Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Maldição Da Floresta
A Maldição Da Floresta
A Maldição Da Floresta
E-book891 páginas7 horas

A Maldição Da Floresta

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O medo vai te consumir de forma tão devastadora que a morte vai ser seu maior desejo . Khéssia é uma feiticeira poderosa que tem dificuldade para controlar sua magia. Depois de um passado marcado por batalhas e manipulações, ela busca meios para deter seu poder na tentativa de ter o domínio da sua vida novamente. Porém as descobertas que faz no festival da colheita mostram que nada mais será como antes... A paz é algo que não está ao seu alcance e ela deve fazer de tudo para proteger os seus. Mas quem é de fato seu inimigo?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de ago. de 2022
A Maldição Da Floresta

Relacionado a A Maldição Da Floresta

Ebooks relacionados

Artes Cênicas para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A Maldição Da Floresta

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Maldição Da Floresta - Joyce H. O. Sá

    A

    MALDIÇÃO

    DA

    FLORESTA

    3ª edição

    2022

    Joyce H. O. Sá

    ________________________________

    Gráfica:

    Clube de Autores

    REVISÃO GERAL

    Joyce H. O. Sá

    TÍTULO ORIGINAL

    A Maldição da Floresta

    DIAGRAMAÇÃO

    Joyce H. O. Sá

    CAPA

    Joyce H. O. Sá

    ILUSTRAÇÕES

    Mapa – Joyce H. O. Sá // Ana Araújo

    Cenas – Ana Araújo

    CONTATO

    E-mail: helenas.0712@gmail.com

    Instagram: DxTopia_

    Wattpad: JoyceS4

    Todos os direitos reservados em língua portuguesa, no Brasil, por Joyce Helena Oliveira Sá. Nenhuma parte dessa obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da autora.

    ________________________________________________________________

    "Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então".

    – Alice no País das Maravilhas.

    Para mamãe, que sempre acreditou em mim antes que eu mesma acreditasse.

    Image 1

    Sugestão Musical

    Capítulos

    01 – Save me (BTS)

    03 – Ghost Town (Adam Lambert)

    05 – Arcanine (Ursine Vulpine) / / Kamikaze (Night Argent) 07 – Tivolit (BEHM)

    09 – Living On The Outside (Bruno Martini) 10 – Feral Hearts (Kerli)

    11 – Gotta Be Somebody (Nickelback)

    12 – Entre nós dois (Malta)

    14 – BreakThrough (MindFlow)

    16 – Say Yes To Heaven (Lana Del Rey)

    18 – Ligação (Nx Zero)

    19 – Do It For Me (Rosenfeld)

    23 – Someone To Stay (Vancouver Sleep Clinic) 24 – In My Remains (Linkin Park)

    26 – Pray (Jxdn) / / Work Song (Hozier)

    28 – Daylight (David Kushner)

    29 – Let me out (Hidden Citizens, Ranya)

    30 – Train Wreck (James Arthur)

    1

    Eu estava correndo de novo.

    Ouvi vozes e vi borrões, mas eu não conseguia compreender de onde vinham essas coisas ou o que elas falavam. Eu só entendi que não podia parar, pois cada parte do meu corpo me dizia para fugir.

    Cheguei a um jardim sem forças e me apoiei nos meus joelhos. O meu coração batia descontrolado e os meus pulmões ardiam com o esforço excessivo. Enquanto eu tentava me recuperar percebi que estava dentro de um labirinto, um daqueles que ninguém acha a saída.

    Eu senti uma aproximação e voltei a correr. Eu não tinha a menor ideia de que lugar era esse, mas o importante era encontrar uma saída.

    Uma vertigem veio e fez o meu ritmo desacelerar.

    As minhas pernas vacilaram, mas eu continuei aos tropeços ou tentei.

    Levantei a cabeça e vi espelhos, eles apareceram se intercalando no corredor, refletindo o que deveria ser eu, porém não era. Ao me aproximar eu vi silhuetas e imagens emitindo um grito mudo completamente perturbador de se assistir.

    Tudo ao meu redor girou.

    .

    Eu caí no centro do jardim sacudindo a minha cabeça na esperança de recuperar meus sentidos.

    Eu estava confusa.

    Um calafrio percorreu o meu corpo e eu encarei uma das passagens do labirinto. Alguns segundos se passaram e eu vi uma imagem. O que me dominou foi uma sensação tão pesada e fria que fiquei imóvel. Eu

    precisava correr, entretanto eu estava paralisada e não tive a menor capacidade para reagir quando comecei a ouvir os cânticos ao meu redor.

    O desespero cresceu, eu tentei gritar, só que a minha voz sumiu. Eu tentei usar magia, mas os meus poderes estavam inertes como se nunca tivessem existido. Nada me pertencia naquele momento, eu não era dona do meu corpo.

    Fechei os olhos sentindo angústia, porque só me restava aceitar que seria o fim. Não havia escapatória.

    O mundo girou novamente.

    A vertigem foi mais forte, o suficiente para trazer a escuridão e me afastar daquele mundo.

    .

    .

    .

    Acordei assustada, demorei alguns minutos para entender o que tinha acontecido. Foi um sonho, concluí colocando a mão na minha testa suada.

    Eu me levantei trêmula e fui lavar o rosto no banheiro para tentar me acalmar. Eu estava suando frio, totalmente desperta devido à adrenalina que dispensou o torpor do sono.

    – Quais são as chances de ser um aviso? – perguntei para o meu reflexo no espelho – Ah, definitivamente não.

    Dei atenção para a minha imagem.

    Já dava para notar o preço que os pesadelos estavam cobrando de mim.

    Enquanto eu penteava o cabelo, percebi que o castanho dele já não estava tão escuro. Era como se desbotasse mais a cada episódio dessas noites obscuras, e se continuasse assim, eu estaria de cabelos brancos até o fim do inverno.

    Desisti de tentar melhorar a minha aparência e preparei um banho.

    Quando entrei na banheira, eu fechei os olhos deixando os meus pensamentos divagarem.

    Flashes do pesadelo invadiram a minha cabeça, abri os olhos rapidamente encarando o vazio e senti que alguém me observava.

    Minha paz durou pouco.

    – Os pesadelos são reais apenas se você der vida a eles – Éris disse apoiada na porta.

    – Hm – foi tudo que eu disse antes de afundar completamente na banheira encerrando o assunto.

    […]

    Era outono, as nuvens cobriam completamente o sol deixando tudo meio sem graça, mas eu achei que o dia estava perfeito, porque combinava com o meu humor.

    Eu me sentei em meio às folhas no chão fugindo dos meus pesadelos, entretanto não demorou para eu escutar um farfalhar atrás de mim.

    – Durou pouco – falei revirando os olhos. – Está tentando bater o seu recorde?

    – Não fuja de mim como se eu fosse a sua inimiga – disse Éris.

    – Posso considerar essa perseguição como ataque – olhei incisivamente para ela que retrucou o meu olhar no mesmo instante – Argh! – resmunguei me rendendo – Foi o mesmo de sempre: um labirinto, uma presença e era tão real quanto essa conversa que estamos tendo agora.

    – Khéssia – suspirou – Os anos estão passando, você está mais forte e o seu controle mais fraco – ela sentou ao meu lado e começou a encarar o céu – Talvez, esteja na hora de procurar o nosso clã.

    – Isso é patético – concluí me levantando.

    – Não podemos deixar as coisas continuarem desse jeito, você não está bem.

    Andei para o caminho que adentrava a floresta.

    – Cheguei até aqui desse jeito, não vejo necessidade de mudar agora –

    abri os braços em demonstração – e mesmo que a minha vida dependesse disso, eu prefiro morrer a ter que me aproximar do Luther novamente! –

    falei furiosa deixando a Éris para trás.

    Continuei andando pela floresta até amenizar minha raiva.

    A questão era que a pequena hipótese de ver aquela criatura novamente já me dava repulsa. Eu o odiava no âmago do meu ser e não pediria sua

    ajuda nunca. A minha desconfiança, e principalmente o meu orgulho, sempre falavam mais alto do que a necessidade.

    Depois de uma longa caminhada eu senti que a raiva tinha diminuído.

    Mas as árvores ainda se movimentavam ao notar a magia que estava fluindo intensamente. Eu parei de andar, fechei os olhos e respirei fundo me concentrando no vento no meu rosto, na brisa batendo nas árvores e no farfalhar das folhas no chão. Imaginei uma cor espalhada em várias direções, ao ver o seu limite eu me estiquei sobre ela pegando cada parte para concentrar em um único ponto.

    Lentamente senti a magia voltando ao normal, mas apesar de ficar calma, eu decidi voltar para casa. Era muito perigoso ficar ao ar livre dessa forma, eu poderia machucar alguém.

    Eu morava em Thyra.

    Um ‘país’ formado por uma floresta mágica, que faz fronteira com o reino de Sergália, o maior do continente e um dos mais poderosos. O chalé era perto da rota que os viajantes usavam para chegar ao reino ou aos povoados, porém não era um caminho muito utilizado por humanos, pois a magia do lugar adorava fazer eles se perderem, ou ficarem loucos, dependendo do lugar eles poderiam morrer facilmente.

    Por esse motivo, Thyra era habitada quase que unicamente por seres mágicos. Havia clãs, cidades e povos espalhados nos mais inusitados locais e apesar de ter uma conexão excepcional com a floresta, eu não era capaz de dizer tudo o que ela guardava. Existiam diversas criaturas, algumas divertidas, outras macabras e lugares com tesouros perdidos que atraíam caçadores de recompensas. Geralmente, as missões eram anunciadas em quadros na praça central do reino ou por clãs, porém era raro ver um humano ter coragem para enfrentar a floresta.

    No fim, Thyra era como qualquer outro reino. A diferença é que não havia um líder para todos, cada clã vivia de forma independente e quase nunca se encontravam. Não vivíamos em guerra, mas tão pouco ficávamos nos misturando.

    Ao me aproximar do chalé eu vi Éris na varanda lendo um livro. Assim que coloquei o pé na escada ela abaixou o livro e me observou, o seu semblante de preocupação dizia que estava me analisando.

    – Foi apenas um contratempo – ela estava sentindo o rastro de energia que eu tinha deixado – eu já estou melhor.

    Ela suspirou.

    – Estou buscando formas de controlar o seu poder, mas ainda estou esperando as informações que o Morgan foi procurar. Eu preciso ter a confirmação dos boatos que ouvi há muito tempo.

    – Está tudo bem. – falei para lhe acalmar.

    Seus olhos azuis estavam nublados.

    Eu a amava como uma irmã e vê-la ficar mal me deixava mal. Eu me aproximei e a abracei forte. Nos conhecemos anos após a minha fuga de Aron, quando o Morgan a encontrou para ajudar a controlar o caos dentro de mim.

    Desde então, ela estava conosco.

    – Vamos dar um jeito – Ela colocou as mãos em meus ombros com o rosto sério – nem que eu mesma precise criar a solução.

    Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, outra voz surgiu.

    – Então, acho que não precisam mais de mim.

    – Morgan! – falamos em uníssono.

    Éris foi a primeira a correr para lhe dar um abraço.

    Eu continuava sentada, pasma com aquela aparição, era como se ele soubesse que era necessário. Tinha meses que o Morgan havia partido, e desde então, eu não tive muitas informações sobre a sua situação ou por onde ele estava. Contudo, mesmo com o coração na mão, eu sempre soube que ele estava bem.

    Tenho quase certeza que a Éris deu um jeito para manter contato ou ela teria enlouquecido sem notícias dele (a sua aventura favorita).

    Olhei novamente para ele fazendo uma análise.

    Morgan estava usando os seus cordões e braceletes dourados, criando um lindo contraste com a sua pele escura. Estava sem camisa (como de hábito), exibindo o seu belo corpo para quem quisesse olhar, e com as

    calças brancas de sempre (que pareciam ser infinitas em seu armário). Os seus cabelos brancos estavam despenteados e ao girar a Éris, eu percebi que os desenhos nos seus braços exibiam um leve tom de azul.

    Como feiticeira, eu sabia que ele tinha se metido em confusão. Todo feiticeiro tinha uma marca de nascença que ganhava cor quando a magia era utilizada.

    Cada um tinha sua cor, e a do Morgan, era azul.

    – Não está feliz em me ver? – perguntou me fazendo voltar ao mundo real.

    Ele colocou a Éris no chão e cruzou os braços me encarando.

    – Talvez não tenha sentido saudades de mim... – falou cabisbaixo, mas eu podia ver a ironia nos seus olhos cinzas.

    Um sorriso surgiu no meu rosto e eu corri na sua direção. Fui engolida pelo seu abraço e senti o meu coração se encher de felicidade.

    Eu estava com saudade desse sentimento aconchegante.

    – Eu sei que não aguentaria ficar longe de nós – falei ainda nos seus braços.

    – É porque vocês são as únicas pessoas neste mundo que me aguentam

    – expressou rindo e suspirou – infelizmente não tenho tantas novidades –

    depois de me colocar no chão ele passou a mão pelos cabelos meio chateado – Quase ninguém tinha as informações que me você me pediu –

    disse para Éris – e o pouco que consegui está em uma língua que ainda não decifrei.

    Ele tirou uma página da sua bolsa. Era um pergaminho antigo de um amarelo já desbotado pelo tempo. Estranho, pensei ao encarar o papel.

    Continha palavras que eu nunca li em lugar algum, ou melhor, símbolos.

    – Talvez seja merácito – falei incerta.

    – Parece com tkane antigo – disse Éris confusa também.

    – Fiz diversas comparações, mas não se enquadra em nenhum idioma.

    Procurei em todos os livros algo semelhante com isso e foi perda de tempo

    – falou frustrado.

    Uma língua fora das raízes de Endora? Impossível de imaginar.

    – Não se preocupe, eu me encarrego disso. Você fez muito só de conseguir essa informação – Éris falou dando um beijo na bochecha dele –

    De qualquer forma, vou aproveitar bem o que trouxe – expressou levando o papel e a bolsa dele para casa.

    – Como conseguiu aqueles papéis? – perguntei curiosa.

    Não era possível haver uma língua tão peculiar assim em Sergália e ele não teria como encontrar essas coisas aqui em Thyra. Talvez em outros reinos, porém a possibilidade ainda era baixa e ele não seria tão louco.

    Nem todos os lugares tinham a tolerância com magies como deste lado do oceano, como Sergália.

    – Bom, digamos que deixei muitas jovens felizes. – sorriu dando uma piscadinha para mim.

    Argh! Revirei os olhos. Não sou obrigada a ouvir suas aventuras.

    – Eu não estou falando disso – o empurrei com o meu corpo – Notei que a sua marca estava visível até pouco tempo, esteve lutando antes de chegar aqui? – indaguei me aproximando dele.

    – Você sabe que nem tudo eu resolvo no diálogo e, para o azar deles, eu estava de péssimo humor – resmungou e me analisou – toda essa aventura me deixou exausto, mas eu estou em casa agora. Não há motivos para preocupações, correto? – falou erguendo uma sobrancelha para mim.

    Morgan sempre desconfiado.

    Ergueu o meu queixo e buscou algo nos meus olhos.

    Morgan era abusado, sabia que apesar de eu estar ao seu lado uma vida inteira, o meu corpo ficava nervoso com ele me olhando tão profundamente. Isso começou depois de uma situação que ocorreu entre nós, onde nos tornamos o ‘primeiro amor’ um do outro. Mas muitas coisas aconteceram depois que saímos do clã e isso se transformou em algo que eu não sabia definir.

    Mas ele acabou se tornando um libertino e eu fiquei à mercê das suas provocações. Afinal, não éramos mais as crianças de Aron, éramos adultos e eu não sabia reagir a sua beleza.

    Sua magia fluiu dos seus dedos até o meu rosto. Um arrepio leve se espalhou na minha nuca.

    – Pelo visto, eu estava certo em não perder tempo – falou quando viu a minha magia fluir.

    Você manteve contato com a Éris... não tive mais dúvidas.

    Morgan estava testando o meu poder, me provocando para fazer uma análise completa. E por mais que eu quisesse provar que ele estava errado, não demorou um segundo para a magia reagir ao seu toque. Só que eu não recuei, apenas controlei suavemente os meus poderes para não dar razão completa para ele. Mas ele se aproximou me observando minuciosamente, o cabelo, olhos, até que fixou o seu olhar na minha boca.

    Pude sentir um arrepio na nuca.

    Eu nunca sabia exatamente o que ele estava pensando, e nem se deveria levar a sério ações como essa. Mas o Morgan sabia exatamente como eu reagiria, porque o Morgan me conhecia muito bem.

    – Sabia que seus olhos têm um violeta único? – falou a apenas alguns centímetros da minha boca.

    Perto demais!

    Virei o rosto completamente desconcertada com a sua voz. Ao ver a minha reação ele sorriu e se afastou.

    – Sabe, andei por muitas terras e não vi nenhum incrível como os seus.

    – Ele colocou as mãos atrás da cabeça com um ar despreocupado.

    – Está tudo bem por aqui? – Éris perguntou.

    Eu estava tão concentrada no Morgan que não notei quando ela apareceu na varanda.

    Éris era outro ponto.

    Porque não sendo o suficiente não conhecer a intenção do Morgan, com esses jogos que fazia comigo, ainda havia a Éris, que apesar de negar veemente sentir algo por ele, demonstrava estar envolvida demais na relação de diversão. Era um jogo confuso para mim, não havia compromisso entre eles e existia uma gama de aventuras com outras pessoas, mas permanecia um instinto de posse que não fazia sentido na minha cabeça.

    Fique longe, me aconselhei.

    – Claro! – respondi.

    As nossas marcas já estavam sumindo quando fomos até ela. Enquanto eu me sentava, percebi que ele ainda me estudava.

    – Estamos apenas falando como será divertido o festival da colheita deste ano. – Ele falou olhando para Éris.

    Havia um sorriso brincalhão no seu rosto.

    Ah, não!

    – Eu não vou entrar nas suas noitadas de novo – falei tentando dar uma desculpa – Passamos por muito pouco da última vez, ou não lembra da ninfa? – questionei sentindo dor de cabeça com a lembrança.

    – Ou da vez com uma elemental? – Éris falou cansada das confusões que ele nos arranjava.

    Ela podia gostar das aventuras, mas não das brigas.

    – Eu não imaginei que ela colocaria fogo na barraca – Ele disse com um sorriso que não mostrava arrependimento – Vamos, garotas! Afinal, não é toda vez que temos um aniversário em um eclipse lunar.

    Abri a boca incrédula.

    Eu não acreditava que ele apelaria dessa forma. E como o Morgan já esperava o olhar da Éris se iluminou com a lembrança.

    Eu estava perdida.

    – Vocês sabem que eu não gosto de estar no meio de multidões – falei nervosa tentando reverter o jogo – eu gosto do festival, mas não vale a pena sair de Thyra apenas por isso. É meio arriscado.

    – Eu gosto de viver de forma arriscada. – Morgan falou e seu semblante ficou sério – se estiver muito preocupada eu posso fazer um feitiço.

    – Nós adormecemos seus poderes o suficiente para você aproveitar bem o festival. – Éris completou se animando com a ideia.

    Eu já sabia onde aquilo terminaria, não tinha opção. Os fenômenos da natureza eram algo que os feiticeiros realmente apreciavam, era o momento que nossa energia ficava mais forte, completamente revigorante. E de alguma forma, esse eclipse caiu no dia do meu aniversário, que para o meu azar, era durante o festival da colheita de Sergália.

    – Se algo acontecer, estarei lá para te ajudar – Éris disse atenciosa. – Eu não te deixaria sozinha.

    Desviei do seu olhar enquanto pensava.

    – Estaremos lá com você – expressou Morgan.

    – Ah. – Suspirei. – Certo – me dei por vencida.

    – Mas – fez uma pausa ganhando minha atenção – Vamos intensificar seus treinos.

    Morgan estava com um sorrisinho de diversão nos lábios.

    Eu estava ferrada.

    Eu vi que não teria vontade própria até o festival passar e, mesmo indo contra minha intuição, aceitei a ideia dos dois.

    2

    Eu geralmente treinava sozinha e não imaginei que o Morgan se ofereceria como meu adversário. Mas devia ter suspeitado no momento que vi aquele sorriso.

    Ele esteve fora por muito tempo e agora queria ver minhas habilidades em combate, o que me deixava um pouco inquieta. Eu, mais do que ninguém, deveria saber e dominar a arte da luta, porém eu só usava a força bruta para me defender em raras ocasiões (geralmente missões que pegávamos para ganhar dinheiro). E quando eu acabava nas situações perigosas recorria à magia.

    Infelizmente, o Morgan sabia que eu vivia contendo a minha força.

    Agora ele esperava que eu deixasse isso de lado, unindo a força física e a mágica. Eu não sabia o que ele imaginava, mas não era uma questão de piedade com o adversário. Em uma luta, a misericórdia poderia ser a ruína de qualquer um.

    Pavor, pensei sabendo o que me impedia. O medo de me deixar levar pelo poder e ser consumida, porque diferente do que pensavam, eu era totalmente consciente do meu potencial. E justamente por isso eu temia.

    Temia gostar do perigo.

    Caí no chão e resmunguei.

    Não tinha se passado nem quinze minutos e a minha respiração já estava pesada e o meu cabelo tinha soltado da trança. O afastei do meu rosto e me perguntei quando eu tinha ficado tão ruim, ou, se o Morgan que era realmente muito bom.

    Eu levantei com certa dificuldade para me preparar novamente. Afinal, o meu orgulho era grande demais para desistir assim, ainda mais com ele

    me desafiando desse jeito. O seu rosto esbanjava um sorriso e a minha única vontade era de arrancar isso desse idiota com um soco. Mas para isso, primeiro, eu precisaria chegar perto dele.

    – Eu que cheguei a pensar que você estava mais forte – brincou. – Pelo visto, eu estava enganado.

    – Não tire conclusões precipitadas, eu estava distraída.

    – Vamos, mostre tudo que tem! – falou girando sua lança.

    Normalmente, o estilo de luta do Morgan era livre, sem armas, porque ele confiava quase de forma arrogante no seu poder. O problema é que tinha uma única arma que ele adorava, uma lança. Era projetada por sua magia em prata e detalhes dourados, que melhoravam os seus ataques contra o inimigo duas vezes mais. Era sua parceira inseparável.

    E para o meu azar, hoje, ele decidiu usá-la.

    Levantei a minha guarda e comecei a andar. Tentei pensar que era como uma dança, a cada passo que eu dava o Morgan me acompanhava, só que é mais perigoso. Ele partiu novamente para cima de mim, desferiu golpes rápidos e precisos focando nos meus pontos vitais. A sua intenção era me derrubar até que eu escolhesse lutar seriamente.

    Eu me esquivei tentando formular um plano.

    Por mais que minha magia fosse superior, ele era mais rápido e experiente. Os meus movimentos foram desacelerando. Morgan raramente deixa aberturas, é esperto demais, divaguei. Tive dificuldades para acompanhá-lo e me atrapalhei.

    Morgan aliou sua força ao seu poder e me deixou em desvantagem. Os símbolos nas minhas mãos já estavam roxos, dispersando a magia. O poder do Morgan corria azul por seus braços.

    Eu não ganharia se continuasse me reprimindo.

    Um corte foi feito no meu braço.

    – Foco! – gritou – Você sabe como um segundo pode decidir entre a vida e a morte.

    Ele estava ficando irritado com a situação. Sua lança sumiu e ele correu, quando reapareceu a lança estava na outra mão e me atingiu. Eu gritei ao bloquear o golpe com o braço. A dor foi se espalhando até o corte, mas eu

    não conseguia me mover, só pude deixar o osso suportar a pressão e o ardor na carne.

    Ele me admirou com tranquilidade.

    – Onde estão os seus pensamentos? – perguntou enquanto colocava mais pressão.

    Ele girou e retirou a lança.

    Puxei o braço na intenção de aliviar a dor, mas vi nos seus olhos que ainda queria uma luta justa, séria. Observei o corte sangrar e até pensei em dar um jeito, mas se eu tirasse os olhos do Morgan eu ficaria em condições piores. E como se a deusa estivesse concordando comigo, o Morgan concentrou a magia no punho direito e desferiu um soco na minha direção.

    Eu me assustei e fiz um escudo mal projetado. No momento do impacto ele se partiu, explodindo em várias direções, a magia sumiu no ar. A explosão me lançou para trás. Fui arremessada e senti uma dor horrível nas costas quando me choquei contra uma árvore.

    Rolei lentamente com o corpo resmungando em resposta.

    Droga!

    Eu acabaria em um curandeiro antes do Morgan me dar trégua. Eu precisava deixar o medo de lado. Afinal, os treinos eram para isso, ajudar no controle e seria inútil continuar lutando com ele dessa forma.

    Me apoiei na árvore criando uma barreira momentânea, não era muito, mas deveria ser o necessário para me dar um pouco de tempo. Fechei os olhos, a energia vibrou sobre a minha pele e por baixo dela. Eu desfiz as minhas barreiras e o poder foi sendo liberado. Era como girar uma chave, e quando eu consegui abrir essa porta... o poder me inundou.

    Eu estremeci.

    Abri os olhos e notei meus sentidos mais apurados, senti a energia do ambiente e a vibração de cada ser vivo dentro de Thyra. Por isso, não demorou até eu conseguir captar o Morgan, retirei a barreira e corri até ele projetando uma adaga em cada mão.

    Não era a melhor tática, mas ele se surpreendeu e vacilou por um instante abrindo uma pequena brecha. Ainda assim, o Morgan tinha uma agilidade incrível e eu só consegui acertar seus braceletes.

    – Você não cansa de ser previsível, Khess? – provocou.

    Nada impediu a raiva no meu coração quando ele me atingiu na costela.

    Cerrei os dentes.

    A dor me tirou o ar.

    A minha incompetência aumentou a fúria, porque os meus golpes não tinham a mesma força dos seus e eu só conseguiria compensar se usasse mais magia.

    Ele criou um círculo de fogo ao nosso redor. As ondas azuis aumentaram quando tentei fugir. É poder puro, o encarei e compreendi ao passar a mão ao redor, ela só responderia a ele.

    – Talvez isto deixe as coisas mais interessantes. – falou.

    Aquele fogo me deixou confusa.

    As minhas adagas sumiram.

    Aquele desgraçado estava distorcendo os meus pensamentos, tentando bagunçar a minha mente para que eu não conseguisse agir.

    Eu precisava escapar do seu domínio.

    Eu preciso de poder...

    Ele estreitou um pouco mais o círculo, tentei usar minha magia para anular a sua, entretanto foi inútil, tudo girou e saiu do lugar. A minha mente se perdeu nas chamas, fui na sua direção sem saber o que fazer. Com um único giro, ele se colocou atrás de mim.

    Sua lança prendia o meu pescoço.

    – Seja mais do que eles esperam... – sussurrou no meu ouvido e me empurrou.

    Fiquei sozinha no círculo.

    – O que fará agora? – Sua voz aveludada ressoou me causando uma dor horrível.

    Caí de joelhos e virei em todas as direções esperando o Morgan aparecer, porém era tudo psíquico. Tossi quando a fumaça me cercou, o meu corpo não aguentaria muito nessa situação. O meu coração já batia desesperado, o meu cérebro estava confuso e a minha garganta estava arranhando.

    Fiquei em silêncio tentando respirar o pouco oxigênio para me concentrar. Eu precisava sentir a energia da floresta, porque a minha conexão com Thyra era uma vantagem que eu precisava deixar de temer.

    Agora e urgentemente.

    Pontos pretos apareceram na minha visão, eu precisava ser rápida.

    É tão simples, não é? Ouvi uma voz sussurrar.

    O poder respondeu e veio com agressividade.

    Um segundo depois eu destruí o círculo e o encontrei, ele já não tinha mais sua arma. Sem esperar nenhum segundo, fiz as árvores projetarem lanças sobre ele.

    Me ergui lentamente.

    A magia no meu corpo estava tirando o efeito colateral do seu feitiço e a minha mente ficou lúcida novamente.

    – Khess, talvez um humano, mas eles não são nossa única preocupação não é mesmo? – Sua voz estava tranquila.

    Eu estava o observando atentamente. Morgan estava imóvel até que sorriu e estalou os dedos. Escutei um click e Thyra deixou de me obedecer voltando a sua normalidade. Uma pressão enorme veio sobre meu corpo e as minhas pernas vacilaram como se eu lutasse contra a gravidade do planeta. Sufoquei e coloquei as mãos na garganta confusa.

    O que está acontecendo?

    Eu mal conseguia puxar o ar, isso fez a agonia tomar conta de mim, tentei localizar o Morgan em vão. Eu senti algo nos meus pés e quis arrancar a cabeça dele quando olhei para baixo.

    Caí na armadilha dele e agora uma corrente de olhos de tigre prendia meus tornozelos.

    Argh!!!

    Aquelas pedras podiam deter qualquer poder mágico, suprimindo a magia do seu portador (poderia até mesmo levar o coitado a loucura se deixasse por um longo período). Era sufocante, ardiam como uma febre agonizante. Só não me causaram dor intensa porque que eram pequenas, mas eu sentia uma vontade enorme de chorar.

    Eu não sentia a magia.

    Eu tentei projetar as minhas adagas, porém nem mesmo o meu poder era capaz de tirar o bloqueio das pedras. A solução mais rápida foi usar um dos meus grampos de cabelo.

    Assim que elas deixaram meus tornozelos veio uma torrente.

    O poder transbordou e minha mente girou. Eu estremeci piscando os olhos. Meus pensamentos ficaram confusos, uma outra versão minha tomou o controle, uma sensação de não ter o domínio da minha mente se estabeleceu. Mas foi silenciada a força.

    Eu não dei mais voz para a insegurança.

    – Você sabe que não pode escapar de mim! – falei alto o suficiente para que ele ouvisse – Não aqui. – sussurrei.

    Eu tinha cansado de brincar, ou melhor, de perder.

    Me direcionei para a floresta e esbocei um sorriso. Enquanto o meu corpo vibrava com tanta energia, eu entrei num frenesi. Não demorou para que eu localizasse o Morgan, acumulei raiva e orgulho e senti a minha mente nublada.

    Um raio rompeu o céu, uma forte ventania chegou, nuvens escuras cobriram o sol e trovões começaram a rugir acima de nós.

    A brincadeira acabou.

    Disparei um raio na direção do Morgan que saltou para longe.

    – Estou impressionado! – sorriu como um gato – Agora, vamos descobrir qual o seu limite.

    A luta estava sendo longa demais.

    Quanto mais o tempo passava, mais eu queria me perder no poder. Era uma droga extremamente viciante, por isso eu precisava acabar logo ou sucumbiria.

    Ele começou a disparar contra mim, eu corri para fugir do seu alcance, mas acabei sendo atingida, um corte na bochecha, ele atirou novamente. A minha calça foi transformada em retalhos. Me escondi atrás de uma árvore e desliguei por um instante.

    Essa personalidade era incontrolável, parecia que outra pessoa estava aumentando a força do meu lado negativo, para que ele se sobressaísse de propósito.

    Coloquei as mãos na cabeça e segurei com força tentando clarear meus pensamentos. Era estranho e familiar, simplesmente o poder e a malícia juntos, na causa para me tirar a consciência e a moral.

    Pisquei os olhos ficando estranhamente mais confortável.

    Apertei os punhos e um breu dominou a paisagem instantaneamente.

    Eu notei ter pouco controle sobre minhas ações, mas ao mesmo tempo, era como se tivesse recuperado o domínio de cada parte do meu corpo.

    A adrenalina me dominou, as minhas marcas faziam uma luz singela na pele e eu tive que conter o ímpeto de atacar o Morgan. Eu aguardei a sua aproximação sorrateira e senti o rastro da sua magia no ambiente. Quando ele ficou perto o suficiente eu o arremessei no chão, um golpe forte para deixá-lo tonto.

    Não dei abertura para um contra-ataque. Subi em cima do seu corpo imobilizando o Morgan com o meu peso.

    Projetei magia nos meus dedos e aproximei da sua garganta.

    – Eu venci. – falei orgulhosa dissipando a escuridão.

    Um sussurro se esgueirou na minha mente.

    .

    Termine a luta.

    .

    A luta só acaba com a morte.

    .

    Com apenas um movimento tudo acabaria e, apesar de refrear minhas ações, talvez eu desejasse isso mais do que eu gostaria de admitir.

    – Eu sabia que escondia alguma coisa de mim.

    Pisquei confusa, como se fosse para espantar aquela voz. Aos poucos, voltei para a realidade.

    – ...controlar, não é? – Não ouvi nada do que o Morgan falou, mas senti sua mão segurando meu pulso com força.

    Foi quando me dei conta do líquido entre meus dedos. Uma linha fina de sangue corria do seu pescoço para minha mão, sentir a espessura fez o meu corpo gelar causando um aperto no meu coração. Assustada reprimi o meu poder e saí de cima dele com as mãos trêmulas.

    O medo me atingiu como um soco no estômago.

    Morgan tentou se levantar do chão, ele não parecia estar irritado ou chateado, a única coisa que o seu semblante demonstrava era curiosidade, e talvez, empolgação. Ele conseguiu sentar depois de certa dificuldade, entretanto fez uma careta ao se ajeitar. Seus resmungos me tiraram do meu estado de choque e fui ajudá-lo tratando de ver se tinha causado algum ferimento grave.

    – Como se sente? Está doendo muito? Eu te machuquei em outro lugar?

    – Me atropelei nas perguntas enquanto investigava seu corpo com as minhas mãos.

    Ele começou a rir.

    – Eu poderia me acostumar com as suas mãos em mim desse jeito –

    expressou em tom malicioso.

    Lancei um olhar afiado para ele.

    Nesse momento, eu já tinha arrancado um pedaço da minha blusa para colocar no seu pescoço.

    – Isso é piedade com o seu inimigo? – Ele perguntou se divertindo com a minha reação.

    Eu não estava achando graça.

    Apesar de estar lúcida em todos os momentos eu ainda não sabia ao certo quando tinha perdido o controle. O que aconteceria se ele não me segurasse? Talvez eu não gostasse da resposta... sacudi a cabeça para espantar as hipóteses.

    – Foi um prazer ver esse final, pensei que não conseguiria fazer ela se soltar.

    Ao me virar vi a Éris apoiada em uma árvore.

    Ela andou na nossa direção analisando os estragos.

    A manga da minha blusa estava destruída e tinha quase certeza que a calça já não tinha salvação, muitas partes do meu corpo ardiam, mas não sangravam mais. Morgan, por sua vez, não estava muito melhor, sua calça estava completamente suja e havia arranhões por todo seu tórax, o machucado em seu pescoço não parecia ser grave, porém eu ainda estava com a mão no local.

    – Imaginei que destruiriam a floresta. Quando me aproximei para ver o estrago que tinham feito, estava tudo escuro aqui. – Ela me encarou –

    Ainda bem que trouxe isso.

    Éris mostrou duas pílulas de cura na sua mão.

    Tinham efeito imediato e eram bem mais poderosas que magia.

    – Vocês sabem como é difícil fazer uma dessas? – suspirou – Mesmo assim eu preciso gastar com vocês.

    Dava para ver em seus olhos que ela não estava realmente chateada.

    Éris nos entregou as pílulas e ficou olhando para nossas marcas que reluziam.

    – Usaram muita magia. – Finalizou preocupada.

    – Eu precisava ver com o que estava lidando. Depois de tanto tempo fora, eu não tinha noção. – Morgan disse dando de ombros.

    Assim que mastigou a pílula, seus ferimentos começaram a cicatrizar até sumirem por completo.

    – Mas a Khéssia me pegou de surpresa – concluiu sorrindo para mim.

    – Acho que nem eu esperava que acontecesse isso... – respondi aflita colocando a pílula da boca.

    Tinha um gosto doce.

    – Somos feiticeiros, precisamos de treinos para conhecer nossos limites e superá-los – Éris falou nos ajudando a levantar. – De qualquer forma, vocês estão bem.

    – Bom, tudo que eu preciso é de um banho agora. – Morgan se espreguiçou. – O que me diz, Éris?

    Capturei o olhar mal-intencionado que ele direcionou para ela. Ela respondeu sua pergunta o deixando preso nas raízes de uma árvore.

    – Infelizmente, não vai dar. Mas quem sabe a Khess mande uma chuva só para você – riu e saiu correndo.

    Não demorou para Morgan se soltar e sair atrás dela. Pareciam duas crianças que mediam forças em um jogo que eu preferia não participar, eram perfeitos um para o outro.

    – Vamos, Khéssia! – Morgan gritou para mim desacelerando.

    – Vai indo! Só preciso respirar um pouco. – falei dando um meio sorriso.

    Esperei ele sumir entre as árvores para

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1