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Uma terra casa tem esse nome algum
Uma terra casa tem esse nome algum
Uma terra casa tem esse nome algum
E-book62 páginas17 minutos

Uma terra casa tem esse nome algum

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Sobre este e-book

Rafaela Miranda, em "Uma terra casa tem esse nome algum", explora a noção de corpo-terra-casa em seus poemas, passeando por referências literárias afrodiaspóricas, por autores brancos, além de mitos do cânone ocidental. A poeta nos convida a mergulhar com ela em sonhos, desejos e lutas, que se revelam não só seus, mas de um coletivo atravessado pela solidão, pelo racismo e pela LGBTfobia.
A poesia de Rafaela é feita de corpo, de terra, de lugar e de não-lugar, valendo-se de metáforas que confluem o sagrado e as profundezas da experiência humana com os elementos da natureza. E tudo isso culmina na concepção de casa. O corpo da mulher negra é seu próprio lar, uma morada que se movimenta, que migra e que se expande.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jul. de 2023
ISBN9786580162093
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    Uma terra casa tem esse nome algum - Rafaela Miranda

    parte I

    um polvo sonha

    levita, enquanto suas

    ventosas, algumas, se

    grudam à superfície

    transparente do aquário

    um polvo sonha

    se escora mui meigo

    ao vidro, braços em

    múltiplos de oito

    se animam

    um polvo sonha

    e muda de cor,

    enquanto sonha,

    se camufla; rei midas:

    recíproco: o que ele

    toca reverte em si

    um polvo sonha

    mas o que sonha um

    cefalópode solitário

    cuja companhia de própria

    espécie desconhece

    um polvo sonha

    e não por acaso o cientista

    diz she dreams, não usa o it

    próprio aos bichos e às coisas.

    mas diz ela

    ela; ela sonha

    e peixes-palhaços a fazem

    companhia.

    ela argonauta anfitriã

    navegante dos sete mares

    das águas filtradas

    se fosse para apostar

    diria que sonha com

    uma boca aberta

    enganchada a sua.

    Ilustração

    um peixe me engole

    se um anzol me aparecesse assim

    pairando no azul profundo

    eu, isca

    nadaria até ele,

    o montaria, o faria de assento, desejosa

    de um balanço & se sem mais nem

    menos um peixe grande me engolisse

    minha morada, o peixe na barriga da

    baleia, a baleia na barriga do mar, o

    mar na barriga do tempo;

    abocanho o tempo, lambo sua

    parede estomacal,

    o ácido me dissolve

    ainda quero os sete mares

    sou molécula, logo logo partícula subatômica

    fujo enquanto não me veem. em seguida,

    o azul profundo sou eu.

    Ilustração

    abelha, outro ponto de vista

    uma cena // tem sempre mais de um ponto //

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