Interpretando O Logos
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de J. Miguel Arcanjo
Os Bnei Anussim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasManual Do Pregador Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSermonário Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOráculos De Deus I Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredo Das Religiões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAssim Nasce O Herói Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDeus Existe? Mito Ou Realidade? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApocalipse Revelações De Jesus Cristo A Sua Igreja Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOráculos De De Deus Ii - Profetas Maiores Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Interpretando O Logos
Ebooks relacionados
Curso Médio De Teologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHermenêutica, Eclesiologia e Teologia Pública Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNa Busca Da Verdade. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInterpretando a bíblia a partir do Espírito: Experiência e Hermenêutica Pentecostal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInterpretação do pentateuco Nota: 3 de 5 estrelas3/5Dicionário Bíblico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnálise do discurso: caracterização discursiva de um sermão de C. H. Spurgeon Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCorpus hermeticum græcum: Prefácio, introdução, tradução e glossário grego-português de David Pessoa de Lira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEscatologia Analisada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHomilética Estudada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprenda A Pregar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComunicação E Expressão Na Igreja Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHermenêutica Biblica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Vozes, memórias e experiências de cidadania Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHermenêutica Sacra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIntrodução A Teologia Do Novo Testamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Bíblia e seus intérpretes: Uma breve história da interpretação Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual: Pressupostos para uma práxis carismática autêntica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBíblia: Comunicação de Deus em Linguagem Humana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCultura Judaica Na Bíblia, Tipos E Símbolos Bíblicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLinguagens da religião: Desafios, métodos e conceitos centrais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs parábolas de Jesus: As verdades e princípios divinos para uma vida abundante Nota: 4 de 5 estrelas4/5Fundamentos da teologia reformada Nota: 5 de 5 estrelas5/5Homilia: a comunicação da palavra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPensadores Da Teologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFormação Para Leitores e Ministros da Palavra - 3ª Edição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Arte De Interpretar As Escrituras (hermeneutica) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPatrística - Tratado sobre os princípios - Vol. 30 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Livros Poéticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Religião e Espiritualidade para você
O Livro Mestre De Feitiços & Magias Nota: 5 de 5 estrelas5/5Kamasutra Ilustrado Nota: 2 de 5 estrelas2/5Tudo que Quiser é Seu Nota: 4 de 5 estrelas4/5Contos Eróticos Para Mulheres Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lições de liderança de Jesus: Um modelo eterno para os líderes de hoje Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Chave da Liberdade Emocional: Troque o centro e tudo transforme Nota: 4 de 5 estrelas4/5Massagem Erótica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Como Liderar Pessoas Difíceis: A Arte de Administrar Conflitos Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Pombagiras E Seus Segredos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Entendes o que lês?: um guia para entender a Bíblia com auxílio da exegese e da hermenêutica Nota: 5 de 5 estrelas5/5A sala de espera de Deus: O caminho do desespero para a esperança Nota: 5 de 5 estrelas5/5Umbanda para iniciantes Nota: 4 de 5 estrelas4/5As cinco fases do namoro Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Quarta Dimensão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Estresse, ansiedade e depressão: Como prevenir e tratar através da nutrição Nota: 5 de 5 estrelas5/5Capa Preta Nota: 4 de 5 estrelas4/550 Banhos Poderosos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pecadores nas mãos de um Deus irado e outros sermões Nota: 5 de 5 estrelas5/5De Eva a Ester: Um relato sobre grandes mulheres da Bíblia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manhãs com Spurgeon Nota: 5 de 5 estrelas5/5A voz do silêncio Nota: 5 de 5 estrelas5/530 minutos para mudar o seu dia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres Que Correm Com Os Lobos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso Básico De Violão Nota: 4 de 5 estrelas4/5Talmude Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Livro de Urântia: Revelando os Misterios de Deus, do Universo, de Jesus e Sobre Nos Mesmos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Apocalipse Explicado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Devocional da Mulher Vitoriosa 4 Nota: 4 de 5 estrelas4/5Bíblia: Um estudo Panorâmico e Cronológico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOdus Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Interpretando O Logos
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Interpretando O Logos - J. Miguel Arcanjo
Título Original em Português: Interpretando o Logos
©2021 Todos direitos reservados a
Jair Miguel Arcanjo
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou
mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações, assim como traduzida, sem a permissão, por escrito, do autor. Os infratores serão punidos pela Lei nº 9.610/98.
Versão PDF
2022
Editoração eletrônica
J. Miguel Arcanjo
Revisão:
Corpo Docente do SETEM – Seminário Teológico Emunah
1. Religião e Interpretação
HERMENÊUTICA BÍBLICA
[1]"A hermenêutica não é apenas a arte ou a ciência da
interpretação de qualquer texto; antes de tudo, é uma ciência que procura também o significado da palavra como evento histórico social e de vida. O que representa um fóssil para o arqueólogo e paleontólogo, tal é a palavra fossilizada através dos séculos nas Escrituras para o intérprete."
ÍNDICE
PREÂMBULO
INTRODUÇÃO
I. IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR HERMENÊUTICA
II. QUANDO O INTÉRPRETE PRATICA A EISEGESE
Quando Força o Texto a Dizer o que não Diz.
Quando o Contexto sob o Pretexto Ideológico.
Quando Ignora a Mensagem e o Propósito do Livro.
Quando não Esclarece um Texto à luz de Outro.
Quando põe a Revelação acima da Palavra Revelada.
Quando Está Comprometido com um Sistema ou Ideologia.
III. BLOQUEIOS PARA A INTERPRETAÇÃO
Bloqueios Internos.
Bloqueios Externos.
IV. ATITUDES E QUALIDADES DO INTÉRPRETE
Maturidade Espiritual.
Comunhão com o Espírito Santo.
Oração.
Inimigo da Ociosidade Bíblica.
Mente Sã e Equilibrada.
Apreciador das Línguas Originais
V. REGRAS DA HERMENÊUTICA
1. REGRA FUNDAMENTA.
2. PRIMEIRA REGRA - O Sentido usual das Palavras.
3. SEGUNDA REGRA - Entendendo o Sentido real das palavras no texto.
4. TERCEIRA REGRA - Importância do Contexto.
5. QUARTA REGRA - Entender o Livro.
6. QUINTA REGRA – Paralelismos
VI. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
O Significado das Palavras Isoladas.
O Significado das Palavras no seu contexto.
Auxílio Interno para Explicação de Palavras.
O Uso Figurado das Palavras.
VII. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
Definição e Explicação.
Características Pessoais do Autor/Orador.
Circunstâncias Sociais do Autor.
Circunstâncias Peculiares dos escritos.
Auxílios para Interpretação Histórica.
VIII. INTERPRETAÇÃO TEOLÓGICA
NOME – Interpretação Teológica.
A Bíblia como uma Unidade.
O Sentido Místico da Escritura.
Interpretação Simbólica e Teológica da Escritura.
A Interpretação da Profecia.
A Interpretação dos Salmos.
O Sentido Implícito da Escritura.
Elementos para Interpretação Teológica.
IX. HEBRAÍSMOS
X. FIGURAS DE RETÓRICA/LINGUAGEM
XI. AUXILIARES DA HERMENÊUTICA
1. Chaves e Concordâncias Bíblicas.
2. Dicionários e Enciclopédias.
3. Versões Bíblicas.
BIBLIOGRAFIA
PREÂMBULO
As interpretações dos textos do Antigo e Novo Testamentos devem ser o efeito de uma preocupação evangelística e pastoral, mais do que técnica e documental. A hermenêutica deve ser um instrumento que conduza o homem a Deus
Muito da confusão atual na área da religião e na aplicação dos princípios bíblicos vem da interpretação distorcida e da má compreensão da Palavra de Deus. Isso acontece até mesmo em círculos que defendem a infalibilidade das Escrituras.
Estamos convencidos de que a adoção e o uso dos princípios sadios de interpretação no estudo da Bíblia darão frutos surpre- endentes. Cremos que esse é um meio que o Espírito da verdade
se agrada em usar ao conduzir seu povo em toda a verdade
. E com isso em mente preparamos este livro para orien tação individual no estudo das Escrituras e, particularmente, para o uso em seminários e institutos bíblicos.
A adoção inicial de procedimento válido na interpretação bíblica irá conduzir o devotado obreiro a uma vida de serviço útil no progresso do reino de Deus, estão na função da Hermenêutica e da Exegese Bíblica:
· Traduzir o texto original tornando-o compreensível em língua vernácula, sem sangrar o sentido primário.
· Compreender o sentido do texto dentro de seu ambiente histórico-cultural e léxico-sintático;
· Explicar o verdadeiro sentido do texto, em todas as dimensões possíveis (autor, audiência, condições sociais, religiosas, etc.).
· Tornar a mensagem das Escrituras inteligível ao homem moderno.
· Conduzir-nos a Cristo.
O estudante ou leitor precisa ficar ciente sobre a diferença entre exegese e eisegese. Enquanto a exegese consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação; a eisegese consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o intérprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eisegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá.
Na eisegese se leva em conta a vida prática do crítico ou do seu contexto sócio histórico que serve de guia para os parâmetros para seu estudo. Neste caso o autor a banido do texto e não se leva em conta, neste caso o que é importante é o leitor e Deus, nada mais. Neste caso o autor, suas idiossincrasias e o panorama
social em que viveu são levados em consideração, constituindo-se bases para uma interpretação viável.
.
J. Miguel Arcanjo
INTRODUÇÃO
De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato, naturalmente, faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no gosto estético, na qualidade moral e etc.
Alguns foram instruídos em conhecimentos intelectuais e outros não tiveram estas oportunidades e isto provoca diver- gências de interpretação.
Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um mesmo caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições social e econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11). Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a unificação do conheci- mento do Plano da Salvação para com todos os homens da terra.
Hermenêutica Bíblica é a disciplina da Teologia Exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente. Seu objetivo primário é estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o verdadeiro sentido do autor ao redigir as Escrituras. E a ciência da compreensão de textos bíblicos.
O termo hermenêutica
procede do verbo grego hermeu neueín, usualmente traduzido por interpretar
, e do substantivo hermeneia (ÝñìåíåÀá), que significa interpretação
. Tanto o verbo quanto o substantivo podem significar traduzir, tradu- ção
, ou explicar, explicação
.
Na filologia do Antigo Testamento acham-se termos corres- pondentes ao grego hermeneuein; entre eles: tirgen, cujo signifi- cado é interpretar ou traduzir
(Ed 4.7), pesher1, pcshar, traduzido por solução ou interpretação em geral
, e o vocábulo hawâ, isto é, interpretar, informar, contar
.' Um hermeneuta, segundo a etimologia da palavra, é um intérprete ou tradutor de qualquer porção literária, quer sacra, quer profana.
Os termos gregos para hermenêutica são: Ýñìçíeἱa, tradução
ou interpretação
; Ýñìçíåýù, explicar, inter- pretar
; ÅñìçíåõôÞò, tradutor
Devemos fazer uma distinção entre Hermenêutica geral e especial. A primeira se aplica à interpretação de todos os tipos de escritos; a última, a certos tipos definidos de produções literárias tais como leis, história, profecia, poesia. A Hermenêutica Sacra tem um caráter muito especial porque trata com um livro único no domínio da literatura, isto é, a Bíblia como a Palavra inspirada de Deus. Só podemos manter o caráter teológico da Hermenêutica Sacra quando reconhecemos o princípio da inspiração divina.
A Hermenêutica é geralmente estudada com o objetivo de interpretar as produções literárias do passado. Sua tarefa especial é mostrar o caminho pelo qual as diferenças ou a distância entre o autor e seus leitores podem ser removidas. Ela nos ensina que isso só é realizado adequadamente quando o leitor se transporta para o tempo e o espírito do autor. No estudo da Bíblia, não é suficiente entendermos o significado dos autores secundários (Moisés, Isaías, Paulo, João, etc.); devemos aprender a conhecer a mente do Espírito.
A necessidade do estudo da hermenêutica resulta de várias considerações:
1. O pecado obscureceu o entendimento do homem e ainda exerce influência perniciosa sohre sua vida mental consciente. Conseqüentemente,esforços especiais são necessários para que possamos nos proteger contra o erro.
2. Os homens diferem uns dos outros de tantas maneiras que isso, naturalmente, faz com que sejam mentalmente impelidos para direções diferentes. Eles diferem, por exemplo,
na capacidade intelectual, no gosto estético e na quali- dade moral, o que resulta numa carência de afinidade espiritual;
no talento intelectual, sendo que alguns são instruídos e outros não;
na nacionalidade, com uma diferença correspondente em línguas, formas de pensamento, costumes e moral.
O estudo da Hermenêutica é muito importante para futuros ministros do Evangelho porque:
1. Só o estudo inteligente da Bíblia vai lhes fornecer o material necessário para a elaboração da sua teologia.
2. Cada sermão que eles pregam tem a obrigação de ter uma base exegética sólida. Esse é um dos maiores anseios de nossos dias.
3. Na instrução dos jovens da igreja e na visitação familiar, eles são, muitas vezes, chamados inesperadamente para interpretarem passagens da Escritura. Nessas ocasiões, um entendimento satisfatório das leis de interpretação irá ajudá-los substancialmente.
4. Será parte de suas tarefas defender a verdade contra os ataques da alta crítica Mas, para que possam fazer isso de maneira eficaz, devem saber como lidar com ela. Na Enciclopédia de Teologia, a Hermenêutica pertence ao grupo de estudos bibliológicos, isto é, aos estudos centrados na Bíblia. Ela segue naturalmente a Filologia Sacra e precede imediatamente a Exegese. A Hermenêutica e a Exegese se relacionam como a teoria se relaciona com a prática. Uma é ciência, a outra, arte.
No decorrer do estudo, faremos:
Faremos uma descrição das características da Bíblia que determinam, emparte, os princípios que serão aplicados na sua interpretação.
Uma indicação das qualidades que deveriam caracterizar o intérprete da Bíblia, bem como dos requerimentos essenciais que ele necessita possuir - Princípios de Inter- pretação Bíblica
Uma discussão da interpretação tríplice da Bíblia, a saber:
a) Gramatical, incluindo a interpretação lógica;
b) Histórica, incluindo também a interpretação psicológica;
. c) A interpretação Teológica.
IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR HERMENÊUTICA
1. Uma das primeiras ciências que o pregador deve conhecer é certamente a hermenêutica. Porém, quantos pregadores há que nem de nome a conhecem! Que é, pois, a hermenêutica? A arte de interpretar textos
, responde o dicionário. Porém a hermenêutica (do grego hermenevein, interpretar), da qual nos ocuparemos, forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas.
2. O apóstolo Pedro admite, falando das Escrituras, que entre as do Novo Testamento há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras [as do Antigo], para a própria destruição deles
. E para maior desgraça e calamidade, quando estes ignorantes nos conhecimentos hermenêuticos se apresentam como doutos, torcendo as Escrituras para provar seus erros, arrastam consigo multidões à perdição.
3. Tais ignorantes, pretensos doutos, sempre se têm constituído em falsos, desde os falsos profetas da antiguidade até os papistas da era cristã, e os russelitas de hoje. E qualquer pregador que ignora esta importante ciência se encontrará muitas vezes perplexo, e cairá facilmente no erro de Balaão e na contradição de Coré. A arma principal do soldado de Cristo é a Escritura, e se desconhece seu valor e ignora seu use legítimo, que soldado será?
4. Não há livro mais perseguido pelos inimigos, nem livro mais torturado pelos amigos, que a Bíblia, devido à ignorância da sadia regra de interpretação. Isto, irmãos, não deve ser assim. Esta dádiva do céu não nos veio para que cada qual a use a seu próprio gosto, mutilando-a, tergiversando ou torcendo-a para nossa perdição.
5. Lembremo-nos de que as variadíssimas circunstâncias que
concorreram para a produção do maravilhoso livro requerem do
expositor que seu estudo seja demorado e sempre conforme a ciência
, conforme as princípios hermenêuticos.
a) - Entre seus escritores, os santos homens de Deus, por exemplo, que falaram sempre inspirados pelo Espírito Santo
, achamos pessoas de tão variada categoria de educação, como sejam, sacerdotes, como Esdras; poetas, como Salomão; profetas, qual Isaías; guerreiros, como Davi; pastores, qual Amós; estadistas, como Daniel; sábios, como Moisés e Paulo, e pescadores, homens sem letras
, como Pedro e João. Destes, uns formulam leis, como Moisés; outros escrevem história, como Josué; este escreve salmos, como Davi; aquele provérbios, como Salomão; uns profecias, como Jeremias; outros biografias, como os evangelistas; outros cartas, coma as apóstolos.
b) - Quanto ao tempo viveu Moisés 400 anos antes do cerco de Tróia e 300 anos antes de aparecerem as mais antigos sábios da Grécia e Ásia, coma Tales, Pitágoras e Confúcio, vivendo João, o último escritor bíblico, uns 1500 anos depois de Moisés.
c) Com respeito ao lugar foram escritos em pontos tão diferentes
como o são o centro da Ásia, as areias da Arábia, as desertos da Judéia, os pórticos do Templo, as escolas dos profetas em Betel e Jericó, nos palácios da Babilônia, nas margens do Quebar e em meio h civilização ocidental, tomando-se as figuras, símbolos e expressões, dos usos, costumes e cenas que ofereciam tão varia-dos tempos e lugares. Os escritores bíblicos foram plenamente inspirados, porém não de tal modo que resultasse supérfluo o mandamento de esquadrinhar as Escrituras e que se deixasse sem consideração tanta variedade de pessoas, assuntos, épocas e lugares. Estas circunstâncias, como é natural, influíram ainda que não, certamente, na verdade divina expressa na linguagem bíblica, porém na própria linguagem, de que se ocupa a hermenêutica e que tão necessário é que a compreenda o pregador, intérprete e expositor bíblico.
6. Uma breve observação geral a respeito de dita linguagem nos fará mais patente ainda a grande necessidade do conheci- mento de sadia interpretação para o estudo proveitoso das Escrituras. Certos doutos, por exemplo, que têm vivido sempre incomunicados
com respeito à linguagem bíblica, acham tal linguagem chocante ao incompatível com seu ideal imaginário de revelação divina, tudo isso pela superabundância de todo gênero de palavras e expressões figuradas e simbólicas que ocorrem nas Escrituras. Algum conhecimento de hermenêutica não só as livraria de tal dificuldade, como as persuadiria de que tal linguagem é a divina par excelência, como é a mais científica e literária.
7. Um cientista de fama costumava insistir em que seus
colaboradores, na cátedra, encarnassem o invisível, porque, dizia, tão somente deste modo podemos conceber a existência do invisível operando sobre o visível
. Porém esta idéia da ciência moderna é mais antiga que a própria Bíblia, posta que, em verdade, foi Deus o primeiro que encarnou seus pensa- mentos invisíveis nos objetos visíveis do Universo, revelando-se a si mesmo. Porquanto o que de Deus se pode conhecer.. Deus lhes manifestou; porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidas por meio das coisas que foram criadas
(Rom. 1:20). Eis aqui, pois, o Universo visível, tomado como gigantesco dicionário divino, repleto de inumeráveis palavras que são os objetos visíveis, vivos e mortos, ativos e passives, expressões simbólicas de suas idéias invisíveis, Nada mais natural, pois, que ao inspirar as Escrituras, se valha de seu próprio dicionário, levando-nos por meio do visível ao invisível, pela encarnação do pensamento, ao próprio pensamento; pelo objetivo ao subjetivo, pelo conhecido e familiar ao desconhecido e espiritual.
8. Porém isto não só foi natural, mas absolutamente neces-sário em vista de nossa condição atual,