Do Dente Ao Verso
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Do Dente Ao Verso - Ronaldo Nogueira Góes
FLORES
(poetamineiro)
E se não houvesse a primavera?
O que Deus teria para o lugar dela!
Sem ela não haveria os poetas.
As vidas, do amor, não tão repletas.
Flores, versos, vivas e vivas as flores!
Deus sempre faz as coisas certas.
Criou da poesia os outros valores!
Claves, vozes, traços, danças e atores, que à nossa vida conferem sentido e graça.
Mas ai de tudo, sem pelo menos flores...
O Mestre disse:
Pois que sem flores que nada se faça!
1
POETAR
(poetamineiro)
A poesia é a delicadeza, de perceber o cochicho dos anjos, à magnitude dos verbos!
É a esperança em lampejos de que do vinho das verdades, superado as vaidades, reste ao santo graal!
Poesia é o sagrado e o profano, das convicções de um insano, em seu discurso crucial!
Ou são pulsos das nossas crenças, ao se sobrepujar as desavenças, entre o bem e o mal!
A poesia fundamenta a tudo que se dá na veia!
A poesia sempre pelo poeta anseia.
Pelo lírico, pelo belo, o obscuro e o evidente!
Ela nunca se aquieta!
É luz atrevida pela fresta...
O verso é sempre inconsequente.
E ao poeta escraviza o intelecto.
Poeta vê em tudo um motivo, para alimentar o seu arquivo, do que do verso é concernente.
Ser poeta é ser profeta...
A sua voz não se aquieta, ao propor edificações, ao se passar por tijolos e pás ao concreto!
Quando a poesia o invade da retórica, liga uma pulsação eufórica, que aflui da inquietude do 2
seu peito, aos vicinais corações.
E cada um do seu jeito...
Faz as suas próprias construções.
3
ANJOS
(poetamineiro)
Hoje eu não quero sexo...
Vamos conferir o nosso nexo, nosso beijo de encaixe perfeito, ao deleite aconchegante em nosso leito.
Quero lhe dizer poemas ao ouvido, trocando o gozo pelo prazer do instante.
Seremos anjos, ou um do outro o cupido, que traz primeiro o amor, depois o amante!
Anjos não têm sexo, eles têm essência, mas é boa, vez por outra essa inocência, para se equilibrar a pretendida relação, onde ser anjos seja a postura do coração.
4
SOFISMA
(Poetamineiro)
Não pude deixar de desdenhar dos seus sofismas.
As verdades camufladas em suas cismas, chegam antes de me negar o seu amor.
Tolero seus brinquedos de criança, brincando de ator.
Paciente deduzo seus trejeitos e lhe toco a fronte.
Minha boca tem destino certo, minhas mãos, errante.
Sinto as artérias latejando, ao seu olhar furtivo.
Beijo suas sardas fartas,
você me nega o motivo,
dos arrepios intensos,
que eriçam os seus pelos.
Lhe dou insinuantes carinhos, gozo do seu prazer de tê-los.
Você foge dos meus olhos,
como dos seus flagrantes.
Diz-me