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Autismo - A História De Nossas Vidas
Autismo - A História De Nossas Vidas
Autismo - A História De Nossas Vidas
E-book113 páginas1 hora

Autismo - A História De Nossas Vidas

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Sobre este e-book

Autismo – A história de nossas vidas é um relato que foi difícil de ser escrito. Quando você tem um filho, já espera e sonha muitas coisas para a vida dele, porém, descobre que ele tem um problema que os médicos não entendem bem o que é: isso há alguns anos. O segundo filho, que parecia não ter nada de diferente, começa a apresentar os mesmos sintomas, e mais um castelo se desmorona. Em meio à dor e à tristeza, você precisa lutar por eles. Uma longa jornada, repleta de muitas dúvidas e percalços é iniciada. Você quase não tem forças, mas trava uma verdadeira batalha pelos seus filhos. Nesta viagem surgem indagações, como “Onde está Deus?”, “O que eu fiz para merecer tamanho castigo?”, “Será que vai haver uma solução ou Deus realizará o milagre prometido?”, “Por que as promessas de Deus não se cumprem na vida dos meus filhos?” As questões nos levam a um intenso aprendizado sobre Deus, e você percebe que não é nada diante de tamanha grandeza e amor. A luta diária leva também a muitas reflexões e se faz necessário repensar a vida e a relação com as pessoas. Renovar a esperança diariamente é algo que o coração reclama. E, por meio de poesia, expressa suas dores e sentimentos, que podem ajudar o leitor a compreender muitas questões que envolvem o universo do autismo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de jan. de 2023
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    Autismo - A História De Nossas Vidas - Dulce Moura Leão

    O INÍCIO

    1997. Meu filhinho nasceu. Um misto de alegria e medo. Medo de não saber cuidar, e de tudo o que poderia vir pela frente.

    Um menininho lindo, muito pequeno, mas espertinho! Eu não tinha escolhido um pediatra específico para o acompanhamento do meu filho. Deixei o atendimento para o profissional que estivesse de plantão no dia do nascimento. O pediatra do primeiro atendimento disse que estava tudo bem. No dia seguinte já foi outro, e analisou de forma diferente. Disse que o bebê era abaixo do peso, muito pequenininho e estava amarelinho. Queria deixá-lo internado. No hospital, esperando a hora de ir embora, e ter que deixar meu bebê... Chorei, e a médica amoleceu. Deixou que fôssemos para casa, mas avisou para tomar cuidado e que o bebê poderia ter que voltar ao hospital, por causa da icterícia.

    Eu e meu esposo tomamos bastante cuidado e, apesar de não acreditarmos muito na eficácia do banho de capim para icterícia, afinal parecia uma crendice popular, ele foi atrás de capim para 7 dias de banho, até debaixo de chuva. Trouxe capim e lama. E não é que deu certo?! No dia da revisão estava tudo bem, ou seja, Eduardo tinha melhorado da icterícia, não sabia, é claro, se o banho com chá de capim teria feito alguma diferença ou se o próprio organismo, com a ação do banho de sol, teria resolvido o problema.

    Meu bebê foi crescendo, envolvido com muito amor.  Crescendo, tinha algo diferente. Mais molinho que os outros bebês, chorava muito e dormia pouco. Teve bronquite aos 4 meses. Na terceira crise, tinha que levar ao posto de saúde todos os dias. Não estava se alimentando e eu, muito preocupada com ele, ainda mais que era muito magrinho.

    Dias após o início da crise de bronquite, levei-o ao posto mais uma vez. Chorava e não mamava de jeito nenhum. Levei-o à casa de um primo que tinha recebido dons do Espírito Santo havia pouco tempo e Deus estava realizando curas por meio das orações dele. Ele orou pelo Eduardo, repreendendo a bronquite. Voltamos para casa e, no caminho, ele chorou muito.  Parecia até que tinha piorado. Em casa, fui tentar alimentá-lo e, para minha surpresa, ele mamou avidamente como se estivesse com muita fome. A crise de bronquite parou definitivamente. Nunca mais ele apresentou o problema. Foi cura instantânea, e não me esqueço desse episódio! Glória a Deus por isso!

    Uma coisa que me deixava arrasada quando o Eduardo era bebê era o choro constante. Eu ficava triste porque queria passear com ele de carrinho como as outras mães faziam, mas quando saía, ele chorava tanto que o máximo que eu conseguia era andar duas quadras e já tinha que voltar. Depois do sexto mês, Eduardo parou de chorar tanto, mas ainda não dormia bem.

    Apesar de ser ainda meio molinho, Eduardo começou a dar os primeiros passinhos com 10 meses. Fiquei muito feliz, porque achava que assim tudo estava dentro do normal. Começou a falar as primeiras palavrinhas. Que alegria! Era um bebê muito sério; difícil conseguir um sorriso dele, meio disperso, parecia aéreo. Eu o chamava à realidade o tempo todo. Brincava, cantava bastante para ele e contava historinhas. Ele parecia não se importar com nada.  Para mim, era muito triste porque eu achava que meu filho iria gostar de histórias, como eu, que ia ler muitos livros, cantar e tocaria algum instrumento.

    O tempo foi passando e Eduardo se tornou bem quietinho. Como eu trabalhava, minha mãe ficava com ele. Ela tinha um problema de saúde que a deixava mal algumas vezes. Mesmo assim, ela quis cuidar dele, e quando não estava bem, Eduardo ficava quietinho deitado ao lado dela. Nesse período, ele não dava muito trabalho. O tempo foi passando e ele apresentava dificuldades. O desfralde foi muito difícil. Constantemente ele esquecia de pedir e fazia xixi na roupa. Com o tempo, melhorou um pouco, mas a dificuldade foi grande. Eu ficava tentando lembrá-lo e o colocava para fazer xixi, mas ele não fazia. Muitas vezes, logo após as minhas tentativas, ele fazia na roupa. Depois dos 3 anos, ele controlava um pouco melhor.

    Com três anos, começou a ir à escolinha, assim chamávamos a Educação Infantil à época. Eu temia sobre o comportamento dele e constantemente perguntava à professora se estava tudo bem. Ela sempre me respondia que sim, que ele acompanhava bem a turma. Não sabia bem o porquê, mas eu sempre desconfiava. Sentia que alguma coisa poderia dar errado. Mas ele continuava e a única reclamação foi em relação à fala, algumas sílabas ele não conseguia pronunciar e aumentava muito o som do r, vibrava o som em qualquer palavra que tivesse a letra.

    Começou a fazer terapia com fonoaudióloga, e foi elogiado pela inteligência. Ele tinha também um comportamento muito infantil, então levei-o ao psicólogo, para avaliação. O profissional disse que Eduardo apresentava a síndrome de Peter Pan, que ele não queria crescer. Seria um problema somente emocional que passaria com o tempo. Quando ele estava com quase 3 anos, fiquei grávida do segundo filho. Ele não queria ter um irmão. Ficava bravo quando eu explicava que na minha barriga tinha um irmãozinho, e que iria brincar muito com ele.

    E Eduardo crescia. Inteligente, desenhava e pintava muito bem, se destacava na escolinha. Aprendeu a cantar o Hino Nacional inteiro, e eu o estimulava em casa, colocando fita cassete (era o que tínhamos à época) para que ele ouvisse e cantasse junto. Era engraçado que ele queria a bandeira para segurar enquanto cantava. Como não tinha bandeira lá em casa, ele pegava até almofada e segurava como se fosse uma bandeira aberta, do jeito que faziam na escola.

    Em casa suas brincadeiras eram restritas. Gostava muito da história dos Três Porquinhos. O que mais chamava a atenção dele era o lobo. Gostava de montar blocos e às vezes montava coisas muito interessantes, mas logo desistia da atividade. Houve uma fase em que tinha fixação pelo boneco do Homem-Aranha. Isso também incomodava! Queria que ele brincasse de forma variada, com outros brinquedos, mas ele sempre brincava da mesma coisa. Não conseguia brincar de forma natural como as outras crianças. Não gostava de carrinho, bola, bicicleta. E brincava sempre sozinho. Eu fiquei muito feliz nas poucas vezes em que ele brincou com outras crianças. Doía vê-lo solitário, mesmo que estivesse no meio de muitas crianças.

    O NASCIMENTO DO IRMÃO

    O segundo filho chegou. Daniel, em meio a uma turbulência. Tive pré-eclâmpsia a partir do sexto mês de gestação. Foram exames diários e, do sétimo para o oitavo mês, no dia 22 de julho de 2000, tive descolamento de placenta. No meio da noite, comecei a sentir algo estranho na barriga, achei que não era nada. De manhã, levantei e percebi um sangramento intenso. Eu e meu esposo saímos correndo, levamos Eduardo até a casa dos meus pais e fomos ao hospital. Achei que iria morrer ou que perderia o bebê. Não queria que Eduardo ficasse sozinho, pedia a Deus que não deixasse Daniel morrer! Eu o queria muito, e me preocupava também com a solidão de Eduardo. No centro cirúrgico, uma enfermeira me disse: Se tiver que ser seu, será. Não gostei da frase, não queria pensar na hipótese de perdê-lo. Orei intensamente para Deus guardar a vida dele. Feita a cirurgia, Daniel foi para a UTI e foi entubado, por precaução. Só pude vê-lo à tarde, pois fiquei

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