Revolucione a relação com o seu filho em 21 dias
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Sobre este e-book
Educar não é instintivo. Se educarmos por instinto, viveremos dominados pelas emoções e pelo caos que ações impulsivas e automáticas causam em nossas relações, principalmente naquela que estabelecemos com os nossos filhos. Viemos de gerações que não nos deram educação emocional, e é nosso papel, quando adultos, nos darmos a educação emocional nque não recebemos para quebrar os ciclos geracionais de agressividade e violência, física e emocional. E essa mudança precisa começar por você.
A parte mais desafiadora de sermos pais não é controlaras atitudes dos nossos filhos, e sim as nossas. Afinal, quem é o adulto da relação? Na verdade, a especialista em neurociências e desenvolvimento infantil Telma Abrahão explica que, embora não consigamos impedir um emoção, com adultos, podemos escolher nossa reação diante das dificuldades que surgem em nosso caminho.
Em Revolucione a relação com seus flhos em 21 dias, a autora best-seller apresenta conceitos fundamentais para a compreensão dos desafios comportamentais dos nossos filhos, além de trazer novas formas de agir para encontrar mais leveza no papel como pai ou mãe.
Após 21 dias mergulhando na compreensão dos padrões que mantêm os pais presos a um ciclo de caos e dor, discutindo temas como obediência, vício em telas, birras, desafios na hora de colocar os filhos para dormir, briga entre irmãos, gritos, castigos e muitos outros, os leitores finalmente terão a oportunidade de superar os obstáculos que surgem no caminho para focar a construção de uma família emocionalmente saudável
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Revolucione a relação com o seu filho em 21 dias - Telma Abrahão
O CICLO DO APRENDIZADO
Aprender novas maneiras de agir pode ser desafiador, afinal sair da zona de conforto nem sempre é fácil. Na verdade, eu já disse aqui que a zona de conforto pode ser nada confortável, e talvez essa sensação amarga tenha sido exatamente o que fez você chegar até esta página do livro.
Na chamada zona de conforto as atitudes são sempre as mesmas, automáticas e inconscientes. É mais fácil seguir agindo no modo padrão, agindo mecanicamente e sem pensar, do que construir habilidades que ainda não temos.
Compreender a importância de se abrir para sair desse lugar é essencial para que ocorram mudanças reais na relação com o seu filho. Einstein dizia que é insano agir sempre da mesma maneira e esperar resultados diferentes.
Mas como aprender novas formas de agir e reagir sem buscar conhecimento?
Quando reconhecemos que não nascemos sabendo educar e que, sim, precisamos aprender e desenvolver muitas habilidades que ainda não temos, um novo caminho se abre, com novas possibilidades, nessa desafiadora jornada de se reeducar para melhor educar e deixar seres humanos melhores neste mundo.
A questão é que qualquer nova habilidade que você desejar adquirir deverá ser treinada, tanto em você quanto em seu filho. E isso quer dizer que, para mudar padrões automáticos e repetitivos, passaremos pelo ciclo do aprendizado.
Esse ciclo tem quatro etapas:
Etapa 1 – Inconscientemente incompetente.
Etapa 2 – Conscientemente incompetente.
Etapa 3 – Conscientemente competente.
Etapa 4 – Inconscientemente competente.
Calma! Em poucos minutos você vai entender como é passar por cada uma dessas etapas.
Lembra quando você se matriculou na autoescola para aprender a dirigir? Provavelmente na primeira aula você se sentou no banco do carro, duvidando de que conseguiria tirá-lo dali. Colocou o cinto, arrumou os retrovisores, pensou muitas vezes antes de pisar na embreagem para engatar a primeira e, quando conseguiu fazer tudo isso, pensou: Meu Deus, essas coisas pareciam tão fáceis… Como posso estar aqui com tanta dificuldade para seguir tantas instruções de uma vez?
A etapa 1 do ciclo do aprendizado é bem assim: quando você nem sabe que não sabia, mas de repente percebe que ficar vendo os outros dirigir não confere a você nenhuma habilidade instantânea. É a fase do inconscientemente incompetente, quando você nem sabia que não sabia.
Então, você descobre que não sabia e toma consciência de que vai ter que se esforçar para seguir todas as instruções sem bater no carro em ninguém. E essa é a etapa 2. Você tomou consciência de que é incompetente e de que terá que treinar muito mais para chegar aonde deseja.
De repente, depois de sete dias dirigindo, você já aprendeu a trocar marchas com mais rapidez, não arranha mais a embreagem e se sente mais confiante para circular por lugares mais movimentados. Agora você já está na etapa 3. Percebeu que é capaz e que consegue dirigir. Nessa etapa, você está conscientemente competente, mas ainda deseja chegar à última etapa.
A etapa 4 é aquela em que você já não precisa mais pensar no que fazer para dirigir. Você troca marchas, olha no retrovisor, liga as setas e faz tudo isso simultaneamente e de maneira automática, pois essa habilidade foi aprendida e dominada por você. Você se tornou inconscientemente competente, ou seja, não precisa mais pensar para dirigir; tudo flui de modo automático e inconsciente.
Isso se chama neuroplasticidade cerebral, que é a capacidade que o cérebro humano tem de apreender novas habilidades em qualquer tempo da vida, mas quanto antes melhor.
Você deve estar se perguntando: Mas, Telma, o que a autoescola e a neuroplasticidade cerebral têm a ver com a educação de filhos?
.
E eu respondo: tem tudo a ver, porque para aprender e desenvolver todas as habilidades que vou te ensinar ao longo deste livro, você precisará passar por esse processo e bem mais de uma vez.
A vantagem de saber disso é que você adquire um aprendizado importante já nas primeiras páginas. Se você passa por esse processo como um adulto, imagine o seu filho, que, sendo criança ou adolescente, ainda tem o cérebro imaturo e em pleno amadurecimento.
Tomar consciência disso fará você ter mais empatia e compaixão, mostrando que não existe perfeição quando falamos de relacionamentos humanos, mas existe, sim, um constante processo de aprendizado. Ouso dizer que é um processo diário e eterno, pois enquanto houver vida teremos muito para descobrir e evoluir.
Quando os pais não compreendem o comportamento dos filhos
Bernardo, de 6 anos, costumava irritar profundamente seu pai com suas atitudes. Bruna e Vitor, pais do menino, sentiam-se completamente perdidos e não compreendiam determinados comportamentos do filho.
Bernardo era chamado de capeta pelo pai. Ele nem sabia o que significava essa palavra, mas compreendia que não era algo positivo e sentia a rejeição.
Em menos de vinte e quatro horas, Bernardo virou sem querer o seu copo com suco de laranja na mesa de jantar enquanto fazia a refeição, foi advertido na escola por ter se envolvido em uma briga de tapas com um colega, engasgou feio durante o café da manhã, deixou cair o sabonete dentro do vaso sanitário enquanto lavava as mãos, prendeu o dedo na porta do quarto quando foi dormir e fez xixi na calça antes de entrar no transporte escolar.
Mas o que está acontecendo com Bernardo?
, Bruna se fazia essa pergunta todos os dias. Vitor simplesmente se sentia na obrigação de educar
o filho. Educar significava dar um puxão de orelha nele, apontar o dedo no rosto de Bernardo, com uma fala dura, deixá-lo de castigo no quarto, isolado por horas a fio. Essas eram as atitudes de Vitor diante dos comportamentos desafiadores do filho.
Aonde isso iria parar? Qual o destino dessa relação familiar? Como avaliar o sofrimento de Bernardo, Vitor e Bruna? Esse caso teria solução? A dinâmica familiar estava automatizada, e se instalou uma forma enrijecida de olhar para a criança: Esse menino precisa mudar
.
Vitor não estava conseguindo educar o filho. O distanciamento se instalou em uma velocidade desenfreada, gerando insegurança e profunda tristeza, uma sensação de rejeição e falta de compreensão em Bernardo. Mas ele não conseguia expressar isso em palavras, somente por atitudes; afinal, ainda era muito novo para compreender os próprios sentimentos.
Vitor e Bruna decidiram buscar todas as formas de conhecimento e ajuda especializada para lidar com Bernardo, e marcaram algumas sessões de orientação parental comigo.
Durante os encontros, Vitor percebeu que seus traumas de infância o estavam afastando do filho. Ele não havia recebido afeto do pai quando criança, e, mesmo isso tendo causado uma grande dor emocional em sua vida, estava inconscientemente repetindo o mesmo padrão com o filho.
Vitor estava preso em uma zona de conforto nada confortável, agindo no modo automático e sem pensar sobre suas atitudes. Com a tomada de consciência que alcançou durante nossas conversas, ele passou a refletir sobre suas ações e a treinar novas formas de agir para se tornar um pai mais compreensivo e disponível emocionalmente para o filho.
A partir dessa decisão, conseguiu dar grandes passos na relação com Bernardo: mostrou-se mais aberto e menos crítico e começou a vigiar suas atitudes para não agir com a agressividade e a impulsividade tão comuns antes.
Esse pai começou a desenvolver a empatia e a ter um olhar afetuoso para o filho, que tanto pedia e desejava sua atenção. Vitor passou a tirar todos os dias, após o trabalho, um tempo para ficar junto de Bernardo e, em poucas semanas, as mudanças foram notáveis. Bernardo estava mais calmo, mais feliz e parou de bater nos amigos da escola.
O que ele buscava na verdade era atenção e afeto de seus pais; como não recebia nada disso de forma positiva e proativa, acabava buscando do jeito que conseguia, comportando-se mal, mas chamando a atenção dos adultos, pois, mesmo que de modo inconsciente, essa atenção negativa era melhor do que nada.
Agora, escreva a seguir três padrões que você gostaria de mudar e as atitudes que passará a ter a partir de hoje para desenvolver as habilidades que deseja.
Padrões que desejo mudar:
Atitudes que vou tomar para construir as novas habilidades que desejo:
E lembre-se da sábia frase de Einstein: Insanidade é agir sempre da mesma maneira e esperar resultados diferentes
.
OS QUATRO PILARES QUE IMPACTAM O COMPORTAMENTO DO SEU FILHO
Imagine um iceberg. De dentro de um navio, só conseguimos ver a parte que está acima da água, mas o iceberg é ainda maior nas profundezas do mar. O problema é que os nossos olhos não conseguem ver, e essa foi a causa do naufrágio do Titanic . Quando o comandante avistou o iceberg, não imaginava que sua extensão era tão grande a ponto de rasgar o casco do navio e não foi capaz de evitar a tempo a tragédia.
O mesmo acontece com os pais que não compreendem a origem dos desafios comportamentais de seus filhos. Eles acabam vivenciando o caos e muitas vezes afundam seus barcos no meio de tanta luta, brigas e discussões diárias.
Precisamos compreender que os oito bilhões de habitantes deste planeta têm necessidades básicas que precisam ser compreendidas e atendidas. As principais são as necessidades físicas, as emocionais e as de segurança física e emocional. E, além dessas necessidades básicas humanas, existe ainda a necessidade de compreender que nascemos com um cérebro imaturo.
Primeiro pilar: necessidades físicas
Desde o nascimento, essas necessidades estão lá, gritando para serem vistas e compreendidas. O bebê se comunica como pode para expressá-las, então chora quando sente fome e precisa mamar, chora quando sente frio e precisa de calor e aconchego, chora quando sente sono e precisa ser acariciado para se acalmar e dormir.
Alimentação, proteção e os cuidados de nossos pais são essenciais para garantir nossa sobrevivência, e a isso damos o nome de necessidades físicas.
O que precisamos entender como pais é que as crianças não sabem expressar, por meio da fala, o que sentem, por isso choram ou se comportam mal
para demonstrar que estão com fome, com dor de barriga, com sono ou precisando descansar.
Até mesmo os adultos ficam com o humor alterado quando estão com fome ou cansados, imagine uma criança. E, muitas vezes, entender esses sinais é importante para evitar que os pais tenham comportamentos agressivos e raivosos nesses momentos.
1. Tenha uma rotina para a hora da alimentação
As crianças precisam de rotina para se sentirem seguras. Saber o que vem em seguida as ajuda a ficar menos ansiosas com o que vem pela frente. Uma criança com fome se comporta mal, chora mais, se angustia mais e colabora menos.
Ter um horário para as refeições principais é muito importante. Uma criança que se alimenta em horários regulares se sente melhor e, portanto, se comporta melhor. Sentir fome tira o humor até de um adulto, imagine de uma criança que ainda não sabe regular as próprias emoções.
Sabemos que nem sempre é possível manter horários, mas tente cumprir essa meta o máximo que puder, e verá como esse hábito vai fazer bem à sua