Vocativos no Português Brasileiro: Um Estudo de Mudança Linguística
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Sobre este e-book
Esta obra vem, portanto, preencher uma lacuna nos estudos gramaticais e é destinada a estudantes de Letras, professores de Língua Portuguesa e linguistas, e também aos demais interessados em conhecer os vocativos, como formas de nos referirmos ao interlocutor na comunicação face a face, e também o processo de mudança linguística no qual estão envolvidos, dentre outros aspectos.
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Vocativos no Português Brasileiro - Juliana Costa Moreira
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA
À Sonia Maria, um exemplo
de luta e de fé.
AGRADECIMENTOS
À minha família, agradeço pelo apoio e credibilidade.
Ao professor Lorenzo Vitral, pela orientação durante o tempo em que cursei o mestrado e o doutorado.
À professora Ana Maria Martins, pelas valiosas sugestões que contribuíram para o enriquecimento deste livro.
À professora Jânia Ramos, pelo acompanhamento do meu trabalho durante o tempo que estive na Faculdade de Letras da UFMG.
À professora Mônica Alkmim, que me ensinou a ser uma pesquisadora.
À Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e à Universidade de Lisboa (UL), responsáveis pela minha formação acadêmica.
À Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsas de estudo que propiciaram a minha dedicação à pesquisa.
APRESENTAÇÃO
José, eu já te expliquei isso tantas vezes
; Você já almoçou, Maria?
; Que lindo, João, é o seu bebê!
Nessas sentenças, que ocorrem com frequência no cotidiano dos usuários da língua contemporaneamente, têm-se vocativos, termos que representam o ouvinte na relação com o falante. São termos que ocorrem em uma multiplicidade de situações de interação, sendo utilizados para chamar, cumprimentar, perguntar, opinar, ordenar etc. Por outro lado, a escassez de estudos sobre o tema e a forma como é tratado na prática de ensino pelos professores de Língua Portuguesa demonstram que há, de alguma forma, uma certa insatisfação no tratamento do termo. É reflexo dessa insatisfação o fato de que, nas gramáticas tradicionais, geralmente, são feitas ao vocativo apenas breves referências, as quais o abordam como um chamamento
, como um termo separado por vírgula e isolado do restante da oração. Assim, observei que talvez não se tenha atribuído a atenção devida ao estudo do vocativo no português brasileiro (doravante, PB) até então, uma vez que existem muitas especificidades a serem exploradas. O meu interesse pelo estudo desse tema, ao qual me dediquei durante a iniciação científica na UFOP, o mestrado e o doutorado na UFMG, surgiu a partir dessa observação. Este livro é, portanto, resultado de pesquisas realizadas desde o ano de 2004. O estudo apresentado aqui é, correspondente, em parte, à dissertação de mestrado, defendida em 2008, e à análise sintática das construções com vocativo, a ser apresentada no Capítulo 5, que consta na minha tese de doutorado, defendida em 2013. Essas pesquisas foram realizadas com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o vocativo, a partir da descrição e da análise das condições sob as quais esse termo se realiza. Além da literatura sobre vocativos (HILL, 2007, 2013), utilizo um quadro teórico que concilia noções da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968) e Labov (1972, 1982, 1994), noções da versão de Princípios e Parâmetros da Gramática Gerativa (TARALLO; KATO, 1989), Kroch (1989), Ramos (1992) e Chomsky (1995, 2005). A partir do levantamento de dados extraídos de diálogos de peças de teatro escritas por autores brasileiros nos séculos XIX e XX, como forma de ter acesso a dados linguísticos de períodos passados da língua, verifiquei que está ocorrendo um processo de mudança linguística no PB, que reflete as escolhas dos usuários da língua em relação à posição do vocativo na oração e às funções pragmáticas desempenhadas por esse termo ao longo do tempo.
A autora
PREFÁCIO
O livro Vocativos no Português Brasileiro: um estudo de mudança linguística vem preencher uma lacuna nos estudos gramaticais, na medida em que aborda um tema que, embora referido em gramáticas normativas e manuais de ensino de língua, não havia sido explorado em profundidade. Após nove anos de pesquisas, Juliana Costa Moreira mostra que o vocativo é um tema denso e relevante.
Considerar o vocativo como tema central de pesquisa é um gesto inovador que requer ousadia, coragem e vigor científico. A inovação está na exigência de conceber uma estrutura sentencial capaz de comportar categorias que codificam informações de natureza pragmática, incluindo os participantes da interação verbal. A ousadia está em rejeitar a quase unânime conceituação de vocativo como uma unidade de chamamento que não faz parte da sentença. A coragem e o vigor estão na iniciativa de analisar todos os vocativos de um conjunto de peças de teatro dos séculos XIX e XX, sem os descontextualizar, de modo a obter generalizações.
Os resultados desta investigação são significativos. Detalhando o material que compõe os próprios vocativos, os materiais sentenciais que os precedem ou seguem nos textos teatrais datados, são obtidas novas informações sobre o tema. A análise não só leva à confirmação de que os vocativos ocorrem nas posições inicial, medial ou final, como também permite evidenciar uma tendência a favor de apenas uma dessas posições. Esse resultado leva a pesquisadora a propor que há um processo de mudança linguística em curso. Essa mudança teria se manifestado inicialmente nas formas nominais de tratamento, depois nos nomes de parentesco e, mais tardiamente, nos epítetos. Outras correlações entre vocativos e seus contextos são também apresentadas.
Aprofundando ainda mais sua análise, a autora retoma o corpus analisado e busca descrever a posição estrutural dos vocativos nas sentenças, e pergunta: os vocativos seriam sujeitos, complementos ou adjuntos de qual categoria? Ou estariam, de fato, fora da estrutura da sentença? Nessa busca, encontrou em Hill (2007, 2014) uma proposta capaz de dar conta dos achados empíricos, o que permitiu propor um tratamento unificado para explicar as diferentes ocorrências de vocativos.
Do ponto de vista teórico, Juliana Costa Moreira, inicialmente, concebe as realizações dos vocativos, posicionalmente distintas, como resultado de escolhas funcionalmente equivalentes e simultaneamente disponíveis ao usuário da língua. Essas escolhas são, por sua vez, condicionadas por diversos fatores, tais como o tipo de material que compõe o vocativo, o tipo de sentença em que esse se realiza, a data em que a peça teatral foi escrita etc. Tais fatores têm sua força avaliada quantitativamente, levando à identificação de tendências no eixo temporal. Em um segundo momento, um novo ponto de vista é adotado e são examinadas as relações sintáticas estabelecidas entre os vocativos e os demais componentes da sentença. Esses dois momentos da análise apresentam-se harmônicos e o