Caminhando Pelo Paraíso
De Leo Bueno
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Caminhando Pelo Paraíso - Leo Bueno
Autor: Leo Bueno
Prefácio
Eu sempre quis saber sobre o paraíso, desde criança. O que recebi dos mais velhos é o que muita gente sabe. Que o paraíso é um lugar nos céus, um lugar perto de Deus. Um lugar para onde todos desejamos ir. Mas o que sempre me perguntava era: poderia existir um paraíso ainda aqui na terra? Deus me deu a resposta para essa pergunta quando me mostrou o valor imensurável de uma amizade forte e verdadeira. Sim, o paraíso na terra existe quando se tem irmãos em quem se pode contar e confiar em todos os momentos da vida.
Um dia eu recebi de presente um amigo, que aos poucos foi ocupando o lugar de irmão. Não somos filhos do mesmo pai nem da mesma mãe, mas a força do laço que nos une é tão grande e tão forte que nos permite sermos como irmãos de sangue um para o outro. E mal sabia eu que ao receber de Deus esse irmão, estava aprendendo, para a vida toda, o que era viver o paraíso na terra. E mesmo sendo clichê, é fato que pessoas vêm e vão, mas os irmãos verdadeiros permanecem firmes para sempre estando nós em cima ou embaixo da roda da vida.
E é com muita alegria e orgulho no coração que venho apresentar esse primeiro livro pronto do meu irmão mais precioso falando sobre o paraíso. Do que realmente precisamos ter dentro da alma, da mente e do coração para que possamos viver o nosso paraíso particular. Acompanhei passo a passo a composição dessa obra, e à cada capítulo, à cada momento eu ia me emocionando mais. Caminhando Pelo Paraíso é sem dúvidas o meu livro preferido e o meu profundo desejo é que seja o livro preferido de milhares de leitores. Apresento a todos com muita honra essa obra perfeita do meu amado irmão mais que perfeito Leo Bueno.
Uma boa leitura a todos.
Ana Cabral.
Capítulo 1
O dia estava agradável, uma fresca tarde de primavera, aquele lindo sol radiante e ao mesmo tempo a gostosa e suave brisa das montanhas. As flores exalavam seu perfume único e o rio estava calmo. Como de costume, lá estava eu sentado no velho balanço do Ipê, a árvore grande, como gostava de chamar, olhando para o imenso gramado à minha frente. Durante a minha infância, meu pai me trazia quase todas as tardes para brincar aqui, e eu corria de um lado para o outro, descalço, sobre esse gramado verdinho. E não havia sensação melhor que sentir a grama macia fazendo cócegas nos meus pés! Mesmo depois de adulto, ainda era invadido pelo imenso desejo de sentir a grama nos meus pés, mas a ironia do destino me impossibilitou, então eu olhava para outra árvore a alguns metros de distância e via minha maldição encostada em seu tronco, minha maldita cadeira de rodas. No inicio da minha adolescência sofri um grave acidente automotivo, o qual tomou os meus pais de mim e levou também o movimento de minhas pernas.
Mas felizmente, eu tinha uma consolação equivalente: logo próxima da cadeira de rodas, estava minha amada esposa sentada no chão lendo seu livro de romance. Laira, a mais bela mulher que me lembro de ter visto em vida, parecia colorir o universo ao longe com seus longos cabelos avermelhados, tinha uma pele tão clara e delicada que me fazia referência aos lindos jardins de rosas brancas ao lado de um rio de águas cristalinas que simbolizavam a pureza de seu olhar. Laira me trazia sempre que possível para esse meu pequeno paraíso e não se importava com quanto tempo teria de esperar desde que tivesse um bom livro para ler, ela era, sem dúvidas, a melhor obra que acontecera em minha vida. Ficou eternizada na memória da minha mente e do meu coração a frase que ouvi de seus finos e ternos lábios quando, no dia que antecedia nosso casamento, falei para ela do medo terrível que tinha dela deixar de amar alguém como eu, um inválido, e procurar um homem à altura de sua beleza e bondade. Ela olhou em meus olhos e respondeu: Meu bem, não tenha medo algum, pois só deixaria de te amar no dia em que um pintor conseguisse, através de uma tela, transmitir o som da minha lágrima caindo. Ah! Eu jamais poderia ser merecedor de um anjo tão perfeito ao meu lado como minha esposa. E toda vez que contemplava sua imagem eu lembrava o quão maravilhosa era aquela mulher.
A noite já estava quase caindo quando Laira e eu saímos do campo que ficava a meia hora de distância da cidade. Já havia escurecido quando chegamos, estava frio e estávamos famintos. No caminho paramos no posto e Laira comprou sanduíches e refrigerantes, lanchamos ali mesmo. Estávamos tão contentes, pois no dia seguinte seria nosso aniversário de três anos de casamento e Laira disse que tinha o melhor dos presentes para me dar, mas eu teria que aguardar até o dia seguinte para saber o que era, então eu tive que me conformar e esperar. Voltamos para nossa casa. Ela ficava ao fim de uma rua. Já se passava das oito e em todas as casas as pessoas já haviam se recolhido.
Ao chegarmos à frente da nossa garagem, enquanto o portão automático abria, fomos surpreendidos por uma dupla de assaltantes. Eles entraram junto conosco e praticamente nos arrastaram para dentro de casa. Estavam visivelmente alterados, gritavam perguntando se haviam cofre e joias. Laira desesperou-se e começou a chorar provocando a raiva de um dos bandidos que lhe deu um tapa em seu rosto e a jogou com força no sofá da sala de estar. Enfureci-me e joguei uma garrafa de vidro, que enfeitava nossa mesa de