Dragões de vidro não podem nadar
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Pré-visualização do livro
Dragões de vidro não podem nadar - May Mortari
Conteúdo
Capa
Créditos
Introdução
Playlist do livro
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Agradecimentos
Sobre os autores
Conteúdo
Capa
Créditos
Capítulo 1
Agradecimentos
Sobre os autores
Copyright © May Mortari, Sol Coelho, 2023
Preparação: Gabriela Colicigno
Revisão: Marina Guedes, Victor Almeida
Ilustração de capa: Robin Toledo (robindays)
Diagramação de capa: Stephanie Marino
Produção do e-book: Lis Vilas Boas
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Mortari, May
Dragões de vidro não podem nadar / May Mortari, Sol Coelho. -– São Paulo : Agência Magh, 2023.
50 p.
ISBN 978-65-81251-10-9
1. Ficção brasileira 2. Ficção fantástica I. Título II. Coelho, Sol
23-4858 CDD B869.3
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção brasileira
Todos os direitos desta edição reservados à Agência Magh.
A Agência Magh é uma agência literária que trabalha com autores de fantasia, ficção científica e terror, buscando as melhores histórias e ajudando autores a mostrá-las para todo mundo. Magh vem do Proto Indo-Europeu e significa ter poder, ser capaz
, além de ter dado origem às palavras magia e máquina.
AGÊNCIA MAGH
São Paulo - SP
www.agenciamagh.com.br
contato@agenciamagh.com.br
[2023]
Pra quem é de praia
Pra quem é de campo
Pra quem é de felizes para sempre
não importa como
Em um mundo onde existem livrarias de histórias costuradas, tatuadoras vampiras e demônios corretores de casas assombradas, as pessoas frequentemente têm sonhos repetidos.
Uma garota sonhou pela terceira vez com um dragão feito de vidro. O nome dele era Danxia.
Playlist do livro
Para aumentar a imersão na história, sugerimos que você escute a playlist criada pelos autores, disponível aqui, ou apontando seu celular para o QR code.
playlist1
— Cê num tá se engraçando pra cima do filho do chefe, não, né?
Com o saquinho de fumo aberto entre as pernas, protegido do vento pelas coxas, Domenico bolava mais um cigarro de palheiro-fogo-de-dragão. O cheiro pungente da erva, mesmo antes de queimar, fazia o par de dragões se lembrar perfeitamente da primeira vez que foram salteados por uma baforada de chamas. No caso de Domenico, quando era moleque e voava por cima da cerca para roubar manga do pé parrudo na propriedade vizinha.
— Que é isso, Dome? Longe de mim — respondeu Rúbio, o segundo dragão, uma criaturinha franzina, mesmo ao lado de Domenico, que nunca fora um dos dragões mais potentes daquelas bandas.
Rúbio tinha a voz suave e cantada, como se tivesse um passarinho escondido em um dos cachos, tão negros quanto as cinzas daquele fumo que insistia em bater sobre o telhado onde se sentavam.
— Olha, menino, cê não segue o meu exemplo que é feio o que vou dizer… — Na pausa, Domenico pitou o cigarro até a ponta arder em brasa como uma pequena fogueira. Erguendo o rosto, soltou a fumaça em círculos gordos para a diversão do rapaz. — O menino é bom na lida do sítio e tem a cabeça boa pra inventar coisa que ajuda, mas parece que só pra isso mesmo! Dona Catarina que não me escute. São os deuses lá em cima e o irmão dela na terra.
— Shh — pediu o dragão menor com um sorriso escondido na curvinha dos lábios, enquanto equilibrava o cigarro no canto da boca. — Não fica de conversa sobre o filho do chefe. Ó eles vindo ali.
Os passos de um dragão como Teodoro bradavam pelo terreno que cercava a casa principal. Do telhado, a dupla podia ouvi-los bem, pontuando o assoalho de pedra fina como os efeitos sonoros de um filme mequetrefe. Não chegavam a fazer vibrar qualquer estrutura — se uma fazenda draconiana tivesse estruturas assim tão frágeis, seria mais válido que vivessem de uma vez entre as montanhas em cavernas pedregosas, como sugeriam as histórias humanas —, mas eram marcantes o bastante para que chamassem atenção.
— Já quer ir outra vez pr’aquele mar, menino? — questionou Teodoro. A voz grave se enrolava para dentro, transformando as palavras em grunhidos.
— Vai fazer um ano desde a última vez, meu pai.
Se os passos de Teodoro eram como uma algazarra, os de Danxia não passavam de um suspiro. Caminhando devagar logo atrás do pai, puxando a perna esquerda num movimento dolorido, o menino era uma coisinha de nada. Sobre a cabeça, um chapéu de palha trançada de cujas abas largas pendia um véu fininho. Servia para proteger a pele branca demais e os olhos claros, tão afiados e ferinos quanto os que se viam nas pinturas de sereias que os mascates vendiam sempre que passavam pela região.
— E já, é? — Teodoro suspirou, apoiando as mãos nos passadiços da calça. — Tá vendo,