Se a gente não parar de com versar, o mundo não acaba: SIM, tese desmanual da palavra #1
De Vanessa Basda e Gal Oppido
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Sobre este e-book
provoca, evoca e convoca. Um corpo que ousa a nudez como uma totalidade. A autora entrega o seu corpo, que são tantos em um só. Dentro deste livro, publicação que inaugura uma investigação literária de anos, Vanessa nos presenteia com incorpóreas partes de partidas palavras que confundem a certeza; um chamado que altera os estados na rotina ordinária; um canto de um "peixe abissal". Ela nos proporciona o seu "Desmanual da palavra", pois é disso que precisamos nesse mundo tão estranho; e seu mistério mais profundo: "se a gente não parar de conversar, o mundo não acaba..."
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Se a gente não parar de com versar, o mundo não acaba - Vanessa Basda
palavra:
frágil fortaleza.
chama ex pressão
e se a gente não parar
de com versar, o mundo não
acaba…
Prelúdio da linguagem
dos sentidos, o silêncio em
movimento chama voz...
Sempre suspeitei de quem afirma: Eu não sei dizer não
, a síndrome da alma em conserva não conversa e não conserva nada, é alma acuada, em matemágica
menos com menos é mais, dois nãos em uma frase é uma afirmação, mas o duplo não é o atalho mascarado do sim imaculado, pura manipulação de ditado vão
A existência é um sim da natureza, é o sim devido da vida, a designação da alma é um sim, onde reside a afluência da psiquê, onde a alma voa, onde a vida perpetua, o sim é o solo fértil, o duplo não é o fertilizante emulsificado, a afirmação do duplo não
é o descontexto
desconexo de pretexto
Ser ouvido é um ato subestimado, falar é um ato subjugado, os pensamentos subjugam as palavras por se acharem colonizadores da mente e, assim, surgem as palavras confinadas, empalhadas e ornamentais que ao que tudo dizem, dizem nada
As palavras permanecem as mesmas entre modismos e neologismos, vão se desgastando à medida do seu uso, um abuso explícito das razões intrínsecas, as palavras universais não possuem detentores, vernáculos causadores ou causam dores?
A fenda que se abre sobre palavras não pensadas, repetidas, coloca seu vocalizador como alma velada, cria-se um âmbito conivente e cúmplice que fere o concupiscente do anelo de prazeres sensuais
Antes as pessoas eram eunucas por serem castradas, hoje são eunucas ainda pela colonização da linguagem próxima, não própria e estilística, um discurso como simples vento, como simples verbo movimento
Há sim até no não que não se contenta, é o sim do não
Mas sejamos francos, a utilização da palavra serve para calçarmos nossas certezas, razões, versões e opiniões, nossos esconderijos de falhas e emoções, nossa bravata unilateral e individual, sendo que as palavras possuem o mesmo número de significados quanto existem inúmeras palavras
As palavras formam o que as pessoas entendem como seu espírito
e inevitavelmente, esse espírito é uma inércia de contexto e os adictos desse contexto atrelam às palavras e suas montagens físicas psicomotoras como limítrofes, desde o sotaque à estilística e aos trejeitos de ser, em vez do uso ilimitado, amorfo, plural e pluripossível
A linguagem é um ente erótico por excelência, é a manipulação da língua sobre seu leitor ou seu ouvinte, a linguagem possui o Véu de Ísis
, o paraíso artificial e individual do ser eu
Os dominadores das palavras são tidos como manipuladores, amados ou evitados, são a representação morfológica da Medusa, são as pedras que possuem medo de se tornarem pedras, por isso suspeito que a psicanálise chame as palavras não sabidas, não ditas, não pensadas nem faladas como inconsciente, a falta de ciência e conhecimento
O manipulador da oratória possui o seu oratorium
, é construtor da virtuosidade dos signos do mundo, o olhar é uma linguagem traduzida, as palavras são independentes, o mundo é infinito e ao mesmo tempo muito menor do que as pessoas imaginam, segundo o poeta da psiquê, todas as coisas acontecem em