Fragmentos e Polaridades no Trágico de Hölderlin
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Fragmentos e Polaridades no Trágico de Hölderlin - Carolina Faria
Para T.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste livro. À amizade de Antônio Orlando de Oliveira Dourado Lopes cuja generosidade sempre será meu exemplo maior. Aos professores Virgínia de Araújo Figueiredo e Constantino Luz de Medeiros, pelos apontamentos intelectuais que foram fundamentais para o refinamento do texto.
Expresso também minha gratidão à minha família, especialmente à memória de minha mãe Tânia, poema vivo, cujo legado atravessa todas as partes de minha escrita. A Márcio, Bruna, Vinícius e Bibo, por nosso amor de mil faces.
Este livro representa a versão modificada de trechos de minha dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2021.
img-001Ἄειδε μοῦσά μοι φίλη, μολπῆς δ’ ἐμῆς κατάρχου·
αὔρη δὲ σῶν ἀπ’ ἀλσέων ἐμὰς φρένας δονείτω.
Καλλιόπεια σοφά, μουσῶν προκαθαγέτι τερπνῶν,
καὶ σοφὲ μυστοδότα, Λατοῦς γόνε, Δήλιε, Παιάν,
εὐμενεῖς πάρεστέ μοι.
LISTA DE SIGLAS
NOTA PRELIMINAR
Utilizo, ao longo de todo o trabalho, as traduções brasileiras dos escritos de Friedrich Hölderlin contidas na obra Reflexões (1994a), de Márcia de Sá Cavalcante, A morte de Empédocles (2008) e Hipérion ou o eremita na Grécia (2012), ambos de Marise Moassab Curioni, e Canto do destino (1994), de Antonio Medina Rodrigues. A escolha dessas traduções foi orientada por sua extensiva revisão e reconhecimento acadêmico, garantindo uma base sólida para a compreensão dos textos hölderlinianos.
Quando ausentes, realizo a referida tradução do texto em alemão em respectivo cotejo com os volumes disponíveis em espanhol (Empédocles, de Anacleto Ferrer, de 2008; Poesia Completa, de Federico Gorbea, de 1995; e a Correspondência completa, de Helena Cortés Gabaudan e Arturo Leyte Coello, de 1990) e em inglês (The death of Empedocles, de David Ferrell Krell, de 2008). Essa abordagem visa abranger as nuances e interpretações proporcionadas por diferentes tradutores e culturas, enriquecendo a análise crítica.
Em relação à correspondência completa do autor, adotei a tradução brasileira (das cartas disponíveis na obra Reflexões) e espanhola (Correspondência completa), especificando em nota de rodapé a quem eram endereçadas, apontando a data de redação bem como indicando sua referência nas obras completas do poeta (Sämtliche Werke - SW).
As traduções dos termos em grego e latim da Suidae Lexicon são de autoria do professor doutor Antônio Orlando de Oliveira Dourado Lopes. Quanto a Aristóteles, utilizei a paginação a partir da edição de Immanuel Bekker (1785-1871), Aristóteles Opera, da Academia de Ciências de Berlim (1831-1870). Quanto a Empédocles, utilizei a paginação da edição Diels-Kranz, de 1960.
Em relação à peça, A morte de Empédocles, utilizei a tradução brasileira, cotejando-a à versão da SW. Todas as obras constam nas referências bibliográficas. No que se refere ao uso dos itálicos, estes tiveram como fito marcar os títulos de livros bem como as palavras, locuções e expressões em grego, latim e alemão. Cabe ressaltar que esse uso também se refere a expressões no texto as quais pretendi dar ênfase.
PRÓLOGO
Hölderlin: lugar e obra
O reconhecimento e a inclusão de Hölderlin no cânone literário alemão deram-se tardiamente. Como lembra Otto Maria Carpeaux (1963, p. 98), o poeta ficou quase totalmente desconhecido em vida
, não tendo alcançado reconhecimento de seus contemporâneos. Elaborador de uma poética que não se mostrava em consonância com o que se produzia naquele período, Hölderlin obteve como retorno acerca de sua obra uma recepção pouco favorável sobre seus escritos. A singularidade de sua obra, a incompreensão do público e da crítica levaram à estabilização do entendimento da obra de Hölderlin como a clássico secundário
, um típico jovem romântico
, admirador fanático dos gregos que não teria alcançado a alta serenidade de Goethe e Schiller
(CARPEAUX, 1963, p. 88). Essa incompreensão acompanha a obra do autor de Hipérion mesmo no século XX, quando ainda é rejeitado pelo cânone e pela crítica literária alemã, como visto, por exemplo, em Georg Lukács, que não o insere em sua Breve história da literatura alemã ( cf. PAES 1991, p. 12). Assim, conforme ajuíza Carpeaux (1963, p. 7), a reabilitação da obra de Hölderlin por parte da crítica literária moderna é fruto de um trabalho de retificação de preconceitos enraizados e tremendos erros de valorização que, como dogmas, [foram] transmitidos de livro para livro, de geração para geração
.
Levando em consideração o exposto, podemos dividir, em linhas gerais, a recepção da obra literária de Hölderlin e sua mais digna inclusão nos manuais de história da literatura
, conforme sugerido por Daniel Teixeira da Costa (2008, p. 47-48), em dois momentos distintos. O primeiro consiste no próprio contexto da produção do poeta, na Alemanha da passagem do século XVIII ao XIX, dado o caráter negativo de sua recepção nesse período. O segundo momento abrange o século XX aos dias de hoje. O primeiro momento corresponde às leituras empreendidas por Friedrich Wilhelm Nietzsche¹ e Wilhelm Christian Ludwig Dilthey², culminando na publicação da produção poética completa do poeta alemão por Norbert von Hellingrath, em 1913, ocasião em que a obra hölderliniana começa a receber a devida atenção.
Ainda na esteira das reflexões de Costa (2008) acerca da recepção da obra de Hölderlin e sua inserção vacilante no cânone ocidental, exemplo interessante de apreciação da poética hölderliniana é a solução não comprometedora, sugerida por Barbara Baumann e Birgitta Oberle, em Deutsche Literatur in Epochen (1985), de como classificar historicamente o poeta alemão. As autoras situam-no em companhia de Jean Paul, Heinrich von Kleist e Johann Peter Hebel, em um capítulo intitulado "Zwischen Klassik und Romantik (
Entre Classicismo e Romantismo"). No caso específico de Hölderlin, Baumann e Oberle (BAUMANN; OBERLE apud COSTA, 2000, p. 48) ressaltam o fato de que a obra do poeta apresenta características de ambos os movimentos: sua autocompreensão artística e sua atitude espiritual idealista de união entre homem e natureza aproximá-lo-iam do Romantismo, ao passo que sua severa consciência formal o colocaria na tradição clássica.
Essa proposta encontra ressonância na apreciação que faz Anatol Rosenfeld (1993b, p. 52), que recusa alocar Hölderlin nas prateleiras do Classicismo ou do Romantismoalemães. Conforme sustenta o crítico, pode-se notar, na obra do autor d'A morte de Empédocles, uma eliminação gradativa de aspectos presentes na poética de seus contemporâneos, fossem clássicos ou românticos. Assim, ao tratar da recepção da obra hölderliniana por seus contemporâneos, Rosenfeld atribui tal dificuldade à sua natureza ambivalente, conforme juízo expresso no trecho a seguir:
A recepção da obra de Hölderlin foi lenta e precária e faz parte da tragédia de sua vida. O poeta não pertence nem ao classicismo de