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O Encontro Final
O Encontro Final
O Encontro Final
E-book461 páginas5 horas

O Encontro Final

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Sobre este e-book

Algo de estranho começa a acontecer numa escola do interior. Seus funcionários, professores e alunos começam a se comportar estranhamente desde o primeiro dia de aula. O que aconteceu com eles? Dias antes, professores e funcionários da limpeza ajudavam a preparar a escola para receber de volta seus alunos, porém o mal havia surgido de uma das salas de aula. Estranhas criaturas horripilantes dominaram alguns professores, faxineiros e o Diretor. Depois, elas assumiram as formas físicas destas pessoas e começaram a controlar os alunos que se tornariam os soldados para a dominação da cidade. As únicas pessoas que podem lutar contra a invasão são Regina e Ícaro que se conheceram na escola e sentiram-se atraídos por um forte laço de amizade. Sem poder confiar em ninguém conhecido, em nenhum amigo ou parente, eles terão de enfrentar grandes desafios a fim de sobreviver à invasão de uma força que só deseja se apoderar dos recursos do planeta Terra para seu bem próprio.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de dez. de 2020
O Encontro Final

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    O Encontro Final - I. J. Santim

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    Título: O Encontro Final

    ©Copyright 2011 pelo autor.

    Texto revisado e atualizado para o novo acordo gramatical pelo autor.

    Texto original escrito em: 27/02/2004

    Visitem e sigam o blog da autora:

    http://universofantasticodepolianagabriela.blogspot.com

    Página para baixar gratuitamente contos do autor:

    http://recantodasletras.com.br/autores/itacirsantim

    Torne-se fã: http://www.facebook.com/ijsantim

    Sigam: http://www.twitter.com/ijsantim

    Contatos por email: poliana.santim@universo.univates.br Título: O encontro final

    Ficção e contos brasileiros

    Autor: I J Santim

    © Copyright 2011 pelo autor.

    Edição do autor.

    Código ISBN (Versão impressa): 978-85-912264-0-5

    Versão impressa encontra-se à venda em:

    https://loja.uiclap.com/titulo/ua3701/

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    Apresentação

    Confesso que resisti em republicar O Encontro Final por não ter um bom retorno do público. Escrevi o romance em um caderno durante horas vagas entre uma atividade escolar e outra quando estudava na 8ª. Série, hoje 9°. Ano. De fato, ela continuaria uma série de contos que comecei a escrever um ano antes. Infelizmente, os manuscritos das histórias anteriores foram perdidos, o que me fez reescrever boa parte do livro. Ele foi uma interessante construção fictícia usando minha própria cidade como cenário. Muçum encontra-se na região norte do Estado, há cerca de cento e vinte quilômetros de Porto Alegre. É um município pacato conhecido por suas pontes ferroviárias e paisagens verdes. Contudo, no romance toda tranquilidade é destruída com acontecimentos assustadores. Por que escolhi uma cidade real? Influência da literatura brasileira moderna.

    Sou fanática por Érico Veríssimo.

    Escrevo no feminino, pois há dois anos assumi-me como mulher transgênero chamada Poliana Gabriela Santim, contudo não quis mudar o pseudônimo de autora, pelo menos para este trabalho, já que ele é antigo e está registrado na Biblioteca Nacional. Enfim, a obra foi escrita em 2004 e publicada em 2011 por conta própria. Na época, queria sentir a experiência de ter um livro lido pelas pessoas.

    Confesso que muitas se sentiram ofendidas, pois imaginei na situação literária pessoas reais. A Ficção Científica é especulativa por natureza.

    Ela problematiza de conceitos a personagens em eventos hipotéticos.

    A temática de invasão extraterrestre é recorrente. Não inventei nada.

    Por anos, assisti Arquivo X, então colhi algumas referências televisivas para usar no trabalho. Li pouco sobre Física e Astronomia, pois não tinha acesso a livros nem computador com Internet. Comprei o meu primeiro quando adulta em 2008 com o trabalho de auxiliar de produção em um frigorífico da BRF (Brasil Foods). Então, digitei o livro muitas vezes reduzindo minhas horas de sono antes de ir novamente para a empresa. Em 2011, despediram-me, decidi mandar a obra para impressão, pagando com o dinheiro da rescisão de contrato de trabalho e FGTS e ingressei para a faculdade de história na Univates em Lajeado/RS.

    A obra representa parte de uma vida em que possuía idealização. Criei personagens baseados em pessoas que admirava e estava gostando. Retrato do meu inconsciente? Quem sabe? Hoje busco uma definição para o livro. Primeira experiência? O modo de entender como escrever. Ainda não entendi. Acho mais fácil escrever artigo científico, monografia. Contudo, meus colegas e amigos de curso sempre me disseram para continuar fazendo literatura. Houve vários momentos em que parei de fazê-la por falta de disponibilidade.

    5

    Posto isto, quero dar ao leitor esta obra com um aviso: Cuidado com pesadelos.

    6

    Capitulo I

    Sábado. Amanhecia tranquilamente na pequena cidade de Muçum. Havia pouco movimento nas ruas. Alguns carros trafegavam pela avenida principal, pessoas mateavam em frente de suas casas e saiam para se exercitar. Umas conhecidas encontravam-se durante o passeio e paravam a fim de prosear. A maioria fazia isso, pois em uma vizinhança pequena é costume falar do que um ou outro fez no dia anterior. Assim, surgiam as fofocas.

    A cidade possui duas cadeias de montanhas esverdeadas capazes de transmitir a sensação de estar dentro de um grande buraco, no entanto ela se encontra dentro de um grande vale com um rio que percorre paralelamente a extensão urbana. Sobre ele, na entrada de Muçum, existe uma ponte rodoferroviária que ao cruzá-lo passa a possuir arcos de concreto unidos com a lateral esquerda da usada por automóveis. Do outro lado do rio, há uma estrada de chão, uma favela com seus barracos ambíguos ao barranco fluvial e um longo túnel de trem. Existem apenas duas avenidas principais que se unem após uma virar para a direita, onde se encontra a maioria das lojas de roupas, brinquedos e outros produtos. Pode-se andar a pé para qualquer localidade da zona urbana devido às pequenas distâncias.

    O lugar permaneceu tranquilo, enquanto prosseguiu a alvorada. Na Escola Estadual General Souza Doca, única de Ensino Médio existente no município, faxineiros, professores e membros da administração arrumavam as salas de aula para o retorno às atividades curriculares que aconteceria na Segunda-Feira. Os primeiros raios solares dispersaram-se pelo pátio e depois atingiram os três prédios de dois andares que constituíam com o ginásio municipal de esportes um retângulo.

    Algumas faxineiras variam a poeira e as folhas das árvores quedadas no pátio. Tinha começado a ventar, no entanto a previsão meteorológica havia indicado tempo ensolarado. Repentinamente, na sala de aula do segundo prédio, Turma-71 no ano anterior, perto da extremidade da cantina e do portão com acesso à escadaria para o setor da administração e dos outros recintos de ensino, aconteceu um rugido semelhante a um trovão. Uma mulher que varia o piso e encontrava-se ambígua ao recinto atingido pelo barulho entrou a fim de verificar o que se passava. O lugar estava congelado. Algo invisível e pequeníssimo absorvia todo o ar do interior da sala e produzia raios para todas as direções. A faxineira apavorou-se. Ela gritou, gritou, gritou, mas ninguém ouviu nada por causa do vendaval. Mesas e classes eram arremessadas contra as paredes como brinquedos infantis e permaneciam nelas coladas. Quando o fenômeno havia aumentado de intensidade, ele empurrou a porta com tanta intensidade que ela

    7

    rachou ao bater. Subitamente, o estranho fenômeno terminou e um raio atingiu a faxineira lançando-a contra o piso, enquanto continuava a gritar.

    Do exterior, o último grito de pavor foi ouvido chamando a atenção do Diretor da escola que nesse instante se encontrava em seu gabinete. Ele correu preocupado para a sala da Turma-71, entrou e encontrou várias criaturas disformes que andavam sob duas pernas, possuíam peles cinzentas melequentas, três dedos homólogos longos em suas mãos e pés, cabeças triangulares com uma extensão que constituía uma massa cônica para trás, olhos negros tão volumosos que se assemelhavam a uma lupa, dois orifícios para respirar logo abaixo e bocas pequenas. Elas eram magérrimas e repulsivas.

    Os curiosos que se aproximaram da sala tinham sido dominados. Restava agora aprisionar quem administrava a escola, por isso uma criatura andou contra o Diretor, este saltou apavorado para trás, ela estendeu o seu braço direito desdobrando os seus três dedos magérrimos e a porta fechou-se como se houvesse magnetismo. Então, os estranhos seres agarraram-no, sofreram resistência dele, mas conseguiram deixá-lo inconsciente graças ao toque dos seus dedos homólogos. Depois de concluir a investida, as criaturas assumiram as aparências de cada pessoa aprisionada.

    Capítulo II

    Segunda-Feira. Os alunos da sétima série não sabiam quais eram suas devidas turmas, pois o Diretor tinha decidido não colocar as listas de alunos nas portas das salas de aula. Ele andava pelos corredores da escola pensando em algo distante. Sua última ordem tinha sido mudar os alunos da Turma-71 para o segundo andar, onde se encontravam todas as sétimas séries.

    –Essa turma possui alguns alunos problemáticos, por isso ela deveria permanecer aqui embaixo? –Disse a Professora que atuava como orientadora.

    –Ela poderá ser mais bem monitorada do segundo andar. –

    Respondeu o Diretor.

    –Se o Senhor acha. –Respondeu contrafeita a professora orientadora.

    Alguns alunos que estudariam na sala ambígua à cantina aproximaram-se quando uma professora de nome Helena colava uma lista na porta.

    –Vocês iriam estudar aqui? –Perguntou a professora usando uma voz suave.

    –Sim, nós iríamos. –Respondeu um dos alunos.

    8

    Enquanto o garoto observava a professora terminar de anexar o papel, muitos alunos iam e vinham agrupados ou sozinhos, paravam no pátio, aproximavam-se das salas de aula, caminhavam sorridentes pelos corredores de azulejos alaranjados e conversavam sobre as férias.

    Os antigos alunos da Turma-71 haviam chegado muito cedo à escola, pois os ônibus tinham se adiantado. Imediatamente, eles se dirigiram para o mural da escola sito entre a segunda e a terceira sala de aula em direção ao banheiro e constataram que as listas das novas turmas ainda não se achavam expostas.

    –Por que as listas ainda não foram colocadas no mural? –

    Perguntou um aluno chamado Joel que tinha estudado ano anterior na Turma-71.

    –Elas devem estar nas portas. –Respondeu uma menina chamada Regina observando a circulação dos alunos até notar algo de diferente. –Hei, veja, a nossa antiga turma mudou de lugar. –Disse.

    –Ela foi mudada para cima. –Respondeu Joel.

    Inconscientemente, Regina sabia que a sua antiga turma da sétima série possuía mistérios insolúveis até o momento, pois os seus alunos haviam presenciado fenômenos estranhos de origem extraterrestre. Acidentalmente, eles, segundo o que documentaram, cruzaram um portal que os levou para outro mundo, onde descobriram seres cujas aparências eram de espíritos que passaram a perturbar o ambiente de estudo até o período letivo encerrar-se. Agora, o transtorno retornaria trazendo consigo uma sombra negra que poderá destruir a Humanidade.

    Enquanto Regina tentava afastar todos os pensamentos tenebrosos de sua mente, um garoto tímido observava-a distante até que uma colega dela de nome Aline notou:

    –É aluno novo? –Perguntou Aline.

    Aline conversava num grupo formado por várias meninas e dois meninos que conseguiram que passar para a oitava série com muito esforço. Ela tinha notado que o estranho garoto sorria quando Regina realizava alguma ação com graça.

    Ele demorou a responder, esforçou o afastamento de sua timidez e disse:

    –Eu sou aluno novo.

    –Estava olhando para a minha colega, por quê? –Perguntou curiosa Aline.

    –Ela ficou em frente de meus olhos. –Respondeu o garoto.

    Quem observava Regina era Ícaro que iria estudar na turma 71. Desde que ele havia chegado à escola com o mesmo ônibus dela e não tinha parado de observar as formas de seu corpo junto com os seus movimentos.

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    Aline achou aquele garoto mal educado, mas logo percebeu que ele não falaria a verdade por isso decidiu chamar a sua colega para pressioná-lo a confessar o motivo da observação.

    –Regina! Oh, Regina! –Gritava Aline.

    –Que é Aline? –Respondia perguntando irritada Regina.

    –Vem cá! –Respondia Aline.

    –Está bem, Aline! –Dizia Regina.

    Ela andou depressa contra Aline para saber o que a amiga desejava. As duas meninas sempre foram unidas e grandes amigas.

    Ícaro queria escapar, mas não pôde, pois Aline agarrou a sua mão para impedir a fuga.

    –Fale com ela agora! –Ordenou Aline.

    –Quem é você? –Perguntou Regina.

    –Sou Ícaro, Re. –Respondeu tremendo Ícaro.

    –Sabe o meu nome… Parece de conhecê-lo. –Disse Regina.

    Talvez ela o conhecesse de dentro do seu mundo de sonhos, onde o irreal tornava-se um fato normal da vida.

    –Não precisa se lembrar agora. –Disse Ícaro Regina deu um sorriso sentindo-se atraída por um garoto que nunca havia conhecido.

    Ícaro tinha os olhos azuis que cintilavam intensamente sob a claridade do dia e davam impressão de haver um universo cheio de astros em expansão.

    –Ele estava te observando o tempo todo. –Disse Aline. ’

    –O quê?! –Respondeu perguntando e expressando surpresa Regina.

    Capítulo III

    No setor de administração, o Diretor andava de um lado a outro preocupado com alguma coisa muito importante. Sua face demonstrava o seu estado provocado quem sabe pela discussão com um dos professores sobre a política de ensino da escola que tivera poucas modificações feitas.

    ‘Quando… você vai completar o seu trabalho’. – Perguntou a professora Maria.

    –Em breve, minha querida. –Respondeu com um murmúrio o Diretor.

    Luana chegou à escola e foi imediatamente a sua nova fala, mas não pôde achá-la, pois a lista das turmas ainda não tinha sido exposta. Ela era uma menina baixinha e muito meiga que gostava de fazer amizades.

    –Essa deveria ser a nossa sala. –Dizia Luana.

    –Agora deve ser em cima. –Respondia Ana Paula.

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    A professora Helena ajudava a botar nas portas da sala de aula as listas dos alunos. Perto da antiga sala da Turma 71, onde havia sido a sétima série Paula e sua irmã Paloma conversavam sobre o aproveitamento das férias que pareceram passar ligeiramente. Regina pensava em tudo que tinha feito durante o ano passado e lembrou-se que havia conhecido Ícaro na cidade. Ele lhe deu uma violeta construída de material reciclado e presa num pedaço de madeira escrito: Olhe para o tempo que o tempo cuidará de você.

    Francis chegou à escola pouco antes do último ônibus escolar acompanhado por um aluno que estudava de tarde.

    –Francis, há quanto tempo? –Disse Joel ao vê-lo.

    –Eh, mas não foi tanto tempo assim! –Respondeu Francis.

    O garoto que estava junto era Giovani da Turma-74 do segundo turno que como os seus antigos colegas teve de se transferir para o período vespertino por inexistir oitava série de tarde. Ele gostava de conversar na sala de aula, era introvertido, atraia as meninas e dedicava-se muito a estudar. Entretanto, desconhecia que a escola emanava um campo energético capaz de produzir fenômenos estranhos.

    Eram nove horas da manhã quando o Diretor deu boas-vindas a todos os alunos com um pequeno pronunciamento entediante como em outros anos.

    Capítulo IV

    O sol lançava à Terra todo o seu poder e um brilho intenso que perturbavam os alunos quando eles olhavam para o segundo andar. Lá, os corredores possuíam grades de proteção a fim de evitar acidentes e as salas de aula eram acessadas diretamente.

    Ícaro continuava junto de Regina que parecia estar gostando dele, pois as suas expressões faciais indicavam isso.

    –Vocês esquecem facilmente do passado. –Disse Ícaro

    –É difícil não esquecer. –Respondeu Regina.

    –Acha que podemos nos ver de novo, Re? –Perguntou tímido Ícaro

    –Talvez, quando você quiser, Ícaro –Respondeu sorridente Regina.

    Ana Paula era uma daquelas meninas quietinhas que não falava nenhuma palavra sequer durante as aulas, a não ser se o professor questionasse-a. Sua melhor amiga chamava-se Mackeli.

    –Vamos nos ver no recreio? –Perguntou Ana Paula durante o pronunciamento do Diretor feito a partir do segundo andar.

    –Sim e iremos conversar bastante. –Respondeu Mackeli.

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    Tudo estava em harmonia até a ordem de os alunos deslocarem-se às sal-as de aula ser dada pelo Diretor que se incitava por causa do movimento. De repente, ele permaneceu imóvel em frente de Ícaro como se os dois parecessem conhecidos de décadas, mas como grandes inimigos de um mundo completamente diferente, onde o mal avançava como a escuridão da noite.

    Os alunos passavam pelo Diretor, alguns acidentalmente o tocavam e ele nada percebia. Verônica andava usando passos largos contra a sua nova sala quando o empurrou para o lado. Nesse instante, os olhos dele haviam se voltado para a professora Marília que o tinha chamado. Enquanto isso, Ícaro desapareceu.

    Verônica entrou em sua nova sala ouvindo uma conversa sobre Regina e o garoto da sétima série que ela tinha conhecido.

    –A Regina está apaixonada. –Comentava uma de suas colegas chamada Jéssica.

    –Até que ele é bonitinho! –Comentou risonha Aline.

    –O que vocês estão dizendo?! –Interrompeu ao entrar Regina.

    –Eu não estou apaixonada! –Exclamou irritada Regina.

    –Mas o que eu estou ouvindo?! –Perquiriu ao entrar na sala de aula o professor de Educação Física chamado Jamir que havia trocado uma aula com a professora dessa turma a fim de ela evitar a revisão de um conteúdo que os alunos já conheciam. Ele andou até a mesa do professor e disse: –Bom dia e um feliz retorno. Eu vou passar uma folha para vocês assinarem, já que não temos a lista de chamada.

    –Tem uma lista com os nossos nomes ali na porta que pode servir. –Disse Joel.

    –Parece que é a mesma turma do ano passado e só veio um aluno novo aqui. –O professor olhou em direção de Giovani. –Como é o seu nome? – Perguntou.

    –Giovani.

    –Veio da tarde, Giovani? –Perguntou o professor.

    –Sim.

    –De que turma?

    –Da Turma setenta e quatro, mas eu não fui o único. –

    Respondeu Giovani.

    –Quem mais passou para de manhã?

    –A mackeli e eu. –Respondeu Giovani.

    O professor conferiu se todos os alunos da lista estavam presentes e preparou-se para uma pequena palestra acerca de economizar água. A fim de enfatizar o que diria, ele trouxe consigo um copo cheio dela. A seca tinha atingido várias cidades do Estado diminuindo o volume das fontes de abastecimento, por isso as escolas estaduais tinham sido recomendadas a trabalhar o tema durante a primeira aula de cada turno.

    12

    Depois, os alunos seguiram para a quadra de esportes sita atrás da escola. Um deles havia ido buscar as bolas de futebol e vôlei, porém todos descobriram que faltava material a fim de praticar o esporte mais conhecido nacionalmente. Isso se deveu a um atraso no repasse da verba de Educação Física pelo governo estadual devido à crise financeira e principalmente ao descaso dos políticos do Palácio Piratini e do Legislativo gaúcho.

    Luana entrou em sua sala logo encontrando um lugar para se acomodar, contudo a sua classe era a quarta de uma fila de seis alunos.

    O seu perfil era o de uma menina doce, simpática, gentil, meiga e que possuía um rosto jovial, cabelos lisos escuros, olhos castanhos e uma pequena estatura.

    Bruna sentou-se com os seus cabelos longos e luminosos no terceiro lugar da fila. Seu rosto de menina resplandecia uma luz cheia de energia, pois decerto ela chegava numa nova fase da vida repleta de alterações que aconteceriam inopinadamente

    –Como passou as férias, Lu? –Perguntou Bruna.

    –Bem, elas foram a mesma coisa que nos outros anos. –

    Respondeu Luana.

    –As minhas também não foram grande coisa. –Disse sorridente Bruna.

    –As férias sempre são aborrescentes. –Interrompeu Ícaro Luana soltou uma risadinha irreverente, mas Bruna lançou um olhar circunspeto e respondeu:

    –Você não sabe o que fala.

    Enquanto as duas meninas conversavam sorridentes após Ícaro intrometer-se para criar alguma amizade, o restante da turma entrava e acomodava-se ao som de diálogos e risadas. Luana e Bruna estavam alegres e prontas para viver um ano novo cheio de expectativas. Talvez elas conhecessem algo interessante, encontrassem alguém a fim de se apaixonarem ou descobrissem algum conteúdo interessante

    Ícaro pensou em retrucar e disse de olhos fitos em Bruna:

    –Por que você não me ensina o que é certo falar?’

    –Engraçadinho! –Murmurou Bruna que precisava encontrar algo para contra-atacar.

    –Vocês souberam dos estranhos acontecimentos do ano passado?

    – Pergu-ntou Ícaro num súbito desejo de conhecer as consequências dos estranhos fenômenos acontecidos na antiga sala da Turma-71.

    –O que você sabe? –Respondeu perguntando Luana.

    –O que os outros contam… –Respondeu Ícaro pensando em seu futuro confronto contra algo originário daquela sala. Porém, o que um menino poderia fazer contra algo impiedoso e imponente?

    13

    Seus pensamentos foram interrompidos quando um rapaz alto de cabelos pretos e olhos castanhos de nome Michel aproximou-se:

    –Luaninha, sobre o que vocês estão conversando?

    –As aparições do ano passado. –Respondeu Luana, o que deixou Ícaro contrafeito.

    Capítulo V

    Da vice direção, o Diretor observava por uma janela os alunos a entrar nas salas de aula demonstrando toda a energia, vitalidade e felicidade deles, pois ainda não se encontravam na fase dos problemas e das grandes responsabilidades.

    –Quando nós começaremos a substituí-los? –Perguntou ao se aproximar silenciosamente a professora Maria.

    –Logo, minha querida. –Respondeu distante da realidade o Diretor.

    –Eles chegarão em breve para a assunção do controle de todos os alunos da escola. –Disse a professora Maria que permanecia como Vice-diretora.

    –Eu não quero os controlar, mas… livrar-me deles. –

    Respondeu continuando a espreitar pela janela o Diretor.

    Capítulo VI

    Os alunos da Turma-52, quinta série, ocasionaram uma grande agitação quando eles procuraram as suas acomodações. Alguns não queriam sentar na frente por vergonha, enquanto uma minoria menos acanhada disputava os primeiros lugares de cada fila.

    Maurício, um garoto loiro, sentou-se logo atrás de uma menina chamada Grêici. Ele evitava falar muito com os seus colegas durante as aulas. Quiçá tivesse medo de receber uma advertência da professora.

    A professora Auxilia, loira, de cabelos lisos e curtos, estatura média, não muito velha, gentil e sábia daria aulas de Geografia e História para essa classe que adorava despejar suas energias com muita algazarra.

    –Bom dia turma! –Saudou com voz forte a Professora Auxilia ao entrar na sala de aula, mas ela não obteve a mesma reação dos alunos. Eles murmuraram à saudação, o que a deixou pasmada.

    –O que?! Vocês não tomaram café da manhã hoje?! –

    Perguntou com um tom de brincadeira a Professora Auxilia Foi uma boa brincadeira desencadeada pelos alunos que não tiveram vontade de responder a resposta de saudação à professora.

    –Bom dia! –Responderam com tons altos de vozes os alunos.

    14

    –Assim ’tá bom? –Disse a professora Auxilia Como qualquer professora, ela se apresentou aos alunos que não a conheciam e depois pediu para que dissessem seus nomes idades e onde moravam com o objetivo de se conhecerem, pois havia indivíduos novos. Tinha resolvido não transmitir nenhuma revisão sobre o conteúdo estudado no ano anterior, por isso os alunos teriam de determinar quais seriam as tarefas para o primeiro dia de aula.

    –Então, o que vocês querem fazer hoje? – Perguntou a professora Auxilia.

    Os alunos ficaram calados, sem resposta na boca, pois no primeiro dia de aula ninguém falava para não dar uma má conclusão aos professores.

    –Vocês querem conversar? –Continuou a professora Auxilia.

    Eles começaram a falar baixinho uns com os outros, alguns riam, até que um guri, aquele que mais conversava na sala de aula, atraiu a atenção dos alunos por murmurar uma resposta.

    –Sim, vamos conversar!’

    –Contudo, falaremos de quê? Sobre o que vocês fizeram nas férias? A professora aguardou a resposta, os alunos fixaram os olhos nela, contudo ninguém respondeu se eles conversariam sobre tal assunto.

    Felipe falava baixinho com um colega lateral no momento em que se escutou um estranho som. Transmitido pelo ar, o fenômeno lembrava ao movimento de pés humanos circundando pela sala de aula. A porta abriu-se sem o vento soprar com muita força ao passo que as vibrações aconteciam de uma direção à seguinte.

    –Parece que há um fantasma mexendo com a porta. –

    Comentou a professora Auxilia. Então, ela começou a contar o que tinha feito durante as férias.

    Ana Paula observava a porta aberta firmemente como se ela estivesse olhando para uma forma material estranha da sala. Seu rosto, meigo, de feições orientais, estremeceu quando viu algo que a correspondeu e gerou-a medo. Alguma coisa tinha passado por ali.

    Capítulo VII

    Homens de terno azul combinando com gravatas estreladas e insígnias prateadas em forma de espiral entraram no gabinete do Diretor e acomodaram-se silenciosamente atrás da escrivaninha.

    –Esperei a chegada de vocês. –Principiou o Diretor.

    –Naturalmente, todos os nossos planos já foram concretizados. –Respondeu um dos homens que parecia ser o líder do grupo.

    15

    –Quase, pois falta iniciarmos a substituição. –Informou o Diretor.

    –De todos os professores e alunos. – Acrescentou o mesmo homem.

    Nesse momento um som estridente de sirene foi ouvido abalando os canais auditivos daqueles homens da estranha comitiva.

    Houve, então, uma intensa movimentação. Os alunos desceram correndo a escadaria que se comunica com os segundos andares dos prédios. Pareceu que o recreio fugia deles. Os estudantes sempre foram apressados durante os períodos de intervalos e saídas.

    Estar na sétima série é entrar em um período de muitas transformações. Os hormônios são produzidos em grandes concentrações acelerando as mudanças corporais, assim um dia a menina e o menino brincam de pegar e depois de um tempo eles começarão a desejar ‘ficar’ ou namorar.

    Ícaro encontrou-se sozinho com Regina pela primeira vez criando uma possibilidade para uma aproximação, porém havia a timidez dela que deveria ser trespassada.

    –Por que algumas pessoas falam mal de vocês? –Perguntou Ícaro

    –Eu não sei… nunca me disseram. –Respondeu Regina.

    –Sei o motivo. –Disse Ícaro

    –Então, por que perguntou se você sabe?

    –Para falar a verdade que ninguém quer acreditar. –

    Respondeu Ícaro

    –Que verdade? –Perguntou irritada Regina pensando que era alguma brincadeira do garoto.

    Ícaro hesitou e preferiu mudar de assunto com uma pergunta:

    –Vai fazer alguma coisa hoje, Re, pois nós poderíamos sair juntos?

    –Você sabe onde eu moro? –Perguntou Regina.

    –Eu sei até o que você adora comer durante o almoço. –

    Respondeu Ícaro

    –Sai daqui! –Gritou Regina irritada.

    Ícaro percebeu que a tinha irritado e sentiu a ameaça de perder a nova amizade por não conseguir dialogar da maneira mais conveniente com uma menina de doze ou treze anos de idade. Decerto, ele nunca havia se apaixonado antes e quando aconteceu começou erroneamente.

    Caminhando pelo pátio, três homens que visitavam a escola seguiram Ana Paula até o outro lado, onde havia as quadras de futebol.

    Ela se lembrou daquelas três faces. As mesmas que cruzaram invisíveis a porta de sua sala de aula.

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    –Vi vocês, são fantasmas! – Exclamou assustada Ana Paula.

    –Eu pensei que tinha configurado todos os índices de refração para a coberta de camuflagem, mas eu não esperava alguém usando um instrumento óptico primitivo capaz de nos descobrir. –Respondeu um homem de 2,15m de altura e muito repugnante.

    Ele a agarrou pelo braço para tentar levá-la consigo, mas Ana chutou-o e escapou.

    –Ai, eu não me esquecerei de você! –Bradou o homem.

    Ana disparou assustada em direção do pátio escolar frontal quando ela pressentiu a possibilidade de ser sequestrada. Ela estava amarela, muito pálida, nervosa e desconhecia a quem recorrer.

    No gabinete do Diretor, o próprio discutia com um dos visitantes que reclamou casualmente do estado de trabalho dos professores.

    –Uma menina notou a nossa travessia pela passagem.

    Esse homem quase sem cabelo e corpulento dizia-se ser Afonso Ribeiro Calvin do C.P.E.R.S., espécie de sindicato dos professores com núcleo na cidade de Lajeado.

    –Eu vou paralisar as aulas das escolas do Estado.

    –Como?! – Perguntou perplexo o Diretor.

    –Uma greve em todas as escolas do Estado poderá nos ajudar a concluir o projeto sem chamar muito a atenção da população. –

    Respondeu Afonso.

    Afonso possuía contatos com certos professores estaduais que poderiam convocar uma greve geral por todo o Estado do Rio Grande do Sul. As causas para o protesto seriam: Liberação do décimo terceiro salário aos professores.

    Condições precárias de trabalho;

    Reajuste de vinte e oito por cento do salário; Andamento das obras de reformas e ampliação das escolas; Funcionamento do transporte escolar conforme o prometido.

    –Você precisa encontrar outro modo, porque este não é muito realístico.

    –Os professores não estão reclamando do governo por não pagar parte de seus ordenados e do décimo terceiro.

    O Diretor quis evitar o assunto acerca da greve por conhecer antecipadam-ente a decisão dos professores.

    –Quem é a menina? – Perguntou curioso o Diretor.

    –É só uma menina que estuda na sala usada por nós. –

    Respondeu resumidamente Afonso.

    –Livre-se dela se achar necessário. –Disse em tom sério o Diretor.

    –Darei um jeito nela. –Respondeu Afonso.

    17

    –Como desejar. –Disse o Diretor.

    Capítulo VIII

    O sinal para terminar o recreio tocou e houve uma grande correria até o segundo andar. Será que eles morreriam se andassem?

    Quiçá não quisessem chegar atrasados.

    Logo que os alunos da Turma-52 entraram na sala de aula, um clarão luminoso formou-se e as moléculas de ar deslocaram-se gerando o som de um trovão após a queda do raio. Apavorados, eles gritaram desesperados a fim de que toda a escola ouvisse e alguém viesse socorrê-los, porém os seus brados não alcançaram o outro lado da porta que havia se fechado. A única ação sentida por quem se encontrava em outros locais da escola foi o troar do trovão e os relâmpagos que

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