O Nightwrecker
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O Nightwrecker - Victor D'ambrosio
2ªedição
2021
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Capitulo 1
Origens
Nasci em uma vila de Rockyce, ao norte de Kenyada próximo à fronteira com os R.U.A. Não conheci meus pais quando eu era pequeno. Fui criado em um orfanato, mas soube quando mais velho que vim de uma família de nobres do reino. Ao menos meu pai. Um nobre descendente de uma das famílias
tradicionais
de
Bretilhas,
entretanto, minha mãe era uma meia-elfa de Rockyce mesmo. Uma das empregadas da casa, uma das jardineiras.
Certamente não foi uma gravidez bem vista na mansão. Casos do tipo nunca são boa coisa, principalmente nas tradicionais famílias dos Reinos Altos e Kenyada. Então minha mãe foi demitida antes mesmo que 5
sua barriga crescesse. O que a deixou sem condições de me criar, além de não conseguir um emprego em sua condição.
Para piorar ficaram sabendo que ela foi demitida da mansão por ter um caso com um membro da família.
Pouco depois que nasci, fui deixado em frente a porta de um orfanato e acolhido pelas senhoras que cuidam do lugar. Lá, fui bem-criado sob o cuidado de freiras da Igreja de Todos os Reinos. Elas ensinavam a mim e as outras crianças a palavra de Rhocard, e nos explicavam as coisas conforme suas histórias e mitos. Muitas dessas crianças cresciam bem, saudáveis, educadas e seguidores dos dogmas da grande igreja.
Tive muitos amigos enquanto cresci, principalmente um elfo da floresta, Broh, e um gathano, Le’Jhandro. Nós éramos muito 6
próximos. Sempre que havia um problema no orfanato, nós três éramos os culpados.
Quando pequenos pulávamos os muros para explorar o mundo. Uma vez ouvimos que estavam oferecendo uma grande recompensa para quem matasse um troll que estava atacando pessoas ao redor da vila. Não tínhamos dinheiro para pagar por coisas além do que o orfanato nos oferecia.
Então, decidimos usar o que sabíamos fazer de melhor para matar o troll e ganhar a recompensa.
Broh tinha uma grande aptidão para usar o arco e flecha e fazer alquimia.
Aprimorando
estas
suas
habilidades
naturais no orfanato, aprendendo com as freiras a fazer poções de cura e desenvolvendo suas próprias receitas de venenos. Le’Jhandro fazia o mesmo para passar seus dias. Aprimorando o dom da 7
furtividade dos gathanos. Pegando coisas na cozinha e levando até o quarto para comermos na madrugada. Assim como todo meio elfo, sempre tive aptidão com magia, tendo me focado no estudo da ilusão e conjuração. Usando-as para zombar de outras crianças, e até mesmo as freiras.
Sempre que eu via que nos daríamos mal fazendo algo, eu manipulava a mente de quem precisasse para evitar de sermos pegos. Mesmo que tivesse que fazer duas outras crianças brigarem feio. Confesso que muitas das vezes era divertido.
O orfanato era grande. Com dois andares, diversos quartos e salas. No térreo ficavam os cômodos de uso comunitário e os quartos das freiras. Nos andares de cima, os quartos das crianças sempre com duas irmãs de vigia durante a noite. Elas eram nosso 8
primeiro obstáculo para sairmos e ir atrás daquele troll.
Já tínhamos dezesseis anos na época, eu já tinha aprendido a conjurar um animal para me servir. Eu invocava um corvo. No começo foi difícil, pois ele me seguia mas não obedecia. Quando as freiras me viam conversando com a ave, eu dizia que ela simplesmente vinha dos campos até o orfanato e que gostou de mim por eu dar migalhas de pão velho. Claro que nenhuma das irmãs podia saber que eu praticava conjuração, ou que Broh fazia alquimia e Le’Jhandro roubava da cozinha. Levei algumas semanas para treinar o corvo que chamei de Cronos. E quando aprendeu a falar, bastava repetir para ele alguma frase e em instantes ele já estava a repetindo, sabendo parar e voltar a falar quando ouvisse um estalar de dedos. Usando-o para 9
voar até a janela do corredor e distrair as irmãs.
— Abobrinha! Abobrinha! — Disse o corvo ao pousar no parapeito da janela.
As duas freiras se assustaram e riram.
Enquanto isso Le’Jhandro abria a porta lentamente para Broh passar.
— Sou um corvo falando abobrinhas!
Olhem para mim! —Cronos dizia com sua voz roca.
— Nós devemos avisar a madre superior.
Não é nenhum pouco normal um corvo falar.
— Tem razão! Mas está muito tarde para à acordarmos agora. Podemos falar pela manhã.
Quando elas terminaram de conversar, eu estava saindo do quarto e fechando a porta.
Uma das irmãs levantou-se para arrumar 10
sua roupa, notando nossas silhuetas no escuro do corredor. Mas antes que ela pegasse sua lanterna e apontasse em nossa direção, eu estalei os dedos duas vezes seguidas e uma depois. Fazendo Cronos mudar sua fala.
— AAAaahhh! Tôu com depressão! —
Exclamou o pássaro.
As freiras voltaram sua atenção a ele, não nos vendo seguir o corredor e descer as escadas. Descendo o segundo lance de degraus, já não tínhamos Cronos para ajudar, assoviar para chamá-lo poderia nos denunciar para as irmãs de vigia no andar de baixo. Broh e o gathano passaram rapidamente, eu também, apenas dei uma pequena olhada pelo corredor. Avistando-as sentadas, estando uma dormindo e a outra acordada olhando pela janela.
11
No térreo, nós sabíamos que não podíamos usar a porta da frente. Ela rangia muito e somente o mexer de sua maçaneta podia acordar outras cuidadoras. Então seguimos para a lavanderia, onde a janela para os fundos ficava sempre aberta. E eu já havia preparado ao fim da tarde, deixando a porta encostada com uma meia no chão.
Saímos sem problemas. Ao pularmos o muro para o campo assoviei para chamar Cronos e estalei os dedos para desconjurá-lo. Broh levou em seu bolso um bastão de luz. Alguma mistura que ele fez e colocou em um tubo. Bastava sacudir que a mistura brilhava como uma lanterna. Claro que eu podia usar um feitiço para criar uma bola de luz, que ilumina mais do que essa mistura, mas usar magia gasta de nossa energia e era melhor eu guardar a minha para quando achássemos aquele troll. Era por volta da 12
meia noite quando saímos do orfanato, e andamos por quase uma hora até encontrar a caverna do troll do outro lado da vila.
A vila de Berton fica ao sul de Raincoast, capital de Rockyce. Em um vale frio com rios e cascatas, aos pés de uma montanha da cordilheira. Estávamos no inverno, e o clima úmido formava uma densa névoa com uma fina garoa. Além das camadas de roupas, Broh havia pego uma bebida das freiras em um armário. Disse que ouviu elas beberem dela e dizer que aquecia o corpo. Ele mesmo chegou a experimentar um dia, tomando vários pequenos copos ao longo do dia.
Nisso ele também aprendeu que se exagerarmos, ela causa perdas de sentido e desidratação.
Não havia nenhuma alma viva pelas ruas da vila naquela hora. Não tínhamos muita informação de onde achar a criatura. Mas 13
pelo que sabíamos, era um troll do gelo.
Então provavelmente ele veio da montanha e está em alguma caverna da parte mais baixa. Essas bestas costumam viver na parte mais fria das montanhas e veio para baixo buscando comida já que os invernos lá em cima são muito rigorosos e os poucos animais que vivem por lá migram para lugares mais quentes.
Achamos a caverna onde o troll estava graças ao olfato de Le’Jhandro, que sentiu o cheiro da carniça metros antes da entrada.
— Com certeza ele está por aqui. Sentia esse cheiro horrível já faz um tempo.
— Parece que ele está aqui a um bom tempo.
— Broh disse jogando um de seus bastões de luz acesos para dentro da caverna. —
Entendo porque estão oferecendo tanto para quem matá-lo. Algumas pessoas da vila foram arrastadas para cá.
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— Só vamos torcer para não sermos os próximos. — Falei lançando um feitiço de visão noturna.
O feitiço me ajudava a enxergar um pouco mais além do que Broh iluminava, assim como Le’Jhando. Eu andava na frente, com uma espada que fiz improvisando um espeto da churrasqueira do orfanato. O elfo ia no meio com seu arco e flechas, enquanto o gathano ia atrás com uma lança arrancada da cerca.
A caverna levava até uma clareira subindo a montanha. Observando pude compreender melhor o que aconteceu.
Havia um deslizamento de terra e neve em um ponto da entrada a cima da caverna. É
provável que o troll tenha caído e aproximava-se da vila na tentativa de sair da caverna e voltar lá