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A América Que Descobriu Os Europeus
A América Que Descobriu Os Europeus
A América Que Descobriu Os Europeus
E-book348 páginas3 horas

A América Que Descobriu Os Europeus

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Sobre este e-book

Quando no final do século XV os europeus chegaram na América, neste continente viviam milhões de pessoas nos mais diferentes níveis de desenvolvimento das suas forças produtivas, desde as mais primitivas até as mais desenvolvidas. Neste livro estes povos são chamados de americanos e não de pré-colombianos, um conceito com conotação europeia. Da mesma, sempre se considerou que os europeus descobriram a América. Partimos da ideia que foram os americanos que descobriram os europeus. Descobriram que os invasores eram violentos, truculentos, preconceituosos, portadores de uma ideia de superioridade. E descobriram também que o seu mundo construído no continente americano começava a se desestruturar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de ago. de 2023
A América Que Descobriu Os Europeus

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    A América Que Descobriu Os Europeus - Adelar Heinsfeld

    A América que descobriu os europeus

    Adelar Heinsfeld

    A AMÉRICA

    QUE DESCOBRIU

    3

    OS EUROPEUS

    São Paulo

    Perse

    2023

    Adelar Heinsfeld

    Copyright@Adelar Heinsfeld

    Capa: Recorte do Códice Borgia

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) _____________________________________________________________

    H471a Heinsfeld, Adelar

    A América que descobriu os europeus/Adelar Heinsfeld. São Paulo : Perse, 2023.

    249 p.; 23 cm.

    4 ISBN: 978-65-5879-342-7

    1. América. 2. Civilizações Pré-colombianas.

    3.Política Internacional. I. Título.

    CDU 930.26(7/8)

    CDD 917.03

    _____________________________________________________________

    Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19/02/1998.

    Perse Editora, Autopublicação e Comercio Eletrônico Ltda Rua Lincoln Albuquerque, 259 - Perdizes 05.004-010 - São Paulo - SP

    A América que descobriu os europeus 5

    Para Ana Alice,

    historiadora em formação,

    aluna querida,

    neta amada!

    A América que descobriu os europeus SUMÁRIO

    INICIO DE CONVERSA... 09

    Capítulo I

    FONTES PARA ESTUDAR OS POVOS AMERICANOS 15

    1.1. Fontes literárias 16

    1.2. Arqueologia 28

    1.3. Etnologia 31

    Capítulo II

    OCUPAÇÃO HUMANA DO CONTINENTE AMERICANO 33

    7

    2.1. Teoria bíblica 36

    2.2. Teoria do autoctonismo 37

    2.3. Teorias alóctones 39

    2.4. Uma nova teoria 42

    2.5. Quando o ser humano entrou na América? 44

    Capítulo III

    A EVOLUÇÃO CULTURAL NA AMÉRICA 49

    3.1. A luta pela sobrevivência 49

    3.2. Os povos da América na chegada dos europeus 58

    3.3. A distribuição geográfica dos povos da América 60

    3.4. Um modelo para as Altas Civilizações americanas 64

    Capítulo IV

    CIVILIZAÇÕES DA MESOAMÉRICA 69

    4.1. Os olmecas 69

    4.2. Teothiuacán 74

    4.3. Os toltecas 78

    Adelar Heinsfeld

    Capítulo V

    A CIVILIZAÇÃO MAIA 81

    5.1. A origem dos maias 82

    5.2. A estrutura sócio-econômica e política 87

    5.3. A vida cotidiana 96

    5.4. A religião 109

    5.4. O declínio do mundo maia 112

    Diego de Landa: Vida e crença dos maias 119

    Capítulo VI

    A CVILIZAÇÃO ASTECA 129

    6.1. A chegada dos astecas 129

    6.2. A Confederação Asteca 132

    6.3. As conquistas e expansão dos astecas 135

    6.4. A Estrutura sócio-econômica e política 137

    8 6.5. A Vida cotidiana 146

    6.6. As artes e as ciências 155

    6.7. A religião 161

    6.8. A conquista espanhola 169

    Hernán Cortés: Carta ao Imperador Carlos V 173

    Capítulo VII

    A CIVILIZAÇÃO INCA 183

    7.1. Civilizações pré-incaicas 183

    7.2. Os Incas 192

    7.3. A estrutura do Império Incaico 200

    7.4. A vida cotidiana 212

    7.5. A desestruturação do Império Incaico 224

    Garcilaso de la Vega: Formas de repartição das terras incas 230

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 241

    A América que descobriu os europeus

    INICIO DE CONVERSA...

    Ao iniciar esta leitura, alguém pode se perguntar: por que devemos conhecer as civilizações existentes na América antes da chegada dos europeus? O que elas deixaram de útil para nós?

    As chamadas civilizações americanas, através de um longo contato com os conquistadores espanhóis e portugueses, ajudaram a fundar o que chamamos hoje de América Latina. Nesse sentido, ao estudar os povos que habitavam este continente estaremos caminhando em direção às nossas raízes.

    As vertentes fundadoras são muito variadas. Centenas e centenas de comunidades dispersas pelo continente fazem parte da história 9

    americana. Eram muito numerosos os povos da América, embora sai-bamos muito pouco sobre muitos deles. Mixtecas, Zapotecas, Chibchas, Atacameñas, Chimus, Tlatatlauhquitepecas e outros com nomes impronunciáveis, são alguns dos exemplos de comunidades americanas pouco conhecidas.

    Ao observarmos hoje o México e o Peru, vamos perceber populações mestiças com hábitos diferentes dos nossos. Notaremos que grande parte dos habitantes não se parece com os europeus. Cabelos escuros e lisos, olhos pretos e pele morena são algumas das características mais frequentes entre as populações latino-americanas. Alguns grupos americanos sobreviveram à conquista espanhola, deixando como herança fragmentos de seus costumes e tradições. Essa herança é de importância indiscutível para a História da América Latina.

    Com a leitura deste livro, temos a pretensão que se saiba um pouco mais sobre o que foi destruído e o que sobreviveu destas culturas. Mesmo assim alguém poderia perguntar novamente: por que preciso conhecer o passado desta gente? Por que devemos saber o que se passou a tanto tempo?

    Adelar Heinsfeld

    Como resposta poderíamos dizer: porque precisamos aprender a conviver com a diferença, sem querer destruir ou diminuir aqueles que não se parecem conosco. Conviver com a diferença é muito importante porque quando s

    melhor a nós mesmos. Ou seja, teremos uma dimensão um pouco mais equilibrada dos nossos defeitos e das nossas qualidades culturais.

    Antes de iniciar esta reflexão, ainda poderíamos perguntar: será que nós saberíamos viver bem se nos fosse dado apenas o necessário à sobrevivência? Ou só saberíamos viver bem consumindo o que pudesse ser símbolo de status social, ou seja, símbolo de cultura?

    Os brasileiros, como os demais habitantes da América são herdeiros da cultura Ocidental. Nesse sentido, a Europa ocupou um lugar muito importante na nossa memória. Conjugou-se a cultura europeia transplantada para a América com a tradições indígenas fragmentadas pela conquista.

    10

    Portugal e Espanha constituíram um vasto império, coloni-zando uma grande parte do território americano. E desde a época dos descobrimentos até hoje assistimos a um longo processo através do qual as tradições dos povos que habitavam a América antes da chegada europeia foram absorvidas pela cultura ocidental.

    O processo de conquista e colonização do nosso continente fez com que a cultura ocidental, ibérica principalmente, transplantada para a América, assumisse um papel predominante. As culturas locais tiveram sua economia, a sua sociedade e todo o seu universo ritual em grande parte destruído. Com a chegada dos europeus o americano foi obrigado a viver segundo as determinações do conquistador, incorporando no seu cotidiano, uma série de hábitos e costumes típicos da Europa. É necessário considerar que no século XVI a Europa Ocidental pretendeu cristianizar o mundo todo, impondo seus valores.

    A História da América é um capítulo desta vontade de poder, cujo resultado foi a expansão da cultura do Ocidente em diversas partes do globo terrestre. As grandes navegações realizadas por Portugal e Espanha são uma parte importante desta história.

    A América que descobriu os europeus A relação entre americanos e europeus sempre foi muito difícil, porque os europeus, imbuídos da fé cristã, calcada em valores ainda medievais, consideravam sua cultura superior à dos povos americanos.

    Até hoje a tendência é pensar assim. Somos levados a valorizar o que Temos que considerar que o grande objetivo dos europeus era trazer o seio do cristianismo. Para isso, era

    necessário que a cultura desses povos, então considerados inferiores, fosse suplantada de qualquer maneira.

    Ao compreender as diferenças culturais, abrimos as portas para pensar criticamente a nossa cultura. Por esse motivo é muito importante conhecer outras culturas e é por isso que vamos estudar algumas das civilizações que se desenvolveram no continente americano, notadamente, astecas, maias e incas.

    Poderíamos estudar outros povos americanos, mas infelizmente foram apenas estes três identificados pelos espanhóis como os mais importantes antagonistas na época da conquista. E sobre eles se 11

    escreveu com mais frequência.

    Mas antes de mergulhar no mundo dos astecas, maias e incas, precisamos primeiramente refletir sobre os cuidados que devemos ter com os preconceitos e estereótipos, quando analisamos um povo que possui uma cultura diferente da nossa, que muitas vezes rotulamos de exótica. Exóticos do ponto de vista de quem?

    Quando pensamos que as outras culturas são marcadas por hábitos e costumes estranhos, é necessário considerar que a nossa cultura, da mesma forma, é exótica para os outros.

    A diferença cultural também foi um marco na chegada europeia na América. Cristóvão Colombo, em 1492, quando chegou à Gua-naani (Bahamas) pensou que tivesse se aproximando do Oriente navegando pelo Ocidente. Temos tal dificuldade em conviver com a diferença que a nossa tendência é achar, como Colombo, que todas as populações diferentes de nós se parecem entre si: um japonês com tai-landês, um chinês com um coreano ou vietnamita... Assim, para o europeu todos os povos da América também seriam muito parecidos.

    Adelar Heinsfeld

    Na América podia-se encontrar não só culturas diferentes em suas tradições, como também com níveis de organização bastante dis-tintos. Para exemplificar: entre os indígenas brasileiros e astecas a distância era bem grande. Os indígenas brasileiros não haviam desenvolvido a agricultura intensiva e a urbanização., como ocorrer com as chamadas Altas Culturas, ou seja, astecas, maias e incas. Mas havia também diferenças entre povos que habitavam regiões próximas, como os astecas e os tomis, por exemplo.

    Os conquistadores espanhóis procuraram reconhecer as cidades que controlavam uma determinada região. Em seguida trataram de dominar o centro do poder através da guerra ou de alianças com outros povos insatisfeitos. Portanto, os grandes alvos foram exatamente os centros urbanos irradiadores de uma determinada cultura.

    E se pensarmos em sentido inverso? O que pensaram os indígenas em relação aos europeus? Os conquistadores e missionários não 12 eram esquisitos para os indígenas? O que os americanos pensaram em relação aos europeus, de sua sede por ouro e de dominação violenta?

    Sempre questionavam: para que querem tanto ouro? Não podem comê-lo!

    As descrições tenderam a valorizar o que era similar, parecido com a cultura europeia e repudiar o que era diferente. Condenava-se, por exemplo, que alguns povos americanos faziam sacrifícios humanos. Mas por outro lado, Cristo não foi sacrificado na cruz em nome da salvação dos Homens? O corpo e o sangue de Cristo não são mencionados no ritual religioso conhecido como missa? E não eram os europeus que na mesma época torturavam e sacrificavam pessoas em nome do cristianismo e da fé em Deus, seguindo o que ditava a Santa Inquisição?

    Por outro lado, despimo-nos da visão que temos hoje. Volta-mos no tempo, na época em que os europeus chegaram na América. É

    de se perguntar: com os valores de que estavam imbuídos, poderiam os europeus pensar e agir diferente?

    Nenhuma cultura é boa ou má na sua totalidade: nem a de origem europeia, nem a dos americanos. Cada cultura soluciona os seus problemas de uma determinada maneira, às vezes de forma

    A América que descobriu os europeus adequada, às vezes de forma inadequada à sobrevivência do próprio grupo social.

    Ao analisar as culturas existentes na América antes da invasão europeia, devemos avaliar o que elas tinham de bom, o que foi destruído deste notável patrimônio, e o que elas nos deixaram de herança.

    Portanto, cada informação que obtivermos devemos comparar e ima-ginar como poderíamos construir uma cultura mais dinâmica, preser-vando, incorporando ou transformando as nossas heranças.

    Com a chegada dos europeus no continente americano houve uma destruição generalizada dos povos que habitavam este continente. No entanto, concordando com o antropólogo Robert Sharer, temos que considerar que a maior parte do genocídio desencadeado na América no século 16 foi acidental, porque, até onde sabemos, nin-guém introduziu intencionalmente as doenças europeias que mata-ram milhões de indígenas. No entanto, não há dúvida de que a destruição do tecido cultural e social desses povos foi deliberada, como resul-13

    tado de reassentamentos forçados, conversões religiosas e outras políticas coercitivas. E como último desprezo, os europeus até tentaram negar aos povos do Novo Mundo sua herança cultural.1

    Tradicionalmente afirma-se que os europeus descobriram a América. Não seria o caso de pensar que na verdade foram os povos da América que descobriram os europeus? Os habitantes do continente americano descobriram como os invasores eram violentos, tru-culentos, preconceituosos, portadores de uma ideia de superioridade.

    Os povos da América, desde as mais Altas Civilizações até aqueles que ainda se encontravam num estágio muito primitivo de desenvolvimento de suas forças produtivas, descobriram que com a chegada dos invasores o seu mundo já não seria mais o mesmo.

    Na confecção deste livro tivemos acesso a um grande número de obras que até pouco tempo eram inacessíveis ao leitor brasileiro.

    Muitos textos que não se encontram mais no mercado editorial, nem 1 SHARER, Robert J. La civilizacón Maya. Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1994, p. 21

    Adelar Heinsfeld

    nas nossas melhores bibliotecas, foi possível acessá-los digitalmente.

    Da mesma forma aconteceu com as obras recentes que não se encontram no Brasil. Desta forma, sem o espaço digital/virtual não teríamos tido acesso a elas ou, na pior hipótese, nem saberíamos da sua existência.

    Boa leitura!

    Passo Fundo, inverno de 2023.

    14

    A América que descobriu os europeus Capítulo I

    FONTES PARA ESTUDAR OS

    POVOS AMERICANOS

    Quando os europeus chegaram no continente americano, aqui encontraram muitos povos que viviam em diferentes estágios de desenvolvimento. Em alguns aspectos os povos americanos eram mais desenvolvidos que os próprios europeus. Obviamente, não teremos condições, nem tempo, de abordar todos os povos que habitavam este continente. Somos obrigados a fazer uma escolha. Abordaremos então 1 5

    apenas as chamadas Altas Civilizações: astecas, maias e incas.

    História se faz com documentos, já alertava o velho Leopoldo von Ranke no século XIX. Obviamente após Ranke houve uma amplia-ção

    que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo o que toca pode 2 Isso deve valer também para os povos que habitavam a América antes da chegada dos europeus.

    Quais são as fontes que o historiador dispõe para estudar com maior profundidades estes povos? Textos escritos, gravuras, desenhos, monumentos, construções objetos, fósseis, esqueletos dos povos desaparecidos e hábitos e costumes dos povos indígenas atuais, fornecem informações que o historiador vai interpretar e trazer à público sobre a História destes povos.

    Para facilitar o entendimento, vamos classificar as fontes históricas dos povos americanos.

    2 BLOCH, Marc. Apologia da História, ou o oficio de historiador. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2001, p. 79

    Adelar Heinsfeld

    1.1. Fontes literárias

    Estas fontes, escritas, para a História dos povos americanos podem ser dividias em fontes pré-colombianas e pós-colombianas.

    1.1.1. Fontes escritas americanas

    Alguns povos que habitavam a América já dominavam um sistema de escrita e tiveram a preocupação em anotar os acontecimentos, bem como aspectos da sua cultura, e transmiti-los às gerações posteriores. Vamos nos deter aqui nas fontes astecas e maias. Os incas, que desenvolveram uma brilhante civilização na América do Sul, não chegaram a estabelecer um sistema de escrita. Possuíam um sistema de registro chamados Quipus, que era um conjunto de cordões coloridos nos quais eram dados nós, cada qual com um significado. Os 16 quipucaioseram especialistas em decifrar o significado dos quipus. Na realidade, os quipus representavam mais um sistema de controle numérico-

    Os astecas possuíam um sistema de escrita hieroglífico-picto-gráfico, registrado em códices, feitos com casca de árvores ou pele de animais.

    A América que descobriu os europeus Na imagem anterior temos a representação dos dias dos meses do calendário civil asteca, onde podemos ver alguns exemplos de como eles registravam seus conhecimentos.

    De toda a produção literária asteca, hoje quase nada resta. Alguns poucos códices astecas estão guardados em bibliotecas europeias. Às vezes, o manuscrito apresenta apenas imagens pintadas, sem comentários hieroglíficos.

    O antropólogo George Clapp Vail ant explica o conteúdo dos códices:

    Las relaciones aztecas constan de anales de los tiempos antiguos y de acontecimientos contemporáneos, de los cómputos de los años, de los relatos compilados anualmente, de registros específicos para cada año, de libros de cada día y de los relatos cotidianos o diários.3

    De todos os povos da América, os maias eram quem possuíam um sistema de escrita que mais se aproximava de um alfabeto. Diego 17

    de Landa, religioso franciscano e cronista espanhol que esteve em contato direto com os m

    Usaba también esta

    gente de ciertos caracteres o letras, con los quales escrebían en sus libros sus cosas antiguas y sus cienciais, y con el as y figuras y algunas señales en las figuras, entendian sus cosas y las daban a entender y ensiñaban.

    panhóis lidaram com estes documentos maias, bem como a reação e

    no tenían cosa em que no hubiese superstición u falsidades del demô-nio, se los quemamos todos, lo cual sentían a maravil a y les dava 4

    Este mesmo autor tentou estabelecer uma similaridade entre os sinais gráficos maias e o alfabeto latino, como podemos observar na imagem a seguir. É evidente que a relação estabelecida por Diego 3 VAILLANT, George C. La Civilizacion Azteca. México: Fondo de Cultura Económica, 1965, p. 194.

    4 LANDA, Diego de. Relación de las cosas de Yucatán. Madrid: Historia 16, 1985, p.

    148.

    Adelar Heinsfeld

    de Landa não corresponde à realidade. Na verdade, esta tentativa demonstra muito mais a perspectiva eurocêntrica do cronista espanhol, quando ele toma como referência o seu alfabeto para tentar compre-18

    ou códex:

    - o Códice de Dresde, que foi enviado à Viena, ao Imperador Carlos V, que governava a Espanha, e que versa essencialmente sobre astronomia, horóscopos e rituais religiosos.

    os lados. É considerado o mais bem elaborado dos códices maia.

    - o Códice de Paris aborda rituais religiosos e horóscopos e foi reencontrado na Biblioteca Nacional de Paris, em 1860, numa cesta de pa-péis velhos.

    - o Códice de Madrid, também chamado de Tro-Cortesianus, o maior dos três, mede 7,15 metros de comprimento, com 56 folhas ou 112

    páginas. Foi levado à Espanha e reencontrado, em duas partes separadas, entre 1860 e 1870. Seu conteúdo abrange adivinhações, o que possivelmente auxiliava na tarefa dos sacerdotes.

    A América que descobriu os europeus

    Códice de Madrid (Tro-Cortesianus)

    19

    Ao longo do tempo outros códice

    caso do Códice Grolier, também chamado Códice Maya do México, e que seria mais antigo que os três citados anteriormente. Ele foi encontrado numa caverna, na região de Chiapas, México, em 1965, e que os especialistas ainda não chegaram a uma conclusão a respeito da sua autenticidade.

    Uma outra questão que tem provocado o debate entre os especialistas é a questão da leitura destes códices maias.

    Maricela Ayala Falcón, do centro de estudos Maias, vinculado à Universidade Nacional do México, diz que a escrita maia nos monumentos é regularmente lida em colunas duplas, da esquerda para a direita e de cima para baixo, razão pela qual sempre se seguiu esta ordem nos códices. No entanto, atualmente parece haver evidências para pensar que o texto não era tão rígido nos livros. Não em relação à conformação interna dos textos, mas à própria página. A verdade é que não se sabe que ordem era seguida na leitura das páginas, nem se tem certeza de que houve uma ordem.

    Adelar Heinsfeld

    Na opinião dela é que não houve uma ordem nos textos, porque no fundo cada almanaque é um texto fechado. Não têm continuidade na leitura porque não são parágrafos de um livro. Em cada caso, é um ano completo de 260 dias (ano religioso), cuja função era fornecer as datas positivas e negativas para determinados eventos. Nascimentos, batizados, casamentos, doenças, enterros, caça de certos animais, pesca, agricultura, guerra, confecção de máscaras, toucas, vasilhas, instrumentos musicais, etc. Tudo era regido pelo ciclo de 260

    dias, já que era ele que dava nome ao dia, e isso nunca mudou ao longo da história da Mesoamérica.5

    Além dos códices, os maias registra-

    ram aspectos da sua vida em monumentos

    e, principalmente, em colunas chamadas estelas. As estelas eram essencialmente es-20 tandartes de pedra erguidos para glorificar o governante e registar os seus feitos.

    As estelas têm uma grande varie-

    dade estilística. A maioria delas é caracterizada por serem lajes verticais de calcário, embora sua aparência dependa da região onde está localizada. Algumas delas chegam a ter 10 metros de altura.

    Com a chegada dos espanhóis, imbuídos do espírito cristão medieval e sua missão civilizadora, a maior parte do material que continha os registros grafados pelos povos americanos foi destruído. Na concepção dos conquistadores, a produção intelectual destes povos e, portanto, precisava ser destruída para dar lugar ao conhecimento verdadeiro emanado do cristianismo.

    5 FALCÓN, Maricela Ayala. De la procedência y el uso del Códice Madrid (Tro-cortesiano). Estudios de Cultura Maya, nº XXVII, 2006, p. 23-24.

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