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Horizonte Distante
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E-book329 páginas3 horas

Horizonte Distante

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Sobre este e-book

Além de um relato de memórias, Horizonte Distante é um livro didático, repleto de descrições e ilustrações sobre os costumes, apetrechos e até processos de fabricação da época da infância do autor. Era um mundo muito diferente do atual, aquele dos anos 1930 numa fazenda de criação de gado no sul do Paraná, a sessenta quilômetros da cidade mais próxima, sem energia elétrica nem automóveis. Adulto, Geraldo foi para o norte do Paraná e viveu o momento histórico da colonização daquela região. Inspetor de Terras, foi chamado de pacificador por seu trabalho na regularização da propriedade de terras. Ele conta sobre os tiroteios, as cidades recém-criadas e as dificuldades de mediar conflitos num lugar em que valia a lei do mais forte. Espero que seja um trabalho útil para mostrar um pouco da vida daquela época, tudo que tinha de rústica, sofrida e difícil, mas também o que tinha de bom - e que é lamentável termos perdido. Para meus filhos e netos, também é um pequeno relato sobre nossas origens.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de abr. de 2023
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    Horizonte Distante - Geraldo Boz

    Sobre este livro

    Horizonte Distante foi manuscrito por Geraldo Boz quando já tinha mais de setenta anos de idade. Escreveu num caderno que ficou guardado e só foi descoberto alguns anos depois de sua morte. Sua viúva, Walkyria, fez o trabalho de decifrar o manuscrito e transcrevê-lo em mídia digital.

    O formato final foi dado por seu filho Geraldo Boz Junior, que revisou e organizou o texto em capítulos temáticos dispostos em ordem cronológica. Sendo um livro de memórias, foi naturalmente ilustrado por fotos do acervo da família. Entretanto, o texto pedia mais ilustrações, pois o autor descreve objetos, apetrechos e até processos de fabricação que são desconhecidos para os jovens que vivem na cidade. Com alguma pesquisa, obtiveram-se imagens que complementam o trabalho do autor ao descrever, por exemplo, um cargueiro com uma bruaca.

    Além de um relato de memórias, Horizonte Distante é um livro didático, que cumpre muito bem o objetivo do autor, que era escrever um  (...) trabalho útil para mostrar um pouco da vida daquela época, tudo que tinha de rústica, sofrida e difícil, mas também o que tinha de bom e que é lamentável termos perdido. Para meus filhos e netos, também é um pequeno relato sobre nossas origens.

    Geraldo Boz Junior

    Editor

    Parte 1

    Origens, infância, estudos

    1 – Minha motivação

    De vez em quando, conto aos meus filhos e netos sobre coisas do meu passado, da vida de meus pais, de meus irmãos, daquela gente que conheci na minha infância e adolescência.

    Hoje, 27 de julho de 1999, enquanto tomávamos café, eu falava de uma modalidade do transporte de carga que era a mais importante na minha infância, na região onde eu vivia. Subitamente, meu filho Junior me interrompeu:

    Pai, porque o senhor não escreve suas lembranças? Quando conta essas histórias, parece que está falando de um outro mundo!

    Seu comentário me fez perceber com mais clareza o contraste entre a vida de hoje e aquela da minha infância. O intervalo entre essas duas épocas não é tão grande assim. Em tempos remotos, quase não se perceberiam as transformações acontecidas em cinquenta anos. Atualmente, as mudanças são tantas que meu filho vê as coisas da minha infância como se fossem de um outro mundo.

    A começar pelo tratamento de senhor, usado para as pessoas mais velhas, em sinal de respeito. Meu filho ainda o conserva e eu também. Até hoje, uso esse tratamento não só para os mais idosos que eu (que são poucos), mas também para as pessoas com quem não tenho familiaridade, não importando sua posição social.

    Esclareço que nada tenho contra o você. Não o uso por falta de hábito, não por considerá-lo desrespeitoso. Aliás, se um de meus netos me chamasse de senhor, eu estranharia porque estaria usando um tratamento não mais usado pela juventude de nossos dias.

    Com sinceridade, julgo muito mais apropriado o diálogo aberto entre pais e filhos. Melhor que usem a mesma linguagem que usam entre irmãos e amigos, sem os tabus moralistas que norteavam a convivência das famílias, impedindo uma orientação mais segura para os jovens. A maioria dos nossos ancestrais era analfabeta e inculta.

    Felizmente, nos últimos 50 anos o grau de instrução da população brasileira evoluiu consideravelmente e as rédeas do freio pecado, que tinha por objetivo conservar as massas envoltas nas névoas da ignorância, se tornaram dia a dia mais elásticas.

    Hoje, há muitos pais já aptos para colaborar na orientação dos filhos e estes por sua vez já podem encontrar fontes onde podem saciar sua sede de conhecimento por conta própria.

    Contudo, não devemos olvidar que também existem perigosos mananciais repletos de venenos que podem degenerar um ser até as últimas consequências.

    Espero que este trabalho seja útil para mostrar um pouco da vida daquela época, tudo que tinha de rústica, sofrida e difícil, mas também o que tinha de bom e que é lamentável termos perdido. Para meus filhos e netos, também é um pequeno relato sobre suas origens.

    2 – Meu pai e avós paternos

    No arquivo das recordações da minha infância não tem nada mais importante que meus pais. Não vou fazer biografias, pois tenho muito pouca informação sobre meus ascendentes. Meu objetivo é apenas tentar trazer à tona lembranças que ainda não sucumbiram.

    Meus avós paternos, João Boz e Catarina Denin Boz, vieram da Itália com as primeiras levas de imigrantes italianos, no século 19. Não sei se já eram casados quando migraram ou se casaram no Brasil. Instalaram-se em Caxias, Rio Grande do Sul, onde moraram até o final de suas vidas. Tiveram vários filhos, entre os quais meu pai, José Boz, que nasceu em oito de abril de 1890.

    Minha avó Catarina faleceu dois dias após o nascimento do meu pai.

    Passado algum tempo, meu avô casou-se novamente.

    Quando meu pai tinha quatro anos, meu avô faleceu. Todos os filhos de João e Catarina ficaram aos cuidados da madrasta.

    A madrasta de meu pai também se casou pela segunda vez e os órfãos passaram a viver com ela e seu novo marido, que passou a ser padrasto deles.

    Quando meu pai estava com oito anos de idade, faleceu sua madrasta e, daí em diante, a vida se tornou insuportável na companhia do padrasto.

    Meu pai aprendeu o ofício de ferreiro e, ainda criança, começou a trabalhar para se sustentar.

    Com 17 anos, meu pai saiu de casa. Junto com seu irmão Victorio e mais dois amigos, saíram à procura de trabalho para sobreviver, munidos apenas de muita coragem e esperança de vencer os obstáculos. Deixaram Caxias do Sul para sempre.

    A luta foi árdua! Meu pai não podia escolher trabalho. Seu serviço era o quê aparecesse e o ordenado era o que o patrão decidia pagar. 

    Além de nunca ter frequentado uma escola, falava o português muito mal. Na colônia onde viveu, quase só se falava um dialeto italiano.

    Durante a infância e a juventude viveu sem conforto, sem amor e sem carinho.

    Depois que se tornou ferreiro, conseguiu uma carroça. Não sei se a comprou ou se ele mesmo a construiu. Tornou-se carroceiro autônomo. Além do frete, também ganhava na compra e venda de mercadorias.

    3 – Minha mãe e avós maternos

    Os pais de minha mãe eram Manoel José Faria e Maria Francisca dos Santos. Provavelmente eram paranaenses. Viveram e morreram em Palmas, Paraná.

    No final do Império, Manoel José registrou a posse de mais de 5.000 mil alqueires paulistas (12.000 hectares) em terras devolutas situadas no município de Palmas, no Paraná. Este era o primeiro passo para se tornar o proprietário legal das terras. A legitimação da posse, contudo, só era concretizada se o posseiro mantivesse cultura efetiva e morada habitual na área medida e demarcada. O governo do Paraná verificava o cumprimento dessas condições e estipulava um preço pela área. Com o pagamento realizado, o posseiro recebia o Título de Domínio Pleno e se tornava o proprietário legal do imóvel.

    Dos 5.000 alqueires registrados, meu avô só legitimou 2.400. Ainda assim, tornou-se um latifundiário rico.

    Etelvina, minha mãe era uma das quatro filhas do casal Manoel José e Maria Francisca, nasceu em 19 de novembro de 1899.

    A terra de meus avós maternos foi denominada Fazenda São Cristóvão. Era uma das melhores da região para a pecuária, principal atividade daquelas plagas.

    4 – O Paraná

    Segundo Romário Martins¹, O território do Paraná ficava ao ocidente da linha empírica de demarcação das conquistas reservadas a Portugal pelo tratado de Tordesilhas (1494), pois, essa linha, segundo os cosmógrafos espanhóis, caia no mar, na altura de Iguape, embora para os portugueses terminasse na altura de Laguna, e a expedição de Pêro Lopes de Sousa (1532), ainda mais ao sul, procurasse estender o direito lusitano, colocando marcos na foz do rio da Prata. Se prevalecesse a marcação da linha que terminava em Iguape, todo o território hoje paranaense estaria compreendido no direito espanhol. Se prevalecesse a linha que terminava na Laguna, apenas uma estreita faixa marítima, que não excederia a Serra do Mar, seria do domínio português.

    O meridiano de Tordesilhas essa linha divisória, escrevia Raimundo de Morais, riscada no ar pela mão católica do Papa, teve de ceder ante o argumento politicamente mais forte do povoamento efetivo do território: o Tratado de Madrid reconhecendo o princípio do uti possidetis, que passaria para o direito diplomático brasileiro. Substituiu-se, em 1750, o traço abstrato pela figura irregular e real da cartografia projetada sobre o terreno pelas áreas de ocupação material.

    Na época colonial, o Brasil foi dividido em 12 capitanias hereditárias ao longo da costa brasileira que foram doadas por D. João III a quem pudesse defendê-las. 

    O atual território do Paraná pertencia a duas capitanias diferentes: a de Santo Amaro, doada a Pero Lopes de Sousa em 1534 e a de São Vicente, doada a Martim Afonso de Sousa no mesmo ano. Ambas, mais tarde, constituíram a Capitania de São Paulo.

    Em 22 de março de 1682, a Vila de São Paulo foi elevada à categoria de Capital da Capitania de São Vicente.

    A capitania de São Vicente foi uma das poucas que prosperou, graças ao espírito empreendedor de Martim Afonso e a mão de obra barata dos gentios no cultivo da cana de açúcar.

    O povoamento do Paraná teve início em Paranaguá, à margem meridional da baía de mesmo nome. Aí, era a única entrada para se chegar ao planalto paranaense. Nessa região foi encontrado ouro e amostra do mesmo foi levada a São Paulo, para exame e registro, por Gabriel de Lara em 1646.

    Por influência de Gabriel de Lara, em 25 de dezembro de 1648, o povoado de Paranaguá elevou-se a Vila.

    Em 17 de junho de 1723, uma Carta Régia criou a comarca de Paranaguá com jurisdição sobre os povoados de Santa Catarina, Laguna, São Francisco do Sul e os territórios de São Pedro do Rio Grande.

    Em 19 de fevereiro de 1811, por alvará, foi criada a comarca de Paranaguá e Curitiba, da Capitania de São Paulo. 

    Após a independência do Brasil (sete de setembro de 1822), as unidades administrativas passaram a denominar-se províncias e o Paraná continuou como a 5ª comarca da província de São Paulo. 

    Em 05 de fevereiro de 1842, uma lei da província de São Paulo concedeu foros de cidade a Curitiba.

    Em 22 de março de 1851, lei da província de São Paulo determina que as Comarcas de Paranaguá e Curitiba passassem a se chamar somente de Curitiba.

    Somente em 29 de agosto de 1853, pela Lei 704, a 5ª comarca da província de São Paulo (comarca de Curitiba) se transforma em província do Paraná e, aos 19 dias do mês de dezembro do mesmo ano, o Conselheiro Zacarias de Góis e Vasconcelos toma posse como o primeiro presidente da nova província. Nessa época o maior problema administrativo era o povoamento do território com cerca de 200.000 quilômetros quadrados de superfície e uma população de apenas 60.626 habitantes (enciclopédia Barsa).

    A pequena população paranaense estava distribuída em apenas 19 agrupamentos à beira dos caminhos históricos e isolados uns dos outros, sem qualquer tipo de comunicação entre eles.

    Os 19 agrupamentos eram compostos por:

    - Duas cidades: Curitiba com 5.819 e Paranaguá com 6.533 habitantes;

    - Sete vilas: Guaratuba, Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Lapa, Castro e Guarapuava;

    - Seis freguesias: Campo Largo, Palmeiras, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Tibagi e Rio Negro;

    - Quatro capelas curadas: Guaraqueçaba, Iguaçu, Votuverava e Palmas.

    Além desses centros urbanos emergentes, as terras paranaenses eram um verdadeiro deserto humano tanto nos campos gerais como na imensa e exuberante floresta.

    Até a emancipação política, com a criação da província do Paraná, a principal região era Paranaguá e sua principal atividade era a mineração.

    A primeira estrada de rodagem da província, que ligava o litoral ao primeiro planalto, foi construída em 1873. A ferrovia ligando Paranaguá a Curitiba foi inaugurada em 1884.

    Curitiba, a capital da província, ficava numa posição geográfica que a tornava um centro de irradiação. Isso facilitou seu desenvolvimento e ela sobrepujou rapidamente sua rival Paranaguá. O povoamento dos planaltos paranaenses foi se intensificando, não só com portugueses, mas também com imigrantes europeus, formando núcleos agrícolas.

    Por rodovias estavam ligados a Curitiba: Castro, Guarapuava e Rio Negro.

    Por navegação a vapor se ligavam as regiões localizadas às margens do rio Iguaçu, desde Porto Amazonas até Porto Vitória.

    Os portos marítimos, também, se interligavam pela navegação a vapor.

    A primeira fase do povoamento do Paraná foi impulsionada pelo comércio de gado entre os campos do Rio Grande do Sul e a zona de mineração em Minas Gerais. O Paraná ficava estrategicamente no meio do caminho.

    Os primeiros núcleos urbanos do Paraná se formaram nos campos, e tiveram origem nos pousos de tropas, escalonados ao longo do Caminho de Viamão, que ligava as campinas do sul (Viamão, no Rio Grande) a Sorocaba (São Paulo), onde eram realizadas as famosas feiras de gado.

    Para abastecer tropeiros e tropas, tornou-se obrigatório o desenvolvimento de atividades agrícolas de pequeno porte nas fazendas localizadas ao longo dessa via.

    As atuais cidades da Lapa, Ponta Grossa, Castro, e Jaguariaíva, entre outras, surgiram dessas pousadas.

    No entanto, embora a economia do Paraná crescesse graças ao comércio de gado, o desenvolvimento demográfico era excessivamente lento, porque a atividade econômica estava ligada a grandes latifúndios, que utilizavam diminuta mão-de-obra.

    A colonização só ganhou força nos fins do século XIX com a presença de imigrantes colonos eslavos, italianos e alemães. Nessa época, iniciou-se o desenvolvimento agrícola e a exploração das florestas (madeira e erva-mate).

    A contribuição do colonizador europeu se iniciou depois da construção da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, obra inaugurada em 1910, após 20 anos de construção.

    5 – A região de Palmas

    Vou falar um pouco sobre essa cidade, porque foi lá que minha mãe nasceu e conheceu meu pai, onde se casaram e tiveram 13 filhos.

    Nessa terra muito trabalharam, realizaram muitos sonhos, de tudo fizeram para dar o melhor para seus filhos.

    Amavam tanto esse pedaço de chão que pediram que seus corpos tivessem o cemitério da cidade de Palmas como última morada aqui na Terra. Esse desejo foi realizado.

    Foi em Palmas que nasci e passei minha infância desfrutando da maravilha daqueles campos, bosques, rios e lagoas. Tudo isso sem precisar sair da fazenda de meus pais, mas, como não poderia ser diferente, naquela época eu não via a beleza da natureza.

    O dramaturgo francês Henri Becque (1837-1899) disse que a Liberdade e a Saúde se assemelham numa coisa: só percebemos seu valor quando as perdemos.

    Acho que todas as coisas boas que surgem em nossas vidas são semelhantes, também, à saúde e à liberdade: são muito preciosas quando já estão fora de nosso alcance. 

    Vejamos um pouco da história de Palmas.

    Palmas é um dos municípios mais antigos do estado do Paraná, criado em 13 de abril de 1877. Entretanto, a cidade não experimentou plenamente o surto de desenvolvimento que aconteceu no estado. As principais causas, ao meu ver, foram: 

    A cidade está muito distante do caminho das tropas, que foi o embrião do desbravamento da terra das araucárias;

    O apito do trem nunca foi ouvido na cidade dos pé vermeio (palmenses);

    Palmas fica numa região denominada Contestado, disputada por dois estados.

    O litígio entre Paraná e Santa Catarina deveria ter chegado ao fim, por meio de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, definindo o limite entre os dois estados. Por falta dessa decisão a disputa continuou e os ânimos se exaltaram.

    Em 1910, políticos paranaenses chegaram a propor a criação de um novo estado na região sob disputa. Seria o estado das Missões.

    Na época, surgiu na região o monge José Maria. Não se sabe ao certo se era um ex-soldado do exército ou da polícia. Provavelmente, era um desertor que conseguiu arregimentar antigos operários desempregados da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande. Transformados em fanáticos religiosos, eles paralisaram as obras em União da Vitória em 1906.

    Em 1912, os seguidores do monge José Maria vieram de Santa Catarina e invadiram o Paraná. Para resolver a situação, deslocou-se para o local um contingente da polícia paranaense, comandado pelo coronel do exército, João Gualberto Gomes de Sá, que foi derrotado e morto em combate. Na mesma luta morreu o monge.

    Com a morte do monge José Maria, o comando dos revoltosos passou para Euzébio Ferreira dos Santos.

    Os sertanejos fanáticos eram dispostos em grupos, agora denominados Quadros Santos. Ficavam em diversas áreas de difícil acesso, cada qual com o seu santo. Um deles, D. Manoel Alves de Assunção Rocha, tinha o firme propósito de criar a Monarquia Sul Brasileira e ele seria seu primeiro imperador.

    Em 1914, o general Setembrino de Carvalho assumiu o comando da Inspetoria da Região Militar, formada pelos dois estados. Ele mobilizou 7.000 homens e pôs fim à sangrenta rixa, culminando com a tomada de Santa Maria em 5 de abril de 1915.

    Em 1916, os governadores de Santa Catarina e Paraná, Filipe Schmidt e Afonso de Camargo, respectivamente, assinaram um acordo estabelecendo a linha divisória entre os Estados, pondo fim ao conflito.

    Para comemorar o evento, a cidade de Campos do Irani, que era sede de um Quadro Santo, passou a se denominar Concórdia.

    6 – Peculiaridades de Palmas

    Fazenda Horizonte era o nome de uma propriedade rural situada ao sul do município de Palmas. Era uma subdivisão da antiga Fazenda São Cristóvão, do meu avô, herdada por minha mãe. É minha terra natal, à qual ainda vivo ligado pelos laços da saudade da primavera de minha vida. A região

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