Para sempre
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Sobre este e-book
O doutor Elliot precisava desesperadamente de ajuda. Há um ano, tivera um terrível acidente do qual ainda não se tinha recuperado.
Mas, como sempre, as coisas não são como parecem.
Holly teria que ganhar a confiança dos pacientes... e o coração de Dan.
Caroline Anderson
Caroline Anderson's been a nurse, a secretary, a teacher, and has run her own business. Now she’s settled on writing. ‘I was looking for that elusive something and finally realised it was variety – now I have it in abundance. Every book brings new horizons, new friends, and in between books I juggle! My husband John and I have two beautiful daughters, Sarah and Hannah, umpteen pets, and several acres of Suffolk that nature tries to reclaim every time we turn our backs!’
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Para sempre - Caroline Anderson
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1997 Caroline Anderson
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Para sempre, n.º 426 - dezembro 2018
Título original: That Forever Feeling
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1307-167-1
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
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Capítulo 1
Dan olhou para o pálido líquido que se agitava no fundo do copo; um uísque de doze anos. Que maneira de desperdiçar uma preciosidade! Poderia ter sido água, que lhe seria indiferente. Não o ia ajudar, nada o conseguiria.
Agarrou-se às costelas, à espera do seguinte ataque de tosse que sentia vir.
Apoiou a cabeça nas costas do sofá e suspirou. Nem sequer se podia sentar no seu cadeirão favorito, porque estava lá o gato.
Era Fim de Ano, estava com gripe e havia demasiada neve!
Genial!
O seu anúncio tinha saído nos jornais profissionais. Mas, quem é que se ia incomodar em procurar um emprego durante o Natal? Ninguém.
Não podia haver ninguém tão desmiolado para se querer enfiar num longínquo lugar em Norfolk. Estava prestes a dar outro gole, quando o telefone tocou.
– Maldição! – esticou o braço dorido e levantou o auscultador.
– Está? Fala o doutor Elliot.
– Boa noite, estou a telefonar por causa do anúncio.
Dan sobressaltou-se, engasgou-se e tossiu, tudo ao mesmo tempo.
– Desculpe, estou com uma gripe horrível. Pode repetir, por favor?
Tinha uma voz maravilhosa, profunda, suave e deliciosa. Fluía como um rio de seda e fazia-o esquecer os seus pesares.
Tossiu uma vez mais.
– Quer o trabalho? – inquiriu, incrédulo.
– Sim. Por isso é que telefonei.
Havia uma certa hesitação na sua voz, mas era óbvio que o único responsável era ele. Tinha que encontrar as palavras adequadas.
– Parece-me estupendo! Quer que lhe faça uma entrevista ou pode começar já? A propósito, quando é que estaria disponível?
– De imediato. Não tenho nada de momento. Estou a fazer uma substituição em Norwich, mas odeio as cidades ruidosas. Não consegui encontrar outra coisa na altura.
Este comentário soava prometedor.
– Aqui não terá esse problema – afirmou ele. Era precisamente esse o problema daquele lugar. – Isto é tão calmo, que se pode ouvir mesmo o som da neve a cair.
– Maravilhoso! – declarou ela, com um tom suave, meloso, quase com um suspiro de voz que acelerou o pulso de Dan. Maldição! Certamente teria o aspecto de um dinossauro de pijama. Não que isso lhe importasse! Afinal de contas, não se ia dignar nem sequer a olhar para ele. Não depois do que lhe tinha acontecido.
– Gostaria de passar por cá?
– Sim, claro. Quando é que quer que comece?
Ele soltou uma ligeira gargalhada que acabou por se converter num ataque de tosse.
– Desculpe. Pode começar já?
– Meu Deus! Está mesmo apanhado – comentou ela, com certa preocupação.
Dan tentou recordar-se de qual tinha sido a última vez que alguém se tinha preocupado com ele.
Engoliu a saliva.
– É apenas uma constipação da qual não me consigo livrar.
– Não terá bronquite?
– Não!
– Tem a certeza? Tirou a temperatura?
– Oiça, se precisasse de um médico, chamaria um – repôs ele.
– Pensei que era exactamente isso que pedia no anúncio – declarou ela, com uma leve gargalhada que favorecia notavelmente o seu tom de voz.
– Mas não era para mim. Bom, e quanto à entrevista? Onde é que está agora?
– Perto de Holt. A apenas seis milhas de Wiventhorpe.
– Poderia vir já? – pediu-lhe ele, dando-se conta de que se tratava de um pedido descabido.
– Agora? A sério? – perguntou ela, surpreendida.
– Bom, talvez amanhã…
– Não, não. Está bem. Posso ir já. São apenas cinco e meia, de modo que poderia chegar aí por volta das seis… se não vir nenhum inconveniente.
Dan olhou à sua volta… afinal de contas, aquela era a sua parte da casa. O andar de cima não estava tão desarrumado. O consultório estava impecável… embora não se pudesse dizer o mesmo da cozinha.
– Bem, parece-me muito bem – disse ele, antes de que ela decidisse mudar de ideias. De repente, apercebeu-se de que se tinha esquecido de fazer uma pergunta, se não de vital importância, pelo menos de boa educação. – A propósito, como é que se chama?
– Doutora Blake, Holly Blake – riu. – Nasci no Natal…
– Nesse caso, feliz aniversário, Holly Blake – desejou ele e surpreendeu-se a si mesmo a desfrutar daquela conversa.
– Obrigada, doutor Elliot. Dentro de pouco estarei aí – e desligou.
Dan ficou pensativo, com o auscultador no ouvido. Holly. Quando, por fim, reagiu, desligou rapidamente o telefone.
– Vamos, rapazes, ao trabalho – disse aos seus cães e ao seu gato. – Temos visitas.
Duas caudas abanaram ao mesmo tempo, mas foi a única resposta que obteve. Para que é que se iam mexer?
Levantou-se e esticou a perna. Doía-lhe. Voltou a encolhê-la e a esticá-la várias vezes. Maldição! Doía-lhe tudo. Talvez tivesse mesmo febre. Doíam-lhe as costelas de forma insidiosa.
Dirigiu-se para o consultório, acendeu as luzes e comprovou que estava tudo organizado. As revistas estavam bem arrumadas, as cadeiras correctamente alinhadas… Apenas um colorido brinquedo ficara esquecido debaixo da cama, ameaçando desdizer o que o resto da sala afirmava. Arrumou-o.
Bem, já estava.
O escritório estava um pouco desorganizado, mas Júlia viria no dia seguinte e arrumá-lo-ia. Até então seria melhor deixar as coisas como estavam, não fosse ele interferir no seu modus operandi e ser repreendido.
Foi até à cozinha e meteu rapidamente os pratos no lava-loiças. A senhora Hodges teria levado as mãos à cabeça só de o ter visto. Mas, como não estava ali e Holly chegaria dentro de pouco, não tinha outro remédio senão fazer as coisas à sua maneira. Ou seja, mal.
Apoiou-se ligeiramente na mesa da cozinha. Holly. Que voz! Só a recordação daquele sussurro provocava-lhe estranhos efeitos no interior.
Lentamente dirigiu-se para o espelho que havia na entrada. Tirou os óculos que ocultavam menos do que ele teria desejado.
A metade direita do seu rosto era tal como a tinha conhecido, com as suas várias versões, durante trinta e quatro anos. Mas a esquerda era outra história. Desde a raiz do seu abundante cabelo preto partia uma profunda cicatriz que percorria parte da testa, a têmpora, tocava no olho, atravessava a face e finalizava na comissura dos lábios. Junto a essa marca havia outras pequenas, produto da cirurgia reconstrutiva do seu rosto.
O seu sorriso tinha ficado torcido, como um privilégio de que só metade da sua cara podia desfrutar. O sorriso de um bêbado sempre sóbrio.
O seu outro rosto, o inteiro, continuava a ser masculino, com traços bem marcados e lábios grossos e prometedores. Mas, a quem interessariam agora as suas promessas?
Fechou os olhos. A voz de Holly provocava-lhe todo o tipo de tormentos internos.
E depois? Aquela cara só incitava uma pessoa a sair a correr.
Nem sequer poderia conduzir durante pelo menos dois anos. As dores de cabeça matavam-no e doíam-lhe a perna e as costelas com o frio.
Por fim, a campainha tocou. Os cães deram um único e vago latido e levantaram ligeiramente a cabeça.
– Vocês são uns cães de guarda impressionantes! – comentou ele, voltando a colocar os óculos.
Ficou gelado ao abrir a porta.
Era linda e queria aquele trabalho. Forçou um sorriso e abriu completamente a porta.
– Doutora Blake? – perguntou ele, sabendo de antemão a resposta. – Entre. Acabei de pôr a chaleira ao lume.
Holly ergueu a cabeça para contemplar o homem que estava à porta.
Era alto, com o cabelo escuro e, à contra-luz, parecia encher todo o vão da porta. Poderia dizer-se que até tinha um certo ar ameaçador.
Durante um momento permaneceu ali, olhando-a através dos vidros ligeiramente escuros dos seus óculos, com uma expressão difícil de decifrar. Holly sentiu o coração disparar no peito.
Por fim, afastou-se e deixou-a passar. A luz, então, iluminou com crueldade a profunda marca do seu rosto.
Ela entrou, contendo a vontade de esticar a mão e tocar o sulco deixado por não se sabe que desafortunado incidente. O que lhe teria acontecido? Porque é que se escondia daquele modo entre as sombras?
Olhou-o directamente nos olhos. A escura cor dos óculos dava-lhe um aspecto misterioso. A boca, torta num esgar involuntário, guardava um gesto de amargura e desesperança.
Apesar de tudo, havia algo de reconfortante nele. Era um cavalheiro.
E o ar de crueldade que a sua deformidade lhe dava era evidentemente superficial. A única pessoa com quem aquele homem podia ser cruel era consigo mesmo.
– Dan Elliot – apresentou-se ele, estendendo a mão.
Ela apertou-a, sem se surpreender de que estivesse quente e seca e de que o gesto fosse firme. Ele era assim mesmo.
Holly sorriu.
– Sou Holly – respondeu ela sem formalidades, indicando-lhe que a podia tratar por tu. Não gostava de cerimónias e intuía que ele também não. Talvez o tivesse deduzido pelas velhas calças de ganga com que a tinha recebido ou pela camisola feita à mão de lã grossa, certamente uma cortesia da sua mãe.
Soltou-lhe a mão e fechou a porta.
Ao fundo, Holly viu uma braseira de ferro forjado que ocupava o lugar da chaminé e, deitados junto a ela, dois cães. Um deles observava-a com curiosidade, enquanto o outro, muito maior, estava demasiado cómodo na sua postura para se incomodar em abrir os olhos.
Num cadeirão mais próximo, estava um gato cor de canela que repousava placidamente, de barriga para cima, sobre a almofada.
Holly sorriu para o homem que estava a seu lado.
– Pelos vistos, também gostas de animais. A minha casa está sempre cheia.
– A verdade é que vieram sempre pelo efeito do azar. O gato adoptou-me. O cão, grande e horroroso, chegou cá de pequeno. Foi um presente de um paciente meu, depois do meu acidente. Tinha que andar