Nos Bastidores Do Engano
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Sobre este e-book
Durante anos, Bella DePaulo, doutorada em Harvard, pediu a pessoas comuns que contassem à sua equipa de pesquisa acerca das mentiras mais graves que alguma vez tinham dito, e acerca das mentiras mais graves que alguma vez lhes tinham sido ditas. Uma a seguir à outra, elas abriram-se descrevendo mentiras sobre sexo e amor, traição e furto, doença e abuso, parentesco e adoção, realizações e recursos. Contaram sobre mentiras que resultaram na perda de relacionamentos, reputações, e grandes quantias de dinheiro. Chegaram mesmo a descrever mentiras que provaram ser fatais. Alguns reconheceram viver uma mentira. Embora houvesse muita dor nos seus relatos, havia também evidência de alguma resiliência notável. Há lições tiradas destas centenas de histórias de grandes enganos. A Drª DePaulo partilha dicas de como evitar a tentação de dizer grandes mentiras, e explica porque algumas das mais improváveis pessoas podem ser vulneráveis a ser trapaceadas.
Bella Depaulo
Bella DePaulo, PhD, is a psychologist and the author of Singled Out: How Singles Are Stereotyped, Stigmatized, and Ignored, and Still Live Happily Ever After. Her research and writing have been featured in The New York Times, The Washington Post, and many other outlets, and she blogs at Psychology Today, Psych Central, and Huffington Post. DePaulo is currently a visiting professor of psychology at UC Santa Barbara in California.
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Nos Bastidores Do Engano - Bella Depaulo
Otários
Nos Bastidores do Engano
Compreendendo os Maiores Mentirosos das Nossas Vidas
Drª Bella DePaulo
––––––––
2009
CONTEÚDO
Introdução
PARTE 1: Histórias dos Otários
1. Mentiras sobre amor e sexo.........................12
2. Mentiras mortais......................................27
3. Mentiras que são uma questão de honra..........36
4. Carne e sangue de quem?
Mentiras sobre parentesco..........................41
5. Mentiras sobre sorte e vivacidade..................44
PARTE 2: Nas Profundezas do Engano
6. O porquê e o como das mentiras graves e o que
acontece depois..........................................48
PARTE 3: Histórias dos Mentirosos
7. A mentira mais primitiva:
Evitando o castigo e a culpa..........................74
8. Mentiras de titularidade:
Mentindo por aquilo que você acha que merece....84
9. Mentiras de instrumentalização.......................89
10. Mentiras sobre paixões .................................93
11. Mentiras de identidade:
Tornando-se uma pessoa diferente....................100
12. Arcando com as consequências:
Mentiras ditas para encobrir outra pessoa..........112
13. Vivendo uma mentira...................................118
––––––––
PARTE 4: Lições para Mentirosos e Otários
14. Dicas para reduzir o entusiasmo
em relação ao engano.................................122
Sobre a Autora..........................................157
Introdução
Quando os meus colegas e eu tivemos a brilhante ideia de pedirmos a dúzias de estranhos que contassem as suas mais profundas mentiras a uma equipa de psicólogos, não estávamos de todo seguros de que não seríamos alvo de chacota. Mas que nos contaram, contaram. Homens e mulheres, Negros e Brancos, homossexuais e heterossexuais, estudantes e cidadãos idosos e praticamente todas as outras pessoas incluídas nos entremeios e para além dessas categorias – todos esses Americanos falaram. Ao todo, reunimos mais de 200 histórias das mentiras mais graves ditas pelos nossos participantes, bem como das maiores mentiras que lhes foram ditas a eles. Começámos por recrutar mais de 60 alunos universitários; eles já estão um tanto habituados a receber pedidos estranhos. Ao vermos que não hesitaram em aderir ao projeto avançámos então para além dos portões da faculdade, para a comunidade, para falar com uma amostra mais diversificada de mentirosos e otários.
Quando começámos esta pesquisa, pensámos que os tipos de mentiras que as pessoas descreveriam respondendo às duas questões – a maior mentira que alguma vez disseram e a maior mentira que alguma vez lhes foi dita – seriam muito semelhantes. Não o foram. Quando as pessoas relataram as suas experiências como otárias – ou seja, quando elas descreveram as mentiras que lhes foram ditas a elas por outra pessoa, contaram contos de detalhes de vida grandes, importantes e emocionalmente carregados. As suas histórias eram sobre amor e sexo; morte, doença e violência; honra e parentesco; sorte e vivacidade. Quando de outra feita descreveram as suas experiências como mentirosas – ou seja, quando descreveram as mentiras que tinham contado a outros, mais frequentemente nos contaram sobre baterem com o carro, fazerem incumbências durante o tempo de trabalho e dizerem à mãe que tinham tido uma noite tranquila com os amigos em vez da aventura tórrida vivida no banco traseiro de um carro numa velha estrada do campo.
As pessoas que partilharam as suas experiências relativamente a enganos de primeira, limitaram-se primeiramente a relatá-las usando as suas próprias palavras. Nós então fizemos-lhes mais e mais perguntas. Por exemplo: Porquê mentir? Como lhe soube? Como é que a farsa caiu por terra (se alguma vez caiu)? E agora?
Começarei com as histórias dos otários – as pessoas que disseram ter sido enganadas em grande. Depois disso, os mentirosos terão a minha atenção. No final, ponho à disposição um guia psicológico para aqueles que gostariam que lhes mentissem com menor frequência, ou que querem aprender a refrear-se eles mesmos de dizerem mentiras graves, ou que procuram sugestões relativamente a como abrir o jogo
em relação a uma mentira já proferida.
––––––––
Referir-me-ei com frequência aos meus colaboradores, ao longo destas páginas. Eles são Matthew Ansfield, Susan Kirkendol e Joe Boden. Um muito obrigada a eles. Publicámos um relatório académico da nossa pesquisa sobre mentiras graves no jornal académico Basic and Applied Social Psychology (Psicologia Social Básica e Aplicada) em 2004. Os jornais profissionais recompensam a concisão e, nessa lógica, o nosso relatório continha apenas as descrições mais elementares das mentiras, sem citações extensivas. Neste livro, devolvo a voz às muitas pessoas que tão graciosamente partilharam as suas histórias das mentiras mais graves das suas vidas. Alterei os seus nomes bem como alguns dos detalhes das suas histórias. De outro modo, no entanto, as citações em destaque nas caixas e no texto são as suas próprias palavras. Estou imensamente grata a todas estas pessoas. Elas ensinaram-me muito e agora espero que você também se sinta esclarecido por elas.
PARTE 1
Histórias dos Otários
––––––––
Mentiras sobre amor e sexo
Mentiras mortais
Mentiras que são uma questão de honra
Carne e sangue de quem? Mentiras sobre parentesco
Mentiras sobre sorte e vivacidade
Capítulo 1
Mentiras Sobre Amor e Sexo
––––––––
––––––––
Ainda que mentir seja mau, é pior para com as pessoas que você ama.
Antes de eu e os meus colegas termos começado a estudar mentiras graves, tentávamos compreender as mentirinhas que as pessoas dizem no seu dia-a-dia. Pedimos às pessoas que fizeram parte desses estudos anteriores que guardassem um registo diário, todos os dias por uma semana, de todas as suas interações sociais com duração de 10 minutos ou mais, e todas as mentiras proferidas durante essas mesmas interações. A maioria dessas mentiras não tinha nada de notório. As pessoas mentiram, por exemplo, sobre o cheque estar no correio e sobre estarem preocupadas com o sítio onde iriam almoçar; fingiram gostar de pessoas com quem realmente nem se importavam muito e exageraram relativamente ao sucesso que tinham tido numa prova escolar ou numa tarefa no trabalho. Quando se