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Muito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano
Muito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano
Muito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano
E-book449 páginas6 horas

Muito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano

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Sobre este e-book

Escrita por um hétero, e diferentemente de outras obras sobre diversidade sexual e de gênero, este livro traz ideias novas e conceitos humanizantes em favor do LGBTQIA+. Diz da dificuldade de anunciar-se não hétero ou não cis; aborda o sofrimento dos pais, quando esse fato procede do filho ou da filha; aduz, de modo didático e de forma original, que a orientação sexual não hétero tem função determinada no "projeto" da criação humana; enfoca a hostilidade contra o LGBTQIA+ e sugere adoção de medidas por parte dessa própria comunidade para o combate da dita violência; faz profunda reflexão sobre homofobia e incentiva a sociedade a lançar um olhar humano sobre as pessoas LGBTQIA+. Livro tanto para cis héteros como para não héteros e não cis.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de nov. de 2023
ISBN9786525281834
Muito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano

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    Muito além da bandeira - Aulim Santos de Azevedo

    Primeira Parte

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    Capítulo I

    Lá em Oriboré

    Quinze de maio. Era domingo à noite. A pracinha daquela pequena cidade do interior fervilhava. Quase todos os habitantes do lugar estavam ali, trocando sorrisos e dividindo alegria.

    É que o ano estava sendo maravilhoso para a agricultura local, pois a última safra do produto agrícola, que era o orgulho da região, havia sido pra lá de generosa. Por isso, a Festa do Milho rolava animadíssima!

    De um lado da praça, muita comida, muita bebida. Era cachorro- quente, pastel, churrasquinho, caipirinha, quentão... e vai por aí. Delícias que não acabavam...

    Do outro lado, nas barraquinhas apinhadas de quinquilharias trazidas da cidade grande, a balbúrdia era enorme. Os vendedores não poupavam a garganta para anunciar as novidades:

    – Pode chegar, pessoal!! Aqui só tem coisa boa. Moça bonita não paga. Mas também não leva.

    E o povaréu aproveitava!

    Em volta da praça, num vai e vem contínuo e frenético, rapazes e moças procuravam topar com a pessoa sonhada. Quem sabe, aqueles olhos tímidos e cobiçosos, que tantas vezes se cruzaram lá na rua principal, não estariam por ali, agora? E para quem conseguisse realizar esse tão desejado encontro, até o céu dava a sua ajudinha: emprestava a lua cheia, para pratear os sonhos; e uma tenda de estrelas, para incendiar as paixões.

    Aquela noite estava assim. Transbordante de alegria!

    O fogueteiro já ocupava o seu lugar. Mais um pouco e viria a tradicional queima de fogos, o grande momento da festa. Era quando um pedacinho do céu de Oriboré virava uma toalha de rendas, daquelas bem coloridas!

    Em cima do palco, Crispiniano, o locutor da festa, parecia um azougue. Não ficava um minuto calado:

    – Alô, alô, Maria Rita, Zé Ricardo te espera em frente aos Correios.

    Olha aí, pessoal, a barraca do pastel baixou o preço. Aproveitem.

    E atenção, muita atenção a todos. Em poucos instantes, vai estar entre nós a melhor dupla sertaneja da redondeza: Azulão e Maracaio-o-o-o...

    E a festa se enfiava na noite!

    No meio da algazarra, até o Preguiça, um vira-lata dorminhoco que fazia ponto na pracinha, participava dos festejos. Esperto, ficava de olho. Só esperando que um bêbado qualquer fizesse voar para o chão a salsicha do cachorro-quente.

    E tudo corria assim, em paz, na alegria e na maior animação, como sempre, em toda Festa do Milho, naquela pequenina Oriboré.

    Mas...

    Lá pelas tantas, e já na quinta ou sexta caipirinha, um rapaz subiu no palco aos trambolhões. E, aos berros, gritou para os músicos:

    – Paarem, parem a música, paarem!...

    Meio que atordoada, a banda obedeceu de imediato, pois o cara era ninguém menos do que Miguelzinho, filho do prefeito da cidade. O povo, perplexo, cravara os olhares no rapaz. E o silêncio invadiu a madrugada!

    A cena que veio em seguida? Nem o mais criativo dramaturgo seria capaz de escrevê-la! Eis que Miguelzinho, num gesto brusco e inesperado, arrancou o microfone das mãos do locutor, levou-o à altura da boca e, sem controlar a tremedeira, gritou a plenos pulmões:

    – Não aguento mais me trancar... eu sou gay... gaaay... gaaay!

    E no grito do rapaz a gana era tanta que até nas cidades vizinhas quase deu para ouvir sua voz.

    Mas, o pior é que isso foi apenas o relâmpago. Em seguida é que veio a tempestade:

    – Sou gaaay... gay... e estou de namorico com o Paulão, da padaria de seu Hermínio!!!

    Foi como se um raio tivesse caído naquele lugar! A multidão, estática. A praça inteira, em estado de choque. E de todas as direções só se ouvia:

    O que que é isso? O filho do prefeito saiu do armário!!!

    Quem podia imaginar!! Miguelzinho é uma bichona, hein!!

    Quá, quá, quá, quá. Agora esse prefeitinho de merda vai ter que baixar a bolinha dele! – alfinetou um vereador da oposição.

    Outros, com a mão na boca, balançavam a cabeça num gesto mudo, parecendo não acreditar na confissão que tinham acabado de ouvir. Logo de quem? Do filho do prefeito!

    E pela primeira vez, em muitos anos, a Festa do Milho viveu seu momento de apatia!

    Passada a eternidade do momento que durou a confissão, a tempestade desceu do palco. Suas mãos ainda tremiam, e seu rosto, de tão pálido, parecia de cera. O povaréu foi abrindo-lhe passagem. Cabisbaixo, Miguelzinho atravessou a pracinha e seguiu trôpego no rumo da sua casa...

    Enquanto isso, no outro lado da praça, a barraca da pamonha agitava-se num corre-corre. Era todo mundo gritando ao mesmo tempo:

    – Abana ela. Faz massagem na nuca. Depressa, gente, busca água com açúcar.

    Era dona Hemengarda, mãe de Miguelzinho. A mulher, assim que o filho explodiu sua angústia, foi ficando pálida, começou a suar frio e acabou desmaiando.

    Agitação também na barraca do churrasco. Agora, é Zé Rufino, pai do rapaz. Aquele homenzarrão, prefeito da cidade e maior produtor de milho da região, estava atônito. Numa cena patética, tremia da cabeça aos pés, até que se pôs a gritar:

    – Que quié isso, geeente! Que brincadeeira é eessa?

    Seus companheiros da equipe do churrasco, que eram também políticos conhecidos na cidade, ficaram igualmente atordoados com o inesperado daquela situação. E agitaram-se sem saber o que fazer. Até que um deles, mais destrambelhado, pegou um copo e o encheu até a borda. Em seguida, entregou ao prefeito, aconselhando:

    – Senta aí, Zé. Bebe essa cachaça que é pra esquecer esse negócio.

    Lá no palco, Crispiniano retoma o trabalho. Visivelmente abalado, e sem nenhuma empolgação, tenta trazer as coisas pro eixo. O experiente locutor nunca tinha passado por um momento daqueles, depois de mais de vinte anos animando a Festa do Milho. Assim, meio perdido, e na esperança de recolocar animação na festa, anuncia às pressas a entrada de Azulão e Maracaio.

    A dupla sertaneja sobe no palco e se esgoela a mais não poder, atacando com o melhor forró dos últimos tempos. Não adiantou. Ninguém ouvia mais nada. Os grupinhos de povo estavam em todos os cantos da praça, num só comentário e numa só perplexidade.

    E veio o fogueteiro, que igualmente se apressou em pôr em prática seu ofício. Também de quase nada adiantou. Pois até os foguetes, sentindo o clima apático da festa, explodiram em estampidos roucos e melancólicos!

    E não teve mais jeito. Naquela Festa do Milho, foi Miguelzinho quem deu o show. Feito um condor de asas quebradas, saltou do penhasco desafiando o abismo... num voo suicida.

    O dia seguinte, em Oriboré...

    Segunda-feira. Passava já das nove horas da manhã. E na pracinha, ninguém. Somente o Preguiça, que, aninhado debaixo do tablado que servira de palco, esticava um soninho até às dez. Para ele, a Festa do Milho tinha sido perfeita. O bichinho ficou até as tampas, empanturrado de salsichas, vindas da fartura de bêbados que aquela noite produzira.

    Na rua principal, o comércio acordava com sabor de rolha na boca. E o povo, feito formiga, dava início ao costumeiro pra lá e pra cá. Mas, dessa vez, não era pra olhar vitrines nem pra comprar bugigangas. Os grupinhos se formavam, aqui e ali, pra falar de um assunto só:

    – Miguelzinho, viado, quem podia imaginar? – dizia Fernandes, o sapateiro.

    – Também, com uma criação daquelas! Cheia de trique-triques. Filho meu eu trato é na porrada pra aprender a ser homem... quero ver o muleque afinar! – emendou um fazendeiro matuto, que era criador de gado.

    – Falta de vergonha, isso sim. Hoje em dia, só se vê dessas coisas. – falou Godofredo, do armarinho.

    Mas as rodinhas não eram só de homens, não. As mulheres também faziam grupinhos, e tome preconceito:

    – Coitada de dona Hemengarda! Até desmaiou. Também, não era pra menos. Ver o filho sair do armário?! Que vergonha! – comentou uma delas.

    Em seguida, dando de ombros e com aquele sorrisinho perverso no canto da boca, a fofoqueira mor da cidade replicou:

    – Eu, hein! Pra mim, não foi novidade nenhuma. Miguelzinho nunca me enganou! Eu sempre disse pras minhas amigas que ele tinha um jeitinho bem esquisito. Cala-te boca!

    E a rodinha vai só aumentando. Chega Ritinha, balconista do armarinho de Godofredo, e se junta ao grupo. Vinte oito anos de idade, libido explodindo por todos os poros. A garota solta um pqp sonoro e completa:

    – Que desperdício, gente! Um pedaço de homem daqueles é gay. Era só o que me faltava!

    Assim, de preconceito em preconceito, deram seis horas da tarde, e o dia se foi. O povo voltava pra casa, passava na padaria, mas seguia sem pão. É que o padeiro, que trabalhava no turno da tarde, era o Paulão. Aquele mesmo que estava de namorico com Miguelzinho. Lembram? Coitado, mal chegou na padaria e seu Hermínio lhe disse, na lata: ômi senvergonho num trabalha pra mim. E despediu de imediato o melhor padeiro do lugar.

    E a cidade adormeceu...

    No dia seguinte, terça-feira, o chicote do preconceito continuou a brandir. E uma dessas chicotadas veio pelas mãos de quem menos se esperava: da OSSORIBO – Obras Sociais de Oriboré. É que a mãe de Miguelzinho era a presidente da entidade, desde o tempo da fundação, há mais de quinze anos. E suas companheiras da diretoria ficaram muito incomodadas com o anúncio do rapaz. Por isso, convocaram uma reunião às pressas para decidir o que fazer diante daquele assunto, da maior gravidade, para elas.

    Depois de longo debate, as madames chegaram à decisão unânime. Aí, combinaram que mandariam imprimir o brilhante veredito em panfletos, que seriam distribuídos em todo o comércio, além de afixados nos postes da cidade. E era este o texto do panfleto, com a decisão luminar daquelas honradas senhoras:

    E a estupidez não parou por aí. Depois da OSSORIBO, quem lançou mão do chicote contra o filho de Zé Rufino foi a Banda Municipal Oriborense, que se reuniu na quarta-feira, às pressas. Isso porque seus membros iriam desfilar na quinta-feira da semana seguinte, 25 de maio, por ocasião do aniversário do município. E Miguelzinho era quem tocava o clarinete. Então, envenenado pelo preconceito, o presidente da banda, Pankrácio Burgolino, imediatamente avaliou a situação e foi conversar com o vice-presidente. Na conversa, foi logo adiantando:

    – Miguelzinho desfilar com a banda, na avenida da cidade? Um viado na banda? Num pode. Quê que o povo vai dizer? Isso mancha a moral e os bons costumes. Ele precisa sair da banda, e já. Antes do próximo desfile.

    – Mas Pankrácio, eu acho que você tá esquentando a cabeça à toa. Do jeito que Zé Rufino é, ele vai expulsar o filho de casa e da cidade. E não vai demorar. Pra mim, até o dia do desfile, Miguelzinho já deve estar longe de Oriboré. – falou o vice-presidente da banda.

    – Ah, mas esse assunto é muito sério. E eu não confio na providência dos outros, não. A minha decisão é pra reunir os tocadores da banda, e o mais rápido possível. – disse Pankrácio, impondo a sua opinião.

    E os membros da banda foram convocados imediatamente para a reunião. Todos compareceram. Na abertura dos trabalhos, Pankrácio se apressou em esclarecer o motivo de eles estarem se reunindo às pressas:

    – Senhores, temos um problema muito grave e complicado pra resolver. Todo o povo da cidade tá sabendo que Miguelzinho de Zé Rufino é viado, porque ele "saiu do armário". E dia 25 é o aniversário de Oriboré. A banda vai ter que desfilar, e não vai ficar bem pra nossa cidade, e também pra nós músicos, ter um viado desfilando na banda, junto com a gente. O que se há de fazer?

    A resposta vem quase que em coro:

    – Não, ele não pode desfilar. O que tem que fazer é expulsar ele da banda.

    – É isso mesmo. Um cara com esse vício não pode ficar junto com a gente.

    Mas aí, o filho de Zé Praxedes, que era o batedor dos pratos na banda, e estava no oitavo semestre de direito na faculdade da cidade grande, argumenta:

    – Olha, pessoal, isso não pode ser assim. Se vocês tirarem Miguelzinho da banda dessa maneira, pode ficar caracterizado como um ato de homofobia. E se alguma associação de gays e lésbicas souber disso, ela pode instruir Miguelzinho a entrar na justiça. Embora a homofobia não seja especificamente criminalizada ainda, agora se pode incluí-la na lei do racismo. Aí, nunca se sabe, né? A prefeitura pode perder e ter que pagar uma boa grana de indenização. Melhor não fazer isso, não.

    E a reunião virou um pandemônio, com todo mundo falando ao mesmo tempo:

    – Eu não disfilu junto dessa bicha sem-vergonha. – gritou Marreco, que batia o surdo.

    – Eu também não. – disse Marquinho do açougue, que tocava flauta doce.

    – Se essa mulherzinha ficar, a banda não vai ter tocador da tuba, porque eu também não vou desfilar ao lado de um cara desses. – completou Ademar, o dono da farmácia.

    E a confusão foi geral. Acabou que quase todos os participantes da banda se negaram a desfilar junto com Miguelzinho. Apenas um ficara calado.

    Então, como não via solução para o problema, Pankrácio pediu calma e disse à assembleia:

    – Gente, eu também acho que Miguelzinho virou uma vergonha para todos nós. E mesmo ele sendo o melhor tocador de clarinete da cidade, vai ficar feio ele tocar na banda junto com a gente. Mas, já que não se pode tirar ele agora, como tá dizendo o filho de Zé Praxedes, o jeito que tem é cancelar o desfile. É muito melhor a banda não sair do que a gente desfilar do lado de um viado.

    Foi aí que o batedor do bumbo, Zé Onofre, aquele que até então ficara calado, mostrou sua formação e os valores que possuía. Ele havia se diplomado em malandragens e cretinices na cidade grande, durante o longo tempo em que vivera por lá, vendendo quinquilharias. Então, virando-se para a turma, expôs seu pensamento cretino:

    – Pô, gente, ocês parece qui num tem intiligensa. Percisa cancelar o disfile, não. Se num pode amostrá qui nós qué tirá Miguelzinho da banda, a gente tira o instrumento qui ele toca. Aí, sem instrumento, ele num tem o qui tocá. Por isso, num percisa disfilá. A gente tem qui isperto!!!

    E todo mundo bateu palmas para a solução rasteira de Zé Onofre.

    Então, para concluir o caso, o presidente da banda decidiu que iria distribuir, no comércio local, um panfleto com a sua comunicação cretina, que era esta:

    E quando o dia 25 chegou, a banda saiu. Pais de família, homens de todo respeito, desfilaram a mentira que tinham dentro de si. Tudo sob a batuta do honrado Pankrácio Burgolino e sob a marcação do bumbo cafajeste de Zé Onofre.

    Bum... bum. Ratbum... bum.

    E nesse ritmo de exclusão, a banda seguia pela rua principal, em direção à pracinha da cidade. Aquela mesma pracinha, testemunha inocente dos tantos eventos que acolhia, com os mais variados fins. Alguns eram para a alegria do povo, como as festas de São João, as Festas do Milho, as festas do padroeiro da cidade. Outros, sinceros e relevantes, como a festa da entrega de medalhas aos melhores alunos do ano do colégio municipal.

    Mas havia também eventos bem sórdidos, como o comício de políticos de ficha suja em vésperas de eleições. E, neste ano, essa outra sordidez manchou o chão da pracinha. Eis que a Banda Municipal Oriborense desfilou por ali, com os músicos levando na sola dos pés a lama do preconceito.

    Bum... bum. Ratbum... bum.

    E assim o desfile se foi. No dia seguinte, porém, mais uma vez o chicote brandiu. Dessa vez, foi na Câmara de Vereadores! Lá, os adversários políticos do prefeito, numa reunião de emergência, decidiram convocá-lo para uma sessão extraordinária. Na pauta, constava o nobre motivo: exigir do prefeito providências imediatas quanto à situação do seu filho. Zé Rufino deveria expulsar Miguelzinho para a cidade grande. E o mais depressa possível, "sob pena de sofrer um processo de impeachment".

    Depois de breve negociação entre os vereadores que compareceram à sessão, o resultado da votação acabou sendo unânime. Bastou o presidente da câmara proferir seu brilhante discurso e concluí-lo com estas palavras sábias:

    É nossa obrigação exigir que o prefeito Zé Rufino expulse Miguelzinho para a cidade grande, a fim de livrar Oriboré da fama de viadagem.

    Foram essas, então, as geniais providências que, em caráter de urgência, a OSSORIBO, a Banda Municipal Oriborense e a Câmara de Vereadores se viram na obrigação de adotar, depois que Miguelzinho anunciou que era gay.

    Quem diria! Até em Oriboré, a comunidade LGBTQIA+ é vítima do...

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