Para ver e ouvir
Como sempre, é a necessidade que aguça o engenho. O aproveitamento faz parte da semântica alimentar nacional. O sangue de porco, depois da matança, era usado não só para pratos salgados como para rematar a refeição e aconchegar.
Adicionando vinho do Porto, açúcar e mel, assim se tinha uma iguaria para adoçar a boca no final do trabalho que servia ainda como alimento nutritivo aos homens e mulheres do campo para levar para as sementeiras.
A origem da receita é demasiado antiga, mas tudo aponta para que surgisse primeiro apenas com mel, pois inicialmente o açúcar era utilizado sobretudo pelas elites, atingindo o seu pico no século XVII e XVIII, sobretudo fonte de imaginação nos conventos.
As classes populares iam-se satisfazendo com a beterraba açucareira ou com o mel, para depois dele usufruírem quando se começa a democratizar o cultivo da cana-de-açúcar a expandir-se.
Assim, o chamado sarrabulho doce nasceu através da criatividade popular, porque quem não tem gato caça com rato.
Em Lousada, mais propriamente em Caíde de Rei, ela é preservada pela Confraria homónima, como forma