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Caçadores De Predadores
Caçadores De Predadores
Caçadores De Predadores
E-book465 páginas6 horas

Caçadores De Predadores

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Sobre este e-book

Tudo começa depois que uma jovem de 17 anos, é encontrada dilacerada, no meio de uma rua, na cidade de Nova, baixada fluminense. Com isso a divisão de homicídios assume o caso assim que chega a conclusão de que mesmo fora acometido por um ataque intencional de cães de raça Pitbull, classificando assim o crime como um homicídio de qualificação “5”. Contudo a falta de câmeras no local do ocorrido somada à ausência de testemunhas coloca a última pessoa que esteve com a vítima como primeiro suspeito nas investigações, seu namorado. Felipe Rael, um jovem pacato de procedência humilde, tem sua vida virada de pernas para o ar, ao ver seu passado ressurgir diante de seu presente, e de seus melhores amigos, trazendo consigo um grande segredo obscuro que pode ser a possível resposta para o crime envolvendo a morte de sua namorada. Um romance repleto de mistérios, sangue e morte, trás ao leitor uma mistura de tensão e curiosidade, em conhecer um mundo onde poucos acreditam existir, e os que acreditam se fazem de desentendidos
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de fev. de 2023
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    Caçadores De Predadores - Anderson Faria

    Caçadores de Predadores

    O Segredo Voraz 

    Anderson Faria 

    Dedico esta obra a todos aqueles que acompanharam o seu processo de criação e desenvolvimento.

    Dica.

    Antes de iniciarem a aventura nesta humilde obra, deixo uma dica a quem costuma ler sem interrupções. Se quiserem ignorar os textos escritos em Cinza. Podem fazer sem problema algum, porque não auterará em nada a história.   Dica dada, e boa leitura.

    Capítulo  1

    Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, 2013. 
    Segunda-feira, 4:26 da madrugada, o tempo amanhece fechado, acompanhado de uma fina chuva de vento. As poucas pessoas que saem para seus trabalhos se vêm forçadas a usarem agasalhos, e as mais precavidas seus guarda-chuvas. A luz do giroflex da viatura de polícia refletida nas paredes e muros das proximidades dá um tom avermelhado à vizinhança, chamando a atenção de quem passa.
    O local é a cena de um crime, onde um corpo totalmente dilacerado é guardado pela polícia, a espera da equipe forense, a qual determinara o que de fato teria acontecido.
    Alguns curiosos da vizinhança, alertados por quem passara anteriormente, aguardam pacientemente para acompanhar todo o desfecho desse crime brutal, já que isso nunca havia acontecido nesta cidade, e nem em suas adjacências. 
    — A perícia já está a caminho Sargento. — adianta um policial guardando seu aparelho celular no bolso, ao mesmo tempo em que se aproxima de seu companheiro de trabalho, que se encontra próximo ao corpo. 
    Sargento Gomes e Cabo Freitas, a dupla mais próxima que se disponibilizara a fazer a averiguação do chamado.
    Trata-se de CB (Cabo) Freitas e SGT (Sargento) Gomes. Freitas, um sujeito mulato, com aproximadamente 1,80 m de altura, pesando em média uns 75 kg, olhos verdes e cabelos levemente grisalhos, um rosto comprido e nariz grande, de alguma forma essa harmonia não faz dele uma pessoa feia. Sua aparência dá à impressão de no máximo 43 anos de idade. Já Gomes, possui a aparência de um homem robusto de traços nordestinos, mãos pesadas e calejadas, braços peludos, pele caucasiana, olhos pretos, e cabelos grisalhos. Gomes aparenta não ter menos de 55 anos deidade, medindo em torno de 1,90 m, ele está visivelmente acima do peso. Seu rosto é bem carrancudo, parecendo está sempre mal-humorado.
    — Sabe Freitas. — diz o sargento antes dar um longo trago em seu cigarro já pela metade, intidamente tentando não parecer impressionado com a cena. — Eu visto esta farda há 28 anos, e Juro pra você, que eu nunca vi uma coisa como essa. E olha que eu já vi de tudo nessa vida! — a conclusão de sua revelação então é finalizada com a expulsão da fumaça de seus pulmões. 
    — Só de olhar meu estomago embrulha. — comenta o Cabo tentando evitar o corpo. 
    — Pois é Freitas. — diz seu superior concordando — É melhor cobrir isso até a equipe da perícia chegar. — acrescenta se deslocando em direção a viatura. — Até porque, daqui a pouco, os curiosos vão começar a tirar fotos, e eu não quero me estressar com isso.
    — Verdade, Chefe. — Freitas se pressa e executar a tarefa.
    Após cobrir o cadáver com um enorme plástico preto, a dupla permanece no local por mais 50 minutos até finalmente a perícia chegar.
    Nesse tempo, a escuridão da madrugada já dá lugar a um céu mais acinzentado ao invés de azulado como de costume, confirmando o que a previsão do tempo havia anunciado: Um início de semana nublado com possíveis pancadas de chuva
    — Dr. Miguel! — diz Sargento Gomes se aproximando para cumprimentar o Delegado de polícia, que por sua vez, caminha ao seu encontro para ter conhecimento do que teria acontecido ali até o instante em que encontraram o corpo.
    — Opa! — saúda o delegado apertando firmemente a mão do sujeito — O que é que temos aqui, Gomes? — ele pergunta olhando para o enorme plástico preto sobre uma imensa poça se fundindo a água da chuva que rega o asfalto. 
    — Como eu tava falando comentando com Freitas. Algo que eu nunca tinha visto nesses meus anos de polícia, Doutor. — o sargento responde, conduzindo a equipe até o corpo. 
    No momento a mesma é composta pelo delegado titular, um promotor, um perito, e três investigadores.
    Dr. Carlos Miguel (Delegado de Polícia), um sujeito forte de pele branca, estatura mediana, aparenta ter um pouco mais de 51 anos. Rosto quadrado, cabelos louros esbranquiçados, e seus olhos azuis-turquesa, chamam tanta atenção quanto seu enorme bigode manchado nas pontas devido ao excesso de nicotina e de café. Uma coisa que ele faz questão de deixar em evidência é sua devoção por São Jorge, exibindo isso no pingente do seu cordão, tudo feito em ouro branco. Ele está trajando seu uniforme da polícia civil, composto por uma blusa cinza escrito POLÍCIA CIVIL nas costas, um par de algemas, um distintivo, dois carregadores sobressalentes municiados, e uma pistola 380. Além do mesmo, o Delegado ainda carrega preso ao cinto dois aparelhos telefônicos para possíveis contatos.
    Ao levantar parcialmente o plástico para terem uma noção de como estaria o corpo, todos acabam tendo a mesma reação, torcendo a cara, com expressões de espato e nojo simultaneamente.
    — O negócio aqui tá feio! — o perito pensa em voz alta. 
    — Concordo com você, Soares. — diz o delegado mantendo a expressão de nojo. 
    Carlos Soares (Perito Criminal) um indivíduo de aparência bastante incomum, totalmente desprovido de pelos, pele branca ao extremo, corpo franzino. Sua estatura não passa dos 1,67 m. Rosto fino, olhos castanhos claro levemente esbugalhados. Sempre usando seus enormes óculos bifocais, de armação preta, fazendo-o parecer um típico nerd envelhecido. Pois aos seus 40 anos, Soares aparenta ter bem mais idade, todo por conta do desgaste de sua profissão. Já este, além do uniforme, usa sobre o mesmo, um casaco preto, escrito PERÍCIA CRIMINAL, e um par de luvas de látex.
    Algum tempo depois. 
    — Dr. Miguel! — Soares o chama, indo ao seu encontro. 
    Enquanto isso, o jornal local tenta obter informações da equipe de investigadores. Assim como dos moradores presentes. 
    — Pode falar? — diz o delegado dando uma boa olhada nos fofoqueiros de plantão antes de voltar sua atenção para o perito. 
    — Bom, pela análise inicial, me parece que a vítima foi atacada por um cão — deduz o sujeito ajeitando os óculos com um dos dedos, enquanto expõe sua teoria — E pelo tamanho do estrago. Possivelmente um cão da raça Pitbull.  
    — É exatamente o que eu havia pensado. — antecipa delegado — Mas isso só o legista pode nos dar uma certeza. 
    — Concordo. — diz o perito. 
    — Alguma informação sobre a vítima? — o delegado pergunta, curioso. 
    — Sim. — Soares o responde entregando-lhe uma carteira de identidade — Seu nome era Silvana Amorim Neves, tinha 17 anos de idade. Pai, José Carlos de Amorim Neves, suboficial de marinha, aposentados. Mãe Sílvia da Costa Neves. Os investigadores estão tentando entrar em contato com a família. 
    — Ótimo. — diz o delegado pegando a identificação da jovem, voltando sua atenção logo em seguida para um de seus investigadores, o qual aparenta ser o mais jovem de toda equipe. — Gouveia! — ele o chama. 
    O mesmo então prontamente vai ao seu encontro.  
    André Gouveia (Investigador) possui pele morena clara, aparenta não mais que 30 anos de idade, estatura mediana, corpo atlético, olhos verdes, cabelos pretos e crespos, Gouveia possui um rosto marcado por manchas de espinhas e cravos, usa também cavanhaque bem desenhado, sinal de uma pessoa vaidosa. No momento está trajando um enorme casaco de moletom branco com uma estampa na frente de uma mulher segurando uma enorme espada medieval. Está usando também, uma calça Jeans manchada e um par de tênis esportivos brancos com alguns detalhes combinando com os do casaco. Seu distintivo é a única evidência que o identifica como policial, pois sua pistola e algemas encontram-se na cintura, encoberta também pelo enorme casaco.
    — Pois não Dr. Miguel? — diz investigador guardando seu rádio no suporte do cinto, próximo a sua pistola 380 cromada, que é consequentemente ocultada pelo moletom. 
    — Vê com a vizinhança, quem cria cães de grande porte. De preferência da raça Pitbull. 
    — Pode deixar comigo. — o mesmo diz se dirigindo rapidamente aos populares curiosos.
    Enquanto Gouveia se desloca para executar as instruções de seu chefe, outro investigador se aproxima do mesmo, rapidamente. Aparentemente o mesmo parece trazer alguma notícia.  
    — Delegado! — ele chama ao se aproximar. — Conseguimos localizar a família. Michelle já está vindo com eles. 
    — Bom trabalho, Rafael. — Dr Miguel o parabeniza fazendo um sinal positivo com o polegar — Sabe se a menina é daqui? — ele ainda pergunta ao mesmo. 
    — Afirmativo, Sr. — responde sujeito caminhando até o sargento de polícia. 
    Rafael Barbosa (Investigador) estatura mediana um pouco acima do peso, pele parda, aparentando uns 35 anos de idade, cabelos pretos, olhos castanhos, uma pequena barbicha de bode, tentando acompanhar o visual do seu colega de profissão Gouveia. Rafael é um homem que tenta compensar sua falta de beleza física melhorando seu visual, usando adornos de ouro, e roupas de marca. Está usando ali um casaco preto escrito POLÍCIA CIVIL nas costas, calças jeans bem justa ao corpo, e sapatos de grife, de couro marrom. Como de praxe, o distintivo pendurado, e uma pistola cromada no coldre da perna e um par de algemas no cinto.
    Enquanto se aproxima do promotor, o delegado olha a volta como se procurasse por alguém que pudesse lhe trazer mais informações. Como que por premonição, ele olha fixamente pra direção exata de onde Michelle surge trazendo consigo o pai da adolescente. Um sujeito na casa dos 50 anos. Estatura média, pele clara, corpo de um ex-praticante de esportes. Olhos castanhos e cabelos grisalhos, mantendo o estilo de corte militar. Está trajando roupas bem simples, possivelmente a primeira que encontrara na frente. Um casaco azul-marinho bastante amarrotado, uma bermuda cinza, e chinelos de dedo. O mesmo, já aos prantos, se aproxima para fazer o reconhecimento do que sobrou do corpo, enquanto as pessoas à volta começam a associar o pai aos restos mortais da vítima, inevitavelmente gerando vários cochichos e murmúrios entre elas. Michelle Ferreira (Investigadora) uma linda mulher caucasiana de estatura baixa, cabelos avermelhados na altura do queixo. Olhos castanhos esverdeados dona de atraentes lábios desenhados. Ela não aparenta ter mais que 40 anos. Cautelosa com seu visual, Michelle sempre é vista usando uma maquiagem bem fraca, para não chamar muito a atenção. No momento ela está trajando um mesmo modelo de casaco preto, em que Rafael esta vestindo, também está de calça jeans escura bem justa, marcando bem seu corpo, que por sinal está em excelente forma, um par de tênis All Star branco finalizando sua vestimenta. E como todos os seus colegas, ela também carrega seu kit de investigador composto por seu distintivo, pistolas e um par de algemas.
    — Sr José Carlos. — o delegado rapidamente se coloca na frente do pai angustiado, já olhando para o corpo de sua filha, que novamente coberto.  
    — Cadê minha filha? — pergunta o sujeito segurando firme os ombros de Dr Miguel — Eu preciso ver ela. Por favor! 
    Rapidamente Rafael segura com uma das mãos um dos braços do indivíduo, repousando a outra sobre sua arma como por medida de segurança. No entanto, a única reação que o Delegado tem é de ordenar a soltura do mesmo, desobstruindo o caminho para que o mesmo possa fazer o reconhecimento do que restou de sua filha. 
    — NAAÃÃÃÃO! — grita o pai que acaba de confirmar que sua princesinha fora brutalmente destroçada como um animal vítima de um predador faminto.

    Capítulo 2

    Mesquita, Rio de Janeiro, 2013. 

    Segunda-feira 8:00 da manhã. Num pequeno quarto escuro, grossas cortinas impedem a entrada claridade do dia, fazendo dali um lugar bastante aconchegante, pelo menos pra que gosta de dormir até tarde. Contudo, a escuridão e o silêncio são quebrados pela campainha e a claridade do display de um aparelho celular, em cima da cama. Precisamente na cama de superior de um beliche. A pouca iluminação revela uma boa parte do cômodo em si. Onde um jovem franzino desperta, assustado em meio às cobertas, procurando com as mãos seus óculos. E é pelo quarto toque do aparelho que ele finalmente os encontra, atendendo o ao telefonema assim que identifica a origem do mesmo. 

    — Oi amor! — diz o jovem num tom de voz bastante carinhoso. 

    — Rael? — a voz do outro lado da linha então se manifesta — Aqui é a Priscila, snif! Por favor, vem pra casa de Sil agora. 

    — O quê, como assim? Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta ao perceber o choro na voz de Priscila. 

    — Vem pra cá, por favor, a coisa é séria, e não da pra falar por telefone. — adianta a pessoa, encerrando a ligação logo em seguida. 

    — Espera Prí! — suas palavras no intuito de manter a tal Priscila na linha soam inutilmente. 

     Preocupado com o telefonema recebido, o jovem rapidamente se levanta da cama, e corre até o banheiro, a fim de se aprontar bem rápido para ir até a casa de sua namorada, assim como lhe fora pedido.  

    Depois uma rápida higiene pessoal, Rael parte vestindo a primeira roupa que encontra pela frente. 

    Felipe Rael de Alcântara. 19 anos, corpo franzino, pele parda, 1,80 m de altura. Olhos azuis quase cinza. Cabeça raspada atrás, e nas laterais, mantendo suas enormes madeixas de dreadlock castanha com algumas partes descoloridas, que chegam até os ombros. Além de seu visual exótico, Rael tem uma enorme pinta no lado esquerdo do pescoço, fazendo disso outro traço bem marcante. Ele também nunca sai de casa sem seus óculos de grau, e uma pulseira artesanal feita de couro e palha, algo de grande valor sentimental. 

    Além de seus pertences inseparáveis, Rael saiu de casa vestindo uma blusa preta por baixo de uma jaqueta jeans surrada, sua velha bermuda jeans clara, uma par de tênis de futsal branco e azul, e uma mochila preta com detalhes cinza e amarelo.

    No ponto de ônibus, ele ainda tenta retornar a ligação para o telefone de sua namorada. Na esperança de obter alguma explicação sobre o motivo de sua melhora amiga ter usado aquele telefone para falar com ele.  

    A mensagem da caixa postal quebrando os segundos de silêncio de ligação sem chamar, deixa claro que Priscila teria desligado o aparelho logo após finalizar o telefonema. 

    Um método desagradável que ela tem costume fazer quando quer que ele a encontre pessoalmente. 

    Diante de tal atitude, Rael nem perde tempo em tentar ligar para o celular da própria, imaginando que obteria o mesmo resultado. O que o faz recorrer ao telefone residencial. O sinal de ocupado é a resposta para ele de que alguma coisa ruim teria acontecido. Já que o mesmo é raramente utilizado. 

    O nervosismo se intensifica a medida que tenta entrar em contato e não consegue. 

    — Já sei! — as palavras entonadas em forma de alívio deixam no ar o encontro de uma possível solução para seu problema. — Agora tomara que esse gordo safado tenha carregado o telefone. — Rael balbucia consigo mesmo, revirando às pressas a lista de contatos salvos em seu aparelho celular.

    Tão logo o contato desejado é encontrado e já tem sua chamada iniciada. 

    — Vamos Gordo! Atende aí. — ele novamente balbucia consigo, enquanto o telefona chama. Ao mesmo tempo, em que tenta controlar suas emoções através da respiração mais cadenciada.   

    — Fala virgem? — diz a voz do outro lado da linha após o quinto toque, quebrando na mesma hora a nova sensação de tensão que começara a se formar ali. 

    cara, sabe me dizer o que tá acontecendo na casa da Sil? — pergunta o jovem tomado pelo desespero. 

    — Cara, quem esteve com ela ontem a noite foi você. — responde o sujeito sem se dar conta do nível de tensão do amigo — Se você que pega a mina não sabe, eu vou saber? Além disso, eu acabei de acordar véio

    — Putz, mano! Foi mal. É que eu to boladaço com uma parada. 

    — O que foi véio, aconteceu alguma coisa? — seu amigo pergunta agora num tom de preocupação.

    — Então, é exatamente isso que eu tô querendo descobrir. 

    Peraí Como assim? 

    — É que eu recebi um telefonema estranho as pampas. 

    — Telefonema? Telefonema de quem? 

    — Tipo, eu acordei com um telefonema da Sil, e quando percebi não era a Sil, era a Prí. E ela pediu pra que eu fosse depressa pra casa da Sil. 

    — Caramba, que doideira! 

    — E o pior é que parecia que ela tava chorando. 

    — Sério, veio? Vou ver o que eu descubro aqui, e logo eu te retorno a ligação. 

    — Valeu meu parceiro. — Rael agradece finalizando conversa.

    Aproveitando o tempo de espera pelo retorno da ligação do amigo, ele novamente tenta entrar em contato com a casa de sua namorada, que pra sua infelicidade se mantém na mesma. E só depois de quatro tentativas frustradas, ele resolve esperar mesmo pelas notícias Diego. 

    Cada segundo que passa, parecem horas. O ônibus não aparece, e seu amigo não retorna a ligação. O período de agonia leva cerca de cinco minutos até finalmente seu telefone tocar.

    — E aí, cara? Descobriu alguma coisa? — ele não esconde a ansiedade em sua pergunta, ao ver que é seu amigo retornando a ligação. 

    — Descobri, sim, cara. Mas, não são boas notícias não. — a voz de Diego soa de forma murcha. 

    — Sério? O que foi que descobriu? — ele pergunta já sentido seus batimentos cardíacos acelerarem de forma intensa. Como se tivesse pressentindo algo de ruim. 

    — Sinceramente não sei como te dizer isso véio

    — O quê que foi fala? 

    — Sério, cara. Eu não sei nem como... 

    QUAL FOI GORDO, DESEMBUCHA LOGO! — o jovem grita com o amigo, deixando claro que seus nervos à flor da pele.  

    Seu grito acaba chamando a atenção das pessoas que estão ali no ponto. O que imediatamente o faz perceber que não havia necessidade da alteração de voz.  

    Logo, ele tenta se retratar com o amigo, assumindo uma imposição de voz mais mansa.  

    — Desculpa cara! É que essa angústia tá me matando! 

    — Tá bom cara, eu falo, a Sil morreu. — diz seu amigo na cara dura. Não pra descontar o grito, mas porque ele nunca foi bom mesmo em dar notícias ruins, ainda mais sobre pressão. 

    — O quê?! — Rael parece não acreditar no que ouve. A notícia lhe vem como uma violenta pancada, deixando-o completamente desorientado.  

    Por um breve momento ele perde a noção de onde está. Voltando a si assim que sua ficha lhe cai, alguns segundos depois, o que consequentemente o faz entrar em desespero. 

    Quê iiisso veio! Não pode ser cara! — esbraveja inconformado — Não cara! Não! Não! Não! Não! Meu Deus! 

    Com os olhos marejados de lágrimas, Rael então tapa a própria boca com uma das mãos, tentando conter seu choro, enquanto as pessoas no ponto começam a se organizar ao ver o ônibus finalmente entrar no raio de visão. 

    — Rael? — seu amigo se manifesta preocupado com seu silêncio na linha — Rael você tá aí cara? — ele insiste no chamado. 

    — Eu não consigo entender. — a voz de Rael, embargada pelo choro, finalmente quebra o silêncio.  

    As pessoas começam a embarcar no coletivo, que já se encontra parado no ponto. Após entrar na condução, rapidamente o jovem procura um assento mais isolado para tentar extrair o máximo de informações possíveis sobre o que haveria acontecido com sua namorada. 

    — Te falaram como foi que aconteceu? — pergunta ele ajeitando-se no último assento do lado esquerdo do coletivo, no mesmo tempo em que tenta enxugar as lágrimas que não param de surgir.  

    — Mais ou menos, a... — seu amigo diz antes do silêncio tomar conta da linha. 

    — O quê? — Rael pergunta — Diego? Alô? DIEGO? Caramba, de novo não, meu Deus! — diz Rael começando a se desesperar. 

    Diante da ausência de resposta do amigo, a primeira coisa que faz é olhar para o aparelho. Que pra sua surpresa encontra-se desligado, descobrindo logo em seguida que a bateria do mesmo havia se esgotado, deixando-o com seus pensamentos embaralhados a procura de uma resposta pra toda essa situação.  

    Não vendo outra saída, sua única reação é de cair em prantos como uma criança, afundando o rosto em sua velha mochila.

    Capítulo 3

    Nova Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, 2013. 

    Segunda-feira, 8:23 da manhã. Novamente o tempo volta a chuviscar. O jovem desce do ônibus e segue correndo para a casa de sua agora ex-namorada, localizada a três quadras de distância. 

    Dobrando a esquina, o mesmo logo avista uma viatura da polícia civil parada no portão, assim como um aglomerado de pessoas, provavelmente vizinho, amigos e familiares. Uma confirmação também de que toda a história que lhe fora contada seria verídica. 

    Consequentemente, isso o faz correr ainda mais até o local da concentração de pessoas, a fim de encontrar com Priscila e ficar a par de tudo que acontecera. 

    Entrando as pressas na residência, ele passa pelas pessoas sem se quer cumprimentá-las. Uma reação tida não por falta de educação ou afinidade, mas porque seus olhos não conseguiam enxergar ninguém no local além de Priscila e Silmara, irmã mais velha de Silvana, que por sua vez estavam conversando com um policial civil, Detetive Gouveia. Provavelmente fazendo um apanhado informal sobre a rotina da família, principalmente sobre a vida da vítima.

    Assim que percebe a chegada do rapaz, Priscila corre para abraçá-lo, onde ambos acabam se desmanchando em prantos, tendo silêncio como a única palavra de consolo que conseguem dizer no momento reciprocamente. 

    — Me conta, o quê que aconteceu? — ele pergunta assim que se recompõe, quebrando a ausência de comunicação verbal entre os dois. 

    Enquanto retira os óculos para secar a base das lentes que ficaram molhadas, sua amiga enxuga-lhe o rosto, carinhosamente, tentando ao mesmo tempo, se controlar para não chorar no momento da resposta.

    Priscila Cabral é uma jovem bonita de apenas 18 anos, 1,68 m de altura, pele branca com algumas sardas espalhadas pelo rosto, ombros e busto. Olhos verdes, e longos cabelos ruivos encaracolados. Seu rosto de boneca e seus seios fartos são duas armas fatais quando se trata de sedução. Seu sorriso é seu maior trunfo em matéria de beleza. O fator interessante é que Priscila, apesar de ser uma jovem vaidosa, nunca se importou com suas gordurinhas localizadas na região do abdômen. Ela está vestindo ali uma saia jeans com uma calça legging preta por baixo, um casaco de moletom preto com uma enorme estampa da banda Linkin Park na frente, e a letra da música "In the end" nas costas. Por fim, um par de tênis cano longo preto com detalhes cinza e branco, com Suas madeixas ruivas presas num enorme coque que está quase se desfazendo devido ao peso e volume.

    — A polícia disse que ela foi atacada por um cão feroz, snif! — ela responde após respirar fundo. 

    Peraí! Você disse cão feroz? — pergunta o jovem chocado. 

    — Sim. Pelo menos foi o que o perito disse numa análise superficial.  

    — Meu Deus! — balbucia o rapaz desnorteado, parecendo não ter ouvido a última informação passada pela amiga. 

    — O que foi Rael? Tá tudo bem? — pergunta a moça preocupada com sua estranha reação.  

    — Isso chega a ser surreal. Cara, não dá pra acreditar que essa história toda é verdade. — ele responde tentando disfarçar sua real preocupação — Ela esteve com a gente ontem à noite na maior alegria. E hoje à gente descobre que ela tá morta. E o pior! Morta por um cachorro! — a conclusão do rapaz soa carregada de indignação. 

    — É, não dá pra acreditar mesmo. — concorda a amiga. 

    — Rael! — uma voz familiar chama a atenção do casal para a entrada. 

    É Diego que acabara de chegar, com uma expressão de completa tristeza. 

    Chegaí Gordo. — Rael então pede para que o amigo se aproxime.

    Diego Pedrosa, mais conhecido como Gordo que de gordo nada tem. Pelo menos atualmente, pois seu apelido foi lhe dado por de sua obesidade na infância e adolescência. Hoje, aos 18 anos, medindo 1,85 m Diego passou a ter seu peso muito bem distribuído pelo corpo, ficando com um aspecto de um atleta desleixado, o que pra ele já é o bastante, já que nunca fez nenhum tipo de atividade física. 

    Pele branca, rosto arredondado, olhos pretos e volumosos cabelos castanhos encaracolados, fazem dele um rapaz bem quisto entre as mulheres. 

    Seu traço mais marcante é uma pequena cicatriz profunda no lado esquerdo da testa, devido a uma pedrada dada por Rael há 12 anos. Seus aparelhos fixos de correção dental que faz de seu sorriso algo cativante. 

    Ele chegara ali usando um casaco branco de capuz, um bermudão preto estampado, e um para de tênis esportivo preto e vermelho, ele está também com uma touca preta escondendo sua cabeleira.

    — Desculpa a demora, cara. — Diego o abraça, assim que se aproxima. 

    — Que isso irmão! — diz Rael retribuindo seu gesto de afeto, pondo mais força em seu abraço. 

    Após saudar o amigo. Gordo então cumprimenta Priscila dando-lhe um beijo na testa, o qual é respondido com um singelo sorriso. 

    — E tua sogra, cara, como é que ela tá? — ele pergunta ao amigo demonstrando sua preocupação. 

    — Ela está lá em cima dopada de calmantes, com as irmãs dela. — adianta Priscila, sabendo que Rael não teria a resposta para a pergunta que lhe fora feita. 

    — E Sr. Carlos? — Diego então dirige sua pergunta à moça.  

    Todos sabiam que o pai de Silvana nunca fora com a cara de Rael. Isso porque ele sempre quis que sua filha caçula se envolvesse com alguém de um futuro promissor, assim como o noivo de sua irmã, um oficial do Corpo de Bombeiros. 

    Pra ele Rael não passa de um vagabundo, maconheiro, isso só por conta de seu cabelo estilo rasta.  

    — Eu acho que ele foi pro IML (Instituto Médico Legal). — ela o responde repassando o pouco que sabe. 

    — Ele foi resolver uns lances de documentações pro enterro da minha irmã. — acrescenta Silmara se aproximando do grupo, enquanto enxuga com um lenço as lagrimas que ainda brotam de seus olhos.

    Silmara Amorim Neves, uma linda jovem de 23 anos de idade, 1,72 m de altura, pele branca, olhos castanhos cor de mel, cabelos loiros e lisos, escorridos que se estende até seus ombros. Ela está trajando ali um casaco de moletom verde com listras brancas que pertencera a sua falecida irmã, com um jeans bem justo desenhando bem o contorno de suas coxas, finalizando o visual casual usando um chinelo de dedo branco com as tiras rosa Pink.

    — Oi Mara! — diz Rael ao se aproxima para cumprimentá-la. 

    — Oi Cunhado. — ela o cumprimenta com dois beijos no rosto.   

    Com a presença do rapaz ali, é inevitável pra ela não se lembrar do fato de que não mais terá sua companheira consigo, o que automaticamente faz suas lágrimas brotar incessantemente.  

    — Vem cá. — Real a puxa para um forte abraço. 

    Não resistindo à tristeza da jovem, ele se rende a sua dor da perda, caindo aos prantos com ela. Como reflexo, Priscila recomeça chorar abraçando Gordo, que também não resiste a emoção de todos e se desmancha em lágrimas também, como um efeito dominó.

    Passado o momento de intensa choradeira, Rael aproveita a ausência de Sr Carlos pra ir até o andar superior para se encontrar com Dona Sílvia sua agora ex-sogra, a fim de saber como estaria seu estado diante de tamanha tragédia. A curiosidade do rapaz se finda logo assim que vê a mesma sentada na cama com uma expressão visivelmente desorientada. Consequência da grande quantidade de calmante tivera que tomara. 

     Logo, ao reconhecer Rael adentrando em seu quarto, Dona Sílvia imediatamente tenta se levantar para ir ao seu encontro, mas na mesma hora é impedida por Solange, uma das irmãs que por sua vez se encontrava sentada ao seu lado. 

    Dona Sílvia, uma senhora que aparenta ter uns 48 anos. Gordinha, de estatura baixa, dotada de uma linda pele branca, cuja textura chega a ser tão sedosa quanto à pele de um bebê. Seus olhos âmbar, cabelos loiros bem curtos, trazem a lembrança de uma boneca. Sílvia pode ser classificada como uma pessoa privilegiada em matéria de beleza, embora de não esteja em seus melhores dias.

    No momento ela está usando um vestido rosa estampado, com uma jaqueta preta, que também pertencera à Silvana, presente dado pelo próprio ali.

    Suas irmãs Selma e Solange são bem parecidas com ela em matéria de aparência física, sendo que, Selma é incomparavelmente mais magra dentre as três, além de aparentar bem menos idade. Ela também tinge seus cabelos de ruivos na tentativa de criar um contraste com sua pele e olhos. 

    Solange, a mais velha delas, é diferenciada pelos olhos pretos e a enorme pinta no lado esquerdo do olho. Ela está vestindo um casaco de lã verde musgo, com uma longa saia jeans escura, com um par de sapatilhas pretas, e meias ortopédicas, utilizadas para ajudar na circulação sanguínea das pernas. Enquanto Selma usa uma combinação de jaqueta e calça jeans, com um casaco rosa de malha por baixo da jaqueta, concluindo seu visual com um par de sapatilhas pretas idênticas as da irmã, deixando visíveis umas pequenas partes de suas meias soquetes brancas.

    — Venha aqui meu filho. — diz dona Sílvia sentada na cama estendendo os braços para o jovem, que vai a seu encontro sem se pensar duas vezes — Nós perdemos a nossa princesinha Rael. — diz ela acolhendo-o em seu peito.  

    Não demorou muito para ambos darem início uma longa cessão nostalgia, compartilhando em meio aos choros e risos os bons momentos que tiveram com a vítima ainda em vida.

    Dona Sílvia sempre foi a favor do relacionamento de sua filha com o jovem em seu colo, já que fora a fase em que a mesma esteve mais radiante. 

    Consequentemente, as lembranças agradáveis, somada a alta dosagem de calmantes, fazem Dona Sílvia cair num sono profundo, liberando por fim o rapaz para se reencontrar com seus amigos na sala. 

    Sem se dar conta do tempo em que esteve com sua sogra, Rael se surpreende ao ver que todo aquele povo que estivera ali havia se dissipado, restando apenas Priscila e Silmara. Nem mesmo seu amigo se encontrava mais no recinto, o que já era esperado por ele.  

    Diego sempre se sentiu desconfortável na presença das duas, quando o amigo não está presente. Tudo por conta do envolvimento que tivera no passado com ambas em momentos distintos. 

    Na sala, Rael se depara com Priscila sentada no sofá de pernas cruzadas, abraçada a uma das várias almofadas espalhadas a sua volta. Silmara, por sua vez é encontrada deitada de bruços no outro sofá, com parte do rosto enfiado em outra das almofadas. Os rostos inchados e olhos avermelhados de ambas dizem claramente que estiveram chorando por até pouco tempo antes de ele chegar ali. 

    — E seu noivo, Silmara? — ele já pergunta tentando quebrar o clima de tristeza iniciando um assunto, enquanto se assenta próximo a elas.

    — Está de Serviço. — a jovem o responde retirando o rosto da almofada para olhá-lo. 

    — E ele já sabe? — o mesmo pergunta, referindo-se a todo o acontecimento. 

    — Sabe, sabe sim. — ela o responde se ajeitando para dar ao ex-cunhado uma melhor atenção — Inclusive ele está vindo pra cá, deve chegar aqui em menos de meia hora.

    — Gente, eu vou ter que ir. Eu pego no trampo agora dez horas. — Priscila anuncia sua partida, enquanto se levanta do sofá olhando para o relógio, que estivera escondido embaixo da manga do casaco. 

    — Vou aproveitar sua carona Prí pra dar uma passada lá na casa do gordo. — Rael comenta ficando de pé logo em seguida.

    — Ah não! — Silmara logo se manifesta, colocando-se também de pé ao ver o rapaz se levantar. — Por quê? Sabe que mãe não liga de você ficar aqui. — explica ela se aproximando dele. 

    — Eu sei Mara. — diz ele tentando se explicar — Mas daqui a pouco seu pai vai chegar, e a última pessoa na face da Terra que ele vai querer encontrar aqui sou eu. Além do mais eu sei muito bem como ele é, e sei que ele nunca foi com a minha cara, por eu não ser o genro que ele queria. Um cara bem-sucedido, com uma carreira fixa, bem remunerada, que garantisse uma vida de conforto pra sua filha. Pra ele eu sou um vagabundo, de rastafári, filho de um carpinteiro fracassado.  

    — Que isso Rael? — Silmara segura sua mão carinhosamente. Como uma irmã mais velha tentando transmitir conforto através de

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