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Timbres Do Universo
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E-book199 páginas2 horas

Timbres Do Universo

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Sobre este e-book

No princípio era o VERBO e este VERBO, portando gostava de “Ser e Estar” em um seu eterno permanecer. ELE nunca se sentia só; ELE era único e o sendo, ELE se sentia o Ser e o Estar, isento de se questionar sobre a Criação; sobre a Criatura e o Criador DELE. O tempo e o espaço eram imensuráveis, porque a razão de tudo isso se devia à eternidade. O VERBO criava palavras e fixava-as ao grande mural, construindo o seu discurso e vivendo-se dele enigmaticamente, até o dia em que uma frase ou sentença implica uma ordem capaz de fazer criar anjos. E surgem os anjos e entre eles Lúcifer, “o portador de luz”, sendo o primeiro anjo a ser denominado por um nome no reino do VERBO. E Lúcifer cognomina ao VERBO de JAVÉ e, mesmo sabendo ser ELE o Criador de todas as criações e criaturas, toma-se o sentimento de ódio e tenta uma rebelião contra Javé e todos os anjos do céu. .. A trama, em 16 capítulos, traz uma abordagem mitológica sobre a sublevação de Lúcifer e o seu julgamento perante o tribunal de Javé e dos anjos, ganhando, pois, como castigo um lugar hostil na terra a ponto de até hoje viver uma eterna sublevação entre Javé e a humanidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de nov. de 2015
Timbres Do Universo

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    Timbres Do Universo - Francisco Rodrigues Júnior

    PRÓLOGO

    O mundo, sinônimo a que damos ao planeta Terra ou a quaisquer outros corpos celestes assemelhados a ele não existia. Assim como também não existia a humanidade a que fazemos parte. Tudo não existia, pois o tudo a que temos hoje estava reduzido ao nada. O mundo era apenas um vazio e sem forma, tudo oco, vácuo, despejado e escuro; um buraco ou uma depressão sem fim.

    Se se escalando a cavidade sem fim, às alturas, o que até hoje é impossível, encontrar-se-ia um lugar incomensurável a toda ciência, por mais moderna que ela fosse. Era um lugar infinito, incapaz de ser prudentemente medido ou calculado, a ponto de se achar não haver forma. Sua cor era baseada numa massa de ar opaca e o único a existir neste lugar era o Verbo, qual poder estava contido na expressão do pensamento, por meio de palavras escritas como forma de ação em fazer algo agradável a Si mesmo, consoante ao presente de sua existência.

    O pretérito e o futuro não existiam ao Verbo. Ele, portanto, sendo o princípio e o fim ficava continuamente a extrair do pensamento inúmeras palavras, atribuindo a cada uma delas o seu verbete, disponibilizando-as de forma organizada em grandes ou curtas sentenças. Cada sentença criada por Ele, após ser cuidadosamente revisada ao nível de coerência das demais sentenças, se aprovada, vinha a compor o grande mural Dele. Esse mural parecia um grande caderno sem linhas e sem folhas, presas ao vento manso e tranquilo. A cada sentença criada fazia o Verbo voltar a todas as sentenças anteriores, até a primeira. Não se media o tempo, este era acrônico e havia no mural Dele, exposto ao vento, trilhões de sentenças prontas.

    O Verbo criava o discurso Dele de forma cuidadosa e em cada palavra contida em seu discurso ficava a marca da existência Dele naquele lugar imensurável. Existir significava ser e ser significava estar e estar implicava permanecer, conservar. Bastavam estas palavras para que Ele se sentisse virtuosamente edificado à ação de construí-las, tornando-as eternas. As sentenças eram, para Ele, espécies de orações detidamente pensadas, capazes de sustentá-lo em toda a existência Dele, fazendo-o deveras forte. Ele nunca se sentia só; Ele era único e o sendo, Ele se sentia o Ser e o Estar, isento de se questionar sobre a Criação; sobre a Criatura e o Criador Dele. Ele, todavia, não sabia que era um ente infinito, existente por Si mesmo, cuja causa necessária seria a de criar tudo o que podia existir no universo, inclusive a humanidade.

    Entre trilhões de sentenças consolidadas pelo Verbo, resumia-se no discurso uma Dele, uma sentença simples e confortável capaz de alimentá-lo perenemente: Sou o que Sou!  Ele gostava de Ser e Estar e, para Ele, isso era devidamente bom!

    Aconteceu certa vez, que, o Verbo, ao criar uma nova sentença, constatou sê-la diferente de todas as que Ele havia criadas. A sentença tratava-se de uma máxima de um julgamento de grande alcance, a qual se encontrava no presente do subjuntivo do modo imperativo a expressar uma ordem, um pedido, uma orientação ou conselho. A sentença dizia a Ele: Faça que existam anjos! Ele, antes de criar esta sentença imperativa, havia, obviamente, trabalhado no campo da lexicografia apontando a cada uma das palavras o seu significado. Para a palavra fazer, seria criar, executar, construir, conceder, fabricar; para a palavra existir, indicaria a extensão do fazer, no sentido de tornar alguma coisa em realidade e daí implicaria palavras sinônimas, estar e permanecer, ambas ligadas ao ser, o mais íntimo e essencial de tudo o que viesse a existir, inerente a Ele, em seu perpétuo talento de conceber coisas novas. A palavra anjos implicava a Ele fazer existir um ser ou coisa resultante de sua criação, capaz de ser, de existir e estar ali com Ele, em perfeita harmonia, porquanto perdurasse.

    Se a sentença dizia ou ordenava Faça que existam anjos! Ele, embora pensasse que apenas sabia pensar palavras, construí-las, adaptá-las e estendê-las aos seus respectivos significados, disponibilizando-as em sentenças interminavelmente revisadas, para torná-las imutáveis em seu discurso; essa sentença imperativa, sob a  perspectiva Dele, seria reprovada. Ele pensou em apagá-la, mas ficou observando-a e lendo-a milhões de vezes. A entonação exigida pela frase, na pronúncia, trazia a Ele uma sensação diferente, implicando-o, pela primeira vez, dar a existência a alguma coisa. Pensava: Que faça existirem os anjos!

    O Verbo que nunca se sentia exaurido, pela primeira vez, após ler incansavelmente a sentença e se refletir a respeito da decisão imperativa exprimida nela, viu-se necessário experimentar-se de algo novo a que Ele sentia e não se deduzia o que era.

    Se existir, implicava a existência de uma realidade, Ele estava ali, em algum lugar, num assento indeterminado que, mesmo sendo o nada, se resumia em tudo. Ele, portanto, querendo descobrir o que sentia, e, não dando conta de perceber o quê, atentou-se, extraordinariamente, a estudar os fenômenos próprios daquele assento indeterminado. Em seu portento eficiente, Ele prestou atenção em um dos magníficos fenômenos, sendo este algo tão importante, que Ele se entregou levemente a ele. Este fenômeno fazia-o vagar ineptamente suspenso e Ele o chamou de aragem, simplificando-o em seguida de ar. A aragem, após ser reconhecida e batizada por Ele, fez-se forte e o levou suspenso pelo infinito, adquirindo-se também o sinônimo de vento. O Verbo achou tudo aquilo muito bom e quando deixou de ser levado pelo vento, colocou-se diante da sentença e a leu pela primeira vez em voz alta e firme: Faça que os anjos existam! Ao proferir esta sentença, a voz do Verbo ressoou por todo o infinito e tudo tremeu de repente, como a uma força física capaz de alterar todos os movimentos de um só lugar. A cor daquele assento indeterminado, baseada numa massa de ar opaca, passou a ser de extensa brancura e o Verbo, embora fosse único, estaria a partir daquele instante eternamente em companhia de centenas de anjos. Os anjos tinham espectros ectoplasmáticos parecendo, ao se moverem, com pequenas chamas de fogo a dar realce àquele lugar. Os milhares de anjos vagavam de um canto ao outro em favor do amistoso e generoso vento que os fazia manter os seus lumes radiantes e encantadores. O Verbo achou tudo aquilo muito bom e, imediatamente, reuniu-se aos anjos, os quais, dali por diante tornaria a legião Dele. Os milhares de anjos formavam um exército, o qual seria o da paz, da harmonia e da eterna justiça. Ele, ao reunir-se com os anjos e fazer a eles o seu primeiro discurso, percebeu que a partir daquele momento não mais faria restritamente o uso da palavra escrita, mas também da oralidade. Os procedimentos linguísticos Dele, diante do resultado daquela criação de anjos, seriam predominantemente verbais.

    O Verbo percebeu em seu âmago que todo o seu pensamento poderia tornar-se uma existência através de coisas capazes de se moverem ou não; bastava a Ele fazer o uso da afirmação, agir com asseveração e se obter a comprovação, através da absoluta confiança depositada nessa ideia ou fonte de transmissão. A isso Ele chamou de fé. E como Ele pôde constatar ser a fé algo absoluto, um compromisso de fidelidade à palavra dada, Ele se nutriu um sentimento puramente nobre em relação aos anjos criados a partir da máxima Dele. Isso Ele achou muito bom.

    Os anjos de fogo, embora não tivessem as dádivas do discurso falado, possuíam a sapiência da presteza em ajudar o Verbo na criação de novas palavras e de seus devidos significados, dispondo-as em sentenças, que, cuidadosamente, sob a égide do Verbo, teriam de evitar o uso do modo imperativo afirmativo e fazerem uso apenas do tempo da ação presente ou do infinitivo.

    As sentenças aprovadas e fixadas no grande mural e protegidas pelo vento valiam-se, aos que as liam, por toda a eternidade. Quanto ao modo imperativo, apenas o Verbo fazia uso através da oralidade. Eis aí o primeiro e grande mistério de o Verbo chegar à capacidade de se realizar algo de modo plenamente satisfatório: a ação do direito de deliberar, agir e mandar, a que se estabelece ao poder, embora não fosse ao nível de posse do domínio, da influência ou da força, mas como habilidade de impor a vontade Dele sobre os seus anjos. Isso se prolongou perenemente, até que certa vez o Verbo decidiu solucionar problemas práticos do uso da língua, fazendo com que alguns anjos falassem. Ele, porquanto, adepto ao silêncio, viu que se todos os anjos de fogo falassem ocorreriam vários rumores, isto é, os sons das falas quebrariam a paz e a harmonia daquele abençoado lugar.

    O Verbo entorpeceu os anjos de fogo, fazendo-os adormecerem, retirou-se do meio deles e pairou-se ao vento duradouramente. Quando Ele se sentiu possibilitado a reintegrar-se aos anjos de fogo, tendo a solução sobre o uso prático da língua, para disponibilizá-la naquele lugar; Ele desligou-se do vento e foi estar no meio dos anjos de fogo entorpecidos.

    Enquanto os anjos de fogo dormiam, o Verbo, sob o uso do modo imperativo, fez surgir naquele lugar infinitamente plano um pináculo e, sobre ele, fez a sua morada, edificando-se um trono, onde sentaria e reinaria tudo ali, porquanto durasse. Ele havia observado que a palavra imperativa implicava prepotência e como Ele haveria de zelar pela criação Dele, teria de tomar algumas precauções.

    Se a palavra imperar procedia-se da palavra imperativo, exprimindo uma forma de estado ou de ação, estando no infinitivo, ela significaria exercer domínio sobre as coisas criadas por Ele. Certamente, Ele haveria de reinar sobre todas as coisas. Ele concluía: Imperar seria reinar e reinar seria ter autoridade! Daí, Ele percebeu que deveria ter no campo de sua lexicografia uma palavra única capaz de se atribuir a um significado forte. E pensando nessa possibilidade, Ele fez surgir à palavra poder o sinônimo de direito, razão ou motivo para dominar, controlar e suportar tudo o que poderia acontecer ali, dali por adiante. A palavra poder nutriu-o de forças e o fez sentir armado de ideias boas. Isso, Ele achou muito bom!

    Após o Verbo ter se organizado e armado com a sua nova palavra poder, Ele ergueu-se ao vento e, num voo planador, subiu bem alto e observou e estudou absolutamente tudo sobre o que Ele precisava fazer a partir do momento em que Ele reinasse todo aquele infinito lugar, a partir do pináculo Dele. Isso foi duradouro. Quando Ele deixou-se de planar ao vento, Ele pousou sobre o pináculo e fez surgir ao centro dele um enorme trono dourado. Ele aproximou-se do trono dourado e ficou a observá-lo atentamente. Parecia que Ele não utilizaria aquele objeto para assentar-se, mas, quando, sem explicação alguma, o vento se fez forte, moldando uma série de coisas inexplicáveis, através de névoas finas, fazendo movimentá-las com harmonia e beleza - num balé em posições precisas -, ele prendeu a atenção do Verbo e o fez assentar-se ao trono para pacientar-se ao belíssimo espetáculo.

    A apresentação do vento foi duradoura e quando cessou, ele uivou brandamente a seguinte melodia: Santo, Santo, Santo é o Senhor, Verbo deste lugar, proclamamos a Tua glória para agora e sempre, bendito será, tudo o que haverá de criar!

    Quando o vento silenciou, voltando-se novamente ao seu peremptório anterior, o Verbo, sentado no trono dourado, pensou na palavra santo e, atribuindo o significado dessa palavra à bondade, virtuosidade, talento e aptidão de Ser sempre o que É. Ele respirou o ar, deixou-o invadir as suas entranhas e sentiu brotar de dentro Dele, a palavra vida, como condição de sua existência, de sua vitalidade. Ele, então, abençoou o vento, chamando-o de Espírito. Ele remetia a palavra espírito ao sopro e assim, disse Ele: Se vós dizeis que sou Santo, ó ar de imensa graça! Vós não sereis apenas uma aragem ou vento, mas o Espírito Santo. Através de vós darei aos meus engenhos o dom de movê-los.

    O Verbo encorparia o vento em toda a engenharia Dele e como a um ato inaugural dessa promessa, Ele, ao olhar para baixo do pináculo e ver os anjos de fogo, ainda adormecidos, pensou em incorporar-se neles algo em prol de homenagear o vento. Ele, portanto, fez os anjos a sua imagem, mas, quanto à semelhança, diferenciou-os ao dar-lhes pares de asas brancas, encoberta de plumas leves e cristalinas. Aos anjos de fogo, o Verbo daria a sabedoria de como eles se manejariam ao vento.

    Os anjos de fogo, embora ainda adormecidos, ao ganharem a nova forma corpórea tornaram-se ainda mais interessantes. O Verbo passou a chamá-los de anjos de asas e, porém, antes de despertá-los e colocá-los sobre a prova do vento para testarem as suas asas, Ele decidiu, pacientemente, construir abaixo do pináculo um lugar maravilhoso, onde pudesse acomodar tranquilamente a sua imaculada população.

    Como todo o espaço era infindo, o Verbo, engenhosamente, abriu os braços, mapeou todo o espaço ao arredor do seu pináculo, e, amavelmente, querendo ter todos os anjos de asas próximos a Ele, fez surgir uma grande cidade, fechando-a com uma cúpula dourada. A cúpula dourada recebia uma luz refletida através do trono, ao centro do pináculo, espalhando-se por toda parte. O Verbo gostou de ter criado a cidade e ao ver o seu trono irradiar imensa luz, Ele sentou-se nele e ficou a analisar, na atemporalidade, o que faria dali por diante, quando despertassem os anjos de asas. Uma coisa estava definida, Ele não mais estaria ali sozinho e, talvez, devido a esse fato, dentro do seu processo criador, surgiam cadeias de palavras com seus respectivos significados: fazer; imperar; poder; mandar; ordenar e reinar. A palavra da ação reinar deu a ideia ao Verbo de reino, lugar de bem-aventurança, onde permaneceria Ele e a comunidade de anjos. Ele achou tudo isso muito bom.

    O Verbo, sentado ao trono, olhou para os anjos de asas entorpecidos e os assoprou calmamente. O Espírito Santo do Verbo, que penetraria em todas as coisas para torná-las animadas com a sua aragem, fez os anjos de asas levantarem-se simultaneamente.

    Os anjos de asas, ao se levantarem, voaram-se unissonantemente

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