Para ver e ouvir
O outono tem destas coisas mágicas. Depois de uma chuvada copiosa, deslizamos rumo à Quinta de Ventozelo, em Ervedosa do Douro, entre uma brisa morna e já com o céu aliviado de nuvens.
Os matizes ocres e castanhos, polvilhados por algum carmim da vinha, numa ondulação de encostas e vales cruzados com olivais, deixam--nos suspensos no tempo.
Na quinta de Ventozelo, do grupo Gran Cruz, entra-se num universo à parte onde nos sentimos, de repente, em casa. Pela forma como somos recebidos, pela experiência que nos permite conhecer cada parte da quinta, um modelo que une hotelaria, enogastronomia, história e paisagem num todo coerente, rigoroso mas descontraído, e onde a faceta humana comanda.
Um hotel-quinta que exibe um projeto-modelo, entre 400 hectares, sendo 200 de vinha e 20 de olival, obrigatório visitar, porque se aprende em cada experiência e recanto.
Desta vez, a ideia é conhecermos de perto o azeite, de forma a valorizar um produto nobre, património na região, mas ainda pouco reconhecido, dentro e fora de portas, apesar do seu imenso potencial. A Quinta de Ventozelo possui um dos maiores olivais contínuos do Douro, em grande parte de oliveiras seculares que debruam os seus socalcos.
E é exatamente no outono que o azeite tem honras de safra e de celebração. É tempo das tibornas, do prazer de molhar o pão torrado no azeite novo.
Aqui a palavra turismo ganha novas dimensões. Torna-se numa forma de afirmação do território, como advoga Jorge Dias, CEO da Gran Cruz e um dos mentores desta dinâmica que conta com uma equipa à altura.
No Douro, a natureza foi burilada pelo homem e é exatamente esse feito épico que agora observamos, entre encostas de vinha, descendo rumo ao Caminho do Rio, para descortinar um dos vários olivais de