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Pelas Frestas
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Pelas Frestas
E-book44 páginas35 minutos

Pelas Frestas

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Sobre este e-book

Leonardo Gomes é mais um coitado nascido na década de 1990 que nunca conseguirá seu cantinho no mundo, sua casa própria. Ao menos era isso que diriam as estatísticas. Esse alpinista social reverte seu destino ao conquistar o coração de Diogo Marins, a chave para sua ascensão social meteórica que, sim, o levou à casa própria. O que Léo não contava é que uma insidiosa ansiedade viria junto com a nova conquista, dizendo que agora ele não poderia deixar nada dar errado. Que qualquer deslize seria suficiente para fazer o sonho escorrer entre seus dedos.
Seus delírios de ansiedade crescem dia a dia e fica cada vez mais difícil de entender se aquela pequena sujeira que surgiu no chão da cozinha é apenas um mofo mesmo.
Uma história sobre o cansaço de fazer o que é preciso pra esconder sua origem para poder descansar em um mundo cheio de privilégios. Afinal, Leonardo merece.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de out. de 2023
ISBN9786585611022
Pelas Frestas

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    Pelas Frestas - Renan Bittencourt

    Pelas Frestas

    Renan Bittencourt

    Logo do selo Três Pontos. As palavras três pontos estão uma embaixo da outra, com três pontinhos ao lado da palavra três, que vem em uma fonte menor que a palavra pontos.Elas estão dentro de um círculo que parece um adesivo, com a pontinha superior da esquerda descolada.

    Para todos os meus colegas de escola

    que terão sua casa própria.

    Imagem decorativa: uma pequena rachadura

    PARTE 1

    Se você nasceu na década de 1990, tem 80% de chance de nunca chegar a ter um imóvel próprio.

    Aos vinte e tantos anos, nossos pais já podiam se gabar de casa e filhos. Aos vinte e tantos, hoje, um de nós tem muita sorte se conseguir bancar o próprio aluguel. Se não precisar rachar com os amigos um apartamento com carinha de masmorra, o privilégio é ainda maior. Mas os verdadeiros queridinhos de Deus são aqueles que conseguem comprar uma casa própria. A estabilidade, a solidez, a tranquilidade que só quem consegue cumprir expectativas sociais pode bancar.

    Léo é um desses queridinhos de Deus. Aos vinte e tantos, ele e seu marido, Diogo, assinaram o contrato de compra de um lindo apartamento com charme vintage próximo a uma estação da melhor linha de metrô da cidade, um verdadeiro luxo. O primeiro passo no campo verde da liberdade. O primeiro lar. O primeiro grande sonho da vida adulta, finalmente conquistado.

    Para Léo, essa liberdade foi uma conquista especialmente importante.

    Quando eu disse, lá no começo, que 80% de nós, crias dos anos noventa, provavelmente jamais teríamos onde cair mortos, eu chutei por alto. Tentei fazer um cálculo para chegar na parcela de sortudos. Pensei em excluir da vida de aluguel aqueles da nossa geração que não sofrem com as limitações do capitalismo ou que têm uma família estável o suficiente para poder ajudar na conquista da casa própria. Sendo generoso, contabilizei essa porcentagem de gloriosos em vinte por cento, tentando dar uma margem de gordura pros pobres que sobem de vida, pros ricos que descem sem perder todas as mordomias e para os herdeiros que conseguirão manter o apartamento que vovó deixou. 20% é justo, eu acho, se não até generoso demais.

    Pensar nessa gordura é muito importante para essa história, porque nosso protagonista faz parte dela. Ele veio dessa parcela de jovens amaldiçoados pela economia que não deveriam ter direito a um teto seu, mas que acabaram conseguindo.

    Léo nasceu num subúrbio qualquer do Rio de Janeiro. Se em Madureira, Realengo ou Coelho Neto meio que foda-se. Qualquer um desses lugares jamais tomaria muito espaço na cabeça da sua nova família, proprietária de uma cobertura às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. A Lagoa. O que importava pra essa gente era que ele não parecia nem um pouco saído de qualquer um desses buracos. Um jovem atlético, de sorriso largo, ombros confiantes e o tom de pele exato para não ser nem branco nem negro demais. O conjunto da obra significava que Léo era um gay com o qual o herdeiro dos Marins poderia ser visto em público sem que ninguém fizesse careta. Se ele fosse um pouco mais escuro ou um pouco mais pobre, já seria

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