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Atenas - Airton Ortiz
Atenas - Airton Ortiz
Atenas - Airton Ortiz
E-book219 páginas1 hora

Atenas - Airton Ortiz

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Sobre este e-book

O reconhecido escritor Airton Ortiz, atual ocupante da Cadeira 14 da Academia Rio-Grandense de Letras, com mais de 25 livros publicados, além de possuir elevadas qualidades intelectuais, é um apaixonado pelos roteiros delineadores das grandes metrópoles. Viaja sempre em busca de fatos e acontecimentos históricos que marcaram a perenidade dessas civilizações. Experiente em andar pelo mundo, o autor possui a visão e o discernimento de penetrar fundo na avaliação e nos estudos dos fenômenos múltiplos constituidores da memorável caminhada do florescimento dessas civilizações humanas. Além disso, ele interage com a cidade e seus moradores e nos repassa essas experiências em seu dia a dia, desde a culinária até seus personagens típicos. Airton Ortiz viveu uma longa temporada na capital grega, o que lhe possibilitou escrever um livro esplêndido sobre nossa amada Atenas. Sua leitura nos leva a conhecer e compreender o porquê de ter sido a Civilização Helênica a mensageira que infundiu e estruturou, por mais de 23 séculos, toda a civilização ocidental. Sim, Atenas, a flor eleita da Grécia Antiga, moldou o percurso da cultura e da sabedoria humanas. O livro, seguramente, nos transporta para dentro desse espaço geográfico tantas vezes decantado. Berço da mitologia, da filosofia e da democracia, discorre sobre as belíssimas ilhas Mykonos, Paros e Santorini. Tomamos conhecimento pleno da glória das Olimpíadas, dos múltiplos tesouros históricos; da célebre Acrópole; da trindade eterna do Teatro Grego: Ésquilo, Eurípedes e Sófocles, cujas tragédias tinham como objetivo supremo instalar a catarse nos espectadores. Lá triunfaram Sócrates, Zenão de Cítio, Fídias, Epicuro, Heródoto, Píndaro, Hipócrates; vingava solene a Ágora; os grandes oradores Péricles, Demóstenes e Temístocles. Descobrimos a imortalidade do Oráculo de Delfos, que por inúmeros séculos, acorriam ávidas peregrinações dos gregos para auscultar, através de consultas, o seu próprio destino. Airton Ortiz, como bom viajante aventureiro se envolve nos problemas e soluções da grande cidade, nos levando numa caminhada pela Atenas mítica e a Atenas moderna, vibrante; um passeio pelos monumentos clássicos e pelas ruas agitadas. Tudo com o bom humor característico do autor. Avelino Alexandre Collet Da Academia Rio-Grandense de Letras Cadeira 21
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2023
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    Atenas - Airton Ortiz - Airton Ortiz

    Agradecimentos

    Meus agradecimentos ao Grupo Zaffari, cujo mecenato possibilitou as viagens que deram origem a este livro.

    Democracia era uma forma de governo que existiu na Grécia antiga.

    Ficou conhecida como governo do povo,

    pelo povo, para o povo.

    1

    Hélade

    Abre-se o pano.

    Os helênicos acreditam que a Terra é um disco separado ao meio pelo Mar, como chamam o Mediterrâneo. Bem no centro está a Hélade, tendo como pontos de referência o monte Olimpo, na Tessália, residência dos deuses; e Delfos, na Ática, residência do Oráculo.

    A mitologia é formada por doze deuses e deusas principais, além de uma infinidade de semideuses, musas, ninfas, monstros, gigantes e por aí afora. Toda cidade tem o seu patrono, que deverá ser apaziguado e lisonjeado; cada cidadão pode venerar este ou aquele deus, dependendo da necessidade do momento. Mas ai de quem ousar desafiá-los.

    Segundo ato.

    Entram em cena escritores, filósofos, dramaturgos, escultores, pintores, médicos, historiadores e uma infinidade de cabeças pensantes. A crença popular é substituída pela razão. As divindades cedem o palco aos humanos. Surge a pólis, a democracia e as belas-artes. Constroem o Parthenon. Aristóteles abre uma escola, chamada Liceu. Alexandre, o Grande, espalha a cultura helênica pelo mundo.

    Terceiro ato.

    Chegam os romanos. As cidades-Estado, mesmo Atenas e Esparta, que viviam em pé de guerra, nas chamadas Guerras do Peloponeso, são transformadas na província greco-romana da Acaia. Os romanos renomeiam o país, dando-lhe o nome de Grécia, em homenagem a uma antiga tribo da região, os graikos. E adotam seus costumes.

    Quarto ato.

    Na virada do calendário, surge um novo Deus. Todo-poderoso, ele se revela por meio do filho, um disfarce que vem dos tempos de Zeus. A nova mensagem chega a Atenas com o apóstolo Paulo. Os antigos templos são substituídos por igrejas cristãs ortodoxas. O céu é loteado entre os mais vivos.

    Quinto ato.

    Muitas guerras depois, e não mais apenas de uma cidade contra a outra ou contra os tradicionais inimigos persas, a Grécia se transforma num país moderno. Por fim, as Olimpíadas. Duas. A última embeleza Atenas, mas dá início a um grande endividamento externo. Os aristotélicos gregos, erro após erro, empurram o antigo mundo helênico para o caos.

    Fecha o pano.

    Fica uma pergunta:

    Por que a Grécia, que moldou o mundo, não consegue moldar a si própria?

    Vamos lá ver?

    2

    Monte Olimpo

    Abre-se o livro.

    Zeus, o deus dos deuses, era filho de Cronos, da família dos titãs, gigantes filhos da terra e do céu, surgidos do caos. Ele derrotou o pai e assumiu o poder, dividindo o mundo com os irmãos. Era o mais vivo deles.

    Como quem parte pega para si a melhor parte, Zeus ficou por cima, com o céu; Posêidon ficou com os oceanos e Hades com o reino dos mortos. Zeus morava no Olimpo, Posêidon num castelo sob as águas e Hades no submundo. Um inferno.

    Mas, que fazer?

    Quem nasceu para ser Hades nunca chegará a Zeus.

    Zeus usava o raio como arma e se protegia com um escudo feito por Hefesto. Teve muitos filhos com a esposa e outras deusas, mesmo assim, gostava de se disfarçar de humano para seduzir as donzelas mortais e ter com elas seus semideuses.

    Como Hércules. E tantos outros.

    Era casado com Hera, protetora das mulheres e da família, a rainha do céu, que era ciumenta e dominadora. Íris, a deusa do arco-íris, era sua mensageira e servente. O casal teve alguns filhos, como Ares, deus da guerra. Rejeitado por Zeus, o belicoso deus era venerado pelos espartanos, eternos rivais dos atenienses. Que, curiosamente, eram protegidos por Atena, também filha de Zeus.

    Sério.

    Vá entender os deuses.

    Outro filho de Zeus, Hefesto, o artista celestial, nasceu coxo. Naquela época, nem os deuses eram perfeitos. Na verdade, eles representavam as imperfeições humanas. Hera ficou tão aborrecida ao ver o filho deficiente que o jogou do céu. Não foi politicamente correto, mas Hera era Hera.

    Por ter forjado os raios de Zeus, Hefesto ganhou como esposa Afrodite, a mais bela das deusas.

    Os romanos a chamavam de Vênus.

    No Brasil, virou sinônimo de preservativo.

    O que deveria ser um prêmio de consolação foi, na verdade, uma grande sacanagem com o pobre Hefesto: a deusa do amor, por não gostar do marido deformado, o traiu com quase todos os deuses do Olimpo. Sem falar nos semideuses e nos simples mortais. Caía na rede, era peixe; fosse divino ou humano.

    Não bastasse isso, a curvilínea senhora, mancomunada com o filho Eros, inflava corações, provocando até guerras, como a de Troia. Como hoje, os deuses mais confundiam do que ajudavam.

    Exemplos não faltam.

    Cada descida de Zeus na terra era um problema no céu.

    Com Latona, Zeus teve Apolo, deus da música e craque no uso do arco. Ele era ainda deus do Sol, assim como sua irmã gêmea Ártemis era deusa da Lua. Também deusa da caça, Ártemis era, ironicamente, padroeira dos animais selvagens.

    Outra de Zeus.

    Que os romanos chamavam de Júpiter.

    Com Maia, Zeus teve Hermes, mensageiro dos deuses, padroeiro dos viajantes; um bonitão com chapéu e sandálias aladas. De todos os deuses, era o mais bajulador, sempre disposto a puxar o saco do pai todo-poderoso. Era também deus do comércio e até da ladroeira. Isto é: de tudo que requeresse certa habilidade.

    Nesse quesito, o mundo continua igual. Talvez um pouco mais criativo.

    Com Reia, Zeus teve Deméter, deusa da agricultura. A filha dela, Perséfone, casou-se com Hades e se tornou rainha do submundo. Dizem que ela se orgulhava muito disso, afinal era uma rainha. Rainha é rainha, seja onde for; quer no céu, na terra ou no inferno. Hades tinha um auxiliar: Caronte. O barqueiro esquelético vivia entre as brumas, transportando os mortos para o outro lado do rio.

    Com Sêmele, Zeus teve Dioniso, deus do vinho. Ele não representava apenas o domínio embriagador da bebida, como diziam – e ainda dizem! – seus opositores; mas também seu poder civilizatório. Conhecido pelos romanos como Baco, Dioniso se tornou famoso pelas memoráveis festas que organizava.

    As chamadas bacanais.

    Enfim, um deus com alguma utilidade prática.

    Com Memória, Zeus teve as musas, as nove deusas do canto e da memória. Além de inspirar os artistas, cada uma protegia um ramo especial da literatura, da ciência e das artes. Ainda hoje, as musas andam por aí, embora nem sempre representadas à altura.

    Cada época com os seus poetas.

    Havia ainda as três graças, deusas do banquete, da dança e de todas as diversões sociais e belas-artes; as três parcas, filhas de Têmis, deusa da justiça, que teciam o fio do destino humano: com suas tesouras, cortavam-no quando bem entendiam; e as três fúrias, deusas que puniam quem escapava da justiça. A pior delas era Megera.

    Namorei uma, quase nos casamos. Mas era uma deusa, mesmo assim.

    Além dessa turma, havia Nêmese, a deusa da vingança; Pã, deus dos rebanhos e dos pastores, que morava na Arcádia; os sátiros, divindades que viviam nos bosques e nos campos; Pluto, deus da riqueza; e Momo, deus da alegria.

    Este, muito popular no Brasil. Embora por aqui tenha sido rebaixado a rei.

    Era tal o poder de Zeus que ele teve uma filha, Atena, deusa de uma infinidade de coisas, sem que precisasse de uma mulher como parceira, sonho de muito homem. Atena saíra adulta da cabeça de Zeus, e completamente armada. Sua planta predileta era a oliveira, ainda hoje a árvore símbolo da Hellas.

    Como os gregos atuais chamam a Grécia.

    3

    Hellas

    Depois de criados os deuses, era preciso criar os animais.

    Para servir às divindades.

    Os titãs Prometeu e Epimeteu foram encarregados da tarefa. Ao dotar as feras com suas características físicas, Epimeteu gastou todo o arsenal de forças, garras, penas, rapidez, carapaças e outros atributos, nada restando para armar os humanos.

    Com um punhado de terra e um pouco de água, Prometeu havia criado o homem à imagem e semelhança dos deuses – é, vem de longe! E agora estava indignado. Ora, vejam só: como poderia o homem, desprovido de armas naturais, governar a terra e servir aos deuses? Algo precisava ser feito, e ele fez.

    Com a ajuda de Atena, subiu ao céu e acendeu sua tocha na carruagem do deus Sol, trazendo o fogo para os humanos.

    Agora sim, com essa tecnologia, eles poderiam assegurar superioridade sobre todos os outros animais. Que temem o fogo. Até os dragões.

    Como realmente aconteceu. Mas houve um problema.

    Zeus, querendo punir o titã pela ousadia de roubar o fogo do céu e ao homem por tê-lo aceitado, criou a mulher e a enviou como presente aos incautos titãs. Estes, apesar da desconfiança – eles nunca confiavam nos presentes gregos de Zeus –, aceitaram Pandora de bom grado.

    Para quê!

    O mundo perfeito dos deuses começou a desmoronar.

    Epimeteu tinha em casa um baú mágico com os artigos não utilizados na criação dos animais. Pandora, curiosa como toda mulher viria a ser, queria saber o que o titã guardava com tanto segredo. Quando ele se distraiu, ela destampou a caixa, liberando uma série de pragas.

    Foi um deus nos acuda!

    Corre daqui, corre de lá; nada adiantou.

    Arrependida, voltou a fechá-la, mas todas as coisas haviam escapado, menos uma, que ficara lá no fundo: a esperança. Pelo menos, essa não se extraviou.

    A voz rouca do comandante anuncia que o pouso foi autorizado e que a tripulação deve se preparar para a aterrissagem. A aeromoça pede para colocarmos a

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