Como Jesus Lia a Bíblia: uma leitura transformadora da Bíblia a partir da hermenêutica de Cristo
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Jesus Lia a Bíblia, de autoria do pastor e professor Adolfo S. Suárez, é uma ferramenta teórica e prática, e sua intenção é fundamentar, ensinar e promover uma leitura bíblica sólida e dinâmica, profunda e atrativa, da maneira como Jesus o fazia. Desta forma, a Luz da Lâmpada, o Currículo da Fonte e a Meditação na Lei serão cada vez mais familiares, tanto para o especialista quanto para o leigo.
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Como Jesus Lia a Bíblia - Adolfo S. Suárez
Imprensa Universitária Adventista
Editor:
Rodrigo Follis
Editor Associado:
Richard Valença
Conselho Editorial:
José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Emilson dos Reis,
Rodrigo Follis, Ozeas C. Moura, Betânia Lopes, Martin Kuhn.
A Unaspress está sediada no Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP.
1ª edição – 2018
ISBN
020409_2019
Editoração:
Rodrigo Follis, Richard Valença
Revisão:
Alysson Huf e Sônia Gazeta
Programação visual
Ana Paula Pirani
Capa:
Jônathas Santana
Ilustração:
Felipe Carmo
Todos os direitos reservados para a Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Editora associada:
Suárez, Adolfo S.
Como Jesus lia a Bíblia : uma leitura transformadora da Bíblia a partir da hermenêutica de Cristo / Adolfo S. Suárez ; - 1. ed. - Engenheiro Coelho : Unaspress - Imprensa Universitária Advetista, 2018.
ISBN 020409_2019
1. Adventista do Sétimo Dia 2. Bíblia - Hermenêutica 3. Bíblia - Interpretação 4. Fé - Ensinamento bíblico 5. Revelação - Cristianismo I. Título.
CDD: 220.7
18-22897
Endereço
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13.448-900
Tel.: (+55 19) 3858-5222 / (+55 19) 3858-5221
www.unaspress.com.br
Comissão editorial científica ad hoc
Dr. Adriani Milli - Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)
Dr. Agenilton Corrêa - Faculdade Adventista da Bahia (Fadba)
Dr. Carlos Flávio - Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)
Dr. Erico Xavier - Instituto Adventista Paranaense (IAP)
Dr. Fábio Darius - Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)
Dr. Roberto Pereyra - Universidad Adventista del Plata (UAP)
sumário
PREFÁCIO
Introdução
Primeiros passos para ler a Bíblia
Hermenêutica: O QUE É? PARA QUE SERVE?
Aprendendo sobre como jesus lia a Bíblia
JESUS INTERPRETANDO A BÍBLIA
O OLHAR DE JESUS SOBRE LUCAS 24:27
LENDO A BÍBLIA DE FORMA INTERPRETATIVA E TRANSFORMATIVA
leia a Bíblia seguindo os passos de Jesus
Passos para transformar seu estudo da Bíblia
considerações finais
Referências
Guia de estudos
Perguntas para estudo e debate
PREFÁCIO
A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho
(Sl 119:105, NVI).
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça
(2Tm 3:16).
Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido
(Js 1:8, NVI).
Esses três versículos bíblicos apontam para aspectos primordiais da Escritura: ela ilumina os nossos caminhos, nos ensina e corrige, e nos faz prosperar. De fato, a Bíblia é essencial para dar-nos sabedoria na caminhada por esta vida, para promover aprendizado e crescimento, e também para tornar-nos pessoas de sucesso verdadeiro. Tudo isso mostra que lê-la, compreendê-la e vivê-la não é somente uma boa escolha, mas um imperativo para todo discípulo de Cristo.
O livro que você tem em mãos, Como Jesus Lia a Bíblia, de autoria do pastor e professor Adolfo S. Suárez, é uma ferramenta teórica e prática, e sua intenção é fundamentar, ensinar e promover uma leitura bíblica sólida e dinâmica, profunda e atrativa, da maneira como Jesus o fazia. Desta forma, a Luz da Lâmpada, o Currículo da Fonte e a Meditação na Lei serão cada vez mais familiares, tanto para o especialista quanto para o leigo.
Minha sugestão é que você leia esta obra com a mente e o coração abertos, para que, num mundo de tantas técnicas e dicas, a Voz de Deus fale soberana e mais alto, despertando e alimentando o desejo de pautar toda a vida unicamente pela Palavra.
Maranata!
Pr. Erton C. Köhler
Presidente da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Introdução
A teologia pode ser definida como o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas
(BERKHOF, 2012, p. 19). Assim, o conhecimento de Deus envolve o conhecimento de tudo o que nos rodeia — sua criação —, pois tudo está ligado a Ele. Mas como conhecer Deus? Em seu livro Philosophy & education, George Knight (2006, p. 29-31) argumenta que as fontes do conhecimento são os sentidos, a autoridade, a razão e a intuição. Sem essas fontes, o conhecimento humano não é possível. Entretanto, diante da limitação dessas fontes originárias do conhecimento humano, há questões cruciais que ficam sem resposta. Perguntas como: Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde vou? Existe algum propósito para a existência humana? Para onde a história seguirá? (WILKINSON; KENNETH 1983).
Para não deixar o ser humano em desespero, a Bíblia constitui-se em uma quinta fonte de conhecimento: a revelação, a comunicação de Deus no que tange à vontade divina
(KNIGHT, 2006, p. 29). Mais do que comunicar ou exemplificar a revelação, a Bíblia é a própria revelação, tendo como premissa básica a convicção de que Deus revelou a si mesmo e aos seus caminhos na Sagrada Escritura
. Quando lemos a Bíblia, temos acesso direto e sem reservas à revelação de um Ser pessoal e poderoso que criou todas as coisas (WILKINSON; KENNETH, 1983). Neste sentido, a Bíblia é um dos maiores recursos que a igreja possui, sem o qual dificilmente poderíamos saber quem é Deus, quem nós somos e qual a vontade de Deus para nós (MCDONALD, 2007, p. 3).
A esta altura, antes de avançar na explicitação da temática deste livro, creio ser apropriado explicar que esta pesquisa fundamenta-se em algumas pressuposições claras. Entendo uma pressuposição exatamente nos termos em que o teólogo John Frame (2002, p. 45) define:
Uma pressuposição é uma crença que toma precedência sobre outra e, por conseguinte, serve como critério para essa outra. Uma pressuposição última é uma crença sobre a qual nenhuma outra toma precedência.
Fica claro que ninguém interpreta no vácuo: todos têm pressuposições e pré-compreensões
(KLEIN et al., 2004, p. 7).1 E qual o critério para a escolha e defesas das pressuposições? O teólogo Francis Schaeffer assim se expressa a este respeito:
Muitas pessoas pegam as pressuposições como algumas crianças pegam sarampo. Elas não têm ideia de onde as pressuposições vêm. Mas essa não é a forma como o pensador escolhe suas pressuposições. Suas pressuposições são selecionadas com base no que cabe nela; ou seja, as pressuposições dão resposta sólida sobre o que é (SCHAEFFER, 1970, p. 31).
Como afirma o teólogo Moisés Silva (1996, p. 28), ninguém vem ao texto bíblico sem certos pressupostos teológicos. A temática das pressuposições cobra maior importância quando pensamos nas tensões que um leitor da Bíblia enfrenta
, algumas das quais podem ser mencionadas a seguir (SILVA, 1996, p. 38):
A Bíblia é divina, mas ela veio a nós em forma humana.
Os mandamentos de Deus são absolutos, mas o contexto histórico dos escritos parece relativizar certos elementos.
A mensagem divina deve ser clara, mas muitas passagens parecem ambíguas.
Somos dependentes apenas do Espírito para a instrução, embora a erudição seja certamente necessária.
As Escrituras parecem pressupor uma leitura literal e histórica, ainda que também sejamos confrontados com aspectos figurativos e não históricos (por exemplo, as parábolas).
Interpretação adequada requer a liberdade pessoal do intérprete, mas um certo grau de autoridade externa e corporativa parece imperativo.
A objetividade da mensagem bíblica é essencial, mas os nossos pressupostos parecem injetar um grau de subjetividade no processo interpretativo.
O enfrentamento das questões acima expostas, e muitas outras, requer pressuposições, uma visão de mundo, uma teologia específica. Por isso, entendo ser correto e necessário afirmar que esta pesquisa possui pressuposições, umas das quais é que a Bíblia é a Palavra revelada de Deus. Assim sendo, a Escritura se constitui em um conjunto de princípios, úteis e eternos, necessários ao ser humano. Como diz Vanhoozer, a leitura e interpretação da Bíblia tem viés ideológico e considera diversos pressupostos. Na verdade, as crenças que têm que ver com Deus, o mundo e nós mesmos estão implícitas nas perspectivas que os intérpretes adotam sobre a natureza do autor, do texto e do leitor
(VANHOOZER, 2005, p. 528).
Todavia, aceitar pressupostos não implica separação entre fé e conhecimento; apenas deve ser observado que — considerando os pressupostos cristãos — existe a necessidade de uma postura diferenciada ao se abordar uma temática. Neste sentido, é esclarecedora a observação de Kevin Vanhoozer, para quem de maneira por demais obediente, temos nos submetido à separação entre fé e conhecimento que a filosofia tem defendido e a teologia histórico-crítica tem observado há séculos
(LINNEMANN, 2011, p. 174). De modo que, como parte de sua tentativa de abordar uma temática de maneira consistente, o estudioso sério das Escrituras precisa desenvolver uma epistemologia (uma teoria do conhecimento) e uma hermenêutica (uma teoria da interpretação)
. Afinal, ler as Escrituras é tanto um privilégio quanto uma responsabilidade
(VANHOOZER, 2005, p. 14-15).
Obviamente, a aproximação da Escritura leva-nos a refletir sobre a influência cultural da sua leitura e compreensão. Como afirma James Beasley, cada cultura é formada por suas tradições específicas, e a cultura ocidental não é uma exceção. Se bem que há uma multiplicidade de fontes que originaram a vida especificamente ocidental
, três fontes primárias têm provido os fundamentos de sua cultura: a cultura greco-romana, a tradição judaico-cristã e a ciência moderna (BEASLEY, 1991, p. 15). A Bíblia, como sabemos, é um livro fundamental na tradição judaico-cristã, e é inegável que ela "tem tido uma penetrante influência na religião, política, lei, arte, literatura, moral, língua e história do Ocidente. A influência mais óbvia e importante está na religião, pois tanto o judaísmo como o cristianismo fundamentam na Bíblia seu código de conduta, crenças e rituais (BEASLEY, 1991, p. 18). De fato, como atesta o linguista Jack Miles (1995, p. 16), ela tem sido lida em voz alta, semanalmente, há 2 mil anos, para pessoas
que a recebem com total seriedade, procurando conscientemente assimilar ao máximo a sua influência. Desta perspectiva,
não tem paralelos na literatura ocidental e provavelmente em nenhuma outra literatura".
A despeito de a Bíblia estar disponível facilmente a qualquer leitor e ter um espaço cultural considerável, percebe-se que seu contato com ela é mediado por interpretações e métodos diversos; basta ver as dezenas de propostas de interpretação dos mais variados temas nela contidos. E mesmo quando o leitor entra em contato direto com a Escritura, o faz com seus conceitos e preconceitos, o que pode impedir à Bíblia de manifestar seu verdadeiro conteúdo.2 Essa postura é encarada com normalidade em nossa sociedade, acostumada a relativizar o sagrado e subjetivar a experiência religiosa. Neste sentido, a observação de Vanhoozer é valiosa.
Nossa geração valoriza tanto o individualismo, a liberdade e a iniciativa da pessoa, que a pergunta mais importante não é mais: É verdade?
e, sim: Isso importa?
. Assim a questão da relevância tomou precedência sobre a pergunta: O que o texto significa?
(KAISER; SILVA, 2009, p. 10).
Diante dessa realidade, eu me questiono: Por que estamos vivenciando esse fenômeno de distanciamento da Escritura? E por que a leitura feita parece não estar produzindo o efeito que se espera, em termos de fortalecimento e prática de convicções, bem como de engajamento numa vida de compromisso com Deus e com o próximo?
Isto inevitavelmente nos faz pensar em algo fundamental em nossos dias: a confiabilidade e a relevância das Escrituras Sagradas. Em nossa cultura, que muitos chamam de ‘pós-moderna’, […] afirma-se que as pessoas não se interessam pela verdade, e menos ainda por textos de linguagem categórica como a Bíblia
(ORR-EWING, 2008, p. 13-14). Em grande medida, essa percepção surge em decorrência do entendimento de que a linguagem deve ser compreendida como um jogo com suas respectivas regras. A este respeito, o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1999) afirmou que a linguagem disfarça o pensamento. A tal ponto que da forma exterior da roupagem não é possível inferir a forma do pensamento subjacente. Ou seja, não pode haver interpretação específica, particular, porque não conhecemos a ideia matriz.
Esses questionamentos e debates me têm feito refletir na prática da leitura bíblica e no efeito que isso pode trazer ao leitor, em meio a uma sociedade que tende a — quando a lê — praticar