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Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)
Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)
Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)
E-book160 páginas2 horas

Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)

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Sobre este e-book

Este livro trata das guerras esquecidas da Primeira República (1889-1930), um dos períodos mais explosivos da história do Brasil, com foco na Revolução dos Tenentes (1924) e presença dos rebeldes paulistas no Oeste do Paraná, onde se instalaram após abandonar a capital paulista. E na Coluna da Morte e de seu comandante, o legendário tenente João Cabanas.

O autor revela o entrelaçamento das guerras desse período, desde a Revolução Federalista (1893-1895), Guerra do Contestado (1912-1916), Revolução dos Tenentes, a guerra dos índios Kaingangs (1923) no Paraná, até a guerra dos militares à legião de jagunços de Fabrício Vieira (1927), poderoso caudilho da zona do Contestado.

A Serra dos Medeiros, Formigas e Catanduvas, no Paraná, foram palco de grandes batalhas entre militares legalistas e rebeldes. A Coluna da Morte provocou fogo amigo, desestabilizou batalhões e semeou pânico entre os inimigos. João Cabanas aplicou, pela primeira vez no Brasil, princípios de guerrilha, com uso de metralhadoras e estratégia de movimentos. Em pequenos grupos, fazia ataques de surpresas com recuos rápidos para desestabilizar o inimigo.

Quando se formou a Coluna Prestes, João Cabanas ficou fora por divergir da estratégia de Luiz Carlos Prestes. E exilou-se nos países vizinhos.

A coragem do tenente e suas façanhas espetaculares no Paraná permaneceram na mente do povo da região e do interior de S. Paulo. Seu nome foi cantado em prosa e versos e povoou o imaginário de várias gerações.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2023
ISBN9786525292144
Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)

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    Pré-visualização do livro

    Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito - Silvestre Duarte

    capaExpedienteRostoCréditos

    Para Heva, companheira de todas as horas.

    Para meus pais queridos, Valdomiro e Benedita.

    AGRADECIMENTOS

    Aos profissionais da Coordenação do Patrimônio Cultural pelo acesso à biblioteca, ao acervo e às trocas de ideias, em especial ao historiador Aimoré Índio do Brasil Arantes e ao pesquisador Henrique Paulo Schmidlin (Vita), que me incentivou a escrever este livro.

    Ao Museu Paranaense pela permissão de uso do valioso acervo fotográfico do Capitão Thomaz Reis sobre a Guerra dos Tenentes no Paraná.

    APRESENTAÇÃO

    As revoluções esquecidas

    da Primeira República

    A Primeira República foi um dos períodos mais violentos da história do Brasil, marcado por explosões sociais, revoltas, revoluções e pela repressão política do governo. No início do século XX, o então território do Acre foi usado para abrigar deportados. Mas foi no governo de Arthur Bernardes (1922-1926), sob estado de sítio permanente, que a repressão atingiu o auge. Ele utilizou a colônia penal de Clevelândia do Norte, no Amapá, como campo de concentração e de extermínio de centenas de suspeitos de conspiração, adversários políticos, anarquistas, criminosos e militares da Revolução dos Tenentes (1924-1925).

    Esse é o cenário de fundo deste livro. Ele aponta o entrelaçamento das revoluções desse período e, como, em apenas 15 anos, o estado do Paraná, na configuração geográfica da época, foi palco de quatro conflitos de repercussão nacional: a Guerra do Contestado (1912-1916); a Guerra dos índios Kaingangs da Serra da Pitanga (1923), nos confins de Guarapuava, que repercutiu na imprensa como uma reedição do Contestado; a Revolução dos Tenentes; e a guerra dos militares à legião de jagunços de Fabrício Vieira (1927), considerado o mais famoso caudilho da zona do Contestado.

    Parecem fatos isolados, mas não eram.

    Essas guerras tinham relação. Alguns atores, com a experiência adquirida em combates, participaram em mais de um conflito. O caso de Fabrício Vieira é ilustrativo: veterano da Revolução Federalista (1893-1895), atuou com sua tropa de vaqueanos na Guerra do Contestado, ao lado das forças oficiais, de quem receberam armamentos. Mas em 1927, então em campos opostos, guerrearam no Paraná e em Santa Catarina.

    Outros combatentes da Revolução Federalista, depois de abandonar Curitiba, juntaram-se às comunidades religiosas do planalto catarinense que deram origem à Guerra do Contestado. Já os que dispersaram pelo sertão do Paraná, ajudaram a reprimir índios Kaingangs, em 1923. Há também gente que guerreou no Contestado, ao lado dos fanáticos, que se dispôs a combater os tenentes rebeldes de 1924-1925, no Paraná, a serviço das forças oficiais.

    Foram, pois, guerras marcadas por contradições, ressentimentos e muita violência.

    A degola utilizada em Curitiba e Sul brasileiro pelas tropas de maragatos para executar inimigos na Revolução Federalista, também foi usada pelos vaqueanos de Fabrício Vieira para assassinar 17 homens de bem, em 1914, na margem do rio Iguaçu. O episódio reavivou a barbárie dos dias de ocupação da capital pelas hordas do caudilho maragato, Gumercindo Saraiva.

    A pesquisa dedica espaço ao movimento que desaguou na Revolução dos Tenentes. Sob ocupação dos rebeldes e bombardeios das forças legais, a capital paulista quase foi destruída em julho de 1924. Foram mortos 503 civis, 5.000 feridos e 300.000 pessoas fugiram para o interior. O cenário de guerra passou ao Oeste do Paraná, onde os rebeldes chegaram pelo rio Paraná e por terra. Catanduvas, Serra dos Medeiros e Formigas foram palcos de grandes batalhas. Utilizando táticas de guerrilhas e a experiência das barricadas em S. Paulo, os rebeldes venceram vários confrontos.

    Da cidade de concreto para a selva, campos e pinheirais do Paraná, os jovens tenentes e os praças que os seguiam se adaptaram rapidamente.

    O último capítulo trata dos oito meses que os rebeldes permaneceram no Paraná, em região de fronteira dominada por potentados ervateiros das províncias argentinas de Corrientes e Missiones, onde só se falava espanhol e guarani. Das batalhas desse período e das façanhas do legendário tenente João Cabanas, comandante da Coluna da Morte, que provocou fogo amigo, desestabilizou batalhões e semeou pânico nas fileiras inimigas. Nos ervais sem lei do Paraná, o jovem oficial agiu como justiceiro e libertou do jugo quase mil paraguaios. Muitos sentaram praça em sua coluna e guerrearam juntos.

    Quando a coluna gaúcha se juntou aos paulistas e atravessaram o rio Paraná, cortando caminho pelo Paraguai para Mato Grosso, formando a célebre Coluna Prestes, João Cabanas não seguiu junto. Ferido em combate e contrariado em uma áspera discussão com o capitão Luiz Carlos Prestes, sobre divergências de estratégias, pediu licença para tratar da saúde e se exilou nos países vizinhos.

    Esse capítulo também contempla o diário de campanha do então sargento Floriano Napoleão do Brasil Miranda, da Polícia Militar do Paraná. Um testemunho dramático de quem viu tudo e sobreviveu para contar. E, ainda, uma galeria de fotografias das operações de guerra no Paraná feitas pelo capitão Thomaz Reis, valioso acervo do Museu Paranaense.

    Cabanas aplicou, pela primeira vez no Brasil, princípios de guerrilha com uso de armas automáticas e estratégia de movimentos. Em pequenos grupos com metralhadoras, fazia ataques de surpresas com recuos rápidos, para desestabilizar o inimigo. Ele também é considerado precursor da guerra psicológica: por telefone e telégrafo, dizia que comandava um batalhão e pedia aos inimigos que se entregassem.

    Espalhou-se o mito de que sua famosa capa preta lhe fechava o corpo, que era um presente do diabo e que não havia bala que a varasse.

    A coragem do tenente e suas façanhas espetaculares no Paraná permaneceram na mente do povo da região. Seu nome atravessou gerações em Campo Mourão, Laranjeiras do Sul, Catanduvas, Pitanga, Guarapuava, Mallet, Toledo, Cascavel, União da Vitória, Foz do Iguaçu, Guaíra e no interior de S. Paulo, e povoou o imaginário popular por muito tempo.

    Silvestre Duarte, jornalista e pesquisador

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    1ª PARTE: REPÚBLICA VELHA, 1889-1930: A REPÚBLICA DA REBELDIA

    CAPÍTULO 1 TURBILHÃO DE CONFLITOS SOCIAIS, TENENTISMO E RESSENTIMENTOS DA GUERRA DO CONTESTADO

    2ª PARTE: SERRA DA PITANGA NOS CONFINS DE GUARAPUAVA

    CAPÍTULO 2 A GUERRA ESQUECIDA DOS KAINGANGS

    3ª PARTE: A GUERRA DOS TENENTES NO PARANÁ (1924-1925)

    IMAGENS DO FRONT

    CAPÍTULO 3 TENENTE JOÃO CABANAS: REVOLUCIONÁRIO, HERÓI E MITO

    1ª Parte Potentados e escravos da erva-mate no Paraná

    2ª Parte Metralhadoras no compasso do Zé Pereira

    3ª Parte Zona multinacional de fronteira isolada do Brasil

    4ª Parte Forças legais na ofensiva e rebeldes desanimados

    FINAL TROPAS REBELDES ESPREMIDAS CONTRA O RIO PARANÁ

    REFERÊNCIAS

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    1ª PARTE

    República Velha, 1889-1930: a república da rebeldia

    "De bomba lá em São Paulo

    Ai, roncava que nem trovão

    Pela notícia que corre

    Os revoltosos têm razão"

    (Versos da Moda da Revolução

    recolhida por Cornélio Pires).

    CAPÍTULO 1 TURBILHÃO DE CONFLITOS SOCIAIS, TENENTISMO E RESSENTIMENTOS DA GUERRA DO CONTESTADO

    Conflitos, revoltas e revoluções marcam a Primeira República / Entrelaçamento de guerras e de seus atores / A repressão política do presidente Arthur Bernardes / O Tenentismo e os dois 5 de julho / São Paulo sob bombardeio / Retirada dos rebeldes para o Paraná / Clevelândia, campo de extermínio no fundo da Amazônia / Fabricio Vieira, o caudilho de muitas guerras

    A chamada Primeira República ou República Velha (1889-1930), que substituiu a forma monárquica de governo, foi marcada por levantes da marinha, crise militar, carestia, greve geral em S. Paulo e em várias capitais em 1917, revoltas populares, conflitos de caudilhos no Sul, a Revolução Federalista (1893-1895), que eclodiu nos estados do Sul; movimentos e guerras de aparente fundo messiânico pela posse da terra, como Canudos (1896-1897), na Bahia, e Contestado (1912-1916), nas antigas divisas do Paraná e S. Catarina; e duas rebeliões de jovens tenentes das Forças Públicas/Exército (1922 e 1924), a segunda chamada de Revolução de 1924. E, ainda, a guerra dos militares à legião de jagunços do famoso caudilho Fabricio Vieira, em territórios do Paraná e de S. Catarina, em 1927.

    As explosões sociais e a instabilidade política desaguaram na Revolução de 1930, em 3 de outubro, que conduziu Getúlio Vargas ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. E atropelou o presidente eleito, Júlio Prestes, sucessor de Washington Luís, impedindo-o de tomar posse.

    É como se o regime republicano fosse a válvula de escape de muito tempo de opressão sobre as classes pobres, durante a Monarquia, observa o historiador Leôncio Basbaun.¹ O governo respondia com violência exacerbada: prendia, deportava e promovia chacinas. Usava as Forças Públicas estaduais e o Exército. O então território do Acre foi usado para abrigar deportados no início do século XX.

    O escritor Monteiro Lobato, em seu livro Mr. Slang e o Brasil, publicado em 1927, por meio de seu personagem Slang, um inglês que vive no Brasil, aponta a injustiça como a causa dos levantes e revoltas armadas no país. Veja o caso brasileiro do Sul. Como a causa-injustiça persiste, a revolução no Sul é constante apenas interrompida por pausas de repouso. Ninguém fez ainda a conta do que, desde o início da República, vem ela custando ao Brasil em vidas, destruição, lucros cessantes e miséria. E pergunta: Que têm feito as enormes somas de dinheiro e de esforço despendidas na repressão? Têm fomentado o espírito de revolta, isso sim; têm preparado novos atos do mesmo drama. A revolução esteve, está e estará no Sul enquanto a arma erguida contra ela for a espada e não a balança da justiça.²

    Em 1924, o presidente Arthur Bernardes (1922-1926) transformou a colônia penal de Clevelândia do Norte,³ no Extremo-Norte do estado do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, em campo de concentração e de extermínio de desterrados. O estado de sítio permanente facilitava arrastões e prisões. As casas de detenção do Rio de Janeiro já não davam conta. As ilhas de Bom Jesus, Rasa, das Flores e Trindade viraram campos de prisioneiros, como forma de evitar concessão de Habeas Corpus.

    Arthur Bernardes criou, em novembro de 1922, a Quarta Delegacia Auxiliar, específica para combater os inimigos do regime. E espalhou pela cidade os secretas, famosos agentes encarregados de espionar pessoas da oposição, líderes anarquistas e sindicalistas, e apresentar relatórios diários, que serviam de base para as prisões. Na mesma

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