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Os dias perdidos de Valentina
Os dias perdidos de Valentina
Os dias perdidos de Valentina
E-book169 páginas1 hora

Os dias perdidos de Valentina

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Sobre este e-book

Valentina: uma adolescente que pôs fim à própria vida com um estilete de artesanato.

Marta: uma mãe que não admite o atroz ato de sua filha.

Ismael: um estudante universitário que começa a perder seus medos.

Lázaro del Río: ex-Inspetor-Chefe de Polícia, expulso da Corporação pelo resto da vida.

O que há por trás do suicídio de Valentina?

Acompanhe a investigação de Lázaro del Río e descubra a verdade oculta por trás da morte da adolescente.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento23 de set. de 2020
ISBN9781071567067
Os dias perdidos de Valentina
Autor

A.P. Hernández

Ο Antonio Pérez Hernández (Μούρθια, 1989) είναι δάσκαλος στην Πρωτοβάθμια Εκπαίδευση, παιδαγωγός, με Μάστερ στην Καινοτομία και στην Έρευνα στην Εκπαίδευση και Δόκτορ, με τη διάκριση cum laude (έπαινος), για τη Διδακτορική του Διατριβή Αξιολόγηση της ικανότητας στην επικοινωνία δια της γλώσσας μέσα από διηγήματα στην Πρωτοβάθμια Εκπαίδευση. Εργάζεται ως δάσκαλος και συγγραφέας.

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    Os dias perdidos de Valentina - A.P. Hernández

    Sobre o autor

    Antonio Pérez Hernández é professor de ensino primário, especialista em Educação Musical, Pedagogia Terapêutica e Audição e Linguagem. Também é pedagogo, Mestre em Investigação e Inovação em Educação e Doutor, cum laude, por sua tese de doutorado Evaluación de la competencia en comunicación lingüística a través de los cuentos en Educación Primaria (Avaliação da competência em comunicação linguística através dos contos em Educação Primária). Recebeu o segundo lugar no Prêmio de Criação Literária Nemira e foi finalista no Concurso Internacional de Novela Fantástica e de Terror Dagón. Já publicou inúmeros livros infanto-juvenis em espanhol, além de alguns romances, a maioria traduzida para o português, inglês, francês, italiano, holandês e grego. Atualmente, Hernández concilia sua atividade docente com a escrita.

    Página web: http://aphernandez.weebly.com

    Twitter: @ap_hernandez_

    Instagram: @ap_hernandez_

    Índice

    LÁ-FORA

    DIA 1

    DIA 2

    DIA 3

    DIA 4

    LÁ-FORA

    -1-

    Lázaro del Río estava vendo televisão. Ou, pelo menos, tentando. Depois de muito tempo sem fazer absolutamente nada além de subsistir à base de comida enlatada e cerveja barata, ele acreditava que ligar o televisor de sua casa podia ser um bom – e simples – modo de voltar a demonstrar interesse pelo mundo em que ainda vivia.

    A tela iluminou-se e ele fechou os olhos, as vistas ofuscadas pelo repentino flash de luz. Desde que acontecera aquilo, Lázaro não saíra mais à rua. Ele declarara guerra ao mundo exterior, e, agora, estava firmemente convencido a não voltar a pôr um pé fora de seu duplex de duzentos metros quadrados, onde ele tinha tudo de que necessitava, e, graças à internet, podia pagar as contas de luz e água e fazer compras a domicílio.

    Lázaro sentou-se no sofá da sala de estar e, ainda com os olhos arregalados, observou a apresentadora do telejornal em sua LG HD Ready de 45 polegadas. Ela era linda! E como era! Morena, como Lázaro gostava, olhos castanhos, pele branca... Ele se acomodou no sofá e ficou escutando. Ela falava sobre uma quadrilha especializada em roubo de veículos high-end e alertava os vizinhos de um bairro de Madrid para redobrarem as precauções.

    Lázaro respirou aliviado, mas sabia que ainda não estava a salvo. Então, aguardou a próxima notícia.

    – Venha, Olhos Castanhos, seja boazinha com o Lázaro...

    A próxima notícia era sobre uma briga entre dois jovens na saída de uma boate noturna. A apresentadora explicou que os fatos haviam ocorrido às três da manhã, quando os jovens, de 19 e 22 anos, abandonaram o local em evidente estado de embriaguez. Ao saírem, eles discutiram e se envolveram em uma briga violenta. Ao que parecia, um dos garotos estava na posse de um punhal e o usou para apunhalar o outro, que se encontrava hospitalizado e em estado grave.

    – O mundo está uma droga! – exclamou Lázaro.

    E – que Deus o perdoasse – ele não poderia estar mais feliz por isso. Ele aguardou a próxima notícia, cada vez mais tranquilo. A apresentadora falava sobre um pequeno incêndio em um edifício. Felizmente, o incidente não causara nenhuma morte, apenas duas pessoas haviam ficado com ferimentos leves...

    Lázaro desligou a TV.

    A ansiedade acumulada em seu peito diluiu-se pouco a pouco. O ritmo de seu coração diminuiu e se ajustou ao ritmo de sua respiração. Finalmente. Finalmente ele deixara de ser notícia... Embora, claro, quanto tempo se passara desde aquilo? Quinze anos? Dezesseis?

    Ele não conseguia responder a essa pergunta. O tempo deixara de ter sentido desde o momento em que ele fora preso. E, como se não bastasse, após cumprir sua pena, ele voltara a ser prisioneiro, mas, dessa vez, em sua própria casa. Assim que entrara em casa, Lázaro baixara as persianas e trancara a porta de entrada.

    Como se alguém fosse vir me visitar, pensou. Como se eu tivesse a menor importância para alguém!

    Lázaro saíra do cárcere há várias semanas (talvez meses) e muitas coisas haviam deixado de importar para ele. Sua vida deixara de ter sentido. Que futuro o aguardava, mergulhado continuamente naquela escuridão, impossibilitado de sair até mesmo ao jardim de sua casa? Ele sabia que, apesar do tempo transcorrido, suas ações não haviam sido esquecidas. Uma clara evidência eram as palavras pichadas na fachada de sua casa: MALDITO ASSASSINO.

    Ele também sabia que se mudar para outra cidade não era uma opção. Aonde quer que ele fosse, as pessoas o reconheceriam: o ex-Inspetor-Chefe do Corpo Nacional de Polícia, Lázaro del Río, transformado, da noite para o dia, em assassino. Sua foto saíra estampada na primeira página (e durante vários dias) dos principais periódicos internacionais. Ele fora manchete de revistas e boletins em vários países. Seus atos ressoaram em todos os idiomas e em todos os informativos do mundo.

    – Eu antes tinha uma vida – pensou em voz alta –, mas, agora, não tenho mais nada.

    Lázaro não tinha família, apenas um irmão mais velho, que, desde o ocorrido, não voltara a ter contato com ele.

    Ninguém foi me visitar no cárcere...

    E isso era o que mais doía. Ninguém. Ninguém se preocupara com ele.

    Estou só, compreendeu.

    Lázaro pôs-se de pé e foi até a geladeira. Do fardo de cervejas que comprara há alguns dias pela internet, restavam apenas três. Pegou as latinhas e voltou a se sentar no sofá. Colocou-as no colo e tomou a primeira de um gole. Então, amassou-a com a mão esquerda com uma força desmesurada e a arremessou num canto da sala de estar.

    Ele nunca tomara bebida alcóolica; pelo contrário, sempre fora um homem abstêmio. Mas isso foi antes de eu me transformar no monstro que eu sou agora... E, com aquele pensamento, Lázaro virou a segunda lata. Arrotou sonoramente, amassou-a e a arremessou, dessa vez contra a porta da entrada.

    – Que se danem todos! – gritou para a solidão que o envolvia, as lágrimas escorrendo por seu rosto. – DANEM-SE! Era um assassino! Era um maldito violador!

    -2-

    Eram quatro da manhã e Lázaro fazia compras pela internet. No dia seguinte, à primeira hora, levariam sua encomenda até a porta de sua casa. Revisou seu pedido final: 20 fardos de cerveja, 3 fardos de refrigerantes, 30 pizzas congeladas de presunto e bacon, papel higiênico, 18 sacos de batata chips, 27 iced coffee e 5 caixas de cereais matinais integrais. Clicou em OK e introduz o número de seu cartão de crédito. Em seguida, clicou em FINALIZAR COMPRA. Para sua surpresa, apareceu uma mensagem de que a operação não podia ser realizada.

    Temendo o pior, acessou sua conta bancária online e viu que havia um saldo de apenas 121,45€. Arregalou os olhos e levou as mãos à cabeça, atônito. Tanto tempo na prisão haviam-no feito esquecer-se de que ele não tinha trabalho nem salário. Fora expulso do Corpo Nacional de Polícia e ficara sem emprego e sem salário.

    Lázaro franziu as sobrancelhas. Onde haviam ido parar todas as suas economias? Sem hesitar, acessou seu perfil de usuário, selecionou sua conta corrente e clicou na opção VER MOVIMENTOS DESTA CONTA. Para seu espanto, descobriu que nem todo mundo havia-se esquecido dele. Embora nenhum de seus companheiros da Corporação tivessem ido visitá-lo e até mesmo seu irmão não tivesse mais falado com ele... Alguém certamente se lembrara periodicamente dele!

    – Aqueles malditos!

    A hipoteca de sua casa. Ele se esquecera da maldita hipoteca. Ao final de cada mês, havia um saldo negativo de 490€ e a descrição HIPOTECA HABITAÇÃO.

    A parte boa era que, graças às suas economias, o banco ainda não havia penhorado sua casa. A parte ruim – péssima – era que suas economias haviam desaparecido e que, ademais, ainda faltava pagar mais de 40.000€ da hipoteca. Antes, quando ele era Inspetor-Chefe de Polícia, pagar uma mensalidade de 490€ era algo simples, mas... o que fazer agora? A última coisa que ele queria era que o despejassem de sua casa...

    – Preciso procurar um emprego...

    Rapidamente, ele descartou a ideia. Havia algo nele que resistia a trabalhar em algo que não tivesse relação com a Polícia Nacional. Afinal, ele estivera na Corporação por quase toda a sua vida, desde que fora aprovado no concurso, aos 19 anos de idade.

    A trajetória de Lázaro fora brilhante. Ele começara, como todos, como um mero estagiário, para, posteriormente, tornar-se agente policial. Mas não parara por aí. Ao contrário de seus companheiros, ele continuou subindo: de Policial, passara a Oficial; depois, a Subinspetor; Inspetor de Alunos (de primeiro e segundo anos); Inspetor de Estagiários; Inspetor; e, finalmente, Inspetor-Chefe. O cargo de Inspetor-Chefe era um elevado escalão, sem dúvida, mas Lázaro sabia que, se não tivesse cometido aquela estupidez, teria chegado a Delegado.

    E agora?, perguntou-se, observando a pilha de latas de cerveja acumuladas no canto da sala de estar. Devo buscar um emprego como garçom ou vendedor? A simples ideia fê-lo esboçar uma careta, o semblante sombrio. Lázaro não tinha nada contra garçom, tampouco contra vendedores. O verdadeiro motivo pelo qual resistia a procurar emprego era que ainda se via como policial. Embora tivesse sido expulso da Corporação há anos, em seu interior, ele continuava se comportando, agindo e se sentindo como Policial.

    – Sempre serei Inspetor-Chefe – disse ao seu reflexo projetado na tela desligada do televisor. – E um Inspetor-Chefe o é em período integral.

    Lázaro contemplou sua imagem: mal conseguia se reconhecer. Ele via um homem alto, magro

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