O vlog de Carolina e o feriado antecipado no calçadão, parte 2
De Gumpa BK
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Sobre este e-book
Quando Carolina se tornou vlogueira, ela ainda acreditava no poder da honestidade. Achava que isto sempre falaria mais alto, independente da situação.
Porém, ela acabou subestimando o maior vilão deste país: a agressividade da opinião pública brasileira.
Agora Carolina precisa medir as consequências de suas palavras honestas. Pois esta qualidade, no Brasil, tornou-se adubo para a discórdia.
* * * *
Compilação dos capítulos 17 a 33 do ebook seriado O Vlog de Carolina, uma sátira social ambientada em Londrina e temperada com naturalismo de causa e efeito.
Escrita pelo estúdio de literatura Teatro Caricato em Prosa, tendo Gumpa BK como escritor chefe. Sua técnica narrativa oferece diálogos fluídos, narrador conciso e capítulos enxutos, proporcionando uma leitura rápida, rica em detalhes e fácil de ser assimilada.
Gumpa BK
Fundador, ilustrador e escritor chefe no estúdio de literatura Teatro Caricato em Prosa. Quieto, atencioso, mas difícil de domar. Favor manejá-lo com cuidado.
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O vlog de Carolina e o feriado antecipado no calçadão, parte 2 - Gumpa BK
O vlog de Carolina
e o feriado antecipado no calçadão
Parte 2
Por Gumpa BK
index-1_1Copyright 2014 Gumpa BK
Smashwords Edition
Licenciamento:
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Índice
Nota do autor
17 - É bem intencionado, mas não é bem-vindo
18 - Resgatando a criança problemática interior
19 - Sua tragédia é minha alegria de viver
20 - Bromance não solicitado
21 - Paletó e gravata no corpo, autoridade imerecida na língua
22 - Terceirizando problemas para a área alimentícia
23 - A lógica de um sangue tropical
24 - Um legado de penúria isento de dignidade, por favor
25 - Amizade que não se quebra, ciúme que não se desfaz
26 - A desculpa e o sorriso felino
27 - O 2° andar
28 - A poupança e o projeto
29 - Lobo em pele de redator
30 - Ucraniano abrasileirado
31 - A trindade dos tolos
32 - Miguxês gerenciado
33 - A redação
Perfil dos membros
Nota do autor
Eu, Gumpa, declaro que:
Esta obra não é uma retratação fiel da sociedade londrinense. Na verdade, é uma representação caricata do comportamento médio brasileiro. A TV aberta, a internet, as mídias impressas e minhas experiências pessoais foram usadas como referência.
Qualquer semelhança com pessoas, estabelecimentos comerciais, empresas de grande porte, organizações civis e instituições públicas reais não é mera coincidência. Contudo, é uma semelhança que não se limita a um único indivíduo ou grupo específico, pois ela está presente em vários indivíduos e grupos reconhecíveis.
17
É bem intencionado, mas não é bem-vindo
Daniel, vendo Seu Paulo sumir no elevador dos clientes, quis pegar emprestado o cassetete de Marcelo e quebrá-lo na cabeça daquele senhor. Se fugisse do flagrante e se entregasse à polícia dali 24 horas, responderia em liberdade. Afinal, era um dos bônus especiais oferecidos pela ficha limpa: o primeiro delito era por conta da casa.
Porém, como tinha sangue de caingangue moderado, e não de italiano psicopata, resolveu descontar tudo em Marcelo, à base de resmungos. E embora não tivesse terminado de ditar a mensagem de texto ao seu celular, ainda assim se prontificou a ralhar com o segurança, dizendo:
— A política da imobiliária é celebrar a falta de respeito?
— Como é?
— Ou talvez a legislação te obrigue a lamber os pés de todos os brasileiros sem etiqueta, como sinal de respeito as nossas lideranças, donos do mesmo comportamento?
— Na verdade, me obriga sim. Por exemplo: se você relar um dedo num bandido, mesmo que seja em legítima defesa, o pessoal dos direitos humanos te comerá vivo.
— E você aceita isso calado, dizendo coisas como você é um exemplo pra mim
para o cretino daquele senhor?
— E o que mais você esperava? Que eu ofendesse nosso melhor cliente de marketing e o expulsasse do prédio? Holerite, carteira assinada e fundo de garantia não se mantém puxando orelha, e sim puxando saco!
— Mas esse puxa-saquismo é pura servidão! Não tem nenhuma dignidade!
— Bem, então pode me chamar de cachorro manso, porque prefiro receber salário como um mascote dócil do que dormir na rua feito um vira-lata orgulhoso! Obrigado e bom dia, Daniel!
Deste ponto em diante, Marcelo começou a ignorá-lo, preocupando-se apenas em avisar o escritório sobre a chegada de Seu Paulo. Vestiu seu microfone headset e tentou se comunicar com Fernanda, a promotora de publicidade.
Não era idealista. Não tinha fome de reforma social. Não estava afim de confrontar ou reparar injustiças. Só queria garantir a costela e a cerveja do final de semana.
Já Carolina, ainda digerindo as palavras usadas por Seu Paulo, e até então só escutando a conversa de Daniel e Marcelo, percebeu a antipatia entre os dois. E não apenas isso: também notou a vontade de Daniel em levar a discussão adiante, como se quisesse converter Marcelo a uma nova religião. Não era Testemunha de Jeová, mas tinha uma teimosia equivalente a dos seus missionários.
Sentindo a necessidade de quebrar o gelo, e também ciente de que já era hora de trabalhar, puxou Daniel pela manga e o arrastou para longe do balcão. Seguiu até o elevador de funcionários, impedindo-o de recomeçar com seus resmungos.
Próxima à porta, soltou sua manga e começou a rir de sua