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Terra Mágica, I - Coração de Fogo: Terra Mágica
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Terra Mágica, I - Coração de Fogo: Terra Mágica
E-book267 páginas3 horas

Terra Mágica, I - Coração de Fogo: Terra Mágica

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Sobre este e-book

Em tempos negros para a Terra, um Oldgandor é chamado para cumprir uma profecia. O Pacificador, como o chamam as escrituras, deverá restaurar o equilíbrio entre o bem e o mal. Climo é o escolhido pelo Único para cumprir esta missão. Para isto, deverá reunir-se a companheiros de diferentes raças que o ajudarão numa aventura tão fantástica como escura, na qual deverá enfrentar o próprio Casaldir, o sinistro em pessoa. Anões, elfos, homens, goblins, ogres e outras criaturas lutarão de um lado, ou do outro, para estabelecer a supremacia que decidirá o destino de todos. Espadas e cetros competem de igual para igual numa batalha que se repete até aos nossos dias.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento9 de dez. de 2021
ISBN9781547542338
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    Terra Mágica, I - Coração de Fogo - Leonardo Baltasar Casas

    Para Iván

    *****

    Sumário

    ––––––––

    Prólogo

    1. A Visita da Feiticeira

    2. Uma boa companhia

    3. Cuarimon

    4. Geonomar

    5. A Verdade

    6. Vida Nova

    7. A viagem de Carmiel

    8. A profecia

    9. Segredos Revelados

    10. De novo a caminho

    11. O encontro com Rash Corbar

    12. Tudo pronto

    13. A fortaleza de Casaldir

    14. O ataque no rio

    15. Guerra

    16. CharLug

    17. A queda de Geonomar

    18. O fim do dragão

    19. Os restos de Casaldir

    20. A reorganização de Geonomar

    21. O segredo de Corgon

    22. A reunião secreta

    23. Os casamentos

    *****

    Prólogo

    A História que, hoje em dia, se ensina nas escolas fez-nos esquecer da existência de certas temáticas mais sensíveis. Em tempos já esquecidos, o homem podia fazer maravilhas que hoje parecem impossíveis, como falar com animais, manipular certos aspetos da natureza e até voar. Estas habilidades eram dignas de um mago, e assim era, só os magos podiam realizar estas proezas. Mas não eram os únicos que manipulavam as artes mágicas, havia mais seres que o podiam fazer, criaturas criadas pela própria magia.

    Desgraçadamente, o ser humano perdeu a capacidade de acreditar em muitas destas coisas. Acrescentando a tudo isto o avanço da ciência e da tecnologia, as inúmeras guerras, a ambição, a cobiça e muitas outras coisas que nem vale a pena referir, forçaram as demais raças a ocultar-se ou mesmo a desaparecer, aparentemente, da terra. No entanto, há quem afirme que ainda hoje é possível ver algum duende vagabundo a rastejar ente os arbustos dos bosques, encontrar um goblin nalguma gruta, ou a algum unicórnio a pastar numa pradaria escondida. E também há quem afirme ter visto um centauro nas montanhas, ou uma fada esvoaçando entre as flores frescas da manhã.

    Hoje em dia, estas criaturas são descritas como mitológicas ou fantásticas, já que é a única forma que os homens das ciências encontram para as descrever, no entanto, a maneira correta de as chamar é: Criaturas Mágicas.

    *****

    1. A Visita da Feiticeira

    Nas terras de Emaingh existia um verde vale, rodeado de bosques espessos onde os rios e cascatas ruidosos, que desciam das montanhas Coldart, cantavam dia e noite. Ali habitavam aves vistosas e coloridas que conviviam com animais únicos na Terra. Esse vale era habitado pelos Oldgandor, pessoas que cultivavam a terra e faziam criação de gado. Afastados dos outros reinos da sua época e com costumes muito próprios. Não respondiam a nenhum rei e viviam em paz e harmonia com a natureza, sem se meterem nos assuntos dos demais.

    Por vezes eram visitados por centauros, uma raça de terras longínquas, com quem mantinham uma velha amizade. Eles degustavam com enorme prazer as suas frutas e verduras, carnes, bebidas e doces. Os Oldgandor eram muito conhecidos na região pela sua capacidade de plantar as melhores sementes, colher os melhores frutos e cozinhá-los de uma forma requintada e excelente. Quando os Senhores das comarcas vizinhas tinham alguma celebração, era a eles que encomendavam a preparação dos seus banquetes: assados de javali, pastéis de morango e licores de menta bem fortes.

    Não havia qualquer memória de que um Oldgandor tivesse sido guerreiro ou soldado. No entanto, numa vez em que foram atacados pelos trolls do norte, defenderam-se extremamente bem e, desde então, as terras de Emaingh foram respeitadas por todas as raças. Bravos exércitos tinham caído aos pés dos trolls do norte. Não foi esse o caso dos Oldgandor que, logo depois do incidente, voltaram à sua vida tranquila.

    As pitorescas casas de Emaingh eram feitas de pedra, com telhados de palha. Pelas janelas, o sol da manhã entrava como uma luminosa estaca dourada para fazer com que um dos seus habitantes despertasse.

    A porta da entrada era amplia e acolhedora, no hall de entrada havia um cabide talhado em madeira de carvalho para os casacos e chapéus. Na sala principal havia uma lareira acesa dia e noite. A chama convidada a contemplá-la por horas a fio, sentado nos montões de peles macias que ali havia e onde os seus habitantes passavam longas horas contando histórias e cantando canções muito antigas que relatavam as façanhas dos seus antepassados.

    Numa dessas casas havia um Oldgandor chamado Climo, filho de Sabal Cricar e Rócola. Desde pequeno, Climo era diferente dos demais Oldgandor. Em várias ocasiões, os seus pais tinham-se chateado com ele, pois ele saía, sem dizer nada, para longas travessias na companhia dos amigos, os elfos, para depois regressar a casa como se nada fosse. A última discussão que tiveram foi devido a uma aventura na qual ele se ausentou e tardou mais de oito meses a regressar. Faltou ao septuagésimo quinto aniversário do seu pai, que era muito importante para os Oldgandor já que a esperança média de vida deste povo rondava os cento e cinquenta anos. E, ao cumprir setenta e cinco, estavam a meio da vida. Costumavam dar grandes festas com imensos convidados. Este aniversário marcava o tempo da plenitude e maturidade. Era suposto já terem vivido grandes aventuras e que, agora, o que lhes esperava era a paz do lar e a transmissão de conhecimentos.

    No entanto, Sabal perdoava Climo, já que ele era o seu único filho varão e realizava todo o trabalho em metade do tempo, comparando com todos os outros. Era muito forte e estava sempre cheio de energia, apesar de só ter vinte e três anos.

    Mas Climo não era feliz, apesar das suas inúmeras viagens, de ter um conhecimento profundo dos elfos e centauros, de ter navegado até ao outro lado da costa e de ter recebido uma espada do próprio Sideron, Rei de Geonomar. Faltava-lhe algo. Não sabia muito bem o que era, mas sentia-se diferente do resto dos habitantes de Emaingh. Se calhar só tinha uma perceção diferente das coisas. Recordava brincadeiras infantis nas quais nunca se tinha magoado e encontros com animais misteriosos que tinha afastado apenas com o pensamento.

    Os anos foram passando. Luas e sóis orbitaram sobre as cabeças dos Oldgandor. Os ciclos da Terra foram-se sucedendo. As ramas secas e as árvores em flor foram-se substituindo, uma depois da outra.

    Climo continuava nas colheitas e criação de gado. Tinha melhorado a sua técnica com a espada e saído duas ou três vezes com os centauros em viagens relativamente curtas. Numa dessas viagens conheceu a feiticeira Carmiel, tinha muitíssimos conhecimentos de magia e mostrava a sua experiência com poções e encantos.

    Ela, tocando-lhe a ponta dos dedos das mãos, previu um perigo próximo e iminente. Fê-lo com um olhar feroz, como se na verdade uma desgraça fosse cair sobre ele. Climo advertiu os sábios de Emaingh que se riram e não prestaram atenção ao jovem. Mas a advertência de Carmiel estava tão certa como a vontade que ele tinha de o provar.

    Era um dia quente de verão e Climo estava a descansar à sombra de um carvalho grande e velho, depois do almoço, quando notou que uma nuvem espessa e negra se aproximava, desde o norte. Era muito raro haver tempestades por ali, naquela altura do ano, no entanto, a nuvem aproximava-se cada vez mais rápido. Num instante, todo o vale escureceu e começou a soprar um vento tão forte que parecia que ia arrancar as árvores da terra. Todos correram em busca de refúgio, a água começou a cair como se um gigante tivesse posto o mar numa bacia e o estivesse a despejar sobre Emaingh. A tempestade durou quase sete dias, grande parte das colheitas tinham sido estragadas.

    Os sábios não faziam outra coisa senão discutir se tudo tinha sido um fenómeno natural ou, se tinha sido fruto de alguma magia maligna. Sabal era um dos mais novos no conselho e levava Climo com ele às reuniões, se bem que este último não podia falar. Os jovens não estavam autorizados a intervir na tomada de decisões. Podiam, simplesmente, participar em silêncio. E, quando tratavam de temas secretos, as reuniões eram feitas à porta fechada.

    Entre os gritos e discussões, Climo escutava e recordava as palavras de Carmiel. Ainda não conseguia entender se as palavras da feiticeira eram um agoiro pessoal ou, se se tratavam de uma ameaça para todo o seu povo. O certo é que passou muito tempo até que pudessem recuperar as colheitas perdidas e voltar a pôr as casas em ordem. Tiveram de percorrer um longo caminho até que as terras estivessem aptas para, mais uma vez, receberem sementes, até que as sementes tivessem as condições necessárias para soltar as suas raízes e caules e até que o período de flores desse passagem ao dos frutos.

    Climo tinha apenas uma ideia na cabeça: O que Carmiel tinha dito. Não sabia o que fazer, por um lado isto consumia-o por dentro e, por outro, tinha a obrigação de ajudar a sua família. Tinha o coração dividido entre o presságio e o dever. A inquietude carcomia-o e não conseguia ter um momento tranquilo.

    A necessidade de ir à procura da feiticeira deixava-o completamente desconcentrado das suas tarefas diárias. Tanto, que cometia erro atrás de erro. Já se comentava pelo povo que o filho de Sabal Cricar tinha perdido toda a sua força e que ia assentar e comportar-se como uma pessoa normal. No entanto, Climo não queria saber disto e pediu ao seu amigo Axul, o centauro, para procurar Carmiel e pedir para que ela viesse visitá-lo o mais rápido possível.

    Era uma manhã branca de inverno, a neve tinha coberto tudo, mesmo para além de Emaingh. Era muito difícil entrar ou sair de casa, os carros não conseguiam atravessar nenhuma das ruas. As patas dos cavalos afundavam-se na neve. Mesmo assim, o céu estava azul, umas poucas nuvens apareciam do outro lado das montanhas Coldart e os raios de sol, débeis mas brilhantes, caiam sobre os campos brancos que, de vez em quando, deixavam uma manta de pasto aparecer. O peso da neve fazia com que os ramos das árvores acariciassem o chão.

    Climo estava a trabalhar com a pá, abrindo o caminho para a entrada da casa quando ouviu uma voz doce e serena que lhe falava. Olhou para um lado e para o outro, mas não conseguiu ver ninguém. A voz parecia vir do seu interior e, para além disso, era-lhe familiar. Não conseguia reconhecê-la, mas conseguia entender o que dizia.

    - Deves começar a tua viagem, deves deixar tudo para trás e ir para Porto Pico – disse a voz. Climo tinha o coração a tremer, jamais tinha pensado em deixar tudo para trás, apesar de ter viajado bastante.

    Quem poderia ter semelhante ideia? pensou.

    Mas, nesse mesmo instante, lembrou-se de quem era aquela voz. Era Carmiel, a feiticeira.

    De repente, à sua frente, encontrava-se uma figura esbelta, com uma capa violeta e um cetro de marfim na mão direita. Por detrás da silhueta havia um brilho intenso que não permitia ver o rosto por debaixo do capuz. Climo teve muita vontade de a tocar, mas ao aproximar-se e, perante os seus olhos assustados, a figura desapareceu.

    - Carmiel! És tu? – Perguntou Climo.

    Assim que proferiu estas palavras sentiu que alguém lhe tocava no ombro, ao dar a volta viu Carmiel, sorrindo-lhe e olhando-o com uns olhos azuis como safiras. Ali estava ela, com o seu cabelo negro como um corvo e uma beleza muito pouco comum para uma feiticeira.

    - Olá Climo. Como tens andado? – Perguntou, enquanto estendia a mão para lhe entregar uma pequena figura com uma forma triangular, talhada numa pedra estranha e resplandecente – Trouxe-te um presente, vai trazer-te sorte na viagem.

    - Viagem? Que viagem? – Perguntou Climo, ainda confuso com a chegada repentina de Carmiel, enquanto encostava a pá num canto.

    - Anda, vamos sentar-nos e já te contarei – respondeu com a doçura que caracterizava as suas palavras.

    Climo convidou a feiticeira a entrar em casa. Depois de tirar o abrigo e deixar o cetro num canto, Carmiel seguiu Climo até ao interior, ele perguntou se ela desejava comer ou beber algo.

    - Só um copo de água derretida da neve, mas não te preocupes em ir buscá-lo agora, virei recolhê-lo na primavera – disse Carmiel.

    - Fala-me dessa viagem. De que se trata? – Perguntou Climo com uma curiosidade enorme, ao mesmo tempo que a voz lhe tremia.

    - Vejo nos teus olhos muita ânsia e medo misturados Climo. E posso assegurar-te que esse medo não é em vão, mas também te posso dizer para não te assustares. A viagem é para que cumpras o teu destino.

    - Estás a deixar-me confuso Carmiel.

    - As forças do mal estão a reunir-se. A tempestade que abalou Emaingh no verão não foi uma catástrofe natural. Foi magia, da mais escura. Os trolls das terras de Astranious têm um novo líder, fizeram alianças com outras raças malignas. Isto é uma ameaça para todos. Reuniram um exército mais forte do que o que tinham quando atacaram a tua vila. Juntamente com os goblins do pântano de Eltherond e os ogres da Ilha Montanhosa planeiam atacar todas as nossas terras.

    - Mas o que é que eu tenho a ver com isto tudo? – Interrompeu Climo, ainda mais desconcertado.

    - A seu tempo saberás, por agora o único que te posso dizer é que deves viajar para Porto Pico cruzando as montanha Coldart na direção do nascer do sol e o mais rápido possível. Dirige-te ao Lago da Fénix, em Porto Pico, deves procurar Cuarimon, é um amigo meu. Ele dir-te-á como continuar a tua viagem.

    - O que devo levar? – Perguntou Climo, impaciente.

    - Só a espada que te foi oferecida por Sideron. Não tenhas pressa em partir. Eu enviarei um sinal quando o inverno terminar. Entretanto, terás tempo para te preparares. Não te preocupes com o que a tua família disser. Fala com o teu pai, ele vai entender.

    Com estas palavras Carmiel levantou-se e dirigiu-se à porta de entrada. Uma vez ali, pego nas suas coisas e, à porta, disse:

    - Desejo-te uma boa viagem Climo. Vemo-nos muito em breve.

    Nesse momento Climo desviou o olhar para dar atenção ao seu cão que acabava de chegar abanando a cauda. Quando voltou a olhar, Carmiel tinha desaparecido.

    Passou o Inverno e tudo começava a florescer em Emaingh. O aroma das ervas inundava o ar. Os riachos que desciam pelas montanhas Coldart começavam a cantar de novo. As pequenas lagoas, antes congeladas, voltavam a ser espelhos cristalinos. As pessoas da vila já se preparavam para o trabalho e o movimento renascia em Emaingh.

    Climo tinha andado a pensar de que forma comunicaria a sua partida à sua família e, quando se deparou com a oportunidade, não hesitou.

    - ...Não gosto nada da ideia! Porque deverias partir seguindo os conselhos de uma bruxa que te quer levar para caminhos perigosos? Não percebo Climo. O que é que te falta aqui? – Disse a sua mãe com um ar extremamente preocupado.

    - Nada. Mas sinto a necessidade de o fazer, é só isso. Ainda para mais, se as palavras de Carmiel estiverem corretas, o que vai acontecer? Quem nos defenderá?

    - E quem o fará? Tu sozinho? – Respondeu a mãe ainda mais irritada.

    - Climo, nós, os Oldgandor somos agricultores, sempre foi assim – disse o seu pai com palavras firmes, desviando o olhar.

    - Mas foste tu que me contaste as tuas inúmeras viagens, quando eras mais jovem – respondeu Climo.

    - E todos os problemas que essas aventuras me trouxeram! – Respondeu Sabal suspirando.

    - Assim é – assentiu Rócola, enquanto saía pela porta fora para ir buscar leite de cabra.

    Por um momento, os dois permanecerem em silêncio observando, pela janela, as poucas manchas brancas que restavam na pradaria. Os últimos paus de lenha ardiam no fogo, até que Sabal disse:

    - Climo, meu filho, não te vou impedir de realizar esta viagem, desejo que voltes rápido, são e salvo – disse-o com os olhos lavados em lágrimas. Lágrimas que não eram de tristeza, mas de emoção por testemunhar a valentia de Climo.

    Dias depois, Climo tinha tudo preparado para a sua viagem. Não sabia se as provisões iam chegar ou quanto tempo iam durar. E, pior ainda, nem sequer sabia qual era o objetivo desta empreitada. O sinal de Carmiel não chegava. Climo começava a desanimar quando recebeu uma visita inesperada de Axul.

    - Olá Climo – disse o centauro.

    - Axul! Que gosto em ver-te! O que se anda a passar pelas outras terras? – Perguntou Climo ansioso.

    - Trago-te uma mensagem de Carmiel. O momento chegou. Deves partir o antes possível. Encontra-te comigo onde se divide o Rio Quebrado. Esperarei por ti daqui a dois dias para te acompanhar até Porto Pico. Antes disso, tenho de me preparar e falar com a minha gente. Vejo-te em dois dias.

    Dizendo isto, o centauro foi embora apressado e desapareceu no horizonte.

    Assim que Sabal falou com a sua esposa e filhas sobre a viagem, tudo estava pronto para a partida de Climo. De todos os modos, a família continuava a tentar dissuadi-lo da ideia.

    O momento da partida chegou. Muito cedo, antes de que os primeiros raios de sol aparecessem, Climo despediu-se da sua mãe e irmãs, Cristal e Lackar, que o abraçaram com tanta força que quase perderam a respiração. Depois, dirigiu-se ao estábulo, acompanhado pelo pai que levava uma tocha numa mão e um pequeno embrulho na outra.

    - Bom, está na hora – disse Climo.

    - Assim é, mas antes de partires vou emprestar-te algo. Tens de mo devolver quando nos voltarmos a ver – ao dizer isto, Sabal apoiou a tocha num buraco da parede e tirou uma pequena adaga de um pano verde. A adaga tinha pedras preciosas incrustadas. – Esta adaga traz-me muitas recordações, quero que a leves contigo, vai tomar conta de ti e vai proteger-te do perigo durante a tua viagem. Tem-na sempre a teu lado.

    - Mas, onde é que arranjaste isto? – Perguntou Climo assombrado.

    - Este é um dos grandes troféus que arranjei nas minhas viagens da juventude. Talvez um dia te conte esta história. Mas não percas mais tempo ou vais atrasar-te e pode ser que a tua mãe e irmãs decidam aparecer aqui e impedir-te de ir. – Sabal riu-se e entregou-lhe a adaga -. Cuida-te muito durante a tua viagem.

    - Assim o farei.

    Depois de abraçar o pai, Climo montou a cavalo e saiu rumo ao seu destino. Quando se estava a aproximar do limite este de Emaingh deteve-se um momento a contemplar a aldeia. Desta vez, não tinha a mesma sensação de sempre. Cada vez que ia de viagem tinha a certeza de que, rapidamente, estaria de volta a casa. Desta vez era diferente. Uma grande tristeza oprimia-lhe o coração. No entanto, o seu grande espírito aventureiro não fazia outra coisa a não ser empurrá-lo para a frente. Sem mais hesitações, despediu-se de Emaingh com a mão no alto e seguiu o seu caminho cavalgando até ao braço oriental das montanhas Coldart.

    Cavalgou a manhã toda, até que encontrou uma pequena clareira, perfeita para se alimentar e recuperar as forças. A sombra das árvores era muito boa

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