com muita incompreensão. Terá caído? Não fazia sentido. Atirou-se? Porquê? Por que a minha mãe faria aquilo? Aparentemente, não existiam razões para tal tragédia. Durante dias seguidos, procurei na casa inteira por alguma carta. Até dentro dos livros todos eu procurei. Precisava de respostas. Talvez a minha mãe tivesse deixado uma carta a explicar ou despedir-se. Mas nunca encontrei nada. Eu, a Isabel e o meu pai, ficámos neste vazio eterno, que o sinto até hoje. Utilizo o colar todos os dias, pois, em certa parte, foi a carta de despedida da minha mãe. Anda todos os dias junto ao meu coração.

    O modelo de mãe que eu tive, quanto a mim, foi perfeito. A ternura e os mimos nunca eram de mais e colocava-nos sempre em primeiro lugar, a mim e à minha irmã. Sempre disse que um dia que fosse mãe, iria ser como a minha adorada mãe. No entanto, esse dia está difícil de chegar. Eu e o Martim estamos casados há seis anos e, de há um ano para cá, decidimos aumentar a família. O desejo é muito forte. Já fomos os dois ao médico para ver se teríamos algum problema de saúde que estivesse a atrapalhar a nossa fertilidade, mas todos dizem que estamos bem. No entanto, há um ano que estamos a tentar e nada. Estou muito frustrada. Sei que o Martim também quer muito ser pai e eu não estou a conseguir dar-lhe a oportunidade de isso acontecer.

    Enfim, tenho de me despachar, o Joel e a Vanessa devem estar quase a chegar.

    3

    MARTIM

    sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

    Estou a terminar de tomar um duche rápido, pois ainda tenho de passar pelo escritório para uma reunião rápida com um cliente, daqui a uma hora. Amanhã, será a audição dele em tribunal e quero que todo o seu discurso seja coerente. A competição no mundo dos advogados é feroz e só há uma maneira de ganhar reputação: vencendo casos.

    Abro a cortina do polibã e quase escorrego com o susto que apanho.

    – Bolas! Assustaste-me!

    – Não era de todo a minha intenção. Desculpa! – disse ela, com um olhar provocador.

    Quando saio do polibã, estico-me para apanhar a toalha, mas ela interceta-me o movimento.

    – Para que queres isso? Relaxa, não precisas de toalha, estás muito melhor assim.

    Dito isto, agacha-se à minha frente e começa por lamber os meus testículos e o meu pénis delicadamente, para, de seguida, chupá-lo com mestria. Ela sabe como me deixar louco e, o pior de tudo, sabe que o consegue como ninguém. Deixo-me levar e relaxo.

    Inesperadamente, ouço a porta do apartamento a bater e sinto um choque elétrico percorrer-me pelo corpo.

    – Para! Não ouviste a porta? É a Leonor, dá-me a toalha. – sussurro, com celeridade.

    Enrolo a toalha à volta da cintura e saio rapidamente da casa de banho, indo de encontro à Leonor, abraçando-a e arrastando-a para o quarto, não fosse ela aproximar-se da casa de banho.

    – Hum, cheiras tão bem. Vem cá, vou-te mostrar aqui uma coisa no quarto.

    – Para, Martim! – respondeu-me ela, sorrindo. – Só vim buscar a pasta com os projetos da nova urbanização do grupo. Mais logo, trato de te apagar esse fogo, não te preocupes! – soltando uma gargalhada e colocando a mão no meu pénis. – Ui, estou a ver que o caso é grave. Logo à noite trato de ti sem falta, amor. Agora, deixa-me ir, não me quero atrasar.

    A Leonor é uma arquiteta de renome. Criou uma sociedade com o colega e amigo dela, o Joel. Ele não é tão talentoso como a Leonor. Até hoje, tenho a crença de que ele tem uma paixoneta por ela. São amigos desde o tempo do secundário e acredito piamente que ele só seguiu arquitetura para continuar perto dela. Mas não o posso julgar, nem odiar. Não o posso julgar porque a Leonor, para além de bonita, simpática e inteligente, é uma força da natureza. É fácil ficar apaixonado por ela. E não o posso odiar, pois através de um outro amigo meu, o Miguel, conheci o Joel, e através do Joel, conheci a Leonor. Assim sendo, se não fosse o Joel, não conheceria a Leonor. O destino sabe o que faz e calhou ficarmos frente a frente, num jantar com mais de 38 pessoas. Qual era a probabilidade de isso acontecer?

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