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Os Muitos Rostos de Brockveld
Os Muitos Rostos de Brockveld
Os Muitos Rostos de Brockveld
E-book67 páginas53 minutos

Os Muitos Rostos de Brockveld

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Sobre este e-book

Antes de um homem desconhecido aparecer e oferecer a Arthur Brockveld uma proposta milionária, ele vivia uma vida normal. Estável, pelo menos. De dia trabalhava como paparazzi, de noite, prostituta. Não usava seu próprio corpo em nenhum dos empregos. Quando se tem a habilidade da metamorfose, não há sentido viver pondo-se em risco. Ainda assim, usava corpos de pessoas reais apenas no primeiro dos trabalhos, e nunca os usou para algo além da base ética. O que esse homem misterioso propõe, porém, pode fazê-lo mudar tudo isso em busca de um futuro mais simples e monótono. Para Arthur, já estava na hora de viver com apenas um corpo pelo resto da vida. Mas até onde ele irá para conseguir o que quer?

"Os Muitos Rostos de Brockveld" é uma novela do gênero fantástico.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de jul. de 2018
ISBN9780463363959
Os Muitos Rostos de Brockveld

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    Os Muitos Rostos de Brockveld - Lucas Zanella

    Os Muitos Rostos de Brockveld

    Lucas Zanella

    1. no hotel

    Era necessário um hotel que não pedisse nenhum documento de identidade para cadastro, além de precisar dispor de um certo luxo. Alexandre Costa, o ator cujo corpo copiaria, não se hospedaria em qualquer lugar. De todo modo, ainda usou seu corpo real para fazer tudo. Na sua ingenuidade, esperava que ninguém fosse se lembrar dele.

    O atendente observou a mulher andando desde a abertura das portas automáticas. Ele apenas pegou o dinheiro e deu uma chave de quarto, embora tentasse ver como era o rosto escondido por trás do cabelo. Apesar dos esforços, não teve sucesso.

    O som dos tênis deslizando pelo piso do hall informou a todos que ela ia ao elevador, onde apertou o botão do segundo andar. Não pudera pegar um quarto mais alto por conta da árvore em frente ao prédio.

    Precisara escalar a árvore porque foi preciso amarrar nela uma câmera. Arthur Brockveld, como se chamava a mulher, usaria essa câmera para tirar fotos que depois venderia como de paparazzi; era isso o que ele chamava de trabalho principal, embora fosse verdade que realizava menos esse do que o secundário.

    De malas, trazia apenas uma preta na qual havia uma roupa masculina, diferente da que usava estando no corpo feminino. Precisou trazê-la para não levantar suspeita. Além da roupa, na mala havia também uma bolsa de câmera, dentro dela um disparador automático, assim não precisaria tocar no aparelho para tirar uma foto.

    O último passo seria editar as imagens, deixá-las borradas e dando a impressão de terem sido tiradas por uma pessoa real. Poderia até dizer que fizera aquilo que fizera: câmera, árvore, corda, mas pareceria ser trabalho demais para alguém que teria de sair correndo caso fosse visto. Era arriscado. Abria caminho para perguntas, e Arthur sabia que não conseguiria mentir sob esse tipo de pressão.

    As mentiras que fazia eram mais majestosas. Espetaculares, ele diria. Acima de tudo, para mentir bem precisava estar no corpo de outra pessoa.

    Para um hotel de luxo, a janela fez barulho demais ao abrir. A noite inundou o quarto com um ar frio que quase fez Arthur mudar de ideia, mas ele apenas respirou fundo e despiu-se.

    Os músculos se contraíram, mas tão logo se remodelaram. Foi questão de segundos até que a mulher de antes desse lugar ao corpo nu de Alexandre Costa.

    Podia ser um ator que apenas agora chegara aos olhos do público, mas muito já era exigido dele. Tinha músculos bem definidos, precisava ter. Para os papéis que fazia, se não os tivesse assim, não teria carreira. Ainda estava em um nível no qual ninguém questionaria o ator ficar no segundo andar de um hotel, mas ele subiria rápido.

    O celular tocou enquanto pensava na composição das fotos.

    – Garota, onde é que você está? – era a voz de Estéphanie – Não vai vir hoje?

    Levou um tempo para responder. Não passou para um corpo feminino, mas modificou a voz. Um psiquiatra diria que era quase outra personalidade falando.

    – Desculpe, Esté, hoje tenho outro trabalho. Vai ficar bem?

    – Seria bom um aviso adiantado, sabe que eu tenho medo de ficar sozinha desde que você começou a me acompanhar. Mas tudo bem, vou ligar pra Marí. Quer que eu diga o que para os caras que vierem te procurar?

    – Não precisa falar nada. Pode ficar com eles.

    – Ah, não, não, senhor. Não me ponha nessa, Alice. Não quero gente enlouquecendo pra cima de mim. Vão achar que você parou, então vão querer explicação, e se eu não…

    – Não vai acontecer nada, eu prometo – interrompeu antes que se agravasse –, só precisa dizer que não estou me sentindo bem. Não enlouqueça você, combinado?

    Estéphanie deu um sorriso audível.

    – Sim, sim. Vou tentar. Eu vou, prometo! Até mais.

    Arthur esperou o corpo voltar ao normal após terminar a ligação. O pescoço, a boca, o nariz.

    Não gostou da ideia de deixar Estéphanie sozinha, mas sempre soubera que a prostituição seria um trabalho de lado. Podia pagar bem, dependendo do corpo que usasse, mas tirar fotos de si mesmo e ganhar mil reais num dia ruim sempre valeu mais a pena. Era menos trabalho.

    Ajustou a câmera pelo celular. Ele sempre criava uma história para as fotos, a desse trabalho era ainda mais fácil: imagens do ator ao sair do banho. Pôs a

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