Ensinanças & Vivências
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Ensinanças & Vivências - Anderson Sathler Vieira
Ensinanças & Vivências
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M.K. Gandhi
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(Satyagraha)
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VOL.1
© Anderson Sathler Vieira 2023
© Ensinanças & Vivências - M.K. Gandhi - (Satyagraha) - VOL.1
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
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Criado no Brasil - A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-65-00-71609-2
© Anderson Sathler Vieira 2023
A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.
Mohandas Karamchand Gandhi
(1869 – 1948)
Índice:
Antecedentes Histórico.........................................................01
Primeiros 20 Anos.................................................................09
Desenvolvimento Pessoal......................................................19
Satyagraha...........................................................................104
Antecedentes Histórico
A história da civilização humana na Índia remonta a mais de 8.000 anos. Havia cidades bem planejadas com sistema de esgoto subterrâneo e banhos públicos há mais de 5 a 6.000 anos ao longo dos rios da Civilização do Vale do Indo. As pessoas desenvolveram uma linguagem altamente sofisticada - o sânscrito. Épicos como Ramayana e Mahabharata, escrituras como Vedas, Upanixade e Bagavadeguitá foram compostos por santos e estudiosos.
Havia universidades como, Takshashila e Nalanda, onde estudiosos de outros países costumavam vir estudar, conceitos de matemática, astronomia, prática da medicina, metalurgia, química, etc., os quais eram muito mais avançados do que em qualquer outra lugar daquele período.
Recentes descobertas arqueológicas, genéticas, datação por carbono e outras técnicas modernas, mostraram que não houve invasão ariana na Índia. Os chamados arianos de pele clara e dravidianos de pele escura são as mesmas pessoas que viveram na Índia por milênios, e suas culturas continuam até os tempos modernos.
A Índia foi um dia a pátria-mãe de nossa raça, e o sânscrito, a mãe das línguas da Europa; ela foi a mãe de nossa filosofia; e mãe através dos árabes, de grande parte da nossa matemática; mãe através do Buda, de ideais incorporados no Cristianismo; mãe, através da comunidade da aldeia, do autogoverno e da democracia. A Mãe Índia é, de muitas maneiras, a mãe de todos nós.
Houve muitas invasões estrangeiras na Índia. Alexandre da Macedônia foi um dos primeiros a invadir a Índia em 326 aC. Então, a partir do século 11 (CE), vieram os hunos, Gengisção, árabes e invasores iranianos. A maior parte do objetivo dos invasores estrangeiros era saquear, destruir e tomar escravos.
Milhares de templos foram destruídos, ouro e joias foram saqueados e milhões de pessoas foram mortas ou tomadas como escravas. Em cem anos (de 1000-1100 dC), quase 20 milhões, um décimo da população da Índia, foi dizimada por invasores muçulmanos. Os muçulmanos governaram a Índia por muitos anos e depois os britânicos assumiram.
Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia em 1498. A Companhia das Índias Orientais foi criada em 1600 para negociar com a Índia. Assim como seus predecessores de outras partes da Ásia, foi a riqueza da Índia que atraiu os europeus a irem para a Índia.
O primeiro navio britânico chegou ao porto de Surat, na costa oeste da Índia, em 1608. A Companhia das Índias Orientais lentamente estabeleceu mais depósitos comerciais em outros portos e obteve grandes lucros levando especiarias e outros produtos da Índia para a Inglaterra e a Europa.
Os britânicos lentamente estabeleceram seu monopólio no comércio com a Índia, eliminando toda a concorrência dos franceses, portugueses e espanhóis.
Os postos comerciais foram lentamente convertidos em fortes com canhões, armas e munições sem a permissão dos governantes locais. Em 1756, o governante de Bengala atacou o forte inglês em Calcutá e destruiu o forte ilegal. No ano seguinte, Robert Clive derrotou o governante e assumiu Bengala. Os administradores britânicos aceitavam suborno de mais de um milhão de dólares e faziam de alguém um rei. Depois de alguns anos aquele governante seria substituído por outro que desse mais dinheiro.
A conquista britânica da Índia foi a invasão e destruição de uma alta civilização, por uma empresa comercial totalmente sem escrúpulos ou princípios, descuidada com a arte e gananciosa ao extremo.
Thomas Babington Macaulay foi um membro conservador do Parlamento britânico e posteriormente Secretário da Guerra. Ele também serviu no Conselho Supremo da Índia de 1834 a 1838. Ele acreditava que a Grã-Bretanha era a nação mais civilizada do mundo e que os africanos e asiáticos eram bárbaros. Ele introduziu o sistema educacional britânico na Índia, que criaria uma classe de indianos que serviria aos britânicos.
Macaulay disse: "Eu viajei por toda a Índia e não vi uma pessoa que fosse um mendigo, que fosse um ladrão. Tanta riqueza que vi neste país, tantos valores morais, pessoas de calibre - acho que jamais conquistaremos este país, a não ser que quebremos a própria espinha dorsal desta nação, que é sua herança espiritual e cultural, e , portanto, proponho que substituamos seu antigo sistema de ensino, sua cultura, pois se os índianos acharem que tudo que é estrangeiro e inglês, é bom e melhor que o deles, perderão sua autoestima, sua cultura nativa e se tornarão o que queremos que eles se tornem - e nós (os britânicos) seremos verdadeiramente dominantes.
Os britânicos conseguiram realizar o que haviam planejado. Não apenas quando eles governavam a Índia, mas mesmo hoje em dia (2023), setenta e seis anos depois de terem deixado a Índia, o mesmo sistema educacional e as mesmas políticas de dividir para reinar
estão sendo seguidas por sucessivos governos da Índia independente.
A Rebelião Indiana de 1857, foi a primeira tentativaem grande escala de lutar pela independência Indiana. A Revolta de 1857 foi derrubada com muita brutalidade e força pelos britânicos com a ajuda de suas leais tropas indianas e poder de fogo superior.
Os sipaios (soldados) indianos e outros combatentes não estavam unidos e não tinham uma estratégia coordenada. Centenas de milhares de soldados e cidadãos indianos foram mortos. Em reação a esse motim, Charles John Huffam Dickens, escreveu que iria golpear aquela raça oriental
; riscá-las da face da Terra".
O governo britânico assumiu o controle da Companhia das Índias Orientais após o motim de 1857, aumentando sua opressão e exploração do povo e dos recursos da Índia.
Eles construíram ferrovias para levar matérias-primas aos portos para exportação e distribuíram importações caras para vender em toda a Índia.
Essa prática empobreceu os indianos e destruiu todas as indústrias locais. Pobreza, fome e desolação tornaram-se comuns por causa das políticas britânicas de tributação excessiva e exportação de grãos. Entre 1854 e 1901, 28 milhões de indianos morreram de fome por causa das imposições britânicas.
O governo britânico assumiu o controle dos territórios indianos da Companhia das Índias Orientais e pagou à empresa uma exorbitante quantia pelos ativos, e também pagou a dívida.
O governo, por sua vez, cobrava do povo indiano e dos camponeses, que foram obrigados a pagar os impostos mais altos do mundo. Um por um, os estados da Índia foram tomados pelos britânicos, por meio de guerra, suborno ou decreto do governo.
O custo das guerras e do exército, foi mais uma vez, cobrado dos próprios indianos, por meio de impostos. O transporte de tropas da Inglaterra para a Índia e sua manutenção na Índia e até mesmo as despesas da guerra de independência em 1857 foram cobradas do contribuinte indiano. A dívida nacional da Índia aumentou de 35 milhões dólares em 1792 para 3,5 trilhões, em 1929. Os indianos também foram forçados a lutar pelos britânicos em guerras para escravizar a Birmânia, assim como, na Primeira e Segunda Guerra Mundial.
A Grã-Bretanha estava passando por uma revolução industrial no século XIX. Seus produtos manufaturados precisavam de mercado. Na Índia, eles encontraram essa oportunidade. O governo da rainha Vitória tornou-se a idade de ouro para a Grã-Bretanha e a Índia tornou-se uma nação pobre.
O país foi dividido em províncias (estados) e governado por governos provinciais. Depois, havia pequenos estados semi-independentes dentro das províncias com príncipes indianos como chefes de estado. Eles tinham poder nominal, pois o poder real estava com o representante britânico do vice-rei em cada estado principesco.
O historiador americano e ganhador do Prêmio Pulitzer, William James Durant, ficou tão chocado com o que viu e