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Dissimulação: a ruína de Zanthyr
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Dissimulação: a ruína de Zanthyr
E-book232 páginas3 horas

Dissimulação: a ruína de Zanthyr

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Sobre este e-book

Daniel, um jovem promissor que trabalha na Secretaria do Meio Ambiente da cidade de Bayeux, Paraíba, precisa tirar licença de trabalho para cuidar de sua saúde. Ao passar mais tempo em casa, ele se depara com uma criatura chamada Itza, que possui a habilidade de mudar de forma. Itza acredita que a solução para seu problema está naquele humano. Mas como um humano pode ajudar uma metamorfa? Mistérios envolvem o simples baianense, tornando-o centro da trama. Curioso e descrente, ele decide seguir Itza em uma aventura fantástica, na qual interagem com seres mágicos e descobrem que têm mais em comum do que podiam imaginar. O passado e o presente se convergem nesta aventura. Antes de descobrirem o cerne do que buscam e do que são, eles precisarão atravessar portais encantados, adentrar reinos mágicos e escapar de ciladas, traições e investidas inimigas que estarão sempre à espreita. Dilemas filosóficos e questões existenciais se revelam enquanto os aventureiros buscam superar seus medos e sobreviver quando parece que todos estão contra eles. Um romance que une aventuras interdimensionais e um amor autêntico que cresce a cada capítulo? O que o futuro reservará para estes aventureiros?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de fev. de 2024
ISBN9786553556898
Dissimulação: a ruína de Zanthyr

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    Dissimulação - Michael Douglas de Almeida Nunes

    CAPÍTULO

    01

    O ENCONTRO DOS HERÓIS

    Tudo começou em uma cidade paraibana chamada Bayeux que recebe esse nome de uma cidade francesa, a primeira a se libertar do regime totalitário do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. É uma cidade estereotipada, mas seus moradores, isentos de quaisquer complexos, acreditavam na sua importância devido à sua participação na economia paraibana e sua preocupação ecológica.

    Nela vivia um cidadão comum, que trabalhava na Secretaria do Meio Ambiente. Esse homem era um dos responsáveis pela preservação de uma grande área que abrangia um ecossistema de manguezal e parte de mata atlântica, muito importante para a preservação da fauna e flora ameaçadas no Estuário do Rio Paraíba. Era função desse homem o controle, a supervisão e as ações necessárias para o bom êxito do empreendimento.

    Seu nome era Daniel. Era alto, media aproximadamente 1,80 m, quieto e silencioso e tinha por volta dos 30 anos, olhos castanhos e um rosto harmonioso. No entanto, era fechado como se estivesse sempre triste. Seu cabelo era preto, curto e moderadamente cacheado. Aparentava ter um corpo em forma, mas não se tinha certeza, pois ele sempre ia para o trabalho de paletó e nunca foi visto por ninguém fora da empresa.

    Era misterioso e enigmático para algumas de suas colegas, mas para alguns dos colegas não passava de um homem excêntrico. Daniel não ligava, não era vaidoso, era viciado em trabalho e não tinha nos olhos o ânimo comum para paixões ou amizades profundas, que exigissem tempo. Sua vida se resumia em ir do trabalho para casa e vice-versa. Durante quinze anos ininterruptos renunciou às férias e um dia, todo o cansaço e stress causaram sintomas em seu corpo, o que exigiu cuidados emergentes.

    Primeiro, ele ficou tonto no banheiro da empresa e teve que se segurar na pia para não cair e quando se sentiu melhor, simplesmente esqueceu do ocorrido. Com o tempo a situação piorou, desmaiou no trabalho duas vezes, o que deixou todos preocupados. Além dos desmaios ele desenvolveu crises de pânico, inicialmente sutis, mas que se tornaram mais intensas, a ponto de ter que recorrer à medicina. Com a saúde debilitada, não conseguia trabalhar com a eficácia de antes, mas relutou em aceitar isso, até que foi obrigado, pelo setor de Recursos Humanos, a aceitar uma licença de um mês, com a possibilidade de extensão, dependendo da avaliação médica. Ainda absorvendo a ordem, relutou, mas percebendo que não daria em nada. Antes de sair ficou um tempo parado na porta principal da Secretaria e saindo decidiu não ir de Uber para casa e foi de ônibus.

    Desolado, encontrou a paz de espírito no cuidado das suas plantas. Cuidava das que estavam dentro de casa, cantarolando ih, que é isso? Michael Douglas. Não que ele gostasse do ritmo, ou da apologia que a música trazia, mas por causa de um acontecimento no trabalho, onde colegas homenagearam um colega recém-chegado, chamado Michael Douglas. Como esse funcionário era extrovertido, para brincar com ele alguém colocou a música na caixa de som principal. Daniel, como um dos responsáveis, ainda procurou o autor da piada para adverti-lo, mas não encontrou o culpado e ficou por isso mesmo. Tarde demais, a música já estava impregnada no seu hipocampo, para sua infelicidade e estresse.

    No outro dia o botânico fez o que fazia nos finais de semana, cuidar da casa. Ele havia reservado um quarto para sua flora, lá havia rosas, violetas, orquídeas e camélias. Quando o Sol invadia o quarto, no intervalo de 11h30 a 15h30, uma energia revitalizadora tomava conta do lugar, como se a luz solar lhe desse forças e por isso aquele era o lugar preferido de Daniel. Em seguida se dirigiu à varanda e se voltou às giestas amarelas, aos cactos e às suculentas, espalhadas no espaço oval e simétrico de seu belo jardim.

    Trabalhou em todas as suas plantas e percebeu que o Sol estava chegando no limiar do horizonte e a noite já começava a revelar suas sombras. Ao entrar em casa ouviu um barulho que o fez olhar para outra casa de sua rua, que estava abandonada há anos. Em frente a ela havia um enorme salgueiro-chorão. Sua copa e suas raízes já alcançavam quase toda a calçada. Ao olhar atentamente, viu algo que se movia diferente da árvore, se misturando com os galhos que quase tocavam o chão. Os galhos balançavam segundo a vontade do vento, mas um movimento diferente lhe chamou a atenção.

    Instigado, ele saiu e caminhou em direção à casa. Quanto mais se aproximava, mais estranha a árvore se mostrava e constatou que se tratava da presença de um animal ou uma criatura, que não identificou. Percebeu que quanto mais se aproximava, mais os movimentos da criatura se tornavam bruscos, e isso o assustou. Corajosamente, se aproximou mais e se deparou com algo que parecia uma estrutura ocular. Amedrontado, não conseguiu mais pensar em nada. Seus joelhos tremiam e a curiosidade estava cedendo espaço para o desespero.

    Atônito e sentindo um frio subir pela espinha, Daniel tentou recuar, mas a curiosidade não permitiu. Começou a rezar e, em um ímpeto de coragem, conseguiu virar o corpo. Estava com medo, mas se encheu da coragem do homem baienense e seu medo se transformou em maravilhamento, pois os movimentos da criatura agora eram calmos e lembravam passos de balé.

    Daniel estava fascinado com a beleza e delicadeza dela e queria tocá-la. Chegou mais perto e a criatura acelerou seus movimentos, o que impedia o botânico de se aproximar como ele desejava. Quando os movimentos cessaram, revelou-se diante dele uma linda figura, como a de uma elfa dos filmes. Seus olhos eram semelhantes aos de um felino, suas mãos brancas, tinha unhas grandes e era mais baixa do que ele. Seus cabelos eram negros, tão escuros quanto o vazio de um buraco negro.

    A criatura era indescritivelmente cativante e Daniel a observou encantado. Um misto de emoções percorria seu corpo. A bela criatura o mirou e, lutando contra o medo ainda existente do desconhecido, permitiu que ele se aproximasse. Estavam a um palmo de distância e ele não sabia o que dizer, imaginou várias palavras a serem ditas, mas não parecia caberem no momento. Com calma, a criatura deu um sorriso – pelo menos pareceu um – e o homem aproveitou para iniciar a conversa: — Olá, me chamo Daniel Cunha. E você? — falou ininterruptamente, com um sorriso acolhedor.

    Enquanto esperava a resposta, aconteceu algo estranho e abruptamente aquela criatura se transformou em uma grande pantera, aparentemente assustada. Convencido de que não era corajoso o suficiente, deixou o medo vencer a curiosidade, encheu-se de coragem inversa e correu o mais rápido que pôde, para casa.

    Chegou ao terraço, esbaforido, olhou para trás e viu que não foi seguido e, tremendo, tentou por duas vezes abrir a porta antes de conseguir entrar. Estava ansioso e ficou esperando algo acontecer. Pouco a pouco a paz voltou ao seu corpo e ele começou a se sentir mais seguro. Decidiu fechar as portas e janelas e deitar-se. O sono não vinha então levantou-se e começou a andar, conferindo cada cômodo outra vez. A imagem da criatura não saía de sua mente.

    Seu coração estava calmo, mas acelerava sempre que lembrava do encontro, era uma mistura de paz e perturbação, um paradoxo que ele não entendia. Sentou-se no sofá e ficou imaginando o que teria acontecido se tivesse ficado lá. Muitas especulações vieram à sua mente e, sem dormir, viu que já era madrugada e ele ainda estava sem sono.

    Quando finalmente consegui cochilar, despertou às 6h da manhã, foi ao jardim regar as plantas, mas sabia que o que queria mesmo era ver a belíssima criatura. Olhou em direção ao salgueiro-chorão, mas não viu nada. Entrou e lembrou que não tinha que trabalhar naquele dia, trocou a roupa de trabalho, que por força do hábito havia vestido, por uma roupa mais leve e saiu para correr no parque. Sentiu-se bem, não lembrou da noite e se sentia cheio de energia, apesar da noite mal dormida.

    Voltou para casa e depois do banho decidiu entrar em seu santuário particular e fazer uma espécie de meditação por alguns minutos, pedindo à suas rosas um conselho. Sentiu a luz do Sol atravessando as folhas e flores e reverberarem nele e se sentiu atendido. Motivado novamente, decidiu voltar ao salgueiro, mas antes de sair pensou em como se vestir, o que lhe pareceu estranho, pois geralmente não se preocupava com isso. Vestiu-se de esporte fino e olhou-se no espelho, deu uma piscadinha para o espelho e saiu. Estava receoso, mas começou a caminhar até a criatura. A distância pareceu maior, parou algumas vezes e teve vontade de desistir a cada parada, mas continuou.

    Finalmente chegou à árvore, mas não havia sinal da criatura. A decepção do botânico foi enorme e, mais uma vez confuso com o que sentia, decidiu ir embora. Imbuído da esperança de ainda vê-la caminhou lentamente até sua casa, esporadicamente olhando para trás. Seus passos estavam pesados e seu corpo estava lerdo e, por um instante, achou que estava iniciando outra crise de pânico. Com medo de ter a crise ali, acelerou os passos com sacrifício e quando já estava perto de casa, outro barulho chamou sua atenção e ele parou. A suposta crise passou e uma alegria curadora o tomou. Voltou à árvore e ao se aproximar da criatura, vislumbrou a mesma pantera que o assustou no dia anterior, mas daquela vez não estava com medo.

    A pantera estava calma, seu rosto era o da bela criatura que ele havia visto. Ela se aproximou do homem e ele sentiu seu coração acelerar e tentando não gaguejar, perguntou:

    — Oi! Tudo bem? Sou o Daniel. E você, como se chama?

    Ela, ainda em um estado de desconfiança, falou:

    — Você consegue me entender?

    Daniel respondeu, satisfeito:

    — Sim e estou feliz por conseguirmos nos comunicar.

    Ela continuou:

    — O meu nome é Itzâmine, sou da família Arnak do reino de Tonantzin — discorreu ela, com nostalgia, porque não escutava seu nome assim, fazia tempo. E continuou: — Mas pode me chamar de Itza.

    Ele, sem saber o que falar, investigou:

    — O que você é? O que faz aqui em Bayeux?

    Ela discorreu que procurava algo e que, enfim, encontrou.

    — Tonantzin é um reino muito distante daqui, em outro mundo. É uma terra mágica, com animais encantados e criaturas especiais com poderes incríveis.

    Daniel, numa tentativa de interagir mais amigavelmente, confirmou:

    — Parece ser um lugar ótimo para se viver.

    Ela esboçou um movimento labial que pareceu ser um sorriso, mas na verdade ela estava dizendo alguma coisa, logo ele voltou a entender e ela continuou sua história:

    — A magia torna nossa terra um lugar de estupendo poder, somos considerados uma benção dos deuses sagrados e quase toda magia é aceita. Por isso estou aqui, Daniel Cunha. Lá há uma magia que é amaldiçoada, considerada inimiga e é alvo de perseguição desde os primórdios da nossa história: a capacidade de se transformar em outras criaturas.

    O homem logo entendeu que se tratava de uma metamorfa, por presenciar algumas de suas mudanças. Todavia, entendendo o desconforto dela, a interrompeu e perguntou:

    — Já que é um reino de magia, por que só com os metamorfos o problema?

    Ela, com tristeza no rosto, buscou forças para responder à pergunta dele, e do nada, ela recitou:

    Veritas lux mea.

    Na mesma hora o corpo dela começou a mudar e ela deixou de ser a pantera para se transforma numa linda mulher, a mais linda que o botânico já havia visto.

    A verdade é minha luz, traduziu Daniel, uma vez que entendia latim, devido à escola onde ele estudou na juventude. Antes de falar alguma coisa, com o semblante mais calmo, ela justificou:

    — É uma tradição na minha terra dizer esta frase sempre que nos sentimos tristes ou perdidos. Espero não ter te assustado como ontem. Todos os pais ensinam para seus filhos, pois nos lembra de onde viemos e quem somos. Sempre que me sinto nervosa ou triste eu digo e assumo a forma que me deixa mais relaxada.

    Decididamente ela, naquela forma, parecia uma humana e ainda bem que ela se sentiu relaxada daquela forma, inferiu Daniel, já que se tornou a mais lida de todas as suas transformações. A mulher ainda falava, mas Daniel, encantado com sua beleza, não ouviu muita coisa. Ela tinha a pele branca, seu cabelo, ainda negro, caindo pelas costas e seus olhos eram verdes e intensos. Passado um tempo, ele conseguiu se concentrar no que ela dizia e, envergonhado, fingindo que ouviu tudo, soltou:

    — Você é linda, Itza! Quer dizer… — falou o homem, que, no mesmo momento, quis apagar o que disse. — Perdão, mas eu não entendi muito bem, a magia é algo novo para mim, mas estou aberto a aprender. — Arriscou ele, com um ar de Don Juan. Ela sabia que ele não havia ouvido boa parte do que tinha sido dito, por isso não repetiu a história e disse, olhando nos olhos castanhos dele:

    — Encontrei você, é tudo que eu precisava.

    O homem apaixonado, agora se sentindo confuso, retrucou:

    — Precisa de mim? Já nos conhecíamos?

    Ela riu, negando.

    CAPÍTULO

    02

    A INCRÍVEL VIAGEM À ZABELÊ

    Ele continuou ali, ainda esperava que ela explicasse e já estava inquieto. A metamorfa, entendendo a sua inquietação discorreu:

    — Daniel, eu sou a Princesa de Tonantzin, filha única dos reis Sknoff e Marie, da família sagrada de Arnak. Também sou uma das amaldiçoadas. Evitei usar meu poder por toda minha vida, por conselho da minha mãe e tudo estava bem até que minha mãe morreu. No mesmo dia descobriram sobre mim e passaram a me perseguir como se eu fosse uma criminosa e por isso eu fugi. — Ela fez uma pausa e continuou ressentida: — Não sei como souberam, foi tudo muito tão rápido.

    Então, Daniel, sentindo todo o drama pelo qual a mulher passava, tentou, com um sorriso, encorajá-la a falar, ela entendeu a intenção do humano e mais relaxada decidiu contar desde o início.

    — No dia da morte da minha mãe eu já tinha ouvido murmúrios sobre mim no castelo, por isso tratei de ficar escondida e não consegui mais ver minha mãe. Na tentativa de ter um último momento com ela fui até o até seu quarto e a porta estava fechada. Com magia, consegui abri-la e ao entrar fui diretamente para sua coleção de livros, pois ela amava ler e sempre lia para mim e foi nessas leituras que aprendi quem eu era e o mal que os metamorfos carregam consigo. Enquanto eu mexia nos livros um se destacou, eu nunca o tinha visto, apesar de ter estado tantas vezes naquele quarto. Era verde e na capa estava escrito em caneta dourada: O Livro de Violascens. O dourado era muito intenso, parecia ser ouro e me perguntei por que nunca havia visto ele na coleção de minha mãe. Aquilo me deixou inquieta. Por que minha mãe não falou dele?

    Daniel ouvia atentamente a história como se estivesse dentro dela, o que corroborou a paixão de Daniel por filmes, que já criava um roteiro na cabeça. No final de semana, Daniel, por não ter amigos, tinha se tornado um cinéfilo, passava o fim de semana variando entre seus streamings. Atropelando a imaginação de Daniel, Itza continuou:

    — Tentei abrir o livro, mas não consegui, porque estava protegido com um tipo de feitiço que eu não conhecia. Procurei nas gavetas algo que pudesse usar para abri-lo e achei um canivete. Tentei forçar o miolo do livro, mas sem sucesso, ao contrário, cortei minha mão por causa da força que usei. Do corte saiu uma gota de sangue que caiu diretamente no livro e seu brilho amarelado começou a diminuir, até que ficou parecido com um livro comum. Tentei abri-lo novamente e o livro finalmente abriu. Parecia vivo, porque escolheu a página para eu ler, e na primeira discorria sobre a maldição dos metamorfos. Quando o livro sentiu que terminei a leitura, antes de eu manusear, mudou para outra página, que relatava o passado em que Tonantzin foi quase destruída por um demônio muito poderoso. Quando terminei de ler o livro mais uma vez passou para outra página, que me mostrou uma forma de deixar de ser metamorfa e honrar a memória de meus pais, da nossa família e do reino de Tonantzin. Fiquei empolgada porque poderia deixar de me esconder, e lendo tudo, descobri que precisaria de um humano para me ajudar a conquistar minha libertação.

    Daniel ouvia e imaginava um roteiro para um filme. Talvez se tornasse um roteirista, imaginou ele. Desejava ouvir mais sobre aquela incrível aventura e ficou tão empolgado que até esqueceu do seu papel naquela trama. A mulher, sentindo-se muito mais confiante em relação ao humano simpático, ponderou:

    — Você tem ideia do porquê, de todas as pessoas e seres do mundo, você é quem eu procurava, Daniel Cunha?

    Daniel a olhava com cara de paisagem e Itza, reconhecendo ter feito uma pergunta retórica, mesmo ser ter a intenção, continuou:

    — No livro dizia que para alcançar a mudança definitiva o primeiro passo seria encontrar o único ser no universo capaz de me guiar até a cura. Pedi ajuda ao livro e ele me mostrou, em uma das páginas, em branco, o seu rosto. Esse é o motivo de estar aqui. Vim com meu amigo e procuramos muito, antes de chegarmos aqui. Ontem, quando tentamos novamente, estávamos aqui nesta árvore e que bom que você veio a nós, senão íamos pensar ser outro lugar errado.

    Daniel não se via, além do trabalho, um exímio protetor da natureza, mas agora era o único que podia ajudar uma criatura mágica? Depois de um tempo organizou seus pensamentos e quando discerniu que aquilo era completamente real, sentiu suas pernas tremerem, mas curioso e instigador, sem ter muita certeza de onde estava se metendo e de como poderia ser o herói daquela maravilhosa mulher, decidiu ajudá-la, ao invés de passar outro final de semana assistindo filmes. Esboçou um sorriso envergonhado e encharcado de dúvidas, perguntou:

    — Um amigo com você? — Sem resposta, o botânico agindo como um cavaleiro que salva a donzela em perigo, bradou:

    — Como posso te ajudar, milady? — perguntou Daniel, galanteador, confiando nas suas aventuras da juventude, decretou que estava pronto para ajudar.

    Itza estranhou a

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