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Todas As Nossas Promessas
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E-book215 páginas2 horas

Todas As Nossas Promessas

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Sobre este e-book

Todos temos três amores na vida: a pessoa que amamos, a pessoa que nos ama e aquela com quem ficaremos.

Uma história de amadurecimento sobre um garoto e uma garota que, depois de anos de separação, se reencontram na escola para descobrir e revelar os segredos do amor e da distância

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jun. de 2022
ISBN9781547502257
Todas As Nossas Promessas

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    Todas As Nossas Promessas - Emiliano Campuzano

    Para Nadine y mi Ohana.

    Prólogo

    Crescemos juntos desde que nos conhecemos, aos cinco anos. Luz, Lucía Hernández, a menina da casa da frente, de cabelos castanhos encaracolados e olhos cor de âmbar, filha de um bem-sucedido contador com uma chef, que também era uma excelente mãe. Cinco meses mais nova do que eu.

    Minha mãe era amiga da mãe dela e as duas nos levavam a todos os cafés da manhã que organizavam entre amigas toda terça-feira; a partir daquela época, fomos inseparáveis – pelo menos até quando o destino nos separou.

    Era minha melhor amiga na escola, e assim foi até o dia em que partiu. Sentávamos juntos todo dia no recreio e, depois das aulas, eu ia para a casa dela jogar e treinar – como disse, crescemos juntos.

    Ríamos de tudo, aprendi a cozinhar com sua mãe (mas, admito, sou um desastre na cozinha), víamos os mesmos filmes e até nos fizeram aprender a tocar piano juntos. Ela tinha um irmão, Gabriel, quatro anos mais velho, que aprendeu a gostar de mim como se fosse da família. Sim, fazíamos tudo juntos.

    Demos nosso primeiro beijo aos oito anos. Estávamos vendo um filme (acho que era Dirty Dancing, obviamente proibidíssimo pelos pais dela, superprotetores) e ela me perguntou por que os adultos se beijavam como no filme. Respondi que não sabia – estávamos naquela idade em que qualquer contato físico com alguém do sexo oposto nos causava repulsa, mas ambos ficamos com essa dúvida.

    — Você já beijou? – perguntou com a voz doce que nunca perdeu.

    —Não. E você?

    —Não... Vamos tentar?

    —Se você quiser...

    Nós nos aproximamos, fechamos os olhos imitando os personagens na tela, fizemos bico e demos um pequeno beijo que, embora tenha durado um mísero quarto de segundo, foi e sempre será o mais importante de nossas vidas. Pela primeira vez, dividimos um (muito breve) roçar de lábios.

    Fomos à Disneylândia juntos aos nove anos. Ela sempre foi mais corajosa, poderia andar mil vezes na montanha-russa – eu, por outro lado, só ia arrastado à roda-gigante. Enfim, tudo – viajar, ver filmes ou fazer a lição de casa – tinha de incluí-la, e essa é uma das muitas coisas que agradeço à vida.

    Aos 11 anos, comecei a gostar dela, ou, pelo menos, aprendi a dar um nome a esse sentimento que sempre nutri. Pelo que suas amigas e seu irmão me diziam, ela sentia o mesmo por mim. Um ano depois, todos os meus amigos me pressionavam a tentar algo – sinceramente, a pressão não era grande, já que eu realmente queria. Dizem que sempre fomos um pouco precoces para nossa idade e, bom, sempre tiveram razão.

    Decidi pedi-la em namoro no dia 12 de novembro, uma sexta-feira. Ensaiei o que diria umas 200 vezes e fiquei nervoso a semana inteira. A grande data chegou – vesti minha camiseta da sorte e pratiquei minha fala pela última vez.

    Bati nervoso na porta e guardei o chocolate que comprei de presente no recreio em meu bolso direito. Sua mãe abriu, olhou para mim com cara de quem sabia das minhas intenções e gritou para Luz avisando que eu estava ali. Ela veio usando blusa rosa fosforescente e jeans. Eu era um pouco mais alto do que ela, mas nos olhamos nos olhos. Fomos ao jardim do quarteirão, sentamos em um banco que havia ali e pigarreei limpando a garganta.

    —Luz, eu te adoro muitíssimo... quer ser minha namorada? — Palavras simples para todo o discurso que havia preparado.

    Ela me abraçou e, sem dúvida alguma, respondeu sim. Foi o momento mais especial de minha vida até aquele ponto. No entanto, o gostinho não durou muito – só conseguimos ficar juntos sem preocupações por um ano.

    —Meu pai vai ser transferido para os Estados Unidos.

    —Você vai embora, então? Quando voltará? — perguntei, espantado.

    —Não sei, vamos daqui a uma semana.

    —E quando voltará? Por que não contou isso antes, Lucía?

    —Não sei. Meu pai só me disse agora, desculpa.

    —Lucía, não vá, por favor.

    —Não posso fazer nada, mil desculpas. - ela me disse chorando.

    —Vou te esperar até você voltar.

    —Eu te ligo assim que chegar e nos falaremos todos os dias.

    —Todos os dias...

    —Sim, todos, prometo.

    —Eu te amo, Lucía.

    —Eu te amo mais...

    Passamos esta última semana como se fosse a última do mundo. Ficamos juntos toda hora, a cada minuto, e quando chegava a hora de dormir não dormíamos, porque estávamos pendurados ao telefone. Nem fomos à escola a semana inteira. Cabulávamos aulas para aproveitar cada dia como se fosse o último em que nos veríamos e, no final, este dia realmente chegou. Nós a acompanhamos até o aeroporto. Seu voo partia às oito da noite. Meu pai se sentou para ler um livro enquanto minha mãe se despedia interminavelmente da dela. O pai e o irmão levavam a bagagem e, como era de se imaginar, Luz e eu não parávamos de nos despedir, a ponto de nos afogarmos em lágrimas e recomendações.

    —Todo dia, ok?

    —Todo dia, meu amor, ligarei assim que chegar para te passar meu número.

    A voz no alto-falante anunciou que o embarque estava para começar, com tempo para um último beijo e uma última promessa, e não nos demos o luxo de desperdiçá-lo. Beijei seus lábios pela última vez e a abracei até nossos corações se alinharem e baterem em uníssono.

    —Vou te esperar.

    —Vou te amar para sempre.

    Eu a soltei e olhei pela última vez enquanto passava pelo portão de embarque. Ela também me olhou e se foi. Esperei em minha casa ao lado do telefone praticamente o dia inteiro. Como você pode imaginar, as coisas não saíram como planejamos e a suposta chamada nunca chegou. Seus pais eram muito superprotetores e nunca a deixaram entrar em uma rede social – isso, pelo menos, é o que eu sabia. Não tive nenhuma notícia sua depois disso.

    Acho que todos sonhamos com a ideia de que o primeiro amor é sempre perfeito e, talvez por causa dos filmes ou dos livros, queremos crer que é infinito. Não é que eu não goste de pensar assim, mas as circunstâncias me ensinaram duas coisas:

    1) Não idealizar o amanhã: queria que Luz tivesse sido sincera desde o começo e ligado. Com o tempo, você aprende que não se trata do que acontecerá no dia seguinte, mas sim de aproveitar o hoje. Eu me arrependo de não ter aproveitado como deveria.

    2) Não prometer mais do que se pode cumprir: você também aprende com a experiência que é impossível prometer um para sempre. É claro que é lindo e até um tanto romântico prometer um amor infinito, mas simplesmente não é possível. Sempre há doenças, morte, mentiras, viagens e destino e, por mais forte que seja a vontade, o para sempre não é real – só que hoje e agora são, e é isso o que importa.

    As promessas não se cumpriram e, com o tempo, voltei a me apaixonar e não esperei por ela como jurei. Com certeza ela também encontrou alguém. Todo um amor e uma vida juntos acabaram nisso: uma promessa esquecida. No entanto – e me dói admitir isso –, não há um dia em que eu não fique junto ao telefone, esperando escutar sua voz pelo menos mais uma vez.

    Esta não é minha história, nem a dela, nem tampouco a das circunstâncias – é uma história sobre a vida, sobre o amor e sobre as lições que a morte nos deixa mesmo antes de nos levar com ela. É a crônica de um sorriso, um beijo, uma noite e da sorte que temos. Esta é a história de NÓS - não somos protagonistas como indivíduos separados, mas sim como um só. Cada parágrafo estaria incompleto sem a presença do outro.

    Esta é a história de minha pessoa, Alejandro Bernal, vinda dos lábios de Lucía Hernández, o amor da minha vida, é a história do romance trágico que o destino preparou cruelmente para nós, e também sobre o céu, que é azul, eterno imenso e que, enfim, teve um motivo para esperar.

    I

    —Ei, ei, acorda, a professora está falando com você.

    Levantei a cabeça graças ao aviso de Miguel, com todos os olhos da sala voltados em minha direção, criando um momento desconfortável acompanhado sinfonicamente pela voz da professora reclamando da minha falta de respeito e atenção e me fazendo um convite educado para sair rapidinho da classe e ir imediatamente à diretoria.

    Saí e fechei a porta atrás de mim; caminhei lentamente até a diretoria e finalmente me sentei nas cadeiras do lado de fora do gabinete do diretor. A secretária anunciou meu nome, indicando que já podia entrar.

    —Outra vez, Alex? É a terceira esta semana! Você está na metade do ensino médio e arriscando tudo por causa do seu comportamento.

    —Tá bom, tá bom, prometo me comportar bem.

    —Não vou poder te encobrir para sempre, você sabe disso, então se comporte bem.

    Saí do gabinete do diretor, fui à cantina da escola e comprei uma Coca Cola, como de costume. Sentei para escutar música e ver TV, esperando matar o tempo até o final da aula. Enfim chegaram as 12h20. Joguei a lata de refrigerante no lixo, saí da cantina e andei pelo corredor para assistir à aula seguinte.

    —Alex, ei, você não vai acreditar.

    —O que foi?

    Miguel atravessou o corredor e chegou perto de mim, com uma cara alegre.

    —A orientadora trouxe uma menina nova para a classe, é gatíssima.

    —E daí? Tenho namorada, brother. — respondi.

    —O estranho é que ela me parece familiar, não sei por que.

    —Dá na mesma, amigo. Que aula é agora?

    —Economia e o professor está para entrar, só que eu não, estou com fome. Mas é sério, você tem de conhecê-la.

    —Ok, a gente se vê daqui a pouco.

    Imediatamente lábios carnudos se lançaram sobre os meus e minhas mãos seguraram na cintura de uma garota de estatura média e farta cabeleira loira: minha namorada, Bárbara.

    —A-mor-da-mi-nha-vi-da — sussurrou entre dentes, mordendo meu lábio.

    —A-mor-da-mi-nha-vi-da – respondi, seguindo seu jogo e a mordendo também.

    —Você me leva para casa?

    —Tenho que ir comer e...

    —Meus pais saíram.

    —E te levo para casa.

    Rimos e ela me abraçou forte. Retribuí o abraço e a apertei contra o peito.

    —Eu te amo.

    —Eu também te amo, gorda.

    —Vá para a aula, logo te vejo, vida.

    —Está bem, eu te amo, não se esqueça de mim.

    —Tudo menos isso, meu amor.

    Entrei na aula de Economia, que repudiava até não poder mais. Só falta um semestre, pensei, só mais um semestre e você ficará livre deste idiota. Os mesmos professores nos davam aula durante um ano e depois, com as matérias, trocávamos de mestres (graças a Deus). Coloquei minha mochila no lugar de sempre e peguei o tablet para fingir que fazia anotações enquanto jogava (já sei, sou um péssimo aluno). Outro amigo, René, sentou ao meu lado para não se entediar e zombar do professor comigo durante a aula.

    Passamos uma hora inteira aguentando um discurso incrível sobre a crise de 1929 e assuntos chatíssimos que não quero nem lembrar para não ficar com uma tremenda dor de cabeça. Era a última aula do dia e saí feliz para encontrar minha namorada. Ela estava me esperando em frente ao meu armário com seu corpo perfeito coberto por uma jaqueta curta e justinha. Coloquei meus óculos escuros e imediatamente ela me deu o braço para irmos à sua casa.

    Caminhava pensando em tudo o que faria com ela na ausência de seus pais quando de repente um fantasma, uma aparição surgiu diante dos meus olhos: uma menina de cabelo castanho encaracolado passou ao nosso lado, com um rosto tão familiar que me fez tremer.

    —Você está bem, amor?

    —Estou, vida, só achei que vi algo, mas whatever, não se preocupe.

    —Está bem, vida.

    Entramos no meu carro, um Buick velho que ganhei de aniversário, e partimos. Ela ligou o rádio em um volume estridente, fazendo com que a música do Avicii ecoasse na minha cabeça. Finalmente chegamos e ela abriu a porta de casa, virando-se para me olhar de um jeito provocador.

    —Venha, bobo.

    Ela segurou meu cachecol e me puxou para entrar em casa. Começamos a nos beijar e nos sentamos no sofá; ela tirou minha camiseta e em seguida tirei sua jaqueta. Pouco a pouco minhas mãos se cruzaram com as dela em nossa pele, meus dedos desabotoando sua camisa velozmente. Enquanto isso, ela desafivelou meu cinto e abriu meu jeans.

    Sem planejar, já estávamos totalmente deitados no sofá, eu sem camiseta e com a calça aberta e ela de sutiã e calcinha. Seu cabelo loiro roçava em meu peito enquanto nos beijávamos e as carícias foram ficando mais intensas e frequentes.

    Coloquei minhas mãos em

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