No Sétimo Círculo
De Vitor Black
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No Sétimo Círculo - Vitor Black
Após o surto de uma doença misteriosa que transformou grande parte
da população em assassinos enlouquecidos, 7 jovens amigos
aparentemente imunes se unem para sobreviver naquele cenário
repentinamente hostil e impiedoso.
Perdidos e sozinhos, eles terão que enfrentar seus piores medos para
sobreviver e quem sabe, encontrar uma saída para aquela situação.
1
No Sétimo Círculo
Vitor Black
2
3
Agradecimentos
Gostaria de agradecer formalmente a algumas
pessoas que foram vitais para que esse livro chegasse ao
fim, então, obrigado:
Jeremias Abreu, por ser um fiel leitor, revisor e
amigo.
Felipe Laufey, que sempre disponível, me tirou de
inúmeras enrascadas e praticamente me ensinou a
escrever durante esse livro.
Aos amigos que de inspiração para alguns
personagens.
E a todas as outras pessoas que ajudaram direta
ou indiretamente, com esse livro e também me dando
forças para nunca abandonar a escrita.
4
"... Em breve avistarás o rio de sangue
Fervendo a as almas dos violentos
Contra seus semelhantes..."
A divina comédia – Canto XII
5
Prólogo
Paulo acordou no meio da noite com o som do toque do
telefone. Ficou imóvel enquanto o som explodia no meio da casa,
metade tentando dormir novamente, metade esperando que sua
mulher levantasse e fosse atender.
A chamada pareceu demorar horas para finalmente cair na caixa
postal. Novamente, o silêncio, a paz noturna. Praguejando contra o
desocupado que tivera a cara de pau de ligar no meio da madrugada
assim.
Fechou os olhos, esperando que a respiração e os batimentos
cardíacos voltassem ao normal para o sono poder retomar seu lugar.
Quando começou a acreditar que conseguiria voltar a dormir, o telefone
voltou a chamar.
- Cacete... – Gemeu, começando a tirar as cobertas para se
levantar. Caminhou até o telefone, que ficava no corredor e o puxou do
gancho.
Ninguém falou do outro lado. A ligação havia caído.
Aquilo só piorou o seu estado de espírito.
Andou de volta até a cama, e já estava prestes a se deitar
quando o telefone começou a chamar pela terceira vez. Dessa vez, já de
pé e preparado, chegou rápido até a mesinha e puxou-o do gancho.
- Espero que seja alguma coisa bem importante pra lig...
- PAULO. PAULO! LIGA A TELEVISAO!
- Quê? Quem tá falando? – Indagou, sentindo o coração
acelerar. A pessoa do outro lado gritava a plenos pulmões – Mel? É
você?
- SAI – DE – CASA. LEVA A DEBORA E O DANIEL. ELES ESTÃO
LOUCOS, ELES ESTAO...
A ligação caiu novamente.
6
O homem não sabia o que pensar, aquela parecia a voz de
Melissa, sua cunhada, parecia ter acontecido alguma coisa... Mas o quê?
O que a teria deixado tão desesperada?
Com aquilo martelando lhe a cabeça e de coração mais
acelerado ainda, foi até o quarto para acordar a esposa.
- Querida? – Chamou, cutucando a mulher com carinho.
- Que é?
- Se levante, acho que aconteceu alguma coisa com a Mel, vista
alguma coisa, pegue o Dan e vamos lá na casa dela.
- Como assim? Por que você tá falando isso?
- Vai querida, por favor, eu te explico jajá.
A mulher até abriu a boca para protestar, mas ao ver aquele
olhar no marido, soube que ele estava falando sério.
- Tudo bem – Respondeu, por fim. Levantando e indo até o
quarto do filho do casal.
Paulo estava inquieto, ainda com o som da voz desesperada de
Melissa na mente. O que fora a primeira coisa que ela falou mesmo?
Para ligar a tevê?
Obedecendo a estranha ordem, pegou o controle e ligou o
aparelho, mais do que qualquer notícia estranha, assustou-se com a
mensagem exibida:
Estamos fora do ar, a programação retornará logo logo
.
O que diabos teria acontecido, nunca tinha visto algum canal
daquele jeito na sua vida inteira, ainda mais aquele canal, um dos
maiores, dentre os brasileiros.
Ainda estava pensando nisso quando ouviu o grito da esposa.
Sem pensar duas vezes, correu ao seu encontro, no quarto de
filho. Ao chegar, encontrou a mulher jogada no chão do quarto, o filho
estava curvado sobre ela, os dois berravam em uníssono. Paulo tentava
entender o que se passava, em estado de choque.
O Daniel estava fazendo? A mãe estava com medo mas, o garoto
de 9 anos parecia urrar de... Raiva?
7
- Filho, Dan!? – O que você está... - Foi quando o puxou para
longe da mulher e viu a última coisa que estaria preparado para ver:
Seu próprio pupilo puxar uma longa faca de cozinha do peito da
mãe.
- Dan, o que você fez?
Então olhou nos olhos do filho, esperando encontrar algum
sentimento que lhe desse uma pista sequer de como aquilo havia
acontecido.
Mas em vez disso, encontrou apenas um olhar preenchido de
um ódio que uma criança nunca deveria sentir.
Então ele soube que aquele ali não era mais o seu filho.
Era alguma outra coisa.
E essa coisa lhe atacou logo em seguida.
8
Capt. 1 - Caos
Estávamos abraçados daquela maneira havia horas... Ou
assim parecia. Deitados na rede, eu e ela, olhando a lua.
Serenava fracamente, dando um frio desgraçado, mas
estávamos bem, além do grosso edredom tínhamos os nossos
próprios corpos para se esquentar.
Durante todo aquele tempo não falamos praticamente
nada, como se dizer alguma palavra pudesse nos arrancar daquele
momento e nos jogar na realidade novamente.
E isso nós não queríamos, por uma noite pelo menos,
podíamos esquecer completamente o resto
do mundo. Era
como algum tipo de mágica que em hipótese alguma deveria ser
interrompida.
Olhando pra lua e com os pensamentos mais longe ainda
eu acariciava a cabeça dela sob o meu peito, passando a ponta dos
dedos pelos cabelos negros de Vivian. Paz era o que eu sentia. E
perfeição era como eu descreveria o momento em seu geral.
Para completar, ainda havia um rio correndo a alguns
metros da gente, o som da água passando era outro bom ponto
para conseguir não pensar em coisas ruins.
De tempos em tempos, algum pássaro cantava. Será que
eles sabiam das coisas que estavam acontecendo?
Apertei-me mais contra o corpo da garota, estava
realmente frio naquela hora da noite.
- Gui, quanto tempo você acha que a gente vai poder ficar aqui? -
Disse Vivian, com a sua voz tranquila de sempre.
9
- Aqui na rede?
- Não, nessa casa.
Demorei um tempo para pensar numa resposta.
- Acho que alguns dias, não sei se seria certo passar mais que uma
semana - Não me movi enquanto falava, ainda preservando ao
máximo aquela magia.
Ela ficou alguns segundos em silêncio, refletindo.
- Vai ser uma pena, eu amei a tranquilidade desse lugar, o silêncio.
- Eu apenas concordei com cabeça - Mas... Depois daqui, para
aonde vamos?
- Não sei Viv, de verdade, não faço ideia... - Eu sentia aquela
mágica se deteriorando e dando lugar á preocupação - Talvez o
Hítalo ou o Renan saibam...
No fundo eu sabia que eles também não fariam ideia.
Simplesmente esperavam que eu dissesse o destino.
- Sabe... - Continuei - As vezes eu me sinto pressionado, eles
esperam que eu dê as coordenadas, mas eu nem sei mesmo
porque eu estou ditando o caminho - Eu sabia que não precisava
medir as palavras, não com Vivian, ela me entendia sempre. E se
não entendesse, pelo menos respeitava.
- Eles confiam em ti - Ela falou com a voz tão delicada que pareceu
uma criança - Você soube o que fazer até agora. Eu mesmo tive a
pele salva graças a você.
Sorri, lembrando-me do incidente, não que tenha sido
engraçado, mas pelo fato de me surpreender por ter feito aquilo.
Se não me engano foi a primeira de muitas coisas que fiz
ultrapassando as expectativas de todos.
- Então eu sou um líder? - Perguntei, mas não havia gabação,
apenas ironia - Um líder de 18 anos?
Ela sorriu. Mexendo-se um pouco na rede, procurando
mais calor.
10
- Devíamos estar lá dentro com os outros - Disse Vivian. Olhando
para a casa de tijolos, que estava com apenas a luz da cozinha
acesa.
- Quer ir lá para dentro?
Ela pensou por alguns segundos e balançou a cabeça
negativamente.
- Não, o Japa e a Shirley devem ter pegado o quarto, os meninos
devem estar no chão e a Bruna no sofá. Não tem lugar pra gente.
Olhando para a casa, era visível que era quase tão segura
quanto a rede do lado de fora, janelas fracas sem grade, a porta
de uma madeira velha e frágil e paredes que pareciam nunca
terem sofrido sequer uma pintura, ainda mais um reboco.
O silêncio tomou lugar por mais alguns minutos. O que era
algo de certa forma, irônico, pois justamente nesses momentos
de silêncio, é que os pensamentos faziam mais barulho.
- Quanto tempo faz mesmo? - Perguntou Vivian - Desde que tudo
ficou assim, doido?
- Um pouco mais de um mês - Respondi - E mesmo assim, a gente
se sente como se tivesse se passado uns seis meses.
Ela concordou e graças a forte luz da lua cheia, percebi a
lágrima escorrendo por sua face. Eu limpei-a com o indicador,
olhando nos olhos escuros da garota.
- Seja forte. Ou melhor, continue sendo. Vamos pensar no agora.
Nem no futuro, nem no passado, vamos nos preocupar com o
agora.
Eu não precisava perguntar, já sabia de cor o motivo. Ela
tinha saudade dos pais e do irmão. Talvez eu tivesse saudade do
meu pai também, mas eu tentava não pensar nisso, pensava no
próximo passo, não no caminho atrás, e assim eu me mantinha
daquela forma.
11
Provavelmente fora isso que fez com que, de alguma
forma, eu transmitisse força para os meus amigos, e
principalmente, para a Vivian.
Bem que todos os outros também poderiam ser assim
como eu.
Lágrimas silenciosas ainda corriam no rosto dela, embora
não soluçasse nem demonstrasse da alguma outra maneira, nós
já tínhamos tido aquela conversa e eu não tinha nenhuma
vontade de retorna-la. O que eu tinha para dizer, já tinha sido dito.
Então me limitei a abraçá-la com mais força.
- Obrigado Gui.
- Para com isso Viv. Só o que me tem levado até aqui e adiante é
você - Eu não mentia, não precisava - Só posso te dizer que
enquanto eu estiver vivo, eu vou estar te protegendo da maneira
que eu puder.
Aquelas promessas feitas por um adolescente de 18 anos
para outra de mesma idade não seria levado a sério em outros
tempos, mas agora as coisas eram diferentes. Eu mesmo envelheci
uns 10 anos ou mais desde o último mês.
Alguns minutos se passaram sem que mais nada de
importância fosse dito. Logo, Vivian caiu no sono, daquela
posição, abraçada comigo. A paz de espírito tinha voltado, a
magia
retornou.
Lembrei-me inclusive que Vivian tinha sérios problemas
para dormir antigamente, e justamente agora, nesses tempos tão
turbulentos, ela dormia como um anjo aos meus braços. Que
irônico!
Eu, no entanto, tinha a cabeça cheia, pensamentos, planos
e ideias. Em maior proporção que tudo isso, preocupação.
12
Como Vivian tinha dito, as pessoas dentro da casa
confiavam em mim, não queria decepcioná-los, não podia fazer
isso. Só apenas que, às vezes eu achava demais. Saber que uma
única decisão minha podia mudar tanta coisa.
Naquela noite eu não consegui dormir, de novo.
13
Capt. 2 – Caos
Quando o sol já começava a aparecer, levantei da rede sem
acordar Vivian e me pus a andar pela propriedade. O grupo tinha
chegado na manhã anterior e eu não consegui arranjar um tempo
para explorar os aos redores da casa.
O sol já aparecia no horizonte lançando uma pálida luz
azul-escura por todo o céu. O frio da noite anterior ainda se
encontrava presente. Eu fechei a frente da jaqueta jeans que eu
usava para tentar me esquentar.
O lugar em geral, pelo menos o que eu tinha visto no dia
anterior era resumido em: Uma casa, um grande quintal onde
outrora tinham várias galinhas, uma colina que descia e dava para
o rio aonde a rede em que Vivian ainda dormia, um grande forno
caseiro de fazer farinha e florestas próximas.
Parecia pouco, mas era uma grande área com vários cantos
que poderiam servir como esconderijos.
Comecei indo até o forno caseiro.
No meu cinto, a bainha da faca batia suavemente contra a
minha perna a cada passo, eu possuía uma outra, mas a tinha
deixado na rede para o caso da moça acordar.
Era sempre reconfortante tê-las sempre por perto.
O forno ficava há uns 50 metros da casa, logo após uma
curva do caminho através das árvores próximas. Era bastante
grande, com várias outras máquinas que auxiliavam na produção
e preparação da mandioca até se tornar farinha.
Enquanto eu me aproximava, comecei a desejar ter trago
uma lanterna comigo, ou pelo menos ter esperado o sol nascer de
14
fato. O grande forno e os outros aparelhos projetavam sombras
que poderiam esconder alguém.
Tirei a faca da bainha, o aço brilhou como que feliz por
estar sendo usado de novo. A faca
media uns 25 centímetros, e
era suficientemente grande e afiada para atravessar uma pessoa
magra. Toda cheia de detalhes e pontas afiadas, ela era uma
verdadeira obra de arte.
O silêncio era ensurdecedor, como algo abafando os
ouvidos. Às vezes me fazia sentir saudades do barulho comum da
cidade grande.
Olhando de mais perto, era engraçado como aquela
máquina caseira daquela também tinha aspectos sinistros, como
um moedor cheio de lâminas que desfaria uma mão num piscar
de olhos. Para operar aquelas coisas o trabalhador tinha que ter
muito cuidado.
Por um instante, me perguntei quem teria sido a última
pessoa a manusear aquilo.
Por fim, não havia nada demais. Apenas umas manchas
que pareciam sangue no chão perto do grande forno, mas isso não
tinha tanta importância. Antes de virar-me para voltar para a casa,
me demorei um tempo apenas refletindo sobre se valeria a penas
entrar naquela floresta.
Por fim, decidi que não era uma boa ideia, eu fui nascido e
criado na cidade, não entendia muito de mata fechada e se eu me
perdesse... Bem, seria pior para mim.
Eu já tinha começado a andar de volta para a casa onde os
meus amigos estavam, mas quando me dei por mim, estava indo
para a direção oposta.
15
Passei pelo portão que demarcava o limita da propriedade
e comecei a caminhar através da estrada que levava á vila mais
próxima.
A aurora no céu era extremamente linda de se ver. Mas
infelizmente aquilo não era o suficiente para que eu pudesse
esquecer por alguns momentos tudo que tinha passado.
Eu tinha sangue em minhas mãos... Talvez até sangue
inocente.
Não podia esquecer, não queria, eu iria lembrar cada coisa
que fiz. Um dia eu ia acabar pagando por tudo aquilo.
Mas esse dia não será hoje, por hora, eu sobrevivo.
Meu nome é Guilherme, tenho 18 anos. Faço parte de um
grupo de 7 pessoas que fugiram da cidade para sobreviver e ainda
estou vivo e são. Não sou musculoso, relativamente magro, mas
bem forte e ágil (graças aos esportes que praticava).
Uma história simples? Acho que não. Muita merda se
passou nesse último mês.
Enfim cheguei à vila, me surpreendendo com o quanto ela
era próxima da casa (apenas 20 minutos de caminhada). Podia
jurar que era mais longe quando passamos por ali no dia anterior.
Isso seria um problema, ou melhor, poderia ser, se o grupo não
tomasse cuidado.
Das cerca de 20 casas visíveis até ali, de cada lado da
estrada, não se era possível ver nenhum sinal de vida.
Mas os corpos estavam ali. Testemunhas silenciosas
daquele massacre, mais um no meio de outros tantos.
No meio da rua, pendurados por entre as janelas, jogados
aos pedaços na frente da própria casa ou simplesmente dentro
dos próprios domicílios. Havia dezenas de cadáveres.
16
Tive náuseas, mas controlei. Não podia ter frescura em
tempos como aquele. O fato é que eu ainda tinha dificuldades em
encarar cenas como aquela. Em especial por que me lembravam
todas as outras que tinha presenciado em Capitão Poço, a cidade
mais próxima, a de que o grupo tinha fugido.
Haviam cabeças solitárias paradas como bolas de futebol
cobertas de mosca, braços, órgãos espalhados pela pista.
Aonde será que estavam os responsáveis por aquilo? Ainda
vivos? Matando mais pessoas que por ventura pudessem
encontrar? Provavelmente.
Deviam estar em Capitão Poço. Pelo que parecia, quase
todos rumaram pra lá logo quando tudo começou, talvez por ser
o lugar onde encontrariam mais alvos.
Sem fazer nenhum som além do necessário, entrei em um
bar que devia ser o único num raio de muitos quilômetros, não
queria me aproximar mais do que aquilo do trecho aonde
começavam as casas. Um corpo pendia inerte atravessado sob o
balcão com um grande corte na nuca. O cheiro de sangue, fezes e
podridão me atingiu, mas não parei, continuei a andar cobrindo o
nariz.
Peguei uma garrafa de vodka e duas de coca-cola, três
isqueiros, e alguns pacotes de biscoito, coloquei tudo em duas
sacolas de plástico e iniciei o meu caminho de volta sem demora.
Só que algo estranho aconteceu, quando saí do bar, tive a
forte impressão de ver alguém entrando no mato próximo ás
casas. Alguém com roupa típica de quem trabalha na roça. Só que
foi apenas um vislumbre. Não teve nada que eu pudesse fazer
naquela hora.
Restava-me esperar que tivesse sido a minha imaginação.
17
A doença
foi noticiada na rádio e nas televisões dia em
meados de outubro de 2016, mostrava algumas cidades do
mundo, em especial as mais populosas, mergulhadas em
completo caos.
Prédios inteiros em chamas, morte e destruição por todos
os lados, massas de milhões de pessoas iam ás ruas, como num
protesto... Mas era algo bem pior que um protesto.
A coisa foi tão repentina e intensa que nem as emissoras
de televisão duraram mais que alguns dias, os sets de filmagem
foram destruídos e todos os repórteres inevitavelmente, mortos.
Mataram todos, em todas as grandes empresas. Os
funcionários matavam os colegas de trabalho e os patrões com
canetas e estiletes.
A polícia, claro, foi ás ruas. Esquadrão tático, exército,
força aérea... Todos tentaram parar aquelas massas
enlouquecidas. Quando a coisa se tornou insustentável, tentaram
isolar os surtos e as primeiras bombas atômicas foram lançadas
para esterilizar
metrópoles inteiras.
Não funcionou. As notícias informavam á cada hora que
mais e mais cidades ao redor do país estavam sendo
dBrunastadas.
Era rápido, mais rápido do que qualquer outra coisa que a
humanidade jamais vira, ou quem sabe, aquela... Doença fosse a
responsável por tantas lendas que contam sobre vilas, aldeias e
até cidades inteiras que desapareceram do dia pra noite, sem
deixar rastros.
Nós ficamos a beira do desespero com aquelas notícias,
especialmente quando vimos na televisão que São Paulo era mais
uma na lista, não havia força armada que pudesse se preparar
para a rapidez sobrenatural com que aquilo se espalhou.
18
As igrejas lotaram, como deve imaginar, o que não
faltavam eram pastores, padres e sacerdotes em geral afirmando
que o apocalipse enfim começara e que aqueles eram os últimos
momentos para ficar em dias
com Deus.
Se deus (algum deus de alguma religião que fosse) era o
responsável por aquilo, talvez nunca cheguemos a saber, o fato é
que aquilo era algum tipo de epidemia, até então desconhecida,
que ao infectar um ser humano, fazia com que esse se transforme
num louco assassino. O infectado simplesmente perdia a
racionalidade e passava a atacar todos os que não estão com os
mesmos sintomas.
Ninguém fazia ideia de como funcionava a contaminação,
mas algo levava a crer que muitas das pessoas já estavam
infectadas há tempos, apenas não tinham enlouquecido.