As Cores da Sombra
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Sobre este e-book
Longe de ser um livro de autoajuda, esta coletânea é uma jornada pela dor, na qual a autora se permite expor suas inquietações sem oferecer prontas superações. Cada página é um convite para que o leitor mergulhe em si mesmo, questione suas próprias questões e abra a caixinha de perguntas dentro de sua mente.
A escrita íntima e profunda conduz o leitor por uma experiência de reflexão que permite encontrar conforto e compreensão nos momentos de angústia. É um convite para encarar a sombra, explorar as nuances do ser humano e, eventualmente, vislumbrar a possibilidade de superação, mesmo que essa jornada seja apresentada em uma futura obra.
As Cores da Sombra é mais que um livro, é uma jornada compartilhada entre autora e leitor, em que cada capítulo revela um fragmento do que somos, das nossas lutas internas e da beleza escondida nas profundezas de nossas emoções.
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As Cores da Sombra - Carolina Piñón
Carapaça não prende o que deve ser solto
Acredito que se deve separar
o nascimento em algumas partes e cabe aqui ressaltar três delas, que considero as primeiras. A primeira parte é antes mesmo de nascermos. Já existe o mundo antes mesmo da nossa estreia no show da vida. Já existem histórias sendo trilhadas que em algum momento vão se convergir com a nossa. Podemos comparar com o funcionamento dos planetas. Existem planetas em movimentos de rotação girando em torno do sol. As pessoas seriam os planetas e você, o sol. É aí que entramos na segunda parte do nascimento, quando nos inserimos de fato no mundo por meio do ventre da mãe. No início da vida, somos o centro de tudo. Não existe uma percepção real de separação entre você e o mundo. Não é possível ser filtro, somos 100% esponjas. Interno e externo? Não há diferença. Absorvermos tudo e externamos o dobro. Em algum momento, começamos a criar memórias mais sólidas das nossas experiências, e é neste instante que podemos citar a terceira parte do nascimento do ser, quando as lembranças começam a se tornar mais táteis. A partir de que idade mais ou menos você começou a lembrar da sua existência? Como saber se essa memória de fato existiu e foi da forma que você consegue lembrar? Será que por conta de uma lembrança você criou uma imagem ruim ou boa de alguém ou fora a imagem ruim ou boa de alguém que criou e distorceu uma lembrança?
Tudo me leva crer que os dois são possíveis de ocorrer. Memórias constroem imagens de pessoas próximas, constroem traumas, gostos, personalidade, mas por esta construção ser feita, pode atrapalhar também a sua visão sobre o fato nu e cru sem nenhuma influência de opinião. No meu caso, consegui mudar algumas vezes a interpretação que tive da minha própria história. Estas interpretações mudavam a depender da imagem que eu fazia das pessoas. Então percebi que, se eu ficasse focando nas pessoas, continuaria mudando estas versões, logo me sentindo insegura dentro das minhas vivências sem saber ao certo onde pisar ou em quem confiar. Era necessário olhar para dentro.
Tire o telefone do gancho e desapareça por um instante
Texto escrito em um momento de enorme angústia
Perco-me em um vazio que
não consigo descrever. Meu corpo se cala. Tento expressar-me colocando tudo para fora, mas estou inerte. O que é isso
? Não sei. Nestes momentos, prefiro isolar-me pra não mostrar este nada
para as pessoas porque elas simplesmente não conseguiriam entender a minha instabilidade. Sinto medo de acharem que estou sendo dramática porque há uma hora, eu estava sorrindo. Este pensamento de insegurança vem por dois motivos: primeiro, porque consigo camuflá-la muito bem, pois até certo ponto, tento transparecer um bom humor para com o mundo; em segundo lugar, porque às vezes esta onda nebulosa surge de