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Encontro com a Verdade
Encontro com a Verdade
Encontro com a Verdade
E-book296 páginas3 horas

Encontro com a Verdade

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Sobre este e-book

Inadvertidamente, Beatriz jogou fora a sua vida quando decidiu casar-se com uma pessoa tendo um passado completamente diferente do dela, ao mesmo tempo em que iniciava a sua adaptação em um novo país. Ela realmente acreditava que, em nome do amor, poderia mudar e deixar para trás o mundo que ela conhecia até então. À medida que o tempo passa, Beatriz encontra-se encurralada em um relacionamento opressivo e começa a ter a percepção de que sua própria identidade começa a se desfazer. Repentinamente, ela percebe que, se ela não mudar a situação, irá perder a esperança e morrer. Perseverança e coragem tomam conta dela. Beatriz começa a revelar a sua própria verdade.
Errar é humano.
Resiliência, perseverança, otimismo e fé são vitais.
Perdoar é divino.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de jan. de 2019
ISBN9781775346432
Encontro com a Verdade
Autor

Helen Dantas

Helen Dantas is a Brazilian-Canadian novelist and public speaker. She was born to a middle-class family in Belo Horizonte, Minas Gerais, in the Southeast of Brazil. Dantas was delighted when her mother gave her a trip to her homeland, Ceará, in the Northeast of Brazil for her 16th birthday. Dantas fell in love with the rich culture of the region and decided to stay. That lived experience made her realize the importance of resilience, optimism, courage and faith, qualities that became part of her and later influenced her writing.Dantas completed her studies in 1986, graduating with a Bachelor of Arts Degree in English and Portuguese Languages and Literature. During a visit to Canada in 1988, she met the man who would become her husband for the next twenty-three years. Dantas began work on her first novel, Unveiling the Truth following her divorce. The book was translated into Portuguese with the title, Encontro com a Verdade. Dantas is currently working on her second novel, Reliving.Helen’s approach to internal conflicts and self-analysis unfolds a transformative healing process, using a writing and language style that are significant marks of her work. Through her stories and speeches Helen strives to engage the readers and participants to realize the power they have within.Helen, a member of The Writers’ Union of Canada, enjoys the connection with her readers, especially during book clubs, workshops and public speaking. She lives in Toronto with her daughters.

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    Encontro com a Verdade - Helen Dantas

    Helen Dantas

    Direitos Autorais © 2018 Helen Dantas

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte do publicado pode ser reproduzida, guardada em arquivo de sistema, distribuída ou transmitida em qualquer outra forma ou por qualquer motivo, incluindo fotocópia, gravação, ou outro meio eletrônico ou mecânico, sem a antecipada permissão, por escrito, da editora, com exceção de pequenas conotações relacionadas com críticas de revisão e outros fins não comerciais, de uso permitido pelo regulamento dos direitos autorais. Para pedidos de permissão, por obséquio, contate a autora.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

    Dantas, Helen, 1961-

    [Unveiling the Truth. Portuguese]

    Encontro com a Verdade / Helen Dantas. – Terceira edição.

    Edições anteriores com o título: Dois Mundos: Uma Só Mulher

    Capa: Julia Toscano

    Tradução do Unveiling the Truth

    Traduzido por: Helen Dantas

    Editado por: Ângela Toscano e Waldir Ramos

    Publicado nos formatos impresso e eletrônico

    ISBN 978-1-7753464-2-5 (impresso)

    ISBN 978-1-7753464-3-2 (eletrônico)

    Impresso e eletrônico em inglês com o título Unveiling the Truth

    www.helendantas.com

    Para as minhas filhas: a maior e melhor

    realização da minha vida.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a todos meus amigos que me deram suporte e incentivo.

    RESSALVA

    Encontro com a Verdade é uma história baseada em eventos verdadeiros e conversas rememorizadas. Em algumas ocasiões, nomes de indivíduos e lugares, como também, características físicas, profissões, e locais de residência, podem ter sido trocados, para preservar o anonimato dos envolvidos.

    PARTE 1

    A CAMINHO DO CANADÁ

    Capítulo 1

    20 de Agosto de1988

    Chicago, Estados Unidos

    Meu Deus, Luiza, o que estou fazendo?

    Sinto-me exausta. Parece que me deram uma surra, meu corpo está todo quebrado e meus pensamentos, a mil. Choro sem parar, desde que me despedi de você, no aeroporto de Nova York.

    Já estou no ônibus há mais de 6 horas. Tanto tempo sozinha, sem ninguém para conversar, penso tanta besteira, que não consigo dormir. Faminta, mas com medo de comer o pouco de comida que ainda tenho em minha sacola, porque, na realidade, não sei quando terei dinheiro para alimentar-me novamente. Estou só, me preparando e esperando o próximo desastre.

    Neste momento, tenho apenas uma passagem para voltar ao Brasil e U$100 em minha carteira; acho que enlouqueci. Quanto medo, quanta solidão... Que vontade de voltar para casa... Socorro!!!

    Beatriz

    24 de Agosto de 1988

    Chicago, Illinois

    Querida mana,

    Enfim, as coisas não estão tão ruins agora. Estou aqui, rindo, lembrando da carta que lhe enviei da rodoviária de Dakota do Norte. Você deve ter pensado que eu havia perdido o meu juízo.

    A realidade é que esta minha pequena aventura passou dos limites. Graças a Deus, quando me despedi de você no aeroporto, em Nova York, o nosso amigo Bob estava ao meu lado (espero que você tenha realizado uma ótima viagem de volta para o Brasil).

    Bob não sabia o que fazer comigo. Chorei sem parar, do aeroporto até a rodoviária. O trânsito estava horrível e quando finalmente chegamos à bilheteria que vendia o passe americano de ônibus, para sete dias, ela estava fechada e só reabriria no dia seguinte, às 8h30. Muito para uma cidade que nunca dorme!

    Você me conhece... Entrei em pânico, fiquei muito nervosa. Coitado do Bob, agora que consigo refletir, lamento pela situação em que o coloquei. Ele estava tentando me acalmar, as pessoas me olhando, e eu, descontrolada.

    Bob descobriu uma sorveteria perto de onde estávamos e me levou para lá. Pediu que eu me sentasse, e depois de alguns minutos, trouxe-me um sorvete de duas bolas, com sabor de chocolate. Aquela atitude me fez sorrir novamente... Em seguida, insistiu para que eu voltasse a casa dele. Queria que eu dormisse lá, mas, no caminho, parou no supermercado e comprou algumas coisas para a minha viagem, no dia seguinte. Você não pode imaginar o meu alivio, quando coloquei em minha sacola alguns biscoitos, queijo, batata frita e também algumas maçãs, pêssegos e sucos. Bob sabia que eu não tinha muito dinheiro (ele ficaria assustado, se soubesse que tinha apenas U$100!). E, apesar de estar em estado de choque, sentia-me feliz por ter Bob ao meu lado.

    Quando chegamos a casa dele, eu já estava melhor. Bob me deu um grande abraço e um beijo; percebi que ele queria conversar. Imagino que se a minha situação fosse diferente, talvez tivéssemos a chance de um relacionamento. Sei que ele gosta de mim. Mas, será que apenas como uma amiga? Acho que nunca saberei. Eu estava muito cansada para conversar com ele, naquele momento. Sentia-me vazia, como se meu espírito não estivesse conectado ao meu corpo. Nada, naquela hora, faria diferença. Só queria ir para a cama e cair no sono. Talvez quando acordasse, já estivesse em casa novamente e o pesadelo acabaria. Pensei que essa situação nunca teria fim. Espero que Bob tenha entendido, quando disse boa noite e fui dormir no quarto de visita.

    Infelizmente, na manhã seguinte, ao abrir os meus olhos, as lágrimas começaram a cair, novamente. Bob já havia saído para o trabalho, mas na noite anterior combinamos de, mais tarde, encontramos na rodoviária. Depois de um banho rápido, coloquei as mesmas roupas do dia anterior, porque minha mala já estava no guarda-volumes. Nossa, é terrível começar o dia assim...

    Consegui chegar à rodoviária e comprei a minha passagem para Chicago, para as 18h. Como combinado, lá estava Bob. Eu estava faminta (de novo!). Porém, não queria comer a comida que ele havia comprado para a minha viagem. Jamais passei tanta fome, sem ter dinheiro para saciá-la. Isso me abriu os olhos!

    Novamente, Deus enviou meu amigo Bob. Ele me levou para um restaurante onde pude comer como uma rainha. Nunca saboreei um frango com batatas fritas e um sorvete, com tanto gosto. Por algum tempo senti que não estava perdida. Havia esperança, novamente.

    Estava feliz, mas envergonhada. De um lado, eu não queria mais continuar aquela aventura de visitar o Canadá. Enquanto caminhava para o terminal do ônibus, realmente considerei a ideia de desistir e voltar ao Brasil.

    Por outro lado, alguma coisa me dizia para visitar aquela cidade no interior de Winnipeg, e visitar aquela igreja. Alguma coisa que não conseguia explicar, dizia que deveria ir, continuar aquela viagem.

    Então você sabe o que aconteceu... Peguei o ônibus e escrevi para você num momento de desespero. Mas, o restante da viagem, consegui dormir. Agora estou relaxada e calma. Só não tenho ideia, de como pagarei Bob por tudo o que ele fez por mim, e por sua amizade.

    Abraços e beijos, Beatriz

    Capítulo 2

    Enquanto descia as escadas do Ônibus, Beatriz sentiu em seu rosto, o calor e a umidade do sol forte de Chicago. Parecia aliviada em poder caminhar, tomar um ar fresco e não ter, por algumas horas, aquele cheiro terrível de ônibus.

    Já havia planejado o que fazer para aproveitar aquelas seis horas livres, até pegar a próxima condução. E, se andasse o mais distante da rodoviária, poderia, ao mesmo tempo, explorar a cidade e encontrar um local onde pudesse comer uma comida decente, barata. Talvez até achasse um café, não brasileiro, mas alguma coisa parecida com o da América do Sul. Estava cansada daquele café fraco e caro, servido em máquinas, e daquele sanduiche de ovo embrulhado em papel celofane, com aquele odor insuportável.

    O centro de Chicago estava muito movimentado, trânsito de fim de semana, num dia de verão lindo. Movia-se como uma turista, seguindo todas aquelas pessoas correndo para visitar a cidade. Não estava nem um pouco preocupada com as aventuras daquele dia. Ao contrário, estava feliz por acrescentar mais recordações à sua vida.

    Antes de sair da rodoviária pegou um mapa da cidade e sentiu-se confiante, o suficiente, para achar o que estava procurando. Encontrar o próprio caminho não era novidade para Beatriz. Aprendeu a buscar seu espaço desde os 15 anos de idade, pois saiu de um lar difícil e desestruturado. Seu pai, com a desculpa de viagens a serviço, foi flagrado com uma de suas amantes. Com a separação, sua mãe decidiu por um ponto final nessa situação humilhante e desrespeitosa. E como, desde muito jovem Beatriz presenciou as gritarias, as brigas, os palavrões, frequentes entre seus pais, decidiu que havia chegado o momento de sair de casa. Seus irmãos já haviam saído de casa por esse motivo também.

    Dolores, sua mãe, não estava muito preocupada com essa decisão. Depois da separação, planejara, imediatamente, encontrar outro homem para satisfazer suas necessidades. Para ela, homens, em geral, eram vistos como objetos de luxo. Ela não era promíscua; de forma alguma. Possuía uma situação financeira muito boa e dinheiro suficiente para manter o estilo de vida que estava acostumada. O que Dolores sentia falta era de afeto. Ela amava ser o centro das atenções, ser admirada, enfim, ser tratada como o centro do universo. Se o novo companheiro achasse que joias, uísque e luxuosos presentes aumentariam a alegria de Dolores, estava certíssimo!

    Realmente, a mãe de Beatriz era lindíssima. Com um corpo bem torneado, feições exóticas, cabelos sempre arrumados, batons vermelhos, esmaltes caríssimos, pintados com perfeição em seus dedos dos pés, calçados em sandálias entrelaçadas e altas, ela, literalmente, parava o trânsito toda vez que saía à rua. Estude bastante Beatriz, use a sua cabeça, dizia repetitivamente à sua filha. Sempre pense e faça a vida por você mesma, tenha uma profissão. Só Deus sabe a hora, mas não poderei estar ao seu lado para sempre.

    Não que Beatriz não tivesse herdado muitas qualidades físicas de sua mãe, ao contrário. Ela sempre chamou a atenção de todos, quando entrava em um recinto, e muitos olhavam para ela com admiração. Tornou-se uma atraente mulher, com muitas curvas, cabelos longos e volumosos, e um deslumbrante par de olhos verdes. Mas estava determinada a estudar bastante, sempre se destacando por ser uma ótima estudante. Decidiu que seria uma pessoa correta, em todos os aspectos da vida. Apesar de muitas influências erradas ao seu redor, como uso de drogas e bebidas alcoólicas, ela se recusava a se entregar ao vício, que provavelmente, atrapalharia todos os seus objetivos. Beatriz também possuía muitos admiradores, muitas ofertas de romance, porém, continuava determinada a não se entregar e continuar virgem até os seus 18 anos de idade. Conseguiu, mas por pouco.

    Dez anos se passaram, desde sua decisão em morar sozinha. Beatriz, agora, estava com 26 anos. Em seus cálculos, concluiu que Dolores, nessa idade, já completara 10 anos de casada e dado a luz à metade de seus oito filhos. Quanta diferença de mentalidade entre as gerações... Lindíssima, aos 15 anos de idade, Dolores já estava inquieta para deixar a pequena cidade onde morava, no Nordeste do Brasil. No momento em que ficou sabendo que um lindo jovem, caixeiro viajante, estava na cidade, ela resolveu que ia ao seu encontro seduzi-lo e fazer com que ele a levasse para que pudessem explorar o mundo, juntos. Coitado do Francisco! Não teve nenhuma chance, ele estava apaixonado e pronto para levá-la aonde quisesse.

    Francisco e Dolores foram para Belo Horizonte, onde se estabeleceram. Trabalharam bastante para construir e instalar um pequeno hotel. Francisco, porém, continuou com as suas viagens como distribuidor. Contudo, aquela residência maravilhosa construída por Francisco, os carros na garagem, eram prova do sucesso do casal. O número de empregados crescia à medida que crescia o número dos recém-nascidos. Dolores era tratada como uma rainha. Ela adorava ter tudo o que queria, tudo que desejava, sabendo que eram frutos de tanto trabalho. No entanto, não se dedicava muito às crianças. Desde que tivesse certeza que seus filhos recebiam o melhor, estudavam nas melhores escolas, transferia esses cuidados para a responsabilidade de seus empregados.

    Apesar de todo o sucesso e prestígio perante a sociedade, a infelicidade de Dolores crescia com o passar dos anos. Antônio era um homem cheio de compaixão, principalmente, quando o casal perdeu a primeira filha, antes de completar um ano de idade. Era, também, um ótimo provedor para toda a família, um ótimo pai, quando estava presente. Mas as suas viagens frequentes preocupavam Dolores. Ela começou a suspeitar, e mais tarde, confirmou, que o seu marido bem sucedido, estava tendo casos com outras mulheres. E esses eram o motivo de suas constantes viagens.

    20 de Agosto de 1973

    Belo Horizonte, Brasil

    Querida Luiza,

    Como você está? Eu estou bem.

    Todos os dias acordo às 11h e tenho vontade de ir à praia.

    Estou me sentindo sem energia, desde que voltei do Rio de Janeiro, nas minhas férias em sua casa.

    Você não pode imaginar como estou morrendo de saudades de você. Considero você uma mãe, mais do que a minha própria mãe. Nossa casa não é a mesma, desde que você se casou com o Marcos. Todo mundo me abandonou, não está sendo fácil ficar aqui sozinha.

    Papai estava aqui quando cheguei. Não demorou muito para a briga começar, e, como sempre, fui para o meu quarto e tranquei a porta. Vou escrever isto na minha agenda, fazer o meu exercício de casa, até que eu tenha segurança em abrir a porta.

    Por favor, não comente com ninguém. Se você comentar, terei problemas. Desconfiamos que, novamente, papai está tendo um caso com outra mulher.

    Mamãe disse que da próxima vez que o papai viajar a serviço, ela viajará com a Nita, por duas semanas. Escutei as duas conversando. Elas querem segui-lo e darão um flagrante.

    Estou com tanto medo disso acontecer... Como o papai pode fazer isso? O que vai acontecer comigo???

    Você ainda se lembra do dia em que tentávamos atravessar a avenida Olegário Maciel, em Belo Horizonte, quando, em meio aos carros e ônibus, segurando fortemente minhas mãos, você disse Nós somos as irmãs coragem! Sempre nos uniremos e nos ajudaremos, não importa o que aconteça conosco e quem cruze o nosso caminho? Por enquanto, fecharei meus olhos e pensarei naquele momento, lembrarei que sempre terei você ao meu lado.

    Por favor, Luiza, reze por nós!

    Abraços e beijo, Sua irmã Beatriz

    Capítulo 3

    O SOM DA MÚSICA DO CONJUNTO DE MARIACHI fez Beatriz se lembrar do seu tempo de criança. Enquanto caminhava, teve a sensação que a música estava ficando muito mais alta. Então, resolveu apressar os seus passos para escutar de perto aquela música encantadora. Ela também começou a sentir o cheiro de comida. Será que este cheiro é de churrasco? Ela se questionou. Ou será que é café?

    Como uma personagem de desenho animado, flutuando no ar pelos cheiros deliciosos, começou a sentir água na boca e seu estômago começou a fazer barulho. Virando a esquina, ela se deparou com uma festa na rua. A rua estava bloqueada para os carros, haviam muitas pessoas alegres e sorridentes, preparando comidas num mar de pequenas tendas brancas.

    Beatriz leu o letreiro: Sejam bem-vindos ao Terceiro Festival de Rua, cortesia da Comunidade Latina de Chicago. Aproveitem! O evento contava com o apoio da Prefeitura local, sendo que todas as atrações e comidas eram gratuitas.

    Ela entrou na fila da tenda que estava preparando o churrasco.

    "Hola, linda mulher", chamou um rapaz que estava preparando o churrasco -How do you want your burger?

    - Oh yes, please, very much, respondeu Beatriz, sem acreditar em sua sorte.

    - Não, estou perguntando se você quer a carne bem passada... Mais ou menos? Ou mal passada? Continuou o rapaz.

    Beatriz ficou vermelha, pois viu que havia cometido um erro. Mas sabia que estava lá, afinal, para aprimorar o seu inglês. Deu um sorriso bem envergonhado e com o seu charme natural, disse que gostava de qualquer maneira que ele preparasse. Ela o agradeceu pelo hambúrguer e colocou bastante ketchup e mostarda. Então, serviu-se com alguma salada e foi sentar-se numa mesa de piquenique, pronta para devorar aquela refeição.

    Brasileiros são bem conhecidos no mundo inteiro, por terem um espírito festivo e uma tremenda vontade de viver. Beatriz era uma clássica brasileira: com um atraente sorriso e um olhar profundo, ela atraía a todos. Após terminar de comer o seu hambúrguer, pipoca, algodão doce, nachos com queijo e tomar aquele café aromático e bem forte, para descer toda aquela comida, já havia feito vários amigos, naquela rua.

    "Señorita, vejo que quer dançar; os seus quadris não mentem!" Ela escutou o rapaz que preparou o hambúrguer falar bem baixinho nos seus ouvidos.

    Sentiu os braços dele em volta da sua cintura e a levou para o meio da rua. Ele estava certo. A música mariachi se transformou em um ritmo de salsa, e, instintivamente, começou a bater os seus pés e a mover o seu corpo.

    O fato de que ninguém estava dançando, não perturbou o rapaz e muito menos Beatriz. Depois de apenas alguns minutos, o casal já estava dançando no mesmo ritmo, como se seus quadris fossem um só. Os movimentos dos pés aconteciam naturalmente para ambos. Os rodopios ficaram mais rápidos e mais interessantes, a cada novo ritmo.

    Os músicos estavam preparados para alegrar a festa. O volume alto e o ritmo das músicas começaram a atrair muitas pessoas, mas elas não estavam interessadas em dançar. O público formou um círculo em volta do casal. Começaram a assistir e a admirar o estilo e a energia de Beatriz. Ela estava ciente de toda aquela atenção. Escutava os aplausos e os assovios, e se sentiu a própria dançarina, naquele momento. Alguns passos ela realizou sozinha, mexendo os quadris e fazendo movimentos em círculos com o seu longo cabelo, e depois de alguns minutos, se deixou cair nos braços do seu parceiro de dança. A sensualidade e a animação dos dois dançarinos fez com que os espectadores ficassem emocionados e começassem a aplaudi-los.

    Beatriz estava sem fôlego e tremendo de cansaço, quando finalmente a música parou. Olhou para o seu relógio e viu que precisava correr em direção à rodoviária, para a sua próxima jornada. Graciosamente, despediu-se de todos os seus novos amigos e saiu correndo. Não conseguia parar de sorrir, enquanto caminhava para a estação. E pensou: estou me sentindo como minha mãe!

    Capítulo 4

    DEPOIS DAQUELES MOMENTOS AGRADÁVEIS na festa no centro das ruas de Chicago, a cidade de Fargo, em Dakota do Norte, parecia uma cidade fantasma, numa manhã de domingo.

    De acordo com os seus planos, Beatriz havia dormido toda a noite no ônibus. Foi a maneira que encontrou para não gastar com hotéis caros. Agora, precisava se refrescar e concluiu que a única maneira seria tomar um banho de esponja e lavar os seus cabelos na pia do banheiro feminino da rodoviária. Conseguiu sentir um pouco de alívio, mas não estava satisfeita por ter que colocar a mesma roupa que usou no dia anterior. Tudo em sua mala estava gritando por detergente. Tirou a blusa amarela confortável, que estava usando, lavou-a na pia, sacolejou e vestiu novamente, dentro de uma calça jeans bem apertada. Rapidamente, olhou-se no espelho e fez um olhar de aprovação. Nada mal!

    Pegou um dólar, sabendo que daria apenas para comprar um café pequeno, e saiu para explorar as ruas. Não parava

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