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Astronautas De Ferro
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E-book289 páginas4 horas

Astronautas De Ferro

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Sobre este e-book

Em um futuro não tão distante…As diversas ações humanas começam a provocar profundas transformações no chamado planeta Terra...O sonho de prosperidade não está mais em solo firme, mas em algum lugar lá fora... A bordo de espaçonaves e máquinas enormes, a humanidade está explorando o espaço vorazmente. Todos querem uma oportunidade de sair do planeta Terra. Todos querem sua fatia do bolo. Todos querem a glória de fazer parte de um esquadrão famoso. Ryan Silv, aspirante a piloto na divisão de exploração da Administração Espacial Internacional , luta diariamente contra um sistema injusto e complexo, na tentativa de realizar os seus sonhos. Com o apoio de seu pai, Jon Silv, e de seus amigos, Alexia e Shane, ele descobrirá que nada é tão simples quanto parece. Acompanhe os primeiros passos de Ryan para se tornar um astronauta de ferro , nesta história repleta de intriga, conspiração, tecnologia, mistério, máquinas gigantes e todo um universo de incertezas. A humanidade confirmou a existência de vida fora da Terra? O primeiro contato já aconteceu?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de set. de 2021
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    Astronautas De Ferro - Pitter Rebelo

    Pitter Rebelo

    ASTRONAUTAS

    DE

    FERRO

    bem-vindo ao vazio


    É proibido qualquer tipo de cópia ou uso do material contido neste exemplar sem o consentimento do autor. Este livro é fruto da imaginação do autor e nenhum dos personagens e acontecimentos citados nele tem qualquer equivalente na vida real. Publicação originalmente em língua portuguesa.

    Copyright © 2019 Pitter Rebelo

    Todos os direitos reservados.


    Ao Cosmos,

    Por nos presentear com sua vastidão,

    Tão misteriosa e bela.


    ÍNDICE


    Em um futuro não tão distante…

    As diversas ações humanas começam a provocar um profundo impacto no chamado planeta Terra...

    O sonho de prosperidade não está mais em solo firme, mas em algum lugar lá fora...


    Capítulo Zero/Confidencial.

            A escuridão do espaço abraça tudo, enquanto incontáveis planetas brotam como sementes, lutando para alcançar alguma forma de luz. As estrelas por sua vez batalham contra a escuridão, os gases, a poeira e o vazio para poder alcançá-los, promovendo um magnífico encontro predestinado a acontecer a qualquer custo. Nebulosas, a anos-luz de distância, ostentando cores estonteantes nem sequer imagináveis, formam o plano de fundo perfeito…

            Duas máquinas de formato humanoide, medindo aproximadamente cinco metros de altura, atravessam a escuridão o mais rápido que podem. Dentro de cada uma dessas máquinas há um mamífero, mais precisamente um humano. Ambos longe, mas muito longe de casa, de onde de fato, pertencem. Os dois simplesmente possuíam o mais puro desespero estampado em seus rostos. Um deles leva o dedo até um botão próximo ao seu braço direito, o pressiona e inicia uma conversa pelo canal de comunicação padrão:

            – Não consigo acreditar capitão! Estão todos mortos? Eles simplesmente desapareceram!

            – Não pense nisso agora piloto. Precisamos seguir o protocolo. A nave de apoio deve estar a alguns minutos daqui. Mantenha a maior velocidade possível! – Disse o capitão fazendo um esforço para se manter calmo.

            – Eu tô tentando merda, mas eu tô tremendo! – Era possível sentir o medo em seu tom de voz.

            – Você precisa se controlar, você foi treinado para isso! Controle-se, é uma ordem do seu capitão!

            – Não dá…ninguém tá preparado para aquilo…como posso me controlar se meus sensores e radares continuam loucos!? Tem algo vindo em nossa direção tenho certeza! Vamos morrer!

            – Apenas continue se movendo e tente manter a boca fechada! – O capitão desligou, finalizando a conversa. Concluiu internamente que se continuasse o diálogo, só pioraria as coisas.

            As máquinas estavam se aproximando de um cinturão de asteroides. Logo, os dois pilotos se viram forçados a reduzir drasticamente a velocidade. Com certa destreza, eles se lançaram em meio a aglomeração e foram desviando das rochas flutuantes, uma a uma. O capitão foi surpreendido pela colisão de duas delas, enormes, cerca de 100 metros à sua frente, que lançaram detritos em todas as direções. Alguns deles atingiram em cheio a estrutura metálica de sua unidade, mas causaram pouco dano. O piloto sentiu-se com sorte e continuou avançando o mais rápido que podia. Seu subordinado se esforçava para segui-lo como uma sombra. Repentinamente, os sensores e radares de ambos voltaram a funcionar normalmente, pois deixaram de emitir um brilho vermelho para emitir um brilho verde, sinalizando que não havia mais nenhuma atividade incomum.

            – Seus sensores voltaram a normal também? – O capitão retomou a conversa ao observar a mudança.

            – Sim capitão… – Seu subordinado respondeu no canal de comunicação padrão.

            – Viu? Eu disse que apenas precisávamos seguir o protocolo. Vamos sair ilesos dessa. – O homem usava de sua experiência para tentar manter o outro mais calmo.

             Os dois continuaram avançando o mais rápido que podiam, ambos respiravam fundo para tentar se acalmar. A intensidade das respirações de ambos fazia o vidro dos visores de seus capacetes embaçar levemente. Subitamente um brilho azul-claro fluorescente começou a surgir, vindo do nada, dentro da cabine do piloto de menor patente, que ao percebê-lo, entrou ainda mais em pânico. Ele apertou instintivamente o botão do comunicador novamente:

            – Capitão! Tem alguma coisa aqui dentro comigo!

            – Tem certeza? Saia já daí! – Respondeu rapidamente o capitão, surpreso.

            – Socorro!! – O subordinado apertou o botão de ejetar desesperadamente dezenas de vezes, sem que nada acontecesse. Disse em voz alta, suando bastante: – Computador! Ejetar agora! –

            – Erro. Erro. Sistema inoperante. – Uma voz robótica respondeu dentro da cabine de pilotagem, enquanto o homem se debatia.

            As luzes gradualmente foram ficando mais fortes e figuras geométricas extremamente complexas começaram a surgir em sua frente. Elas se pareciam com inúmeros cubos de Metatron. Numa fração de segundo tais figuras emitiram um clarão de luz absurdamente forte que praticamente o deixou cego:

            – AAAHHH! Eu não quero morrer capitão! Me ajuda!

            Do lado de fora, uma figura geométrica tridimensional enorme envolvia toda a máquina, de aproximadamente 5 metros e meio de altura. O mesmo brilho azul-claro contrastava com a escuridão espacial. Seu capitão assistia a tudo em seus monitores e se perguntava o que poderia fazer diante de tal fenômeno. Preciso seguir o protocolo Pensou. Se vamos todos morrer, preciso pelo menos seguir o maldito protocolo. A enorme máquina de seu subordinado desapareceu bem na sua frente, num piscar de olhos em meio a um clarão luminescente. Ele deu um comando, e em seguida, uma peça metálica retangular se soltou do tórax de sua unidade. Com um segundo comando, sua máquina segurou tal peça com a mão direita. Ele respirou, se concentrou e forçou as alavancas para frente, acelerando com tudo. Olhou para os indicadores em seu monitor principal, finalmente constatando que atingiu a velocidade máxima possível, enquanto usava de toda a sua habilidade para desviar dos asteroides. Era tudo ou nada. Abruptamente, ele sentiu o impacto de algo tocando a sua máquina, e começou a ouvir o barulho de metal sendo retorcido:

            – Vocês não vão me deixar ir embora, não é? Seus filhos da puta!

            Sentindo que perdia velocidade, o homem apertou alguns botões e manuseou as alavancas com as mãos, fazendo com que sua máquina arremessasse a peça retangular na direção em que já estava indo. A máquina conseguiu movimentar seu enorme braço metálico, executando a ação por completo. O piloto conseguiu acompanhar o pedaço retangular de metal desaparecer na escuridão implacável do espaço, por causa de uma luz de LED instalada nele, que piscava a cada dois segundos. Por favor, encontrem essa merda...pagamos um preço alto demais por isso. Pensou. O barulho do metal sendo retorcido ficou ensurdecedor.

            O mesmo brilho azul-claro e as complexas formas geométricas surgiram dentro da sua apertada cabine de comando. Instintivamente elevou os braços na altura dos olhos enquanto um flash de luz tomava conta de tudo sem piedade. Uma sensação única invadiu todo o seu corpo. Uma espécie de descarga elétrica que se manifestou em cada uma de suas células. Jamais tinha sentido qualquer estímulo parecido com aquele. Somente uma coisa chegava a se aproximar vagamente. E era algo muito extraordinário. Somente algumas pessoas passavam pela experiência na vida. A oportunidade de viajar pelas pontes interestelares. Tentou ejetar mas não obteve nenhuma resposta.

            Uma vez que o poderoso flash de luz se dissipou, o homem conseguiu voltar a abrir os olhos. Infelizmente para constatar o que ele estava temendo desde que sentiu a tal sensação percorrer cada milímetro de seu organismo. Seus monitores foram religando lentamente, para mostrá-lo somente uma coisa: água.  Estava completamente submerso em algum lugar. Mas não podia ver nem um palmo à sua frente. Começou a tremer e a suar feito um porco. Fez um esforço sobre-humano para não entrar em pânico. Abruptamente começou a ouvir um som alto, violento, transmitido do exterior de sua unidade. Era um só contínuo e repetitivo. Checou as câmeras traseiras, e viu algum tipo de broca giratória com um design altamente estranho começar a rasgar o metal de sua máquina facilmente. Ligas metálicas de última geração que possuíam até mesmo titânio entre seus componentes.

            Rapidamente as brocas penetraram em sua cabine, permitindo que a água entrasse com uma alta pressão.

            – S.O.S grau cinco! S.O.S grau cinco! Alguém na escuta!!?? Repito, alguém na escuta!?  – Enviou a mensagem gritando em todos os canais, mas não obteve nenhuma resposta. O som do líquido entrando em alta pressão era ensurdecedor. Suas pernas já se encontravam submersas.

            –Estou debaixo d'água, não sei onde!! Meu sistema de navegação pifou! Socorro! – Continuou. Alguns segundos mais tarde, toda a sua cabine já estava completamente inundada. Seu traje o manteve seco, já que era projetado para o espaço, mas não estava conectado a nenhum tanque de oxigênio. Desesperado, soltou o cinto em formato de X que o prendia na cadeira e foi ao encontro do cilindro de O2 que por padrão ficava preso atrás da mesma, com a mão direita. Precisou se levantar um pouco para alcançá-lo.

            Arrancou com pavor o lacre e prendeu o compacto cilindro na entrada de seu capacete, próximo ao queixo. Onde eu estou!? Que merda está acontecendo!? Fui teletransportado? Isso é possível? Sua mente bombardeava perguntas. Subitamente uma nova sensação tomou conta do seu corpo. Essa, até mesmo uma criança recém nascida reconheceria facilmente. A maldita temperatura da água estava caindo. Começou a fazer frio, muito frio. Instintivamente o piloto se fechou em seus próprios braços. Não faria diferença, no fundo ele sabia. Conseguiu ver os cristais de gelo se formando a poucos centímetros de seu rosto no vidro do visor de seu capacete. Era o fim.

             Lembrou-se saudosamente de sua tripulação e simplesmente se entregou, relaxando as partes que ainda sentia do seu corpo.

            – Foi uma honra servir ao lado de vocês, astronautas de ferro…fizemos o que estava ao nosso alcance… – Sussurrou para si mesmo, congelando, uma última vez. Tentou dar um último grito de dor devido às queimaduras que a baixa temperatura provocava, mas não conseguiu. Seus pulmões já estavam congelados. Se transformou numa escultura de gelo com a expressão facial tomada pelo mais puro horror, junto com os dois braços estendidos para frente.

            Assim como a primeira máquina, a segunda também desapareceu da mesma forma, sem deixar qualquer tipo de vestígio. Porém a manobra do capitão não desapareceria tão facilmente, pelo contrário, seria lembrada por muitos anos, pois lançar o disco de armazenamento de sua unidade contendo preciosos exabytes de dados no espaço foi simplesmente um movimento genial. Desde que a humanidade criou as chamadas pontes interestelares, e as máquinas popularmente conhecidas como destruidores de mundos, tal episódio acabou sendo um dos dez mais bem-sucedidos casos de aquisição de informação sobre atividade extraterritorial.

            E assim seguem os seres da terra, se perguntando se um dia terão a capacidade de entender o que a magnífica escuridão do espaço abriga…


    1. Imensidão.

    Em um futuro não tão distante

            Sentado na grama, perdido em seus pensamentos e na imensidão escura que preenche o espaço entre as estrelas, um jovem de 25 anos admira serenamente o céu de uma noite calma, em um pequeno e simples parque próximo a sua residência, sozinho. Simplesmente parou para sentir o vento encontrando sua pele, parou para sentir o oxigênio preenchendo seus pulmões, parou para perceber tudo que não damos valor neste planeta, e se assustou com a quantidade de coisas que encontrou…

            Subitamente uma das estrelas cintilantes começou a se movimentar rapidamente e mergulhou se aproximando do solo, o que foi o suficiente para o rapaz perceber que se tratava de uma espaçonave 097-b33 de voos curtos espaciais. Em breve ele também teria a chance de estar lá em cima e por conta disso as expectativas já começavam a tomar conta de sua mente, formando uma espiral de preocupação e medo do fracasso. Após inspirar e expirar lentamente, se levantou, deu pequenas batidas para retirar a poeira de sua calça de malha sintética e começou a caminhar em direção a sua casa. O céu estava se fechando e a previsão era de chuva.

            Amanhã é o grande o dia, pensou. Não vou ficar tentando prever o futuro, isso é besteira… Como estava muito distraído, não viu uma tubulação de aço que atravessava o humilde parque. Se desequilibrou e para não vir de vez ao chão, teve que fazer um rápido movimento de compensação. Aquilo foi o estopim para que ele percebesse que não estava bem, pois conhecia como a palma de sua mão o tal parque, que não possuía mais do que uma dúzia de bancos com propagandas luminosas ultra coloridas bem velhas, ainda na antiga resolução 16K, um punhado de árvores e o gramado onde estava sentado, que contracenava com fios e tubos de metal aparentemente de provedores de energia, instalados aleatoriamente. Desde pequeno sempre gostou de dar um tempo por ali, afinal o verde encontrado no local é bastante raro nos dias atuais. Encontrar verde sempre foi e sempre seria raro.

            E lá estavam as velhas ruas onde cresceu, carregando fantasmagóricas imagens em sua mente. Lembrou-se de uns poucos flashes de quando Jon Silv, foi buscá-lo no orfanato. Ao redor, pessoas indo e vindo conectadas aos seus computadores portáteis (C3P), falando sabe-se lá com quem, sobre sabe-se lá o que. De uma forma ou de outra, se sentia conectado a elas, por mais que nem sequer notassem sua existência…já que a atenção delas estava em qualquer lugar menos ali naquele momento. Se sentia conectado a elas, pois pelos menos estavam fora de casa, caminhando ali no mundo real. Poderiam estar em alguma conferência online usando seus avatares em suas redes sociais favoritas dentro de casa, mas não, estavam ali indo e vindo em direção ao parque.

            Continuou caminhando, olhou em volta e viu todos aqueles cabos, todos aqueles outdoors animados, todo aquele barulho, os implantes de modificação corporal, o cheiro de mijo, as baratas, os viciados deitados no chão em meio a escuridão de um beco, e subitamente, em meio a sua caminhada, fixou o olhar com o de uma garota linda que passou. Fios do cabelo tingido de azul dela voaram pelo ar. Sorriu, pensando: Será que eu vou sentir muita falta disso tudo quando estiver lá fora?

            O som de um trovão tomou conta de tudo. Já? Que merda! Pensou. Uma chuva bem fina começou a cair suavemente. A fumaça, espalhada ao longo da grande Cidade Laranja, ficou ainda mais nítida. O jovem, assim como todo mundo, correu e se escondeu. Foi parar na cobertura de um ponto de eletro ônibus. Um homem, com as roupas completamente rasgadas, provavelmente um viciado, sabe-se lá em qual das muitas novas drogas sintéticas dos últimos anos, correu até o meio da rua e começou a gritar o mais alto que podia, enquanto comemorava:

            – Não é chuva ácida! Não é ruim, é chuva boa! Obrigado Deus, é chuva boa!!

            As pessoas que passavam pela rua não deram mais do que um segundo de atenção para o homem e voltaram para seus mundos particulares. Os carros foram desviando do homem que comemorava. Uma mulher dizia para todos que passavam próximos a ela: "Você já recebeu a benção do Sol Divino  hoje? Enquanto também entregava um panfleto. Um panfleto...sério?" Pensou Ryan, enquanto se recusou a pegar o pedaço de papel.

            Seguiu sua viagem, e foi desenhando seu trajeto entre as casas e apartamentos amontoados. Uma mulher que fumava serenamente encostada em sua varanda, com uma toalha na cabeça, acompanhou o rapaz com os olhos. O aspirante a piloto acenou rapidamente com a mão. Ela fez o mesmo gesto. Após alguns minutos de caminhada, Ryan Silv chegou na frente de sua casa, subiu alguns lances de escada, abriu a porta suavemente e berrou:

            – Cheguei em casa, velhote! Foi mal pelo atraso! Ainda tem alguma coisa pra comer?

            Seu pai respondeu num tom brincalhão enquanto limpava e examinava uma peça de metal, sentado no sofá:

            – Se vira! Você já está crescido o suficiente pra correr atrás da sua própria comida. – Jon Silv disse num tom de voz bem leve. Era um homem calmo, de 55 anos, que ostentava uma barba branca volumosa, que somente aparentava ser sério. Ele ganhava a vida consertando defeitos de um tipo específico de veículo: motos com sistema de aceleração com supercondutores. Sua oficina fica na parte de baixo do seu imóvel, ele e seu filho adotivo Ryan, moram na parte de cima, sem muito luxo, assim como a maioria esmagadora das pessoas.

            O jovem começou a vasculhar a geladeira e aos poucos foi montando um prato com vários ingredientes em forma de pasta, como arroz, feijão e frango. Acho que 2 pulsos no micro-ondas devem bastar Pensou. Enquanto preparava o seu prato, se virou e disse para o seu pai:

            – Amanhã vou acordar bem cedo, não quero correr o risco de me atrasar.

            – Tá certo… Aliás, o trânsito pela manhã tá uma merda e ninguém quer se atrasar pro seu primeiro dia de treinamento prático. – Respondeu Jon.

            – Por isso mesmo. Se bem que…tenho certeza de que não vou conseguir dormir. – desabafou Ryan.

            – Você como sempre muito ansioso…mas gosto de ver pelo lado positivo, você tem evoluído bastante nos últimos anos. Lembre-se de continuar se cuidando para que isso não te atrapalhe quando você estiver pilotando para valer ou você pode entrar em umas enrascadas. – Jon disse, com uma cara de preocupação.

            – O pior é que eu concordo totalmente. Eu estava lá na praça meditando inclusive, o que me deixou bem mais tranquilo, mas ainda não a ponto de conseguir dormir bem, eu acho. – respondeu Ryan.

            Com o prato de comida em mãos, o rapaz se sentou no sofá ao lado de seu pai. Continuaram a conversar sobre como tinha sido a correria do dia a dia. O rapaz trabalhava até alguns dias atrás como garçom em um dos restaurantes mais caros no centro da cidade durante o dia, apesar de ter se formado a menos de um ano em Ciência de Software. Como não conseguiu emprego na área acabou ficando com a vaga no restaurante. Não tinha saída. A noite se dedicava aos estudos, até então, somente teóricos, para se tornar um piloto em uma das escolas preparatórias da Administração Internacional de Controle, Pesquisa e Exploração Espacial (comumente abreviada para AEI, Administração Espacial Internacional).

            Ainda se lembra todo orgulhoso de quando decidiu fazer a difícil prova de admissão há mais de três anos, e já que nunca estudou nas melhores escolas quando mais novo, contrariou todas as estatísticas quando foi aprovado. A maioria dos pilotos atualmente possui uma condição econômica muito boa, e em sua ampla maioria eles vêm da classe média ou alta, de países ricos.

            Na televisão seu pai selecionou o modo de exibição aleatório para comédia, e um programa onde robôs que realizam trabalho manual sofrem acidentes ou acabam tendo algum tipo de queda ou apresentam algum tipo de defeito de funcionamento bizarro começou a ser exibido. Junto com uma música leve e engraçada tal compilação de robôs sendo destruídos, fez os dois caírem na gargalhada.

            Após alguns minutos oscilando entre comer e conversar de boca cheia, o rapaz bocejou, se despediu de seu pai com um rápido fui e seguiu para o seu quarto. A parte de cima do imóvel era realmente pequena, com apenas dois quartos, sala, cozinha, banheiro e uma pequena varanda na frente. Graças a Ryan, e não ao velho bem-humorado, o espaço era bastante organizado. No parapeito da varanda estava fixada a placa: Oficina Mecânica do Jon com alguns LEDs falhando.

            O jovem entrou em seu quarto, tirou a camisa sem muita pressa e se jogou na cama como uma pedra. Adormeceu rapidamente observando as sombras que a cidade projetava no teto, ao contrário do que imaginava mais cedo (que não conseguiria dormir). Na parede, havia um pôster enorme de Júpiter. Ao lado, um pequeno quadro, onde estavam coladas fotos de alguns pilotos, seus respectivos emblemas de identificação, ao lado de seus destruidores de mundos ou simplesmente destroyers, como são popularmente conhecidos ao redor do mundo. Já para os que utilizam o linguajar técnico, são Unidades Eletromecânicas Tripuladas de Exploração Espacial Adaptáveis.

            A maioria das figuras presentes nas fotos pertencia ao Esquadrão de exploração D-1651/59-XX. Os Imortais. Seus emblemas de identificação ostentam a imagem de deuses gregos. Há anos Ryan vinha nutrindo o sonho de fazer parte da tripulação do capitão Alexander Asimovv e seu destroyer Zeus. Inclusive, nos últimos dois anos, eles andam sendo conhecidos como o melhor esquadrão de exploração da terra. Foram os primeiros a pôr os pés em inúmeros planetas, o que fez com que sua fama só aumentasse. A zona condenada é sempre assustadora, porém eles também estão realizando missões por lá constantemente. Na briga pela fama de melhor esquadrão, também estão os Dragões, com seus clássicos uniformes brancos.

            Outro esquadrão representado no quadro e que o recruta admira, de certa forma, é o D-1712/19-XX, curiosamente conhecido ao redor do mundo como Hunters. Há alguns anos, Ryan assistiu uma das raras declarações oficiais que o Capitão dos Caçadores deu para uma coletiva de imprensa, e por algum motivo que não conseguia explicar muito bem, as palavras daquele homem destruíram qualquer dúvida que ele tinha sobre o que queria fazer de sua vida. O jovem sempre se considerou talentoso o bastante para ser membro de um dos mais respeitados esquadrões da AEI, apesar de ser bem ansioso. No chão do quarto era possível observar uma mala e uma mochila, devidamente preparadas, já há alguns dias.

            Ao longo da noite, abruptamente, Ryan acordou suando. Sonhou que sofreu um acidente ao pilotar. No sonho, ele bateu com sua máquina em um muro, encontrando e rasgando o chão em alta velocidade, até parar. Depois, se debateu mais um pouco dentro da cabine e finalmente, morreu. Em seguida, um relâmpago o atingiu, fazendo-o acordar em meio a escuridão total, enquanto uma águia marrom o encarava. A

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